Aulas na Rede

            

Curso para docentes da rede pública, Ciep Tancredo Neves, Rio.
  
Quando a Aula Chega à Rede

Sou um assinante da revista Veja há algum tempo e reputo como um dos melhores veículos de informação que conheço. Nesta semana destaco a reportagem de Roberta de Abreu Lima sob o título à epígrafe (Veja, nº 37, p.124, 14.9.2010), que vem se somar ao texto que publiquei no dia 10 p.p. sob o título Redes Sociais. Parecem se ajustar à concepção que faço do serviço que estou a imprimir no Procrie. Durante a primeira fase dei ênfase aos textos dando-me a conhecer e a mostrar como é fácil “Aprender a Ensinar”. Passei para este segundo tempo estimulando a realização dos Cursos Presenciais. E, mais à frente, propostas de criação de Núcleos em todas as cidades desse imenso País.         

Criação de Núcleos. Falta-me coroar o trabalho com uma dimensão do tipo social e comunitária e uma nova postura do professor. Poder criar programas de ensino para jovens, crianças e adultos que queiram se exercitar e divertir-se. As aulas têm de se mostrar algo muito vivo em sua comunidade, exercer fascínio e liderança e assim, inspirar cada cidadão na prática da atividade e no convívio social. O sargentão, como era chamado no meio do século passado, ou os novos técnicos oriundos de pequenos cursos – os “do ramo” – já não têm vez e denota uma nova tendência pela qual passou a figura do professor neste início de século. O professor (ou treinador) carrasco, que intimida e humilha seus alunos, saiu da moda. O novo professor pede aos alunos que o chamem pelo nome, marcando de imediato a diferença em relação à formalidade despótica de seus antecessores. O tratamento afável e colaborativo tornou-se regra da nova geração. O passo seguinte nessa atitude mais aberta é estender a mão à cidade na qual o Núcleo atua, em especial para aqueles setores sociais menos favorecidos economicamente. Não que se deixe de lado os mais abastados, paradoxalmente talvez os mais precisados. A prioridade é fazer com que a sala – quadra –  seja frequentada por todos os cidadãos. Atualmente, os exemplos mais fulgurantes da integração social por meio do esporte ou da música nos chegam por meio de projetos de ensino para crianças e jovens. Eu ainda acrescentaria, “e de seus pais e mães”. Alie-se ainda a invejável capacidade de colaboração que desperta nesses jovens para adiante, serem eles próprios receptores da mensagem e passem suas experiências a outros indivíduos. Um aspecto interessante seria recrutar moradores da cidade que já atuaram em qualquer área desportiva ou de ensino, mas não tiveram oportunidade de evoluir. Eles tomariam aulas com os professores mais experimentados e se tornariam multiplicadores da obra. Além disso, antes de levar esporte a novo público e tornar-se um facilitador na comunidade, poderão conhecer com alguma especificidade a metodologia e atitudes pedagógicas simples e eficientes. Para tanto, o Procrie estará sempre ao alcance dos interessados.               

Escola. Evidentemente, que a preferência recai na localização dos Núcleos na própria escola, onde já se encontram professores e alunos. Deve (ou pode) haver um mínimo necessário de área e equipamentos para a prática da Educação Física e Jogos. Percebam que não citei o voleibol propositalmente, uma vez que postulo um aprendizado global, como poderão perceber no meu trato metodológico em várias postagens. Nas capitais e cidades em que existam federações desportivas, cuidem para que não sejam cooptados pelo sistema e caiam na arapuca dos dirigentes. A autonomia no processo é fator preponderante para uma democratização esportiva, isto é, realizarmos “Esporte para Todos”.  Atividades bem sucedidas melhoram o desempenho dos alunos nos campos cognitivo, afetivo e do relacionamento com os demais alunos e seus professores; criam elos importantes com suas escolas e podem ser utilizadas, com vantagem, na integração da escola com a comunidade. Dar oportunidade e capacitar professores de se desenvolverem é o objetivo primacial deste Projeto.        

Muito Computador, Pouco Uso. Segundo a reportagem, de acordo com uma pesquisa em treze capitais brasileiras, a maioria das escolas já dispõe de computadores (98%), mas eles ainda não estão sendo adotados em prol da melhoria do ensino, pois 72% dos profissionais não se sentem preparados para aplicar a tecnologia na sala de aula, sendo que 18% das escolas nem sequer fazem uso do laboratório de computação.                     

Um Bom Começo. Será necessário mais tempo para que as atuais experiências se reflitam nos grandes indicadores do ensino. Pode-se dizer que há indícios de que o impacto é bom, talvez decisivo. Segundo um levantamento da OCDE (organização que reúne as nações mais desenvolvidas), os estudantes que cultivam o hábito de navegar na internet são justamente aqueles que, ao longo do tempo, obtêm as médias mais altas. Em quarenta países, empurrados pelos mais variados estímulos fornecidos pelo computador, eles têm encontrado novos e atraentes desafios intelectuais no ambiente virtual. É justo que nesse contexto que as aulas copiadas da velha lousa se tornam completamente ultrapassadas e desinteressantes. Conclui a secretária municipal de educação do Rio de Janeiro, Cláudia Costin, à frente do novo projeto carioca: “Está claro que não há como obter avanços sem tornar a escola um lugar minimamente conectado à realidade dos estudantes, como estamos tentando fazer”.                     

Professores Cariocas. Nesta data (16/9) comemoramos o 1º aniversário desse site com um balanço sobre nossas atividades, eu produzindo textos e vocês, consumindo-os vorazmente, traduzidas em quase 600 visitas/mês (20% de todo o Brasil). E, incrível, em números sempre crescentes. Agora, com certeza mais cônscios, creio que podemos alavancar o processo. Entrarei em contato com a assessoria técnica da Professora Cláudia para colocar o Procrie a seu dispor mais uma vez. Imagino que temos muita contribuição a dar aos seus professores, já meus velhos conhecidos de cursos nos Cieps. Enquanto isso transcrevo a avaliação do Projeto Pedagógico Nacional que aquela secretaria realizou no início da década de 90:                   

 “Projeto interessante, rico pedagogicamente, que se coaduna com o Núcleo Curricular Básico Multieducação. A atividade básica do projeto é a prática do voleibol de uma forma mais lúdica. Neste sentido, há o favorecimento da participação de todas as crianças, não havendo uma submissão rígida à forma técnica do desporto, possibilitando-se assim a participação, independente da habilidade individual de cada indivíduo. Em suma, trata-se de uma atividade agregadora cuja metodologia pode ser estendida a outros esportes. A relação custo/benefício pode ser favorável. A Secretaria atenderia inicial e experimentalmente um determinado número de escolas com pouco dispêndio mensal – dentro dos recursos disponíveis – o que pode se tornar uma ação bastante multiplicadora a seguir”.        

Imagino que o ensino público fundamental na cidade do Rio de Janeiro detenha uma população de 700-800 indivíduos. É fabuloso e desafiador este trabalho e estou disposto ao desafio de conquistá-lo uma vez mais com todo o meu ser! Por que não tentá-lo outra vez? Aguardemos a decisão da secretária.                

 
 

           

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