Cuidados nos Exercícios

Atletas americanas esmeram-se na defesa em lance do Mundial de 2010. Foto: Fivb/Divulgação.

 

Reforço e Reprodução das Reações: “Treinar, treinar e treinar… de que vale”?             

Há algum tempo venho batendo nesta tecla. Vejam porque a simples reprodução de reações similares não leva a um desenvolvimento eficaz.  Para responder temos que buscar na psicologia pedagógica os conceitos referentes à ATENÇÃO e ao HÁBITO. Ambos estão em relações antagônicas: onde se erradia o hábito, desaparece a atenção.            

 Valor pedagógico.  Esses dois processos indicam que não se pode desistir de um à custa do outro; cabe buscar meios de conciliá-los. Para tal convém ter uma verdadeira interpretação psicológica entre atenção e hábito. A atenção está vinculada à intensificação da sua natureza ativa e, efetivamente, interrompe o seu trabalho tão logo o comportamento se torna habitual. O hábito liberta integralmente e descarrega o trabalho da nossa atenção e, desse modo, suscita uma espécie de exceção relativa da lei da inibição conjugada das reações externas em nossa atitude básica. Em outras palavras, você reage sem pensar. Salvo as reações automáticas e habituais, toda atitude inibe o fluxo das reações externas. Pode-se, p.ex., conversar com o máximo de atenção e continuar caminhando pela rua.            

Conclusão. O sentido psicológico mais importante desse confisco à lei da inibição fica mais evidente se levarmos em conta o quanto o nosso comportamento sai ganhando em diversidade e amplitude se, paralelamente à nossa atitude central e principal, nos surge uma série de atitudes paralelas e particulares em face das ações habituais. Podemos dizer que o treinamento são estímulos aplicados sobre um (ou grupo) de indivíduos com a finalidade de reforçar ou reproduzir determinados tipos de reações. Contudo, a simples reprodução de reações similares não conduz a um desenvolvimento eficaz. A concepção de alcançar objetivos maiores é a chave do crescimento do indivíduo, caso contrário, condena-se à estagnação. Vejam p.ex. os movimentos dos atletas de voleibol quando se exercitam antes de uma partida ou mesmo em treinos, no chamado aquecimento com bolas. Durante sua vida de atletas todos estarão condenados às mesmas execuções de movimentos e reações, isto é, uma habitualidade massacrante que nada acrescenta. Como os gestos e atitudes são sempre as mesmas, caracteriza-se uma estagnação no processo de desenvolvimento das técnicas de defesa. Sempre disse que “bate-bola é treinamento” e, dessa forma, fica impossível que qualquer treinador tenha esperança de que algum dia este jogador estará desenvolto na arte de defender. Infelizmente, não temos técnicos com tamanha acuidade e protagonizam os mesmos espetáculos por anos a fim. Treinam, treinam e treinam, e repetem sempre os mesmos erros. Como dizem, os detalhes fazem a diferença. Assim, a partir dos treinos, o apuramento da técnica individual torna-se vital para o desenvolvimento do atleta. E o treinador sabe disso? Se sabe, por que não exige ou convence o atleta? Quando mudarão? Estarão sempre a dizer: “Não tenho tempo”!          

Treinamento de Defesa. Pelo que vimos sobre o antagonismo entre hábito e atenção, há que buscar meios de conciliá-los. Como todos sabem durante uma partida de voleibol a atenção dos atletas deve estar sempre no máximo. Então, por mais paradoxal que possa parecer, nenhum ato de atenção deixa de ser enfraquecido pelos estímulos externos. Ao contrário, sai reforçado e enriquecido à custa deles. Seria o caso de os treinadores levarem os jogadores a ter máxima atenção nos movimentos de defesa levando-os a mentalizar as possibilidades de cada atacante em função das bolas que recebem para ataque e das suas responsabilidades táticas, independentemente da perfeição dos gestos técnicos. Para saber mais como realizar treinamento de defesa acompanhem-me nas próximas postagens.    

Questionamentos para debate:        

1 – Veja a foto acima. Você encontraria técnica melhor para aquele lance?       

2 – O treinamento de defesa deve ser exclusivo para o Líbero e o Levantador?       

3 – Você conseguiria fazer o Vissoto (2,12m) treinar  e ser um bom defensor?

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