Basquete vs. Vôlei

BasquetenaPraia
Basquete na praia de Copacabana?
BernardinhoeTabach
Seleção feminina de vôlei em visita ao projeto.

Busca de Convivência Pacífica

Há algum tempo, possivelmente antes da virada do século, entrevistei-me com o presidente da CBB, na época o Grego, para entregar-lhe um projeto audacioso de basquete na praia. Foi rechaçado de imediato, afirmando ele que não daria certo e informando-me que já havia delineado um outro concebido por técnicos paulistas, mais atraente, inclusive com nome em inglês: street basketball. Confesso que fiquei decepcionado não com a recusa, mas com a soberba do dirigente. O fato realça a importância da História e sua contribuição para o desenvolvimento das atividades humanas. Certamente, ele não se lembra do Mini Basquete e não percebia que qualquer esporte só sobrevive a partir da atenção que seus dirigentes emprestem às atividades infantis. Além, é claro, da visibilidade máxima proporcionada pela Praia de Copacabana.  

CentroRexona
Foto: Centro Rexona, gentilmente cedida pela equipe técnica.

As fotos acima datadas de 1995, ilustram atividades desenvolvidas em projeto que desenvolvi com o apoio da Fundação Rio-Esportes em Copacabana. Embora a dinâmica das aulas estivesse voltada para o voleibol, acrescentei formas lúdicas de práticas que poderiam ser utilizadas para qualquer desporto. A ideia era despertar o professorado para formas criativas de ensino nas escolas. Bernardinho compareceu, adotou no Rexona (Curitiba) e formatou atualmente uma franquia.

 

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Duas notícias no Terra (31.7.2013) chamaram-me a atenção. A primeira, sobre uma partida da NBA no Rio de Janeiro. Outra, sobre a entrevista do ex-jogador Oscar, em que culpa o vôlei pelo desinteresse do brasileiro pelo basquete. Eis o resumo de ambas:

1. (…) Economista, Arnon de Mello tem mestrado em políticas públicas na Universidade de Harvard e um MBA no Massachussets Institute of Technology (MIT), duas conceituadas instituições dos Estados Unidos, onde viveu por quase 10 anos e fez carreira em instituições financeiras. (…) O executivo de 36 anos é o diretor do escritório da NBA no Brasil e vai trazer pela primeira vez uma partida da liga das estrelas do basquete mundial para o país – Chicago Bulls e Washington Wizards se enfrentam em outubro, no Rio de Janeiro. No escritório da NBA desde outubro do ano passado, esta é sua segunda experiência em gestão esportiva. Antes, assumiu o cargo de diretor de futebol (entre 1999 e 2001) do seu time do coração, o CSA, com apenas 21 anos.

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2.  Oscar culpa vôlei por crise no basquete […] Segundo a reportagem, o ex-atleta teria questionado a importância do vôlei no País. O ex-jogador de basquete Oscar Schmidt (…) culpou o vôlei pela decaída do basquete no País. Em entrevista ao programa Agora é Tarde, da TV Bandeirantes, Oscar questionou a importância dada à modalidade de Bernardinho no Brasil, sucesso alcançado depois das medalhas recentes conquistadas em Olimpíadas, (…): “O vôlei é o grande responsável pela decaída do basquete porque roubou um monte de jogadores do basquete. Antes o vôlei pegava os jogadores do descarte do basquete, hoje o basquete pega os descartes do vôlei. O Brasil é o único país onde o vôlei vem antes do basquete”, criticou o ex-jogador. Mesmo assim, Oscar acredita que o País tenha chances de conquistar a medalhas em 2016, embora conte com rivais fortes como Estados Unidos, Argentina e Espanha. “Estou confiante que o Brasil vai ganhar medalha na Olimpíada de 2016. Quase ganhou em Londres”, disse Oscar.
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Lidas as notícias, parece que o ex-jogador está sem razão em seus argumentos de declínio do basquete e uma visão muito curta de todo o processo. A ascensão do voleibol no Brasil não se deve ao sucesso do Bernardinho como fez parecer aos menos avisados o repórter, pois ele era ainda um rapazinho quando atuou (reserva do William) na seleção brasileira. É fato que já despontava na seleção juvenil e hoje é inegavelmente um dos melhores técnicos no mundo ou um dos mais premiados. Os verdadeiros mentores da ascensão do voleibol foram José Gil Carneiro de Mendonça (década de 40/60), Carlos Arthur Nuzman, a partir de sua eleição em 1975 para a CBV, e por último, Ary da Silva Graça Filho, atual presidente da FIVB. (História do Voleibol no Brasil, Roberto A. Pimentel)

Se os dirigentes do basquete de plantão em todo esse tempo não quiseram ou lhes faltou competência, a culpa não é do vôlei. Muito pelo contrário, os gestores do vôlei deram soberbos exemplos de eficiência administrativa e política, inclusive alterando a lei para a implantação do profissionalismo no País. Recordo que quando o Oscar protagonizou a cena de chorar após a conquista do ouro Pan-Americano de Indianápolis (EUA), em 1987, o basquete era patrocinado pelo Banco do Brasil na gestão do presidente Camilo Calazans. Nessa época, o voleibol tinha o apoio da Caixa Econômica Federal, presidida por Lafayette Coutinho. Pouco tempo a seguir, este último passou a presidir o Banco do Brasil e, assim, teve início essa grande parceria culminando em resultados expressivos para ambas as entidades. Não faz muito tempo, o próprio Oscar, Paula e Hortência, protagonizaram momentos de descontentamento com dirigentes do basquete (Renato Brito Cunha, o Grego, presidentes da CBB) que até o momento amarga um silêncio sepulcral. É fato que houve pequena reação no alto nível, talvez com a notável entrada de brasileiros na NBA. Por que jogariam pelo Brasil diante de tanta incompetência e possíveis falcatruas? Eu fui um (talvez o único) dos que desertou voluntariamente de seleções brasileiras (década de 60) revoltado com o paternalismo clubístico imperante e a falta de condições para treinamento. Era um total descaso!

Nesse momento chega o filho de um ex-presidente, que não quer saber de política, e altamente conceituado nos Estados Unidos, e nos oferece o privilégio de assistir a uma partida de basquete entre equipes da mais famosa liga mundial, a NBA. Muito embora os preços estejam longe de populares, deixa-nos a sensação que alguns estudos e interesses profissionais podem ser canalizados e dirigidos com competência. É necessário encontrar homens íntegros e preparados. É bem possível que muita gente já esteja batendo à porta de seu escritório no Rio com soluções mirabolantes para o “novo basquete” no Brasil. O tempo nos dirá, é esperar para ver.

Realmente, creio que o ex-atleta não gostou da alteração de posição do refrão machista muito em voga antigamente: “basquete na frente e vôlei atrás”.  Neste ponto dou-lhe razão. Todavia, aguenta a gozação, pois durante muito tempo os voleibolistas não reclamaram. Agora, devemos entender (é réu confessor) que o “basquete está por baixo”.

 

3 comentários em “Basquete vs. Vôlei

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