
Praia de Icaraí, Niterói, 20 mini quadras (10 alunos/quadra) agrupadas duas a duas. Duas turmas, total de 400 crianças.
Ensinar e seus efeitos
“Ensinar não é apenas um ramo da psicologia aplicada. Ensinar está em correlação com aprender. (…) Embora a psicologia da aprendizagem possa dar-nos pistas interessantes, não pode ter a pretensão de dar a última palavra sobre os problemas do ensino”. (…) Ensinar não é uma ciência, mas uma arte. Contudo, se deixarmos de lado certa generalidade e observarmos sob uma perspectiva instrutiva alguns pormenores apropriados, podemos nos aperceber de alguns truques. (Pólya)
Já me disseram que me diferencio de outros professores porque coloco muito “amor” nas minhas aulas. Em outra ocasião, fui agraciado por comentário do tipo “você se entrega demasiadamente, a ponto de se exaurir. Minha postura diante de uma classe é um evento que me enche de orgulho e, ao mesmo tempo, exige de mim muita responsabilidade, pois ao sentir o olhar, a expectativa e o sorriso de cada criança, nutro-me de um respeito grandioso, até pelo que ela poderá vir a ser amanhã. Confesso que esta conjugação de fatores aguça um sentimentalismo ferrenho que ainda não controlo. Até hoje, quando lido com crianças ou mesmo em cursos para adultos, não consigo esconder o embargo da minha voz. Se não reagir a tempo ou disfarçar, é bem provável que role uma lágrima pela minha face. Eu diria que me faço criança quando em aula e isto parece ser o diferencial: “Tento ler na face do aluno, tento ver as suas expectativas e dificuldades, ponho-me no seu lugar”. Não trabalhei em escolas lecionando aulas de educação física. E, ainda, jamais me queixei das condições que me ofereciam para realizar esta ou aquela aula (eventual). Para tanto, desenvolvi com alguma criatividade o meu próprio material, que proporcionava excelente vitrine para o docente. Este material é o que está presente no Vivavôlei, com ligeiras adaptações. Fui o responsável técnico dessa franquia da CBV e mentor da criação do equipamento.
Confesso que sinto prazer neste tipo de evento, especialmente agora que me sinto mais experiente, mas que ainda procuro aperfeiçoar-me no ensino. Percebo alguma satisfação em reconstituir a forma como descobri no passado este ou aquele aspecto, tanto na matemática quanto no esporte. Como é interessante e ao mesmo tempo instigante essa busca, ir-e-vir no tempo, brincando com a memória, representando, enfim, fazendo teatro… Ou história? Não sei bem!
Situações e truques
Os camelôs (ambulantes) que invadem as nossas cidades dão-nos alguns truques para obtermos sucesso em nossa atuação qualquer que seja. Senão vejamos: no seu quotidiano, vendem de tudo e para tanto necessitam alardear o seu produto. Alguns mais criativos, com maior acuidade do comportamento humano, aperceberam-se que se atraírem mais gente para o seu tabuleiro (de mercadorias) despertam nos passantes uma atração quase irresistível para acompanhar o que se passa ali, ou pelo menos um olhar de relance. Qualquer situação similar – aglomerado de pessoas na via pública – exerce esta curiosidade latente. Assim, antecipadamente, arregimentam parentes ou amigos para, teatralmente, passarem-se por fregueses interessados na aquisição de mercadorias. Às vezes, simulando compras fictícias, com o mesmo dinheiro, que vai e retorna ao dono. Em outras ocasiões, de acordo com circunstâncias climatéricas, ora oferecendo óculos escuros, ora guarda-chuvas.
Projetos
Utilizei expediente similar ao realizar projetos na praia, em Niterói. Concentrei as crianças em espaço confortável para as práticas, mas reduzido o suficiente para causar uma visão de aglomeração, isto é, os transeuntes tinham a sensação de muito mais gente: este foi o fator preponderante para atrair mais e mais crianças, desejosas de praticar. Contribuindo para tanto, a esmerada organização – sem truques – refletindo confiança e segurança. Quando atingimos o número recorde de 400 alunos, resolvi conter-me, embora ainda houvesse espaço para expansão. Para “ser visto e notado” por todos os passantes, localizei as quadras junto à calçada de pedestres e próxima à pista de rolamento da via mais movimentada. Incorporei e enriqueci o projeto adicionando um considerável número de espectadores que por ali transitam diariamente, inclusive em horário de rush. Isto proporcionou transparência e irresistível comunicabilidade com o público, traduzido em vantagens financeiras através de patrocínios e atividades filantrópicas.
Teatralidade nas aulas
1. Bagunça na escola. Há algum tempo fui convidado a realizar aulas de Iniciação para acadêmicos de Educação Física numa das universidades particulares do Rio de Janeiro. Participaria lado a lado com outro professor, sendo que minhas aulas se orientariam para o Desporto Escolar e, as dele, para a Formação de Equipe, exatamente como realizada em clubes. O grupo era o mesmo e as aulas se sucediam em horários (50-60 min) distintos e imediatos – primeiro ele e depois eu – com breve intervalo. A distinção entre a metodologia e pedagogia aplicadas ficou deveras evidenciada e flagrante quando espelhada no comportamento e espontaneidade do grupo. Mas este não é o caso, o que quero dizer refere-se à teatralidade empregada. Ao iniciarmos a aula, acertei com os aluno/professores que teríamos DOIS grupos que, a um tempo e sinal, poderiam ser adultos ou crianças. E assim transcorreram todas as intervenções. Em dado momento, antecedendo exercício bastante lúdico, com corridas, fiz um breve comentário sobre a importância de “vingarmo-nos do professor de matemática que estava prejudicando e reprovando nossa classe em suas aulas”. E acrescentei: “Vejam aquela janela (a janela existia e dava para o interior do ginásio, um pouco acima das arquibancadas), pois ali está o referido professor dando aula para uma outra turma. Chegou o momento de bagunçar a sua tarefa: tratem de fazer a maior algazarra possível durante o exercício. Aliás, o grupo que mais bagunçar (gritar) ganhará um ponto extra”. Eis que tudo correu como planejado: os alunos transformados em crianças trataram de se superar e tornaram o ambiente numa feliz festa para os olhos (e ouvidos) tamanho o ruído. Mas não estaria completa sem a participação do professor perseguidor. A certa altura a janela abriu-se e uma figura despontou gritando: “Professor, por favor, assim não é possível realizar minha aula”! E, em seguida, fechou a janela. Reuni imediatamente os alunos em círculo fechado, mãos nos ombros e disse-lhes com muita convicção: “Nosso objetivo foi alcançado, o professor de matemática de vocês não vai mais persegui-los; considerem-se vingados”. É evidente que nada foi combinado, mas uma feliz coincidência que soube tirar proveito através da teatralidade.
2. APAE. E por falar em teatro, recordo-me de uma representação orquestrada pelos alunos com necessidades especiais do Centro Profissionalizante da APAE de Niterói num desses projetos na praia (1993-94). Chegamos a ter uma frequência regular de 20 alunos após o expediente que realizavam no Centro. Com o apoio de seu psicólogo e um palco improvisado no local, encenaram uma peça muito aplaudida pelos colegas de curso, pais e espectadores curiosos. O tema, minhas atuações como administrador do projeto, vista com muito humor e sentimentalismo. Senti-me deveras emocionado com a homenagem.
3. Música. Em 1975, no 1º Simpósio Mundial de Mini Voleibol, na Suécia, o professor francês Cassignol nos brindou com uma aula (filme) sonorizada com trompete. Imagino que um ato acompanhado de musicalidade deixe seu rastro na mente que se pode percorrer novamente. Ao ouvir mais tarde o mesmo som há de se formar no pensamento idêntica disponibilidade para aquela ação. O ensino de línguas estrangeiras explora este mecanismo como forma auxiliar de ensino. Este é um dos projetos que ainda espero reunir condições para fazê-lo. Vejam o que nos ensina Pólya: “Embora de forma menos óbvia, ensinar tem também algo em comum com a música. Sabem com certeza que os professores não devem dizer uma coisa apenas uma ou duas vezes, mas três, quatro ou mais vezes. Porém, repetir a mesma frase várias vezes sem pausas ou alterações pode ser terrivelmente aborrecido e anular a própria intenção. Ora, o professor pode aprender com os compositores a fazê-lo melhor. Uma das principais formas de arte musical é “ar com variações”. Transpondo esta forma da música para o ensino, faz com que se diga uma frase da forma mais simples e que depois se repita com uma pequena alteração; depois torna-se a repeti-la com um pouco mais de cor, e assim sucessivamente, pode finalizar-se retornando à formulação original simples”.

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