
Evolução das Regras do Voleibol – Praga, 1948 (final)
Sob esse título postei o seguinte comentário:
A foto acima ilustra como eram disputadas as partidas de voleibol na década de 40 e, muitas vezes, até os anos 1960, já que eram poucos os ginásios no Rio de Janeiro e em Niterói. A imagem é do Campeonato Brasileiro de 1948 disputado em sua fase classificatória na quadra (aberta) do C. R. Icaraí, Niterói, entre as equipes do Estado do Rio de Janeiro e a representação do então Distrito Federal (Rio). Vê-se o time carioca (parte baixa) com Irani preparando um levantamento para o ataque de Helena (ao centro). As moças cariocas não tiveram dificuldades em vencer suas oponentes.
Alguns detalhes ficam a descoberto e podem provocar a imaginação dos árbitros atuais e mesmo dos antigos juízes. Um deles, com o qual convivi algum tempo no clube, a cadeira do juiz, confeccionada de madeira e de forma precária, que devido ao poste estar fincado muito próximo à cerca que delimita a quadra, impedia ser colocada exatamente no meio, alinhada com a linha central; dessa forma tinha que estar de um dos lados, o que certamente provocava um contorcionismo no seu ocupante para apreciar primordialmente as possíveis e inevitáveis invasões de bloqueio. A sua sorte é que os jogos, especialmente femininos, eram bastante lentos, quase sempre contemplando cada equipe três levantadoras e três cortadoras.
Relendo o artigo ocorreu-me intensa nostalgia de momentos vividos ali antes mesmo de construírem um precário ginásio, i.e., uma cobertura de zinco sobre aquela quadra, deixando uma das laterais abertas. Não muito tempo depois, demolida para a construção da piscina, enterrando de vez o voleibol de tantas tradições. Hoje é um clube falido, às voltas com alternativa de venda do patrimônio, que talvez seja impedido pela Justiça.
Por ali passaram árbitros que se tornariam internacionais – Newton Leibnitz, o Chapinha, Josebel Palmeirim, Eduardo Alcântara – em majestosas partidas, inclusive pelo campeonato carioca. Lembro-me de ter ocupado aquela mesma cadeira para arbitrar uma partida entre colegiais numa manhã ensolarada talvez em um sábado, em 1959 ou 60. Saíra da praia, em frente, e reconhecendo de longe alguma atividade na quadra (só foi coberta em 1966) deixei-me ficar a contemplar os jovens e seus professores. Interessante é que havia muitos torcedores, todos alunos das escolas ali representadas. Todavia, percebi um imbróglio: o juiz designado para o jogo não comparecera e os professores buscavam entre os presentes alguém que pudesse arcar com a condução do jogo. Ao me verem mesmo de calção de praia, descalço (locomovia-me de bicicleta), não tiveram dúvida em me convocar. Acedi de imediato, não sem dizer de forma impositiva a ambos os professores que de forma alguma me afastaria daquele apito antes que a partida terminasse. E assim foi, de forma calma e amistosa, apesar da barulheira que faziam os excitados e alegres estudantes nas torcidas.
Atuei nessa quadra em 1958 quando me iniciei no voleibol em campeonato juvenil da cidade. Atuava pelo clube Gragoatá, sob o comando nada mais nada menos de Benedito Silva, o saudoso Bené que, a partir de 1960, ingressaria na equipe técnica de Formação do Fluminense F. C. no Rio de Janeiro. Anteriormente, em 1952, com 11-12 anos, tive o primeiro contato com Bené em uma quadra improvisada na Villa Pereira Carneiro, Niterói, bairro em que nasci. Escrevi um livro (400 pág.) sobre o local que narra inclusive este fato. Na foto, Roberto Pimentel com Bené, já aposentado, quando receberam Comenda no Clube Canto do Rio, em Niterói.
Os campeonatos de Nictheroy remontam não sei a que data, mas tenho registrado na História do Voleibol no Brasil a participação de equipes da cidade em torneios em 1939, especificamente na ACM (Rio de Janeiro). Por seu turno, os rapazes não deixaram por menos, sendo vencedores do 2º Torneio Aberto da ACM (1939), uma competição com 16 equipes congregando praticamente todos os atletas cariocas. Eram os times do IPC e do Praia das Flexas (ambos masculinos), sagraram-se respectivamente campeão e vice-campeão da competição. Na foto, a equipe do IPC na Praia de Icaraí. (Foto acervo de Agnaldo Mendonça, camisa preta).
Paralelamente, promoviam-se competições entre grandes clubes do eixo Nictheroy – Rio – São Paulo – Belo Horizonte, em que o destaque niteroiense eram suas equipes femininas, representadas pelo Clube de Regatas Icaraí (CRI), Icaraí Praia Clube (IPC), Clube Central, Praia das Flexas e alguns outros de bairros distantes, mas nem por isto menos expressivos. Entre suas atletas, algumas despontariam no cenário nacional e internacional, inclusive em seleções brasileiras, como Adayr, Neucy, Maria Celeste (Zombinha). Outras, em algum tempo buscaram o cenário do antigo Distrito Federal para atuar com destaque em várias equipes cariocas. além de ter atletas masculinos em diversas seleções nacionais, como Quaresma, Murilo, Márcio, Maurício, Waldenir (Borboleta), Jorge Américo (Memeco).
O que importa neste instante de saudade, TODOS, sem exceção, atuaram neste espaço simples e modesto quando comparado à ostentação atual! Nenhum daqueles atletas jamais reclamou das condições de treinamento ou de equipamentos.
Rebuscando o baú de fotos





Equipes
Estado do Rio de Janeiro:
Feminino: (em pé) Nilsa, Adayr (cap.) Iêda, Ula; agachadas, Carmen, Netty, Zombinha, Ciça.
Masculino: Ornani, Roberto Braga, Cid, Augusto, Escovinha, Sylvio, Ivo.
Distrito Federal: campeão feminino; vice-campeão masculino.
Feminino: (em pé) Pequenina, Helena (cap), Ivete, Paulo Azeredo; (agachadas) Romacild, Irani, Leda.
Masculino: (em pé) Coqueiro, Evereste, Betinho, Berni, Gil Rodolfo, P.Azeredo; (agachados) Hugo, Gabriel, Nilton, Corrente, Biquinha.
São Paulo: campeão masculino.
Masculino: destaques para os “cortadores” Celso (6), Oscarzinho (7) e Belo (10).


28.6.2103 – (jcpenney)…Estou continuamente navegando on-line para obter dicas que podem me ajudar. Obrigado!
CurtirCurtir
Great article! This information really made me stop and think about it. I agree with much of the information you have written. I will have to read this over again.
CurtirCurtir
Tive o prazer de jogar com dois coroas craques de voleibol: o saudoso Memeco e Roberto Pimentel. Bons tempos.
CurtirCurtir
Agradeço o elogio, mas tenha certeza que este coroa era admirador de seu voleibol, com levantadas incríveis e jogadas combinadas, especialmente com o falecido Fabinho. Abraço sua família.
CurtirCurtir