Intercâmbio Brasil, Portugal, Alemanha

Raízes do Procrie

Na atualidade, penso que podemos aproveitar os meios de comunicação para estreitarmos laços de amizade e amor com o mundo. Os desportos, como a Internet, podem favorecer esta união maravilhosa. Sabendo usá-los tornam-se imprescindíveis para um aprofundamento e desenvolvimento pessoal incomparável. Ter o esporte como profissão parece-me um desvirtuamento, haja vista exemplos mundiais de mau caráter e fair-play de desportistas e dirigentes na busca da consagração, isto é, de dinheiro e poder. 

Muito embora já tenha consignado neste blogue a Missão e Visão de que estou imbuído (“Quem Faz”), reporto-me agradecendo ao site Sovolei a oportunidade que seus gestores me proporcionaram para dizer um pouco mais, ou novamente, sobre o meu pensar e conduta ao longo de minha vida. E o que desejo passar às novas gerações. Dê um pulinho lá, e se tiver paciência, veja como estou pensando aos 71 anos de idade.

PORTUGAL

Como muitos já sabem, sou um dos colaboradores do site português Sovolei com artigos técnicos à semelhança do Procrie. Neste final de ano tive a primazia de falar aos portugueses e demais internautas que acompanham aquele site sobre minhas atividades e esperanças, planos e metas. A partir do dia 28 já está “no ar” a entrevista sob o título Entrevista Sovolei a… Roberto Pimentel. Muito importante está sendo para mim, uma vez que oportuniza poder dizer sobre o meu pensar a respeito do ensino desportivo. Poderão descortinar em rápidas palavras como surgiu a idéia de formatar um Centro de Referência em Iniciação Esportiva, o Procrie, que até então é virtual, mas caminha a passos largos para a criação de diversos Núcleos independentes pelo Brasil e, quiçá, em Portugal.

Outras questões surgiram durante nossa conversa, abrindo-se um leque de interesses para os quais também eu mesmo busco respostas:

– Como explicar tanta procura pelos inúmeros conteúdos postados?  

– Como penso o desporto na vida?

– O que pretende com o Procrie?

Vejam os meus amigos leitores, que a cada passo, a cada descrição de um fato corriqueiro, um lance de jogo, um comentário de leitor, inúmeras nuances surgem e geram novos escritos e, incrível, que nos remontam ao passado. Sinto-me completamente realizado p.ex. por ter escrito a História do Voleibol no Brasil no séc. XX e por ter “descoberto” a Psicologia Pedagógica, ainda que rudimentarmente, pois já na minha velhice. A partir daqui, realizo-me em plenitude como um autêntico pedagogo desportivo, muito embora tenha consciência de que pouco sei.

ALEMANHA

Há pouco, em 26 deste mês, postei o artigo “Procrie na Alemanha, VOLLEY-BALL, SPIELEND LERNEN – SPIELEND ÜBEN”, uma homenagem ao ilustre Professor Gerard Dürrwächter, a quem conheci no 1º Simpósio Mundial de Mini Voleibol, na pacata cidade de Ronneby, Suécia. 

A sua lembrança deveu-se a alguns artigos que tenho lido sobre a “Alegria em Voleibol”, muitas vezes não muito compreendidas por leigos ou desavisados. Vejam que o subtítulo acima (em alemão), traduz-se em “Aprender Brincando – Aprender Jogando”, de uma de suas obras. Como sou um dos seus devotos seguidores nesta arte de ensinar, aproveitei-me para relembrar a origem de meus pensamentos.  Assim, além do artigo aqui no Procrie, enviei mensagem à Federação de Voleibol Alemã, congratulando-me com a alegria demonstrada por sua representação feminina no recente Mundial do Japão, enquanto solicitava um contato com o Prof. Dürrwächter, que provavelmente ostenta 82 anos de vida, tendo merecido há pouco (aos 80 anos) uma merecida homenagem da sua Federação.  

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À Federação Alemã de Voleibol (www.volleyball-verbande.de)

Homenagem a Gerard Dürrwächter

Senhores, Presto um homenagem ao Professor Dürrwächter que me serviu de inspiração para o ensino de voleibol a crianças. E à alegria das atletas alemãs no Mundial do Japão. Peço que divulguem entre os seus treinadores afiliados o que se contém em www.procrie.com.br/procrienaalemanha . Atenciosamente, Professor Roberto Pimentel, Brasil

Utilizei-me do Google Translate e reproduzi em alemão:

Tribute to Gerard Dürrwächter
Herren,
Presto eine Hommage an Professor Dürrwächter, die mich zum Volleyball, Kindern beizubringen inspiriert. Und die Freude an der deutschen Athleten bei der WM in Japan Ich verlange, dass Trainer Öffentlichkeit unter seinen Mitgliedern, was in http://www.procrie.com.br / procrienaalemanha enthalten machen.
Mit freundlichen Grüßen,
Professor Roberto Pimentel, Brasilien

 

E ao próprio, solicito à Federação que faça chegar ao Professor a seguinte mensagem:

Prezado Gerard Dürrwächter,

Conhecemo-nos em Ronneby, Suécia, por ocasião do 1º Simpósio de Mini Voleibol em julho de 1975. Dei-lhe uma peteca (indiaka) e encantei-me com a sua metodologia que persigo e divulgo até hoje. Peço que visite http://www.procrie.com.br/procrienaalemanha e veja a homenagem que presto a você. Espero que esteja bem e que Deus abençoe a sua casa. Um grande abraço do amigo Roberto Pimentel.

E, uma vez mais, o Google Translate me auxiliou:

Lieber Gerard Dürrwächter,
Wir trafen uns in Ronneby, Schweden, anlässlich des 1. Symposiums über Mini-Volleyball im Juli 1975. Ich gab ihm einen Federball (indiaka) und entzückte mich mit ihrer Methodik und offenbaren, dass ich heute zu verfolgen. Ich bitte. Sie http://www.procrie.com.br / procrienaalemanha besuchen und sehen, dass ich Tribut zollen zu Ihnen. Hoffe, du bist gut und Gott segne Ihr Zuhause. Eine Umarmung von einem Freund Roberto Pimentel, Brasilien.

Enfim, “Educar é Contar Histórias”, não lhes parece? Se tiverem paciência, muitas outras historinhas ainda terei forças para contar-lhes. Que o Senhor abençoe a todos vocês e suas famílias. Tenham um FELIZ ANO NOVO, repleto da Graça de Deus!

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PS: Vejam logo aqui abaixo – Comentários – a repercussão imediata da entrevista concedida ao sovolei. Só tenho a agradecer tamanha acolhida.

Procrie na Alemanha

Sete cidades com visitantes ao Procrie, exceção a Freiburg, uma homenagem ao professor G. Dürrwächter.

 VOLLEY-BALL, SPIELEND LERNEN – SPIELEND ÜBEN                   

Voleibol, aprender brincando – aprender jogando         

  

Homenagem a um Professor                        

Tenho um apreço e respeito muito grande pelo povo alemão e especialmente a um de seus professores. Trata-se de Gerhard Dürrwächter, a quem conheci em 1975 durante o 1ª Simpósio Mundial de Mini Voleibol na Suécia, sob os auspícios da Fivb e da Federação Sueca de Voleibol. Creio que habitava em Freiburg, daí a sinalização no mapa ao lado. Todavia, sem qualquer visitante a este blogue.      

Em 1974 descobri uma brochura intitulada “Novedades en Voleibol”, editada pelo Instituto Nacional de Educación Física Y Deportes, Madrid, de 1972. São textos de diversos autores europeus traduzidos para o espanhol e revisados pelo Centro de Documentação  e informação do I.N.E.F. Inclusive do Professor Dürrwächter.                        

Meu primeiro contato com a sua metodologia foi através de seu livro editado em Madri, também do INEF (1974), sob o título “Voleibol, Aprender Jugando – Practicar Jugando”. Trata-se de um método pedagógico auxiliar para a iniciação ao voleibol; anexos, as regras do jogo e material de instalação. Prefaciado por Edgar Blossfeld, treinador nacional da Federação Alemã de Voleibol (julho/1966), há indicações que o autor do livro foi também capitão da seleção nacional, com experiência no mais alto nível internacional e como professor de educação física de um centro de ensino médio, além de treinador de equipes de clubes, possui conhecimentos relativos à formação de principiantes. Anos mais tarde, já no Brasil, o livro foi traduzido e editado pela Ao Livro Técnico, Cadernos de Educação Física (Prática 13), e agora sob o título “Voleibol, treinar jogando”. Tenho ainda uma versão da obra impressa na Bélgica: “Le Volley-Ball, apprendre et s’exercer en jouant”, Editions Vigot, tradução do título original alemão VOLLEY-BALL, SPIELEND LERNEN-SPIELEND ÜBEN (7ª édition, 1976).                         

Ainda durante aquele Simpósio na pequena e pacata Ronneby, trocamos presentes: ofereceu-me seu mais recente livro sobre treinamento de voleibol para principiantes – VOLLEYBALL, SPIELNAH TRAINIEREN – e, em contrapartida, agraciei-o com uma peteca (indiaka). Ele foi um dos professores selecionados a oferecer o exemplo de uma aula prática com grupo de meninos suecos. A cada exercício parecia que já sabia o que aconteceria dada minha familiaridade com a sua metodologia, que passei a desenvolver e pesquisar a partir ainda de 1974 nos cursos realizados no Brasil. Não precisava conhecer o idioma alemão ou inglês, pois os gestos, as indicações e os próprios envolvimentos faziam-me adivinhar o que estava por vir. Foram momentos de exaltação e realização! Descobri o meu caminho e daqui para a frente tudo seria mais fácil. Em suma, “Aprendi a Ensinar”! Em sua homenagem, relembrando todos os oito dias de convivência, faço referência à sua metodologia e afiancio que esteja onde estiver jamais o esquecerei por sua simplicidade. Obrigado Professor Gerhard Dürrwächter! (Alguém me daria notícias suas?)        

Jogo de Peteca. Aos mais curiosos, apresentei no Simpósio uma alternativa de jogo com características táticas próximas ao voleibol. Em Niterói, minha terra natal, praticava com crianças na Praia de Icaraí. Posteriormente, incluí nas lições de saques a utilização daquele artefato que, lá na Suécia, denominavam INDIAKA. Um detalhe: na apresentação em slides, meu narrador foi o então vice-presidente da Fivb, o mexicano Ruben Acosta.               

         

Historinha… Quando chegamos a Ronneby, pequena cidade onde foi realizado o Simpósio Mundial era noite e, por acaso, encontrei Dürrwächter e um outro professor. Para nos deslocarmos até o hotel precisávamos de um táxi. Como não estão a circular pelas ruas, especialmente naquele horário, recorremos a um telefone público. Fone no ouvido, do outro lado da linha deveria haver o atendimento imediato. Ocorre que passados alguns instantes, impaciente, o professor deixou sua pequena mala no chão, abriu-a e retirou de dentro a surpresa que nos fez rir a todos: um pequeno despertador! Ajustou-o para tocar e ao tilintar da campainha, incontinenti colocou-o junto ao fone. Entre tantos sorrisos, percebemos todos quanto era alegre e simpático. E, incrível, rapidamente chegou-nos o táxi.                       

Voleibol alegre. É voz corrente que uma equipe é a “cara” de seu treinador, isto é, a personalidade daquele que comanda ou lidera é preponderante na forma de atuação dos seus comandados. É assim também numa aula em qualquer escola do planeta. Pergunto então aos meus colegas professores e mesmo aos treinadores de equipes competitivas: “E suas aulas ou treinos, são alegres e ruidosos”? Clique na figura ao lado e veja a influência positiva na vida das crianças. Este o grande legado que podemos conceder àqueles que nos sucederão. Considerem e reformulem seus métodos enquanto há tempo, pois daqui a instantes as crianças se tornarão adultas e, muitas delas, frustradas por não terem se divertido na melhor época de suas vidas. Veja como brincar é importante para uma criança!        

Pelo semblante dessas lindas moças alemãs imagino que tenham sido inspiradas pela obra formadora do Professor Dürrwächter. São irresistivelmente alegres e maravilhosas, verdadeiras campeãs de simpatia. Parabéns ao povo alemão.                           

                           

                                         

                          

Jogadoras da seleção alemã presentes ao Campeonato Mundial no Japão, 2010. Fotos: Fivb/Divulgação.