Voleibol na Década de 60

Treinamento da seleção no Caio Martins. Em pé, à esquerda, Newdon, Décio, Álvaro, Heckel (aux. técnico), Roque, Financial, Chapinha (árbitro), Geraldo Faggiano (técnico), Rômulo Arantes (prep. físico). Em baixo, Urbano, Afonso, Murilo, Pedro, Quaresma, Feitosa.

Jogos Mundiais, Jogos Olímpicos, Jogos Universitários, Campeonatos Brasileiros, Jogos Luso-Brasileiros. 

Logo no início da década, em 1960, as cidades do Rio de Janeiro e de Niterói experimentaram um despertar para o voleibol como jamais se vira no Brasil. Neste ano, em maio, a capital fluminense foi palco dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) no ginásio do Caio Martins, onde meses depois, treinaria a seleção brasileira (foto). A seguir, em julho, foram realizados os jogos do IX Campeonato Brasileiro de seleções estaduais no Rio de Janeiro. Houve tímido intercâmbio esportivo com Portugal – os Jogos Luso-Brasileiros – que não mereceram maior incentivo e após sua terceira realização malograram. Sua primeira realização deu-se em agosto/60, no Rio de Janeiro. E, finalmente, em 3 de novembro, a abertura da fase final dos Campeonatos Mundiais.  Posteriormente, em 62 e 66, outros dois Mundiais e, destacados deles, os dois Jogos Olímpicos, em 1964 e 1968.     

Ciclo japonês. Os japoneses dariam importante contribuição para a evolução do jogo a partir de 1960, caracterizada por dois aspectos: 1) Técnico – criação do saque balanceado, do emprego maciço da manchete, diversificação de ataques, com variações de “tempo” e de “espaço”; inovações nas técnicas de defesa. 2) Tático – novos tipos de ataque permitiriam criar uma infinidade de combinações, verdadeira revolução no sistema ofensivo.         

Campeonatos Mundiais .  O Brasil foi o palco do quarto campeonato mundial masculino e terceiro feminino em 1960. Pela primeira vez foi sediado fora da Europa. Em ambos os torneios a seleção brasileira ficou em 5º lugar. Mas a grande novidade no início da década de 60 foi a decisão de incluir o esporte na próxima Olimpíada de Tóquio, o que entusiasmou seus praticantes. 

Jogos Universitários Brasileiros. Promovidos pela  Confederação Brasileira de Desportos Universitários – CBDU  e a FUFE – Federação Universitária Fluminense de Esportes, foram realizados em maio os Jogos Universitários Brasileiros. O palco foi o ginásio do Caio Martins. A disputa nesta modalidade empolgou os assistentes pelo alto nível dos participantes, especialmente com as três primeiras equipes classificadas: São Paulo, Minas Gerais e Estado do Rio (Niterói). Entre os atletas, destaques dos selecionáveis Nelson Bartells, Urbano e Fábio (mineiros), Joel e Álvaro (paulistas), Quaresma e Murilo (fluminenses). O autor deste trabalho, com 20 anos de idade, fazia sua estreia em grandes torneios.       

IX Campeonato Brasileiro, 1960. A cidade do Rio de Janeiro sediou os jogos das seleções estaduais.  Os cariocas fizeram “dobradinha”, com vitórias no masculino e feminino. Dedico uma postagem especial sobre o evento desde sua organização e componentes da delegação. 

Evolução das Regras – Cronologia       

1960 – Destaques das principais modificações na Regra Oficial constante de Nota Oficial da CBV retransmitida pela FMV (NO nº 16, de 10.3.60).       

1) Regra I – Art. 2º – Nova redação: LINHAS – O campo é limitado por linhas de 5 cm de largura traçadas na sua parte interna. Elas serão traçadas a um mínimo de 2 (dois) metros de qualquer obstáculo.  2) Regra V – Art. 3º – § “d” – Alterar: Qualquer jogador que inicie jogando um set pode ser substituído uma só vez por qualquer suplente e poderá voltar ao jogo, mas definitivamente, no lugar que ocupava precedentemente e somente ele, com exclusão de qualquer outro jogador.  3) Regra XII – Art. 6º – § “c” – Acrescentar no final: Os dois tempos para descanso podem ser solicitados consecutivamente por uma ou outra equipe sem que o jogo tenha sido recomeçado. No entanto, segundo a Regra V, art. 3º – letra “c”, uma equipe não tem direito de pedir dois tempos para substituição sem que entre os mesmos o jogo tenha recomeçado. Um tempo para descanso de uma equipe pode ser seguido imediatamente de um tempo para substituição por uma outra equipe e vice-versa.  4) Regra XIII – Acrescentar: Art. 7º – BARREIRAS – No momento do saque é proibido aos jogadores da equipe que irá dar o saque efetuar movimentos com os braços, saltar ou grupar dois ou mais jogadores, com objetivo de formar uma “barreira”, com intenção de encobrir o sacador.  5) Regra XX – Art. 1º – Acrescentar: Letra “c” – o fato de tocar a linha central, sem ultrapassá-la, não constitui falta.  6) Regra XXIV – Art. 3º – Acrescentar no final: “Salvo no caso de uma equipe ficar incompleta em virtude de contusão de jogadores” (conforme Regra V, Art. 3º – Letra “d”).       

Campeonato Mundial. Tendência em favorecer a defesa, na tentativa de equilibrar as ações de jogo. Muito embora os russos, campeões, jogassem com somente um levantador (5×1), foram os japoneses que consagraram esta formação, o que facilitava suas combinações de ataques rápidos. Os soviéticos realizavam ataques com bolas predominantemente altas.       

1964 – Novas regras para o bloqueio: a invasão por cima durante o bloqueio ainda era proibida, mas permitido aos bloqueadores um segundo toque. Os primeiro torneios Olímpicos de Voleibol jogados em Tóquio (13 a 23 de outubro) contemplaram 10 equipes masculinas e 6 femininas.       

1968 – Recomendação do Congresso do México para a utilização das antenas como limite do espaço aéreo da rede, para facilitar as decisões da arbitragem (bolas por fora).       

Saques 

Altos tinham raros praticantes, embora as quadras favorecessem, pois eram raros os ginásios. Em 1953, Paulo Castelo Branco (Sírio e Libanês), sacava muito além dos refletores (o atual “jornada”). Os refletores eram colocados sobre a quadra de voleibol, “acompanhando” as linhas laterais, a uma altura relativamente alta. No Brasil da década de 40, alguns juízes proibiam a utilização deste saque, punindo com perda da vantagem, pois prejudicava a visão do recepcionador.       

Recepção 

1958 – Tchecos realizam as primeiras experiências utilizando a manchete (bagger).  

1960 – Utilização de excelente toque por cima até o mundial do Rio.    

1962 – Surge a manchete; uso do toque em condições especiais (mundial de Moscou).  

1964 – Utilização predominante da manchete (Olimpíadas de Tóquio); obrigatoriedade no Brasil de recepcionar de manchete; surpresa no Torneio Início carioca.   

Defesa 

 1960 – De toque até o Mundial; alguns gestos com um dos braços e mão fechada. 

1962  – Introdução da manchete em defesa de cortadas.  

1964 – Utilização plena da manchete na Olimpíada.   

Bloqueio   

1964 – Até a Olimpíada de Tóquio, somente no próprio campo; a partir daí, permissão para invadir após o ataque adversário; volta a permissão para o 2º toque na bola.       

11 comentários em “Voleibol na Década de 60

    1. Que bom que você nos visitou e não satisfeito, deixou sua impressão e o que queria realmente. O artigo não trata das equipes e seus figurantes no Brasil. Até meados da década de 60 ainda vigoravam os campeonatos estaduais, uma seleção (por estado) de atletas que atuavam em vários clubes. Creio que somente em 1966 começaram os campeonatos entre clubes campeões; participei dele em Porto Alegre (RS) pelo C. R. Icaraí atuando contra Botafogo, Santos, Minas T. C., e outros (do próprio Rio Grande do Sul e do Paraná). Caso necessite de equipes de clubes de alguma cidade (capital) terá que recorrer à respectiva Federação e pesquisar em seus relatórios, pois duvido que esteja disponibilizado na web. No caso do Rio de Janeiro, poderá encontrar somente no livro que editei – História do Voleibol no Brasil (2 vol., 1.047 pág.) – em que consignei +500 atletas em 1960 e outro tanto em 1970 pelos respectivos clubes em que atuavam. Os Relatórios se perderam em enchentes que atingiram o Maracanã, onde estavam arquivados, e agora, com as obras do estádio. O livro em questão só está à venda pela Internet. Fale-me a respeito e sou muito grato por sua participação.

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    1. Olá Matheus, sua procura pelas equipes da época de 1960 seria relativa aos clubes do Rio de Janeiro? Aos atletas que compunham as mesmas? Ela se ajusta à indagação do Oduvaldo também sobre o período de 1960. (ver “Mundiais de Voleibol no Brasil, vol. II) ou seguindo a coluna de Comentários. Assim, se for relativa ao Rio, posso antecipar que no livro História do Voleibol no Brasil (vol. I) estão relacionados todos os atletas (cerca de 500) que atuaram em 1960. Estão relacionados por equipes. Peço que visite com o seu responsável a postagem recente “Obra enciclopédica e memorialista”, que oferece ao público a aquisição do livro. Hão de convir que é um trabalho grande que não cabe neste espaço. Avise-me o que resolverem.

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