Sistema de Chaves e Arbitragem
Sistema Olímpico de Chaves. A estreia do novo sistema deu-se nos XX Jogos Olímpicos, em Munique, antiga Alemanha Ocidental. Foi a única competição internacional no ano, infelizmente marcada pelo atentado contra atletas israelenses. O Brasil não se fez representar no feminino. O sistema consistiu na elaboração de chaves de classificação com cruzamento dos vencedores para a fase final. O intuito foi o de poupar os atletas através da diminuição do número de jogos entre os participantes. Até então era demasiadamente sacrificante, inclusive pelo número de equipes. Relembrem, por exemplo, como foi o campeonato Mundial de 1956, em Paris, já comentado em História do Voleibol.
Regulamento. Ocorre que com as mudanças no Regulamento, as seleções envolvidas têm a prerrogativa de “atuar com o Regulamento”, como passou a ser dito. Isto explica, por exemplo, as circunstâncias que a equipe técnica de qualquer país decida se deve ou não jogar para vencer quando já classificado. Foi o que fez o Brasil ao se deixar derrotar pela Bulgária, visando aos enfrentamentos futuros teoricamente mais desejados. E, pelo resultado, os fins justificaram os meios. A gritaria italiana, sem dúvida, era para evitar o Brasil antes da desejada final. De alguma forma, passou a ser um atestado de suas próprias deficiências, haja vista o confronto entre ambas as equipes.
Neutralidade da Arbitragem. Diante das circunstâncias que envolveram os jogos neste Mundial em relação à partida entre os selecionados do Brasil e da Bulgária, a imprensa italiana promoveu intensa batalha para constranger os atletas brasileiros. Após ter perdido de 3×1 para o Brasil, calaram-se, mas não silenciaram, isto é, conseguiram escalar Fiscais de Linha nacionais na derradeira partida contra os cubanos. Todos viram as reclamações dos atletas brasileiros contra diversas marcações, inclusive com o primeiro árbitro fazendo valer sua autoridade e não considerando uma das intervenções de um daqueles senhores. Esta atuação do árbitro suscitou uma história ocorrida em 1970, durante o VII Campeonato Mundial masculino e feminino (VI) disputado na cidade de Sófia, na Bulgária. Na oportunidade, as equipes brasileiras não lograram bons resultados: a 11ª colocação para os rapazes, enquanto as moças se situaram na 13ª. Nesse período a equipe masculina da Alemanha Oriental se programara para vencer a Olimpíada de 72, em Munique. Para tanto, ganhara a Copa do Mundo de 69, ganhou este Mundial de 70 e, posteriormente, entrou em fase de queda de produção, sendo derrotada na Olimpíada pelo Japão.
O Fato. Na final de 70, enfrentaram-se Bulgária e Alemanha Oriental com a arbitragem do romeno I. Neculescu que tomou decisão histórica e inédita. Logo no primeiro set, após várias anotações indevidas dos fiscais de linha, todos búlgaros, EXPULSOU-OS de suas atribuições e conduziu o jogo sem eles, apesar de toda a torcida contra. Era praxe até então a utilização de fiscais de linha do país sede.
Muito embora no atual Mundial teoricamente deva-se considerar que a arbitragem na final era neutra, já que o jogo envolvia Brasil e Cuba, percebemos 40 anos depois que a história “quase” se repetiu. Com certeza os dirigentes italianos se mantiveram distantes da sua imprensa e público e, na medida do possível, confiaram nos seus bandieres, fiscales ou “bandeirinhas”. Só faltou o árbitro expulsá-los peremptoriamente. Felizmente não o fez e soube conduzir-se com maestria, até porque o jogo foi muito tranquilo, a exemplo da partida contra a Itália: 3×0 esbanjando muita categoria e elegância.
Parabéns à equipe brasileira, atletas e dirigentes!


Sou chato. Ainda que entenda as motivações brasileiras, achei absolutamente desnecessário que colocassem um asterisco do tamanho do mundo na campanha ao escolher o adversário. Especialmente que para essa escolha houvesse a necessidade de entregar a partida contra a Bulgária. Como “peladeiro” penso que alguém que não quer jogo não deve entrar em campo/quadra. Quem entrar, que jogue para vencer.
CurtirCurtir
Aprecio sua opinião decidida e a coragem em torná-la pública. Contudo, muita coisa entrou nesse jogo e não creio que a mídia seja o local mais apropriado para decisões ou julgamentos morais ou éticos. O tão propalado “fair play” já foi para o espaço há muito tempo. Um chefe de delegação olímpica já disse alhures “Olimpíada is business”. Difícil é acreditar que o esporte seja um meio para se EDUCAR. Quando há muitos interesses e, principalmente, muito dinheiro envolvido, os PRINCÍPIOS são deixados de lado e os MEIOS prevalecem. A regra é: “Se eles fazem, por que nós não faremos”? No fim, só resta o “Blá, blá, blá”.
CurtirCurtir