Breve história de vida
Acompanhei meu filho nas suas aulas de basquete na escola em 1978. Tinha 9 anos de idade. Pouco tempo depois, na quadra ao lado produziu-se um curso de iniciação de voleibol para as alunas. O professor, velho conhecido, não tinha formação universitária, mas um curso de provisionamento de três meses ministrado pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro. Sua formação desportiva consistiu em provas de atletismo (salto) e atuação em equipe de basquete do C. R. do Flamengo, no Rio de Janeiro. Em voleibol, nenhuma participação. Passei a observá-lo e a tantas, pedi-lhe permissão para fazer um reparo. Aceita imediatamente, sugeri mudança na metodologia de sua aula de forma sutil. Ao invés de corrigir a cada momento os alunos que jogavam uma partida – erros sistemáticos –, não dando seguimento às jogadas, propus realizar pequenas brincadeiras cujos conteúdos levariam a um aprendizado mais eficiente. Assim, disse-lhe, “quando pretender que uma aluna flexione as pernas para a execução de qualquer gesto, não será com palavras que ela o fará, mas com ações que a levem a descobrir este fato. Por exemplo, tentando arremessar uma bola mais pesada (de basquete) em direção à cesta”. Assim, o jogo foi deixado de lado e todas foram brincar com bolas variadas, de diversas formas e pesos. O professor percebeu, então, que a aula tornou-se dinâmica, que a alternância de exercícios facilitava um aprendizado dos movimentos e deslocamentos e, mais importante, as alunas passaram a dar respostas espontâneas às novas situações, repletas que se achavam de motivação. Bem ao contrário do que vinha ocorrendo na aula convencional, seis contra seis e algumas outras de fora, sem participação.
Nossos encontros tornaram-se mais frequentes, pois os horários das aulas – basquete e voleibol – coincidiam. Muito mais informações lhe foram passadas através de uma amizade de três décadas que perdura até nossos dias. O interesse, determinado pelo seu desejo, capacidade de aprender e vontade de trabalhar, foi predominante para o sucesso que alcançou, inclusive distinguindo-o dos demais em suas aulas curriculares. As miniquadras foram introduzidas logo a seguir na escola, tornando-a pioneira no emprego desta metodologia. Aquele professor permaneceu fiel aos princípios que lhe passava a pouco e pouco e não demorou a surtir os primeiros resultados: suas equipes passaram a destacar-se nos jogos escolares ou em quaisquer competições em que se envolviam. E, sorrindo, me dizia a respeito dos comentários de docentes de outras instituições: “Eles não acreditam que eu, que nada sei de voleibol consiga compor uma equipe em tão pouco tempo e, ainda, ganhar deles”! Diga-se de passagem, o que não era o seu objetivo maior.
Após a construção de um moderno ginásio de esportes, oferecemos ao colégio um projeto para desenvolver regularmente o minivoleibol em horários extra classe somente para as primeiras séries do ensino fundamental. Atenderam ao primeiro convite 310 alunos de ambos os sexos. O fato inédito parece ter assustado a direção do educandário que, numa arrogância sem precedentes, inviabilizou a iniciativa. Atualmente, ainda em atividade em outras instituições, o professor confessa-me: “Graças ao que aprendi com você a respeito do voleibol, sinto-me confiante para realizar qualquer trabalho – crianças ou adultos – não importa o desporto que seja”. E conclui: “Aprendi o mais importante, PENSAR”! De minha parte, sinto-me recompensado não só porque acreditou em minhas palavras, mas, principalmente, porque teve a oportunidade de multiplicar e difundir uma metodologia criativa e eficiente, da qual centenas de crianças se beneficiaram. Por outro lado, a escola permaneceu com seus métodos estagnados aplicando ainda o jogo de queimada e as aulas do “6 x 6“ para as meninas. No masculino, o indefectível futebol com um detalhe importante: aqueles que não quiserem participar da pelada deverão realizar 10 voltas no campo de jogo; em seguida, podem se retirar da aula. Pobres crianças!
Finalmente, Pólya deixa duas propostas para os responsáveis pela realização de cursos para docentes e treinadores. A transposição da Matemática para qualquer desporto é sintomática: “A Formação de docentes de Educação Física deve oferecer experiência em trabalho independente (criativo) a um nível apropriado sob a forma de Seminário sobre a resolução de problemas ou de outra forma adequada. Os cursos sobre Métodos devem ser oferecidos aos professores apenas como uma ligação estreita com os cursos temáticos ou como prática de ensino e ser praticável apenas pelos mais experientes. Se não tiver tal experiência como poderá convir que o mais importante para um futuro professor é o espírito de trabalho criativo”?
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10.4.2013 – (marinaschaefer)… Oi! este meu fim de semana foi bom pelo apoio que me deu, já que neste instante estou lendo este post em minha residência e colhendo importantes informações.
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Marina, desculpe-me, mas tive problemas administrativos com o blog quanto ao Domínio – esqueci de reembolsá-lo. Devido à COVID. Só há pouco tempo resolvido. Então, retornei com muita disposição em angariar mais amigas e amigos nessa luta memorável : MERITOCRACIA. O WorldPress está renovado para muito melhor, e o endereço alterado para http://www.procrie.blog/ ou @procrie.blog/ Pesquisas dos mais de 600 posts, podem ser realizadas no início/à direita/no alto, em PESQUISAR. Tomara que aprecie. Abraço.
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