Mudanças no Vôlei Feminino… em Portugal

Boa Vista, estádio, Gira Volei Porto, Porugual
Festival do Gira Volei no estádio do Boa Vista F. C., cidade do Porto, Portugal.

Voleibol Feminino em Portugal

Estive visitando o Sovolei e revendo algumas colocações sobre o voleibol feminino em Portugal e resolvi transcrever as ponderações de um dos melhores treinadores lusos. A entrevista está sem a respectiva data, mas creio tratar-se de final do ano de 2012.

 

 

 

Portugal dez 2013 cidades

Na ilustração estão assinaladas as principais cidades portuguesas com visitantes (10.145) ao Procrie; ao todo são 78, o que muito nos honra. (Fonte: Google Analytics, período maio/2010 a 9/dez/2013)    

ZONA 7A Mudança no Voleibol Feminino, por João Saudade

João Saudade é uma figura incontornável no voleibol em Portugal. Técnico e Coordenador da Lusófona Voleibol tem um conhecimento e uma clarividência fora do normal em relação ao Voleibol feminino. Apresenta-nos uma opinião clara, incisiva e objectiva, tal como vem sendo habitual. A escrita está em português de Portugal. 

Gira volei Pòvoa de VarzimÉpoca fantástica no Voleibol feminino em Portugal. Em tempo de crise económica, o surgimento de novos valores e o trabalho de base acabam por ser a “estratégia forçada” da maioria dos clubes. No escalão adulto, uma primeira fase de bom nível. A maturidade e experiência de jogadoras que muito têm feito pelo Voleibol nacional estimulada por uma juventude de grande valor (e quem ainda diz que em Portugal não existem jogadoras altas está enganado), fizeram com que equipas como Leixões, Gueifães e Castêlo da Maia atingissem excelentes resultados. O habitual e reforçado Ribeirense venceu a primeira fase sem contestação. A crise é apenas económica porque de valores não se sente. Jogadoras e técnicos souberam responder às dificuldades com determinação. Na zona de Lisboa ressurge um Belenenses merecedor de melhores lugares. Foi a equipa que mais mereceu estar entre os apurados para a segunda fase.

Atletas de Portugal Juvenis CEV sem técnicos
Equipe juvenil portuguesa.

Numa segunda linha de equipas o regresso do Lusófona Voleibol à principal divisão. O trabalho de formação a longo prazo começa a dar frutos. Pelo meio um apagado SC Braga que vai certamente melhorar na segunda fase. Longe destes resultados o esforço e superação de três equipas com grandes dificuldades – Sto. Tirso, CS Madeira e Câmara de Lobos. m ano de grandes mudanças, numa estratégia economicista, a formação mudou. Depois de anos em que a modelo competitivo valorizou o crescimento de jogadoras e clubes, surge a limitação geográfica. Se a norte os efeitos não são visíveis, numa primeira fase competitiva e muito emotiva, a sul o nível volta a baixar por falta de nível desportivo. E nestes escalões a modalidade deve saber gerir o esforço económico com a necessidade de evolução desportiva. Surgem projectos ambiciosos – o Rosário Voleibol.  Mantêm os resultados habituais Leixões, Gueifães, SC Braga, Castelo da Maia, Vilacondense, Académica S. Mamede, Juventude Pacense, Arcozelo. Por Viseu continua forte o Colégio Lamego. Treinadores e nomes com currículo nacional optam pelo voleibol de formação… e outra vez o Rosário com José Moreira, Miguel Maia e João Brenha. A sul o já tradicional Lusófona Voleibol e a fantástica equipa do Col. Sagrado CM. Falta o clique, falta o que todos esperamos – um verdadeiro projecto nacional para o Voleibol Feminino. Continuamos com uma Selecção sem resultados, continuamos sem saber bem o que fazer de tanta quantidade e cada vez mais de muita qualidade. Talvez começar a pensar num modelo de gestão, num modelo de recrutamento baseado nas pessoas, no esforço, na dedicação e principalmente na escolha da opção Voleibol. Alguma empresa escolhe o seu funcionário apenas pelo aspecto visual? Não. Mas continuamos apenas a escolher pela altura ou indicadores que jamais farão a diferença, As pessoas, essas sim,  farão a diferença.

Comentários

Boas (Anônimo),

Pode parecer estranho, mas mesmo depois de ter discordado tanto das suas opiniões, fico contente porque mais uma vez deu a cara, para falar no Voleibol feminino. Tal como anteriormente não concordo com tudo aquilo que escreve. Neste seu artigo gostava apenas de dizer algumas pequenas coisas. “Continuamos com uma Selecção sem resultados” A seleção de cadetes não teve os melhores resultado, podia ter feito mais… “Rosário com José Moreira, Miguel Maia e João Brenha”. Falta referir aqui um grande treinador cujo nome pode não ser muito sonante, mas quem sai aos seus não degenera. Estou a falar do “Rui Moreira” quanto aos outros apenas posso dizer que infelizmente um grande jogador nem sempre é um bom treinador…seja ele na formação ou no feminino.

(Anônimo)

No caso do Leixões e como fala também deste clube gostaria de referir também a aquisição de um grande treinador de formação, José Afonso, este pegou nos minis deste clube, tenho a certeza de que fará um trabalho tão bom ou ainda melhor do que o que fez no Castelo da Maia. Quanto à captação de novos talentos para as seleções, muto ainda está para dizer, apenas e mais uma vez lhe digo que o problema principal não está na “cubana”, mas sim em quem manda que está sempre disponível para a fotografia e continua a desprezar todo o trabalho que é feito pelos treinadores. De salientar a sua frase “A crise é apenas económica porque de valores não se sente. Jogadoras e técnicos souberam responder às dificuldades com determinação.” Parabéns e continuação de bom trabalho.

De Roberto Pimentel…

João Saudade,

Torço como poucos para que atinjam a maturidade voleibolística no mais curto espaço de tempo. Bem sabe que venho tentando debater aqui e no Procrie aspectos pertinentes ao desenvolvimento de uma boa Formação para seus atletas. Mas a impressão que me passam – só os conheço pelo sovolei – é que ainda muitos passos terão que ser dados. A escassez de dinheiro não será suficiente para justificar qualquer coisa, mas a Metodologia a empregar parece que jamais foi ventilada. Continuam dando voltas, confundindo ponto de partida com o ponto de chegada. A selecionadora toca a sua equipe à revelia do país, alguns dirigentes privilegiam atletas brasileiras em detrimento das nativas e nada muda. Parece que todos os dias são os mesmos. Quem viu o filme “Feitiço do tempo” há de entender que sem mudanças drásticas o tempo não passa. Mexam-se!

Tempo Técnico: Voleibol em Portugal, que futuro?

Em 2011, em meus escritos no Sovolei (www.sovolei.com), creio ter tocado a onça com vara curta. Vejam a seguir o comentário do responsável pelo sítio português. Sovolei, escrito por Luís Melo, 26 de julho, 2011: Um dos temas que mais preocupa o Sovolei é o futuro do Voleibol em Portugal. Sabemos que temos a “matéria prima” necessária para que o Voleibol seja um dos desportos mais fortes em Portugal, e temos também os alicerces necessários, com mais de 150.000 praticantes em todo o país. que temos publicado ao longo destes quase 3 anos de existência. Somos críticos frontais, mas também apresentamos soluções para que o Voleibol possa melhorar, para bem de todos. O facto é que vai faltando uma política e uma estratégia de sustentabilidade do Voleibol, que deveria ser levada a cabo pela Federação Portuguesa de Voleibol, depois de discutida em conjunto com as associações regionais, de treinadores, de jogadores e também com os clubes. Para além do aparente desinteresse dos responsáveis pelo Voleibol, também os seus intervenientes não parecem perder muito tempo a pensá-lo e a tentar achar formas para que se possa desenvolver, garantindo não só resultados a médio/longo prazo, mas também trabalho a curto prazo. Assim, é curioso, mas não surpreendente, que seja o nosso colaborador brasileiro Roberto Affonso Pimentel que tente “espicaçar as hostes”, fazendo uma série de perguntas que levem os responsáveis e intervenientes do Voleibol Português a reflectir sobre o futuro da modalidade no país.

Beto e Luís em Londres Sovolei e Livros
Beto (filho)Pimentel e Luís Melo em Londres trocando presentes.

Roberto Pimentel, autor do Procrie, diz que “seria valioso ouvir os personagens que actuam no voleibol português sobre sua evolução“: “O que foi feito em 2010/2011? Se nada foi feito, que consequências essa inércia pode acarretar? Os holofotes da FPV continuam voltados somente para a selecção masculina principal? Dada a situação económica do país, o que esperar para a nova temporada? O que pode ser feito, independente da FPV? E a associação de treinadores, qual a sua representatividade? Ela emite algum parecer técnico sobre a temporada? Os treinadores cresceram tecnicamente?” “Na Formação que ganhos foram adicionados? A Federação deve fazer internato para as seleções? Há necessidade de muitas horas de treinos? Os treinadores estão qualificados? As instalações e a organização são eficientes? A Federação apoia e valoriza os clubes? Que contributo emprestam os estrangeiros, técnicos e atletas? Comunicação social, por que não há divulgação? Que retorno esperam os clubes?” Estes são dois conjuntos de questões, na sua maioria extremamente pertinentes, que Roberto Affonso Pimentel se coloca, e nos coloca. Devemos reflectir e procurar respostas. Todas elas, ainda que possam parecer utópicas ou líricas, são bem vindas, aqui na caixa de comentários.

 

 

Intercâmbio com o Mundo

Praia de Icaraí, Niterói. Ao fundo, a cidade do Rio de Janeiro. Existe no mundo melhor lugar para jogar voleibol? (Clique na foto para expandí-la)

Uma`Palavra… Sou colaborador há algum tempo do sítio português sovolei, pois é desejo meu ultrapassar fronteiras e compartilhar o conhecimento e a informação com o mundo. Creio estar conseguindo meu intento logo que a ferramenta genial do Google Analytics assim me permitiu: as visitas se espairam por 28 países. É certo que muito ainda há o que fazer, mas hão de concordar que é um estímulo para lá de satisfatório. Obrigado a todos!

Alcance e Expansão. 2651 visitas a 5.276 páginas; e 30 países.

Tenho procurado identificar-me com o perfil das pessoas que me encontram neste blogue e no sítio sovolei através da explanação de inúmeras vivências. Anteriormente, também num sítio brasileiro, desenvolvi diálogos com professores brasileiros. Alegro-me por estar sendo útil e percebo pelas visitas de várias partes do mundo – Portugal (Lisboa, Porto e 29 outras  cidades, com 127 visitas) –, na Ásia (China, Coreia do Sul, Japão, Israel), Américas (Canadá, EUA, México, Argentina, Chile, Colômbia), Europa (Áustria, Bulgária, Espanha, França, Itália, República Tcheca, Sérvia, Suécia, Suíça), África (Senegal, Moçambique, Angola, Tanzânia) e Oceania (Sydney, Austrália). Além é claro, de 153 cidades brasileiras (2.470 visitas), de Norte a Sul. Continuarei tentando falar-lhes e juntos caminharmos nessa tarefa espetacular de aprender a ensinar.

Contributo

Perceberão nos escritos que tento traduzir mais intimamente o ocorrido comigo, o que me fornece uma grande vantagem, pois, como dizemos, “senti na pele”, isto é, realizei ou tentei fazer algo. Se tive sucesso, o tempo dirá; senão, devo ter aprendido a reconsiderar valores ou atitudes e retornar.  Além disso, sou detalhista e percebo-me como exímio observador. Nesta tarefa que se me afigurava difícil, encontrei todas as facilidades de compreensão nas leituras sobre Psicologia Pedagógica, cujos livros permanecem na minha cabeceira. Os estudos de mestres consagrados me levaram a entender e a explicitar tudo aquilo que descortinava na prática. E, muito mais, abriu-se-me um mundo novo de ideias criativas. De alguma forma espero que os relatos aqui dispostos ajudem-nos ou mesmo venha a se constituir num contributo para vocês.

Blogue. Atualmente, uma das melhores ferramentas de ensino universitário. O mérito de um blogue é que ele vai além das generalidades, dando ideias práticas e exemplos concretos, mas sem fornecer receitas ou um método pronto para usar. Alguns exemplos são fornecidos para algum balizamento inicial para os menos experientes no desporto. Os leitores poderão discutir como um professor pode e deve experimentar em sua própria classe criando várias situações e avaliando suas intervenções em vista das reações de seus alunos. A partir disso, entende-se muito bem o que vem a ser o caráter essencialmente “construtivista”, e o consequente ganho em autonomia para educar. Lembro que não estamos falando tão somente do ensino do voleibol, mas de múltiplas atividades na infância. Aqui tratamos de Metodologia e Pedagogia a empregar e a ser discutida. Fica então a sugestão para uma amplitude de troca de conhecimentos e informações: construam o seu próprio blogue (alguns já o fizeram) e comuniquem-se entre si, pois dessa forma TODOS poderão expor suas ideias e experiências. O ganho é geral.

Importância do Blogue. Um blogue em que os indivíduos que frequentam seus textos, mas não participam com comentários está fadado a não cumprir sua missão precípua, que é de dialogar e compartilhar. Seu alimento e vida é a dúvida, a interpelação. Esta atitude torna as pessoas investigativas e críticas do próprio saber. Ele permite que a informação seja tratada de forma educacional, pois discutem-se ideias, indagam-se questões que antecedem as afirmações do comportamento futuro. Além disso, sabemos todos que a Educação é uma busca incessante, sem fim.

Não Confundir o Ponto de Partida com o Ponto de Chegada. Interesso-me em estabelecer relações entre a natureza de textos pedagógicos e a aprendizagem e, consequentemente, dar embasamento científico à Metodologia da qual sou apologista e divulgador. Daí advém a motivação para ampliar um diálogo permanente com os interessados e cooptar novas ideias e experiências, das quais todos se locupletarão. Percebo que o estilo que imprimo ao blogue tem a ver com a busca conjunta do domínio dos assuntos. Alie-se a isto a própria natureza da mídia – escrita ágil, com poucas palavras, que informa enquanto analisa e faz crítica. É uma escrita que tem o ritmo incessante dos acontecimentos e compatível com a dinâmica da vida atual. No meu caso, isso me ajuda a ficar informado, atualizado e aprender. Muitas vezes recorro aos textos inseridos em outros blogues ou mesmo na imprensa. Constituem-se fonte riquíssima de informações a serem discutidas.

Pretendo conversar também com professores e treinadores portugueses a respeito da Iniciação e Formação em voleibol e o que se espera do desempenho (tática e técnica individual) de novos adeptos. E, o mais importante, como alcançar o alto nível ou chegar muito próximo das decisões a tomar. Como advogamos a mesma causa – “tudo começa lá atrás” – parece que a nossa educação esportiva mostra que um país – o Brasil pode servir de exemplo – aprendeu a gastar, mas não aprendeu  a ensinar e, assim, continua confundindo o ponto de partida com o ponto de chegada. A seu favor muitos argumentam que temos o melhor voleibol do mundo, o mais premiado etc. Contudo, imagino o que poderia ser se tivéssemos mais instrução pedagógica e clareza de propósitos em favor da população. Acrescente-se o descalabro do ensino universitário nas escolas de Educação Física. De qualquer forma, façam suas colocações. A discussão do tema nos levará ao “bom caminho” e a novas ideias que certamente saberão aplicá-las no dia-a-dia.

Idolatria. Advém um outro ponto interessante. Qual ou quem é o melhor treinador? Identificar o “melhor” é algo que possivelmente o inventor do voleibol jamais teria pensado. Nesse aspecto, o mundo moderno necessita tratar sua terrível doença: os “ídolos de barro”. Um segundo aspecto refere-se à homogeneização dos treinamentos em nível mundial manipulado pela toda poderosa FIVB e seus “colaboradores ou discípulos”. Os treinadores preconizam as mesmas coisas – é global – e se há formas diferenciadas de treinamento, pouco diferem na sua estrutura. Assim, o que faz a diferença? Alguns “chutes” já foram dados a respeito: “Depende da safra de jogadores”. Outros, “O detalhe é que faz a diferença”. E mais: “Precisamos de atletas altos; baixinho não tem vez”; “Precisamos treinar mais vezes, jogar mais”, e por aí vai. Parece uma repetição exaustiva do óbvio e o pior é quando um técnico campeoníssimo afirma que o “negócio é treinar e treinar, repetir até a exaustão”. No Brasil este efeito foi surpreendentemente forte a partir do curso proferido pelo então “maior técnico do mundo”, o japonês Matsudaira em 1975, no Rio de Janeiro. Inclusive com direito à exibição de filme produzido pela federação japonesa enaltecendo os feitos dos nobres “samurais” modernos. Para chegar aonde chegou, Matsudaira transformou os atletas de voleibol do seu país em cruzados, desfilando com o seu “circo” pelos quatros cantos do planeta auferindo lucro. E conquistando plateias e adeptos muitas vezes irresponsáveis, uma vez que poucos pensavam o que fazer, mas a tudo copiavam.

Agora a Federação Internacional sugere (ou intervém?) nos países filiados com propostas de ensino (?) para crianças adaptadas dos adultos. Isto é, com a visão de que a criança é um adulto em miniatura. Se um grupo de professores criativos começarem a trabalhar formas de aprendizado que libertem o indivíduo para a sua própria espontaneidade (e não adestramento), tenho plena convicção de que poderemos realizar exercícios de forma inteligente e higienicamente saudáveis, com oferta de QUALIDADE. Certamente contemplarão o aprimoramento de cada indivíduo deixando de encará-los como uma peça da engrenagem em que o operador da máquina torna-se o único responsável. Estaremos tratando de “gente, de pessoas”, e não de números. Proponho o lançamento de um “novo olhar”, não selecionemos os indivíduos para formar atletas competitivos, mas, ao contrário, vamos INCLUIR todos em nossas ações. Isto pressupõe propostas de lazer, cooperação e convívio. Agindo dessa forma proporcionei durante vários anos cursos “em minha praia – Niterói, Rio de Janeiro – para milhares de crianças (8-13 anos) durante 4-5 anos, em regime de duas aulas semanais regulares. E, muito importante, transmitindo todo esse conhecimento prático para dezenas de acadêmicos estagiários.

Voleibol Feminino em Portugal. Há dois anos, participei de um Congresso Internacional Desportivo no Brasil. Inscrevi-me particularmente para ouvir a palestra de ilustre professora portuguesa a respeito da prática em seu país. Lamento dizer que saí decepcionado: 40 minutos foram dispensados às apresentações e à exposição de um vídeo turístico sobre Portugal. Nos dizeres dela, “Não poderia proferir uma palestra sem dar a conhecer a minha terra”. Quando interpelada para dizer-me sobre o desporto feminino, foi evasiva. Afirmou que tudo estava muito bem, com excelente participação das mulheres. É evidente que não acreditei, posto que acompanhara o Congresso Nacional Desportivo Nacional português, com importantes pronunciamentos que reclamavam de providências de todas as instâncias governamentais e Federações. Qual o interesse de esconder a verdade? Apego ao cargo? Total desconhecimento do assunto? Insegurança e falta de criatividade? Ou, ainda, “deixa ficar como está até que ocorra a tão esperada aposentadoria”? Em outro momento voltarei a falar sobre o assunto na busca conjunta de soluções.

Vejo pelo desabafo do Luís Melo publicado no sovolei Zona 7 sob o título “Feminino, um problema de mentalidades”, que tem razão. Impressiona-me é o conformismo para reagir a esse estado de coisas. Todos sabem o que ocorre, mas ninguém experimenta dar o primeiro passo para a busca de soluções. Só a crítica é muito pouco. Aguardar providências do governo está comprovado que não sairão do marasmo a que estão relegados; e esperar que as instituições que comandam o desporto (COP, FPV etc.) é “morrer na praia”. Já tiveram mostras de que nada disso vai modificar o panorama. Vejam as propostas e conclusões do Congresso sobre as Lei de Bases: nada foi adotado e continua a mesma desde 2004. Parece ser natural em Portugal (e no Brasil).

Vimos também no Tempo Técnico, “A nova legislação para a Formação de Treinadores”, apresentada pelos dirigentes do IDP, referente a um Programa Nacional. Pretende ter uma “incidência muito grande (…) e provocar grandes alterações no nível dos Cursos de Formação”. Alguém nutre alguma esperança que desta vez vai ser efetivamente implantada, ou será fruto de mais burocracia? E as suas universidades que formam os professores, mestres e doutores? Ou, de repente, alguma luz iluminou os governantes para o fato óbvio: voltar-se e cuidar de forma científica das novas gerações, deixando de lado o empirismo e as receitas técnicas da FIVB, ou até mesmo universitárias, que até hoje não surtiram qualquer resultado positivo. “Sabe-se muito, fala-se demais, e diz-se pouco”. Transpor os ensinamentos colhidos na teoria para a prática, vai aí muita água. As prateleiras, e agora a Internet, estão repletas de pesquisas de coisa alguma que não surtem o menor resultado Há que se realizar uma grande guinada, navegar por mares nunca dantes navegados, marco da história dos portugueses.

Voleibol, Brasil e Portugal (I)

 

Contributo

Tenho procurado identificar-me com o perfil das pessoas que me encontram neste blogue e no sítio português www.sovolei.com  através da explanação de algumas experiências. Anteriormente, também num sítio brasileiro desenvolvi diálogos com sucesso com professores brasileiros. Alegro-me por estar sendo útil e percebo pelas visitas de várias partes do mundo – EUA, Portugal (Lisboa, Porto, Açores, Viseu, Cabo, Fátima) França, Peru, Venezuela e Austrália –, além é claro, de diversas cidades brasileiras. Continuarei tentando falar-lhes e juntos, caminharmos nessa tarefa espetacular de aprender a ensinar. Percebam que tento traduzir mais intimamente o ocorrido comigo. Nesta tarefa que se me afigurava difícil, encontrei todas as facilidades de compreensão nas leituras sobre Psicologia Pedagógica, cujos livros permanecem na minha cabeceira. Os estudos de mestres consagrados me levaram a entender e a explicitar tudo aquilo que descortinava na prática. E, muito mais, abriu-se-me um mundo novo de ideias criativas. De alguma forma isto o ajuda ou se constitui num contributo para você?

Importância do blogue. Atualmente, em função das minhas atividades, ando interessado em estabelecer relações entre a natureza de textos pedagógicos e aprendizagem. Daí minha motivação em ampliar um diálogo permanente com os interessados e cooptar novas ideias e experiências, das quais todos se locupletarão. Percebo que o estilo que se imprima ao blogue tem a ver com a busca conjunta de um domínio dos assuntos. Alie-se a isto a própria natureza da mídia – escrita ágil, com poucas palavras, que informa enquanto analisa e faz crítica. É uma escrita que tem o ritmo incessante dos acontecimentos e compatível com a dinâmica da vida atual. No meu caso, isso me ajuda a ficar informado, atualizado e aprender.

Ponto de partida ou ponto de chegada? Pretendo conversar também com professores e treinadores portugueses a respeito da Formação e desempenho (tática e técnica individual) de novos adeptos. E, o mais importante, como alcançar o alto nível ou chegar muito próximo das decisões a tomar. Como advogamos a mesma causa – “tudo começa lá atrás” – parece que a nossa educação esportiva mostra que o país – o Brasil pode servir de exemplo – aprendeu a gastar, mas não aprendeu  a ensinar e, assim, continua confundindo o ponto de partida com o ponto de chegada. A seu favor muitos argumentam que temos o melhor voleibol do mundo, o mais premiado etc. Contudo, imagino o que poderia ser se tivéssemos mais instrução pedagógica e clareza de propósitos em favor da população, como advoga a própria entidade em seu programa Viva Vôlei (fui o mentor técnico), o equivalente ao Gira-Volei em Portugal. Acrescente-se o descalabro do ensino universitário, tanto em Formação, como em Pedagogia. Como dizemos, “Deus é brasileiro”! Durante os comentários que pretendo realizar os leitores poderão entender melhor essas colocações. Acompanhem-me tanto aqui como no procrie. Em caso de dúvida, não se acanhem e façam suas colocações. A discussão do tema nos levará ao “bom caminho” e a novas ideias que, a critério de vocês, serão aplicáveis em seu país.

Formação de treinadores. Advém um outro ponto interessante. Trata-se da homogeneização dos treinamentos em nível mundial manipulado pela toda poderosa FIVB e seus “colaboradores”. Os treinadores preconizam as mesmas coisas – é global – e se há formas diferenciadas de treinamento, pouco diferem na sua estrutura. Assim, onde ou o que faz a diferença? Alguns “chutes” já foram dados a respeito, inclusive por Carlos A. Nuzman, quando ainda presidente da CBV: “Depende da safra de jogadores”. Outros, “O detalhe é que faz a diferença”. E mais: “Precisamos de atletas altos, baixinho não tem vez”; “Precisamos treinar mais vezes, jogar mais”, e por aí vai… Parece-me uma repetição exaustiva do óbvio e o pior é quando um técnico campeoníssimo afirma que o “negócio é treinar e treinar, repetir até a exaustão”. Imagino que algum dia começarão a “olhar para trás e ver com olhos de ver”.

Agora a Federação Internacional intervém nos países membros com propostas de ensino “adaptadas” dos adultos a serem aplicadas às crianças. Se um grupo de professores criativos começar a trabalhar formas de aprendizado que libertem o indivíduo para a sua própria espontaneidade (e não adestramento), tenho plena convicção de que poderemos realizar exercícios de forma inteligente e higienicamente saudáveis, com oferta de QUALIDADE. Certamente contemplarão o aprimoramento de cada indivíduo deixando de encará-los como uma peça da engrenagem em que o operador da máquina torna-se o único responsável. Estaremos tratando de “gente, de pessoas”, e não de números. Proponho o lançamento de um “novo olhar”, não selecionemos (exclusão) atletas, mas, ao contrário, vamos INCLUIR todos em nossas ações. Isto pressupõe propostas de lazer, cooperação, e não de competições.

Voleibol feminino em Portugal. Há dois anos, participei de um Congresso Internacional Desportivo no Brasil. Inscrevi-me particularmente para ouvir a palestra de ilustre professora portuguesa a respeito da prática em seu país. Lamento dizer que saí decepcionado: 40 minutos foram dispensados às apresentações e à exposição de um vídeo turístico sobre Portugal. Nos dizeres dela, “Não poderia proferir uma palestra sem dar a conhecer a minha terra”. Quando interpelada para dizer-me sobre o desporto feminino, foi evasiva. Afirmou que tudo estava muito bem, com excelente participação das mulheres. É evidente que não acreditei, posto que acompanhara o Congresso Nacional Desportivo Nacional português, com importantes pronunciamentos que reclamavam de providências de todas as instâncias governamentais e Federações. Qual o interesse de esconder a verdade? Apego ao cargo? Total desconhecimento do assunto? Insegurança e falta de criatividade? Ou, ainda, “deixa ficar como está até que ocorra a tão esperada aposentadoria”? Em outro momento voltarei a falar sobre o assunto na busca conjunta de soluções.

Vejo pelo desabafo do Luís Melo publicado no Zona 7 sob o título “Feminino, um problema de mentalidades”, que tem razão. Impressiona-me é o conformismo para reagir a esse estado de coisas. Todos sabem o que ocorre, mas ninguém experimenta dar o primeiro passo para a busca de soluções. Só a crítica é muito pouco. Aguardar providências do governo está comprovado que não sairão do marasmo a que estão relegados; e esperar que as instituições que comandam o desporto (COP, FPV etc.) é “morrer na praia”. Já tiveram mostras de que nada disso vai modificar o panorama. Vejam as propostas e conclusões do Congresso sobre as Lei de Bases: nada foi adotado e continua a mesma desde 2004. Parece ser natural em Portugal (e no Brasil).

Vimos no Tempo Técnico, “A nova legislação para a Formação de Treinadores”, apresentada pelos dirigentes do IDP, referente a um Programa Nacional. Pretende ter uma “incidência muito grande (…) e provocar grandes alterações no nível dos Cursos de Formação”. Alguém nutre alguma esperança que desta vez vai ser efetivamente implantada, ou será fruto de mais burocracia? E as suas universidades que formam os professores, mestres e doutores? Ou, de repente, alguma luz iluminou os governantes para o fato óbvio: voltar-se e cuidar de forma científica das novas gerações, deixando de lado o empirismo e as receitas técnicas da FIVB, ou até mesmo universitárias, que até hoje não surtiram qualquer resultado positivo. “Sabe-se muito, fala-se demais, e diz-se pouco”. Transpor os ensinamentos colhidos na teoria para a prática, vai aí muita água. As prateleiras, e agora a Internet, estão repletas de pesquisas de coisa alguma que não surtem o menor resultado Há que se realizar uma grande guinada, navegar por mares nunca dantes navegados, marco da história dos portugueses.