Estamos próximo de atingir nossa meta de 1 mil artigos para deleite dos internautas interessados em Metodologias de Ensino – Escolar e Desportiva. O que não desmerece qualquer ensino de habilidade humana.
Promoção de Protótipos em praias com 300 a 400 crianças durante anos, divulgando em 6 estados. Inclusive apoio da Sec. de Esportes da Presidência da República (1991), CBV; e Prefeituras do Rio e Niterói. Diversos cursos em Faculdades – Niterói, Rio de Janeiro, Florianópolis. Programa nacional do SESI-DN. Participação internacional em Buenos Aires (1984) e Ronneby, Suécia (1975), 1º Simpósio Internacional de Mini Voleibol, incluso palestrante.
NOTA – O Linkedin em março/2024 tomou medidas contra talvez uma invasão que poderia estar prejudicando sua clientela, e refez medidas de ingresso, mas não conseguimos entrar, apesar de esforços e consultas. Resultado… “evadimo-nos e a pouco e pouco replicando neste blog. Desculpem-nos, é provisório. (em 28/03/2024, 14:58 h)
Praia de Icaraí, Niterói-RJ. Aulas regulares para 400 crianças.
Faço este preâmbulo para situá-los no tempo e nas considerações técnicas que pretendo discorrer com colocações e teorias a respeito. Nesta nossa conversa tratarei de relatos com passagens e histórias com campensíssimos também do Vôlei de Praia. Perceberão que diversas contingências influenciavam a forma de treinar, causando danos irreparáveis na formação de novos atletas e, pior, a precariedade e as improvisações realizadas nos períodos de treinamento das seleções a indicar falsos caminhos aos treinadores brasileiros. E, também, ao ensino universitário, cujo currículo imagino seja o mesmo ainda hoje para a formação de professores. Verão também as razões pelas quais muitos treinadores de alto nível em vários desportos dizem que o erro está na “base”, quando se referem a atletas com deficiência em alguns fundamentos. E, em seguida, se exprimem: “Não tenho tempo para treiná-los”! Esquecem-se que eles mesmos, ao formarem jogadores nos respectivos clubes procedem de forma semelhante e repetitiva.Continue lendo “Como Treinar Defesa em Voleibol?”
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“A americana Katherine Merseth, 70 anos (foto), tornou-se proeminente na área da educação. Na Universidade de Harvard é diretora do Programa de Formação de Professores, e ganhou projeção por um feito raro: faz todo mundo querer dar aulas. A fórmula se baseia na atração de jovens recém-formados, das engenharias às ciências biológicas, que ali aprendem a ensinar crianças de escolas públicas, onde vão trabalhar depois. À frente de um dos cursos mais concorridos de Harvard, a prestigiada educadora diz que treinar gente talentosa para dar aulas é a fórmula para qualquer país trilhar o caminho do crescimento”.
Entre nós brasileiros, há sutil diferença entre o que representa ser uma aula de Educação Física na escola e o que se entende por um treino em um clube que vise aprimoramento esportivo. Em suma, entre um professor e um treinador.
Muito embora estejamos evidenciando a atuação de um professor escolar, não há dúvida que treinadores em muito se beneficiarão das colocações pedagógicas expressas neste Procrie. Para consultas a destacados temas, recomendamos breve busca em Contributo Para Ensino Esportivo em Escolas (+570 posts).
Treinamento Profundo
Teoria Mielínica
Trata-se de um conceito estranho. A ideia de que a habilidade – com sua graça, sua fluidez e sua aparente ausência de esforço – seja criada pelo acúmulo de circuitos pequenos e individualizados parece no mínimo um contrassenso. Mas a pesquisa científica tem mostrado ser esse o modo como as habilidades são construídas, não apenas para fins cognitivos como no caso do xadrez.
Ações Físicas
Também são constituídas de pedaços. Quando aprende uma série de exercícios de solo, um ginasta monta-a interligando pedaços ou blocos, que são eles próprios feitos de outros blocos. Ele agrupa vários movimentos musculares, do mesmo modo que agrupamos várias letras para formar a palavra “Evereste”.
A fluência é alcançada quando o ginasta repete os movimentos por tantas vezes que já sabe como processar esses blocos como um só grande bloco, da mesma maneira que processamos a frase apresentada antes. Ao disparar seus circuitos para executar um backflip (salto invertido), o ginasta não precisa pensar em impulsionar o corpo com as pernas, arquear as costas para trás, afundar a cabeça entre os ombros e levar o quadril a girar por cima dela, assim como não precisamos processar cada letra de uma palavra.
O atleta simplesmente dispara o circuito do backflip, construído e aprimorado pelo treinamento profundo. Essa falsa realidade faz artistas, atletas e jogadores excepcionais parecerem incompreensivelmente superior, como se tivessem transposto um imenso abismo com um único salto.
Ações Cognitivas
Entretanto, segundo evidenciou De Groot (1) está longe de ser tão diferente dos artistas, enxadristas, atletas e jogadores comuns quanto parecem.
O que separa esses dois níveis não é um superpoder inato, mas um ato de construção e organização lentamente cumulativo: a montagem de andaimes, parafuso por parafuso, circuito por circuito – ou, invólucro por invólucro.
Metáfora do Andaime
Quando e Quanto Ajudar
“Quando bem construídos, os andaimes ajudam a criança a aprender a ganhar alturas que elas seriam incapazes de escalar sozinhas”. Essa fórmula que parece simples, até banal, não é nada fácil colocar em prática. Às vezes repete-se uma instrução no mesmo nível quando deveria oferecer mais ajuda. Em outras ocasiões, oferece-se ajuda quando esta não é mais necessária.
O treinamento profundo consiste em construir circuitos e isolá-los com mielina. Mas, na prática, o que sentimos quando isso acontece? Como sabemos se estamos fazendo isso? (Foto: jogo do labirinto)
O treinamento profundo é um treino reflexivo. O instinto para ir mais devagar e dividir as habilidades em seus componentes é universal. Dá-nos a sensação de explorarmos um quarto escuro e desconhecido. Começamos devagar, esbarramos na mobília, paramos, pensamos e começamos de novo.
Lentamente, e com certo incômodo, exploramos o espaço repetidas vezes, atentando aos erros, ampliando aos poucos a área do quarto a nosso alcance, desenhando um mapa mental do lugar até conseguirmos nos mover por lá rápida e intuitivamente.
Um Passo de Cada Vez
Dividir em Blocos
Enquanto crescíamos, ouvíamos de nossos pais e treinadores este velho conselho. Nas aulas devemos considerar as intervenções em três dimensões. Primeira, os participantes encaram a tarefa como um todo – como um grande bloco, o megacircuito.
Segunda, dividir esse bloco nos menores blocos componentes possíveis. Terceira, brincar com o tempo, retardando a ação, para depois acelerá-la, a fim de conhecer sua arquitetura interna.
Era como faria um cineasta ao filmar uma cena: num primeiro momento faz uma panorâmica da paisagem, em seguida dá um zoom para examinar em câmera lenta um inseto subindo por uma folha .
Como Cada Estratégia é Usada?
Conceito de Técnica
Assimile Bem
Passe um tempo olhando ou escutando a habilidade desejada se manifestar na prática como uma entidade individual coerente.
A foto ao lado exemplifica bem o que realizamos em uma escola no Rio de Janeiro. Todos os alunos do fundamental assistiram a evolução das aulas nas duas arquibancadas do belo ginásio. Em seguida, também participaram de jogos improvisados com muita alegria e disposição. Foi um barato!
Pode soar um tanto zen, mas a técnica consiste fundamentalmente em assimilar uma imagem da habilidade sendo demonstrada, até sermos capazes de nos imaginar fazendo aquilo.
Somos Programados para Imitar
Olhe, Pense, Copie
Parece estranho, mas, quando nos imaginamos na mesma situação que um indivíduo fora de série e realizamos uma tarefa por ele realizada, isso tem um grande efeito sobre nossa habilidade.
Além disso, a imitação não precisa ser consciente. Na verdade, na maioria das vezes não o é.
Que tal aprender a executar o serviço com o tenista suíço Roger Federer?
Educar é Contar Histórias
Ensinar é uma Arte
Compreendi isso na prática quando consegui dirigir um veículo (Ford 1937) pela primeira vez aos 14 anos de idade. Um amigo pouco mais velho do que eu trabalhou durante algum tempo no conserto do veículo. Enquanto o fazia, inúmeras vezes pude ajudá-lo como curioso em conhecer detalhes daquele fazer. Mais tarde, o veículo foi para a rua em seu primeiro teste de funcionamento, no que deu tudo a contento. A partir daí, dei início à construção de minha matriz mental, i.e., como deveria proceder para dirigir o veículo.
Centenas de vezes verifiquei se estava embreado – a alavanca de marcha deveria estar no “ponto morto”-, destravei o volante com a chave (do carro), ativei a pequena alavanca do sistema elétrico situada na coluna do volante, senti os pedais da embreagem e do freio com os pés, e só então acionei o botão de ignição. A partir do som do motor, pequenos movimentos táteis com o pé direito no acelerador acompanhado da pressão forte na embreagem, engatei a primeira marcha e, a partir daí, aquilatei a pressão conjugada entre os dois pés, representada pelo acelerador e a embreagem. Essa é considerada a situação mais crítica para um novato.
Resumindo, quando instado a realizar tal façanha inesperadamente, fui tomado de forte ímpeto que sobrepujou qualquer possibilidade de receio por não saber fazê-lo. Senti-me à altura da façanha e, sem titubeios, realizei tudo conforme produzira em minha mente. Não foi preciso pensar como fazer. A rota neural já estava traçada.
Treinamento Solitário
Construindo a Própria História
Seleção no Caio Martins, Niterói (RJ)
Em jan./1961, logo após o Mundial de voleibol no Brasil, dei início ao meu projeto de estar entre os melhores atletas. Treinos solitários no clube IPC, três vezes semanais, duas horas ininterruptas com uma única bola (G-18) que me fora ofertada. Convidado, participara dos treinos de fundamentos da seleção, mas tive que rever alguns conceitos por considerar os exercícios pouco producentes e porque estaria exercitando-me sozinho.
As experiências proporcionaram-me conhecer como conseguir em tão pouco tempo resultados espantosos, a ponto de ser considerado um dos melhores no Brasil. Lembrando que era movido não somente para obter uma boa técnica, mas a melhor delas, isto é, atuar bem, sem erros. A lição que trago é “se consegui, qualquer outro poderá fazê-lo”. Trata-se de como exercitar-se.
Esses artigos poderão dar uma boa contribuição para o sentido de vida, incluída a construção de objetivos e a perseverança para realizá-los.
Aprendendo a Pensar
Autorregulação, Empatia, Resiliência
Meu antigo professor – Rubem Passos -, um homem simples, foi quem me ministrou aulas de português e matemática durante nove meses. Afirmava ele que “para saber matemática, há que conhecer bem a língua pátria”. Certamente, ler e interpretar, que agora entendo como a construção de matrizes mentais, que ao longo do tempo somam-se ao desenvolvimento de qualquer indivíduo.
Uma Boa Receita
Trabalho em Grupo
Assim, enquanto em todas as semanas de curso cumpríamos tarefas de redações, principalmente interpretando ditos populares, paralelamente executávamos incontáveis exercícios de matemática, escalonados em grau de dificuldades crescentes. Acrescentem-se ainda os trabalhos nos fins de semana em grupos de estudo, liderados por um aluno um pouco mais apto. No ano seguinte fui convidado e declinei de ser tutor de matemática da primeira turma feminina recém-iniciada no Curso.
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[1] De Groot publicou seu estudo em 1946, sem nenhuma repercussão. Seu trabalho foi redescoberto vinte anos depois pelo mentor de Anders Ericsson e ganhador do Nobel Herbert Simon, que reconheceu De Groot como pioneiro da psicologia cognitiva e ajudou a publicar o estudo intitulado Thought and Choice in Chess (Pensamento e Escolha no Xadrez).
Vimos promovendo propostas de ensino à distância para professores lotados em escolas, especialmente públicas, aquelas que sabemos reúnem as maiores dificuldades para um ensino adequado. Todavia, já dissemos diversas vezes, o distanciamento nos impede de estar presente, bem próximo ao professorado e mostrar-lhes na PRÁTICA como produzimos as aulas e damos sequência a um programa perene. Enquanto lutamos para conseguir esse apoio, mostraremos nossa mais nova experiência pedagógica. Ressalte-se que existem inúmeras dificuldades em qualquer educandário, uns mais, outros menos. Ocorre que isto não nos abate e, ao contrário, nos instiga a descortinar soluções originais e criativas. Como se diz: “Cada caso é um caso”. Convido-os a embarcar nessa aventura de vida!
Aprendendo a Ensinar – Importância do Bom Ensino – Ensinar ou Treinar? – Como Surgem os Talentos? Seria por Acaso? – Originalidade e Liberdade – Experiência em Trabalhos Ativos – Soluções Criativas – Pensar e Empreender – Cursos e Aulas Práticas.
Aprendendo a Ensinar
Em 22 de fevereiro de 2010, publicamos o artigo Originalidade e Criatividade (nº 69, Sumário) ao qual nos reportamos agora para acentuar o valor do conhecimento e as experiências que realizamos ao longo da vida na busca de melhores informações e, por conseguinte, melhores saberes. A prática, quando observada sob olhar pedagógico, ensina-nos a promover comportamentos mais adequados em indivíduos sob nossa tutela momentânea. Como se tratam de momentos passageiros é imprescindível não desperdiçarmos tempo e aplicarmos o quanto antes boas técnicas de ensino. Tenho certeza de que os instruendos jamais se esquecerão de um bom professor. Quem tiver dúvidas, pergunte a qualquer pessoa – homem ou mulher – como foi o seu ensino de voleibol em toda a sua vida escolar. E acrescento, desde a época de seus avós!
Importância do Bom Ensino
Falando de três gerações – avós, pais e filhos – vem-me à lembrança a frase cunhada pelo Prof. José Pacheco em seu grito de alerta sobre a Educação no Brasil: Temos escolas no séc. XIX, professores no XX, e estudantes no XXI! Uma vez que o sistema acadêmico não revê seus currículos de antão, como levar um professor recém egresso da faculdade a se interessar por detalhes metodológicos e pedagógicos ainda imperceptíveis em seu cérebro? Essa é a nossa cruzada em favor do aprimoramento do ensino pedagógico nas faculdades, há muito se revelando insuficiente. Pior situação se encontram os treinadores atuando em clubes, uma vez que muitos não possuem o curso de educação física, mas tão somente uma breve prática esportiva, o suficiente para que obtenham um certificado das federações de vôlei para exercerem a profissão. Pior ainda a maioria que começa seu ciclo de treinador nas categorias de base lidando com crianças e adolescentes. Sua metodologia e pedagogia estão calcadas no que aprenderam (sic), i.e., NADA! Tornam-se repetidores do treinamento que assimilaram quando atletas, e por isto, copiadores de exercícios produzindo novos autômatos, uma vez que empregam o método que os psicólogos denominam ADESTRAMENTO. Alguém acha que um recém-formado, ou mesmo um calejado professor ou treinador vá se interessar em fazer um curso de Pedagogia, ou mesmo, ler sobre o assunto?
Como pode alguém exigir de outrem aquilo que não sabe?
Aulas para 400 crianças, Praia de Icaraí, Niterói. Ilustração: Beto.
Assisti há pouco pela Tv uma partida de voleibol feminino (profissional) válida pelo campeonato da cidade de São Paulo em que destaco a atuação do treinador de uma delas, a mais fraca tecnicamente. Guardadas as devidas proporções, sua conduta frente às comandadas deixou muito a desejar no quesito ENSINO. Sua linguagem traduzia completo despreparo em pedagogia e em como despertar as atletas para se motivarem para o jogo, uma vez que os erros se avolumavam continuadamente. Cada vez me convenço mais do que sempre disse: “Ao ver uma equipe atuando percebo como é treinada”. Diante das câmeras e microfones nos intervalos das partidas dá para se perceber a medida certa que um treinador deve exercer sobre o grupo em sua linguagem, gestos, expressões faciais. Tudo deve ser considerado para dar uma justa medida sobre sua capacidade de liderança e técnica. A partir daí, o observador mais atento poderá concluir com mais acerto como são adestradas as atletas. Raríssimos são os que sabem orquestrar um grupo que se comporte com autonomia, criatividade e originalidade; ao contrário, são repetitivos e dependentes de instruções milagrosas. Poucas se apercebem do que ocorre durante uma partida, pois têm funções definidas, ditadas por um figurino que não admite que se pense de forma contrária, ou ainda, de forma perigosamente mais inteligente. Se atletas já adultas se conformam com esse estado de coisas é porque foram treinadas dessa forma desde sua base e, além disso, o dinheiro fala mais alto. Contudo, o que ocorreria com as mesmas atletas se lhes fossem dadas oportunidades de crescimento mental mais digno e eficiente? Os treinadores poderiam até ser os mesmos, mas sugerimos ao leitor que pense como o MÉTODO de ensino tem a haver com o futuro dos indivíduos. Poderíamos até propor (já fizemos um teste ainda que precário) em que opusemos equipes de adolescentes treinadas com metodologias diversas. Uma com o método tradicional, aplicada em nossos clubes e copiada das equipes principais; e outra, com a nova metodologia que estamos propondo há muito – Aprender Brincando e Jogando. O que acham que aconteceu?
Praia de Icaraí, Niterói (1992). Curso para 300 crianças.
Publicamos no Procrie alguns artigos sobre o assunto em que Daniel Coyle, no livro O código do talento responde à questão: “Por que ilustres desconhecidos de repente tornam-se famosos em suas especialidades”? A partir de suas observações pelo mundo, desenvolve uma teoria que chamou de treinamento profundo. Coyle observou que existe um padrão, uma regularidade na percepção do próprio talento por seu detentor que a torna característica do processo de aquisição de habilidade. Daí vem importante questionamento:
Qual a natureza desse processo capaz de gerar duas realidades tão díspares?
Como esses indivíduos, que parecem ser iguais a nós, de repente se tornam talentosos, embora não tenham consciência disso, ignorando a verdadeira dimensão desse talento?
(reprodução de experiência laboratorial em colégio de Niterói, RJ)
“No final da década de 70 sugerimos à coordenação do colégio a implantação do mini voleibol no recreio e horas vagas de seus alunos. Foram instaladas treze mini quadras (12 m x 5 m) que permaneceram até nossos dias, sempre disponíveis para a prática livre, fora do horário de aula e sem a presença de qualquer professor. Após breve período de adaptação com a novidade e a consequente aceitação, a coordenação de educação física houve por bem definir a disponibilidade dos campos por séries de forma a atender a demanda democraticamente. Mais adiante lhes foi sugerido organizarem torneios, que se tornaram um acontecimento inédito. E, principalmente, sem a participação dos docentes. Regras, tabelas de jogos, tudo orquestrado pelos alunos. Promovemos também uma reportagem inédita com a TV-Educativa no intuito de divulgar a metodologia e suas inerentes vantagens. Foi vinculada para todo o País. Com o passar do tempo registrou-se um fato concreto comentado pelo experiente professor das equipes de voleibol do educandário: A partir da instalação dos pequenos campos os candidatos a integrarem nossas equipes já chegam jogando voleibol”. E hoje acrescento: um daqueles meninos chegou a ser campeão mundial de voleibol infanto juvenil. Atualmente, milita como auxiliar técnico em equipe da Super Liga. Trata-se do Leozinho, o Leonardo, jovem amigo de longa data. Indaguem a ele quem o ensinou a jogar voleibol? Teria sido aquele seu professor colegial ou se trata de autodidatismo? Outras experiências foram realizadas, destacando-se a do Morro do Cantagalo onde agregamos indivíduos das comunidades de um Ciep (escola municipal) e de outros morros da Zona Sul do Rio de Janeiro. Poderão tomar conhecimento nas três postagens (nº 6, 7, 8) sob o mesmo título: Lições de um Projeto, Perspectivas de Aprendizagem.
Experiência em Trabalhos Ativos
Crianças aprendem a jogar sozinhas. Ilustração: Beto.
“Nosso conhecimento acerca de qualquer assunto consiste em informação e saber. O saber é a habilidade para usar a informação. Claro que não existe saber sem pensamento independente, originalidade e criatividade. Todos concordamos que, em pedagogia, o saber é mais importante, ou melhor, é muito mais importante do que possuir a informação. Este saber é a habilidade para construir/reconhecer problemas desafiantes, descobrir princípios/soluções, criticar situações/argumentos, ter alguma fluência no fazer, reconhecer/distinguir aspectos gerais e reconhecer situações concretas (Pólya). Todos deveriam concordar também que no ensino de jovens desportistas se devessem fornecer aos alunos independência, originalidade e criatividade. E, no entanto, quase ninguém pede que o professor de educação física ou o treinador de voleibol possua estas coisas bonitas – não é espantoso? Como, então, chegarmo-nos aos professores, especialmente àqueles não especializados no voleibol”?
Soluções Criativas
Aulas inclusivas; todos participam. Ilustração: Beto.
Essas são formas de como solucionar dificuldades para aplicação do ensino de um desporto – despertar o interesse e disponibilizar instalações e equipamento – a baixo custo. Basta ao professor, mesmo o generalista, que indique aos seus alunos alguns dispositivos básicos – um deles, como organizar um torneio – para que adquiram a capacidade de se desenvolverem por conta própria. Quer tentar fazer igual na sua escola? É bastante fácil e uma das missões do Procrie.
Alunos se divertem no Recreio. Foto: Roberto Pimentel.
Uma sugestão é adotar o sistema empregado no mini voleibol com a construção das mini quadras. Normalmente, a quadra de um colégio pode conter 4-5 quadrinhas de 12 m x 5 m se as redes (5 m) forem dispostas no sentido longitudinal, i.e., de tabela (basquete) á tabela (ou balizas). As redes podem ser compradas diretamente na fábrica (B. Horizonte, MG) pela internet (site de buscas). Mais detalhes sobre equipamento, bolas, poderão ver na Categoria Mini Vôlei deste Procrie. A seguir, como dispor as alunas para a realização de exercícios e pequenos jogos. Esta é uma tarefa que venho propondo há anos. Trata-se de um Curso com aulas práticas que conduz o professor a descortinar formas e exercícios segundo sua criatividade. Isto é, leva-se o docente a compreender que não deve copiar nada, mas entender o processo e a pensar por conta própria. Em resumo, liberto-o da escravatura pedagógica a que está submetido desde os bancos escolares e pela ausência do ensino de Pedagogia nas faculdades e cursos de formação de treinadores das federações.
Cursos e Aulas Práticas (desnecessárias apostilas)
Como devem ter observado, o texto está bastante extenso e repleto de remissões a outros tantos. Recomendo aos interessados não ter pressa, e retornarem sempre que possível, pois esta é uma tentativa nossa de agrupar artigos pertinentes a um mesmo assunto, enquadrando a matéria. Tenho certeza de que dificilmente encontrarão algo similar na literatura. Além disso, não está explícita a dinâmica das aulas empreendidas pelo Autor em suas demonstrações ou Cursos. Não me furto a realizá-los em qualquer parte do País e para tal disponibilizo todo material específico, exceto as bolas. Contribuindo para a erradicação de impactos ambientais, os Cursos são eminentemente práticos, sem adição de Apostilas. Como milhares já constataram o Procrie está receptivo àqueles que se aproximarem com intenções de evoluir na arte de Aprender a Ensinar. Como Educar requer constantes pesquisas, embarquemos todos nós nessa verdadeira cruzada evolucionista. Venha e abrace a causa. Não fique de fora, pois já somos muitos! Não deixem de visitar nosso Contributo ao Desenvolvimento do Voleibol, incluso um Projeto Pedagógico. Está à sua disposição no sítio exclusivamente educacional PREZI no linque http://www.procrie.com.br/procrienoprezi/. Aos mais resolutos, oferecemos a bibliografia consultada nesse sítio. Por último, acompanhem-nos nos artigos a serem postados aqui relatando nossas atividades com o grupo de estudantes a que nos referimos dando conta de observações pedagógicas e, especialmente, os Comentários das participantes.
Espero que gostem! Boas leituras…
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Treinar, treinar, treinar… Será mesmo que resolve?
Muitas vezes ainda vamos ouvir a expressão acima como condicionante para o apuramento da técnica do atleta. Todavia, tenho minhas dúvidas. É bem possível que a maioria dos profissionais do ramo em que atuam tenha plena consciência do que realizam e, de forma consciente, pratiquem os seus saberes no desenvolvimento de suas equipes. Contudo, observando com olhos mais argutos o desenrolar da partida final da superliga brasileira feminina realizada neste domingo, considero que meus argumentos em prol da relevância de treinos profundos de Defesa devem ser urgentemente elaborados e intensificados no alto nível. Daí a série sobre o tema que estamos desenvolvendo e colocando-nos à crítica. Alguns equipamentos modernos poderão contribuir para revermos a metodologia de ensino em muitos aspectos e para que se tenha um olhar pedagógico mais penetrante e conclusivo no que ocorre à sua volta.
Nota:
Como os artigos foram surgindo ao acaso, decidimos refazer os títulos de modo a facilitar a leitura e compreensão dos leitores. Assim, acrescentamos aos respectivos títulos a notação indicativa da sequência: “Lição I, II, III…”
Com base no artigo Lição de Biomecânica, de Alexandre Salvador, em Veja, 3/4/2013). A “Lição” teve como fonte Ludgero Braga Neto, doutor em biomecânica pela Universidade de São Paulo.
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Feitas as ressalvas acima, passemos a discutir e a tentar a responder a algumas questões, analisando suas nuances:
– De que adianta repetir um mesmo exercício por horas a fio se não há olhos de ver o que pode ser corrigido?
– Alguém pode aprender a realizar um movimento em frente à TV?
Dando continuidade ao estudo de como treinar DEFESA, e como já afirmamos neste Procrie, não percebemos avanços ou qualquer melhora nesse deserto de ideias. Para atenuar o quadro, além das postagens sobre a metodologia que Daniel Coyle (O Código do Talento) nos propõe, agora se somam as lições da biodinâmica em breve artigo assinado pelo douto professor Ludgero Braga Neto.
Repetir, porém de forma correta
O artigo publicado em Veja se refere à análise em ultra câmera lenta dos movimentos de grandes tenistas – no caso Roger Federer – e como é possível entender por que não adianta na maioria das vezes repetir um mesmo movimento com a postura equivocada. Isto é válido para qualquer desporto e explica abandonos precoces ocasionados por uma prática mal conduzida. Ensina o Doutor Ludgero: “Tanto para cientistas quanto para amadores, nenhuma arma foi mais decisiva para escrutar as artes de Federer que os avanços tecnológicos nas transmissões esportivas pela televisão”. E conclui: “É preciso aprender uma nova linguagem, descobrir os movimentos corretos, e as imagens detalhadas em vídeo são o atalho ideal para identificar essas nuances”.
Estatísticas vs. câmeras modernas?
Nem sempre estou atualizado, mas penso que estatísticas em voleibol (como na vida) têm valor relativo e na maioria das vezes sua interpretação requer muito bom senso. Em voleibol, foram possivelmente criadas pelo alemão (oriental) Horst Baacke e até hoje se encontra em uso. Creio que pretende dimensionar erros e acertos dos atletas em suas respectivas intervenções durante uma partida. Para observar a equipe adversária, criaram os espiões oficiais, com cadeira cativa nos ginásios, sempre atrás das quadras, que com suas câmeras de vídeos permitem ângulos estratégicos para os treinadores.
Todavia, não se podiam revelar com extrema precisão e minúcias o que as câmeras lentas de hoje nos apresentam ao paralisar instantes velocíssimos. “As câmeras modernas permitem a jogadores e técnicos ver a realidade sobre seus golpes, e não mais seguir cegamente regras baseadas em impressões” disse a Veja John Yandell, americano fundador do site Tennisplayer.net, com um banco de dados de 65 mil vídeos dos melhores tenistas do mundo. O efeito produtivo dessa tecnologia verdadeira revolução no ensino e esmero técnico individual, reflete-se na possibilidade de uma redescoberta visual de qualquer esporte ao evidenciar as jogadas mais repetidas dos grandes craques – os fundamentos -, uma espécie de repertório da perfeição em seus movimentos. Considere-se, ainda, que “estudos recentes de neurolinguística já comprovaram que a grande maioria das pessoas aprende por estímulos visuais. Daí a relevância da análise em vídeo”, concluiu o doutor Ludgero Braga Neto.
Assimile bem
Diz um provérbio alemão: “Você se torna inteligente graças a seus erros”. Daniel Coyle resgata outro pensamento em suas propostas de treinamento profundo, ou de qualidade: “Tente de novo. Erre de novo. Erre melhor”. Isto deve estar arraigado na sabedoria oriental muito propalada pelos japoneses quando afirmam: “Nas derrotas é quando mais se aprende”.
Para uma boa assimilação de movimentos, especialmente para os mais jovens indivíduos, a imitação não precisa ser consciente. Na verdade, na maioria das vezes não o é. Vejam a história contada por Doyle em O código do talento: Na Califórnia, conheci uma tenista de oito anos de idade chamada Carolyn Xie, uma das mais bem-classificadas no ranking de sua faixa etária em todo o país. Xie tinha o estilo típico dos prodígios no tênis, a não ser por uma coisa. Em vez do habitual revés com as duas mãos, próprio da idade, ela executava backhands empunhando a raquete com uma só mão, exatamente como Roger Federer. Não de um jeito que lembrava um pouco o de Federer, mas do mesmo jeito que ele, incluindo o abaixar da cabeça como um toureiro no fim, marca registrada do campeão suíço. Perguntei como ela tinha aprendido a rebater daquela maneira. “Não sei, só faço e pronto”, respondeu-me. Perguntei ao técnico dela, ele também não sabia. Depois, enquanto conversava sobre o que fariam à noite, a mãe de Carolyn, Li Ping, mencionou que assistiriam a uma fita na qual tinham gravado a partida de Federer. Aliás, todos na família eram fãs antigos de Federer, tinham visto e gravado quase todos os jogos televisionados do tenista. Carolyn, é claro, via as fitas sempre que podia. Ou seja, em sua curta existência, tinha visto Roger Federer bater de revés dezenas de milhares de vezes. Tinha observado o backhand e, sem saber, simplesmente assimilou a essência desse golpe.
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Vejam resumidamente atletas que surgiram do nada e se tornaram sensações:
Allison Stoke, fez muito mais sucesso por sua beleza do que por sua capacidade no salto com vara; seu vídeo foi visto por mais de 200 mil pessoas.
Gustavo Kuerten, então sexagésimo sexto colocado do ranking mundial surpreendeu o mundo ao conquistar o título de Roland Garros, em 1997. Com mais dois títulos o brasileiro se tornou um dos maiores tenistas de todos os tempos.
Jeremy Lin, um americano com ascendência chinesa e taiwanesa, economista da tradicional universidade de Harvard, não conseguia se firmar em nenhuma equipe da NBA. Quarto armador reserva do New York Knicks, o jogador ganhou uma oportunidade e conseguiu aproveitar a chance. As boas atuações se repetiram e o jogador se tornou a nova sensação da NBA.
Bruno Cortez, destaque do Nova Iguaçu no início de 2011, o então desconhecido lateral esquerdo teve uma ascensão meteórica no futebol. Contratado pelo Botafogo em abril do ano passado, o jogador se tornou uma verdadeira sensação entre os torcedores do clube e ganhou notoriedade nacional. As boas atuações renderam ao atleta uma convocação para a Seleção Brasileira.
Tom Brady, um quarterback, foi apenas a 199ª escolha do draft de 2000, na sexta rodada. Contratado pelo New England Patriots, o jogador despontou como um dos melhores da posição logo em sua primeira temporada como titular, quando liderou a equipe na vitória no Super Bowl XXXVI e se tornou o quarterback mais jovem da história a conquistar o campeonato. Hoje com três títulos na carreira, Brady é visto como um dos melhores da NFL e já foi escolhido duas vezes o MVP (jogador mais valioso).
Jimmy Graham jogou basquete durante os quatro anos em que ficou na Universidade de Miami. Formado em marketing e gestão, o atleta decidiu permanecer em Miami para pós-graduação e começou a jogar futebol americano. O sucesso foi grande, e Graham foi draftado como tight end do New Orleans Saints em 2010. Hoje, o jogador é um dos melhores da NFL em sua posição e se firmou como estrela da liga de futebol americano.
Maria Sharapova, apesar de ser considerada promissora, pouco era comentada no circuito mundial de tênis até 2004. Em uma campanha surpreendente, a russa conquistou o tradicional Torneio de Wimbledon com apenas 17 anos, colocando fim no domínio das irmãs Williams no Grand Slam, e apareceu entre as dez melhores tenistas no ranking da WTA. O desempenho fez com que Sharapova se tornasse um fenômeno na mídia, que apelidou o sucesso da jovem de “Maria Mania”.
Liedson, um ex-empacotador de um supermercado, surgiu para o futebol com 23 anos de idade, pelo Poções, da Bahia. O jogador só começou a despontar no País em 2002, quando assinou com o Flamengo. Em seguida, Liedson acertou com o Corinthians e se tornou um dos atacantes mais conhecidos do Brasil. O sucesso foi tão grande que cerca de seis meses depois ele foi para o Sporting, de Portugal, onde conquistou títulos e fez história, até se naturalizar português e atuar pela seleção.
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O código do talento
Temos publicado no Procrie alguns artigos sobre o assunto em que Daniel Coyle, no livro “O código do talento”, pretende responder à questão formulada pelo site do Terra: “Por que ilustres desconhecidos de repente tornam-se famosos em suas especialidades”? A partir de suas observações pelo mundo, ele desenvolve uma teoria que chamou de treinamento profundo. Coyle observou que existe um padrão, uma regularidade na percepção do próprio talento por seu detentor que a torna característica do processo de aquisição de habilidade. Daí vem uma importante questão:
Qual a natureza desse processo capaz de gerar duas realidades tão díspares?
Como esses indivíduos, que parecem ser iguais a nós, de repente se tornam talentosos, embora não tenham consciência disso, ignorando a verdadeira dimensão desse talento?
Para saber mais a respeito, vejam os textos: Como se Adquire Habilidade? (I e II) – Como Ensinar – Habilidade vs. Talento – Ensinar Vôlei e Futebol, que Diferença? – Como Produzir Talentos? – Melhores Treinos, Melhores Atletas – Metodologia e Pedagogia, Para que Servem? – Soprador de Talento? Boas leituras!
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Como alguns indivíduos que parecem ser iguais a nós de repente se tornam talentosos?
Aconteceram no Rio de Janeiro e em São Paulo, conferências sobre a Copa do Mundo de Futebol (2014) e as Olimpíadas (2016). Uma das emissoras brasileiras de Tv entre outras noticias, reportou rapidamente sobre as Formação – a escolinha – bem sucedida do Barcelona na Espanha. Agora mesmo, atuando com um time reserva – todos jovens promessas – a equipe venceu por 4 x 0 seu adversário na Liga dos Campeões. Soube que ela é dirigida pelo antigo craque holandês, Johan Cruyff, que atuou em décadas passadas pelo time catalão. Vejo na internet que o holandês criou uma instituição – Institute for Studies Desporto – no endereço http://www.cruyffinstitute.org/ . Sua missão é treinar atletas, ex-atletas e profissionais de esportes: “Nossos programas permitem que os alunos combinem suas carreiras desportivas e estudos e adaptar-se a todas as situações, transformando sua paixão por esportes em sua profissão, e construir um futuro produtivo para servir o bem comum do esporte e da sociedade. Educação é o nosso foco principal em um ambiente em mudança, quer contribuir para o esporte e a educação a longo prazo. Procuramos comungar e compreender as necessidades da realidade do esporte, de pessoas e organizações”. Ali foram formados diversos atletas como Messi, Xavi, inclusive os que constituem a base da seleção espanhola de futebol, campeã mundial.
Antes de tomar conhecimento desses fatos, há algum tempo, busquei formatar na AABB-Rio o Projeto de um Centro de Referência em Iniciação Esportiva (Procrie) no qual crianças e jovens treinariam sob esta nova metodologia sem a mínima preocupação de competições federadas. Assim estariam se exercitando no que Daniel Coyle denominou no livro O código do talento de Treinamento Profundo. Eu, ainda aprendiz, chamava de Treinamento de Qualidade que após a leitura e várias releituras considero a mesma coisa. Como diziam nossos avós, “fazer, mas fazer certo”, ou ainda, “treinar, treinar, treinar, mas corretamente”!
Desenho: Beto Pimentel.
A visão e metas do Procrie coincidem com as do Instituto Cruyff, uma vez que também nós estamos voltados para a Educação. O detalhe está na qualidade dos treinamentos e a não preocupação da competição federada. Esta, concebida como está, induz ao treinamento por adestramento, o que torna quase impossível qualquer reversão no ensino a posteriori. Os críticos, antes de conhecerem o método, já se arvoram a contestá-lo, baseado na premissa de que ao evitar a competição, o atleta não consegue desenvolver-se no controle emocional que a mesma proporciona. Esquecem-se de que há diversos meios de manipularmos tais situações e, além, se surgirem após um treinamento profundo, não terão consequências tão danosas, podendo ser superadas muito rapidamente com as condições técnicas já auferidas. É o exemplo referido no início desse texto (Barcelona, 4×0). E, hoje, pouco antes da partida decisiva do campeonato mundial de futebol entre Barcelona e Santos, me faz recordar que o clube brasileiro recebeu proposta nossa há algum tempo para desenvolvermos um Centro de Referência. Não recebemos qualquer manifestação!
Depois de implantado o programa de voleibol para atender inicialmente 260 crianças entre 8-13 anos de idade, sempre voltado para os aspectos educacionais do indivíduo, a pretensão seria ampliar a oferta de serviços e oferecer à criançada dois outros cursos no mesmo local: desenho e um coral. Mais à frente, ampliar para leitura, oratória e outros desportos, como o basquete e handebol. Teríamos ofertas para participação de professores, mestres e demais interessados nas pesquisas e no desenvolvimento das atividades. Estágios e residências pedagógicas para acadêmicos e professores de outras partes. Este blogue estaria cobrindo e informando sobre as atividades, recolhendo e codificando as ações com auxílio de especialistas. Os dirigentes da AABB concordaram com nossa explanação e esbarramos tão somente nem um aspecto simples: apoio financeiro para dar início aos trabalhos. Assim, a parte prática ficou no papel e, enquanto isto estamos a desenvolver aspectos teóricos pelo Procrie. Neste momento, passados dois anos, lutamos para obter recursos para a efetivação dos Cursos Presenciais, como vimos anunciando em alguns textos. Estaríamos oferecendo instrução para que os jovens aprendam a estudar, conjugado com todo o processo. Uma hora por dia de estudos bem dirigidos é capaz de formar pessoas bem formadas. Práticas culturais oferecidas concomitantes aos ensaios desportivos permitiriam um desenvolvimento pleno e sadio. Formados neste ambiente, criam-se condições para os jovens decidirem por suas escolhas de vida mais à frente. Eis um esboço do Programa de esporte escolar, englobando a competição e os conteúdos de ensino a serem discutidos com os docentes: 1) Teoria e prática: sugestões acerca da prática pedagógica; 2) Princípios pedagógicos que orientam uma prática de QUALIDADE; 3) Esboço de proposta escola/esporte. Vejam como é possível desenvolver um trabalho profundo a partir do texto a seguir.
Doyle observou que existe um padrão, uma regularidade na percepção do próprio talento por seu detentor que a torna característica do processo de aquisição de habilidade. Daí vem uma importante questão: qual a natureza desse processo capaz de gerar duas realidades tão díspares? Como esses indivíduos que parecem ser iguais a nós de repente se tornam talentosos?
Na sequência, o conceito de chunking. O que será isto?
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“Qualquer discussão sobre o processo de aquisição de habilidades deve logo de saída levar em conta um fenômeno que conheci como Efeito Caramba”. A denominação se refere ao misto de descrença, admiração e inveja intensas que sentimos quando vemos um talento aparentemente saído do nada. Assim se expressa Daniel Coyle no capítulo 4 do livro O código do talento, em que discorre sobre as regras do treinamento profundo. Nas viagens feitas às fábricas de talento, Coyle testemunhou uma série de saltos significativos no nível de habilidade dos alunos. Como se percorresse uma série de dioramas, ia encontrando espécies cada vez mais evoluídas: os pré-adolescentes (que eram muito bons), os adolescentes de 15 a 17 anos e, por fim, os adolescentes acima dessa faixa, verdadeiros ases. Ele conheceu isto com o nome Efeito Caramba. A rapidez com que progrediam era assombrosa: cada grupo era incrivelmente mais forte, mais veloz e mais talentoso que o anterior, o que não o impedia de exclamar: “Caramba”! Coyle observou que existe um padrão, uma regularidade na percepção do próprio talento por seu detentor que a torna característica do processo de aquisição de habilidade.
Daí vem uma importante questão: qual a natureza desse processo capaz de gerar duas realidades tão díspares? Como esses indivíduos, que parecem ser iguais a nós, de repente se tornam talentosos, embora não tenham consciência disso, ignorando a verdadeira dimensão desse talento?
Notas:
Fábrica de talentos eram locais – salas, galpões – desprovidos de qualquer conforto maior em que verdadeiros mestres realizavam suas aulas para alunos comuns, mas que devido à metodologia empregada, conseguiam desenvolver-se surpreendentemente naquilo que praticavam.
Por talento definamos em sentido estrito: “a posse de habilidades repetíveis que não dependem do tamanho físico”. (D. Coyle)
Busca de nova metodologia. Mas enquanto isto, façamos breve pausa naquele relato para chamar a atenção do leitor para um artigo postado aqui em 27/nov./2009, sob o título Teoria vs. Prática, em que converso com João Crisóstomo sobre sua tese intitulada Volei vs. Volei. Naquele momento, concluímos sobre a importância de uma infância sadia repleta de movimentos e peripécias. Nada que seja demasiadamente formal, em que os indivíduos possam exercer o seu direito de simplesmente brincar. As crianças são os próprios construtores de sua matemática. Uma variação também já foi registrada em um colégio de Niterói onde os alunos dispõem de vários minicampos no pátio para se recrearem com o voleibol da maneira que escolherem: professor não entra! Assim, fez-se em mim o que muitos anos mais tarde este estudo viria a demonstrar com bastante autoridade. Sempre procurei examinar o porquê de minha relativa competência, que instintivamente me levava a considerar os episódios múltiplos das memórias corporais que adquiri na infância. Agora tenho certeza que aquela intuição era o prenúncio da verdade. Por isso, advogo que ninguém aprende adequadamente um movimento, p.ex. da cortada, se sequer sabe arremessar um objeto. Então, passei a preconizar que as crianças aprendam brincando e que essas brincadeiras levem-nas a lançar, saltar e transpor obstáculos organizar-se em torno de um paraquedas, chutar bolas, esquivar-se de arremessos, agachar-se e progredir, rolar etc., tudo isso antes do jogo. Deixo-as brincar de jogar voleibol sem exigências táticas ou técnicas. No fim, acabam aprendendo a jogar sozinhas e com muita alegria. É como aprender a andar de bicicleta, quando se dão conta, já saem pedalando.
(continua…)
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Defesa? Recepção? O que seria? Foto: Fivb/Divulgação.
Detalhes no ensino
Todos reconhecem que no alto nível o detalhe faz a diferença. Em que consiste? Onde está o detalhe? Quantos são?
Já tocamos no assunto referente ao significado de cada ponto no voleibol na primeira parte desse estudo. A partir de agora prosseguimos conversando e espero seja agradável e proveitoso a todos. Se cada ponto é importante, não importa se o primeiro ou o último, por que as pessoas valorizam os derradeiros e menosprezam os iniciais? Vejam o caso do set decisivo (tie break), onde a emoção prevalece sobre a técnica e, agora sim, todos pensam em valorizar cada pontinho inicial como se fora o último e decisivo. Conhecemos expressões bastante indicativas: “não podemos deixar o adversário se distanciar muito”, “pode não haver tempo para recuperar”, ou “levante para quem está rodando”! (fazendo pontos).
Ganha quem erra menos. A primeira vez que ouvi esta frase ela me foi dita pelo saudoso técnico Zoulo Rabello, em 1963, quando atuava pelo Botafogo F. R. Inicialmente, ela é óbvia. Mas, se repetida no ouvido dos atletas a cada erro individual, pode tornar-se fonte de qualidade na execução dos fundamentos e, dessa forma, revelar um treinamento profundo, beneficiando todo o conjunto. Por isto, e mesmo antes de ouvir a frase, já punha em execução medidas para identificar e evitar erros, tanto nos treinos, quanto nas partidas. Objetivava a eficiência técnica, isto é, atuar sem cometer um erro sequer.
Estatísticas. Participei como ouvinte de um curso de estatísticas em voleibol pouco antes do Mundial de 1990, no Rio de Janeiro. O Sr. H. Baacke (Fivb), acompanhado pelo presidente do Conselho de Treinadores da CBV, Célio Cordeiro Filho, realizou um périplo por cidades brasileiras aonde seriam realizadas os jogos das chaves classificatórias dedicando o seu tempo à formação dos “estatísticos”. Não sei o quanto mudou o conceito empregado desde aquela época (até gostaria de conhecer), mas não creio que sejam apontados e divulgados os erros dos atletas. Imagino que enalteçam sim, os melhores, isto é, os que erraram menos. Caso se produzam medidas de avaliação dos erros, tenho certeza que seriam interessantíssimas para os principais intervenientes – atletas e treinadores. O que vemos são os “melhores” em cada fundamento e o “melhor de todos”, inclusive com prêmios em dinheiro. Será que dividem a grana com os demais companheiros? Sim, uma vez que se trata de esporte coletivo, nada fariam sem a contribuição dos demais. Ainda sobre números, lembro-me que o canhoto André Nascimento foi contemplado como o “melhor atacante” presente ao Mundial de 2002, na Argentina. Todavia, não atuou nos dois últimos jogos decisivos que levaram o Brasil ao pódio. Confesso minha ignorância e gostaria de ter uma boa explicação sobre essas estatísticas.
Comportamento nas vitórias e nas derrotas. Percebemos pelas declarações dos treinadores de nossas seleções, especialmente quando perdem ou deixam escapar a oportunidade de serem campeões com as suas equipes, que existe uma atmosfera um tanto carregada, com palavras pensadas de modo a não se deixar trair e se comprometerem. Mas no fundo, são unânimes em dizer que há muito que trabalhar e que aquilo serviu como experiência com a qual estaremos mais aptos nos próximos embates: Precisamos botar a cabeça no lugar e treinar mais, com mais afinco”! São chavões que se repetem historicamente e que não indicam absolutamente nada. Ao contrário, em caso de vitória, a tendência é desculpar alguns erros até mesmo com sorrisos nos lábios, como se dissesse “não houve maior comprometimento”, “não influiu no placar”. Espera-se, inclusive, que ao cair no esquecimento o erro não venha a se repetir em outras oportunidades. No máximo, alguma infelicidade nesta ou aquela situação. E, com isso, ele ficou lá, quieto no seu canto, aguardando a vez de reaparecer não se sabe quando.
Renata, Karina no Circuito do Banco do Brasil. Acervo Roberto Pimentel.
Há muito me decidi por ensinar crianças, adolescentes e adultos exigindo correção técnica em alguns detalhes que julgo primaciais para o desabrochar de uma técnica de qualidade, ou profunda, como a denomina D. Coyle. Ao observar seus ídolos, as crianças mentalizam os movimentos, e se lhes forem oferecidas oportunidades, repetirão de forma apropriada os mesmos gestos. Contudo, compete ao mestre estar próximo, corrigindo e incentivando novas tentativas. Não é tarefa fácil, talvez a mais difícil de todas: saber quanto e quando de ajuda precisa o instruendo, até que se descubra auto-suficiente. E, então, surgem as indagações: Como proceder daqui para frente? Não seria mais viável ensinar de forma profunda (correta) desde a Formação?
Ricardo e Márcio. Foto: Fivb/Divulgação.
Implicações do treinamento na Formação. Tenho observado partidas recreativas de voleibol 4×4 na praia entre ex-atletas e indivíduos mais velhos. Mato as saudades e revejo velhos companheiros antes do indefectível chopinho. Ocorre que um ex-treinando meu surgiu para “bater uma bolinha”: era o Frederico, ou Fred, que inclusive consta da recente postagem “Esporte & Negócios”. Lembramo-nos dos treinos na mesma praia com mais cinco companheiros, sendo um deles o Márcio (canhoto, medalhista olímpico), que esteve hospedado em sua casa. Sua dupla com ele durou apenas um mês e meio e por algum motivo, desfez-se. Mas o Fred permaneceu treinando com afinco durante nove meses e penso que foi o momento melhor em sua formação. Acontece que ao “brincar” na praia nestes dias, em dado momento tentou defender difícil bola e não conseguiu. Imediatamente exclamei: “Errou porque utilizou a mão errada”! No que concordou, justificando que o seu braço esquerdo – agora aos 39 anos – já não o obedece e está esquecido. Disse-lhe depois que não podia comprometer minha imagem de treinador realizando movimento tão errôneo: “Se aprendeu, não esqueça jamais”! E veio-me à lembrança o sucesso do seu antigo parceiro com uma indagação: “Por que um tornou-se medalhista olímpico e o outro não”?
Outra lembrança do mesmo erro distante no tempo, talvez em 2002, quando assistia um treino da seleção brasileira masculina na EsEFEx, no Rio de Janeiro. Só que o personagem já era considerado um dos melhores defesa do mundo, o Serginho. E no último campeonato mundial masculino realizado na Itália pude constatar, mesmo observando pela TV, as dificuldades para defender de boa parte dos atletas campeões. E pior, em sucessivas aparições nada corrigido. Nesses casos parece que o treinador prioriza outros detalhes a treinar face às exigências do calendário de competições. Mas ainda quero crer que haja outros motivos, como por exemplo, “é preferível ele assim a outro com mais problemas na formação”. E, então, haja treino de saques e ataques.
Enquanto isto é bem certo que treinadores das divisões de Formação reforcem seus treinamentos segundo a mesma ótica, ou melhor, a mesma receita.
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Despertar o interesse nos jovens pela prática saudável do desporto. Você gostaria de estar dentro de quadra? Foto: Fivb/Divulgação.
Com base no livro de Daniel Coyle, “O código do talento “.
Peço a ajuda de Daniel Coyle para fazer-me entender em alguns outros textos que já postei e estarei ainda incluindo na série sobre Como Treinar. E a você, internauta, perdôe-me pelo meu narcisismo, uma vez que não poderia apresentar a teoria do treinamento profundo de maneira prática sem citar-me, pois realmente fui treinado por mim mesmo e já em idade dita avançada para o voleibol – 18 anos – praticamente um auto-didata. ou como veremos logo a seguir, um aprendizado de autorregulação. A seguir, resumo matéria que selecionei da obra citada. Mais adiante, darei o meu testemunho sobre minha prática e, enquanto isto, espero levar o leitor a meditar sobre o treinamento na Formação para qualquer desporto.
Por que ir mais devagar dá tão certo?
O modelo teórico da mielina fornece duas explicações. A primeira, é que proceder devagar nos permite atentar mais aos erros, aumentando o grau de precisão a cada disparo – e, em se tratando da produção de mielina, a precisão é tudo. Como dizia o técnico de futebol americano Tom Martinez, “não importa com que rapidez você faz a coisa, o que vale é quão devagar você consegue fazê-la sem errar”. A segunda explicação é que proceder lentamente ajuda o indivíduo a desenvolver algo ainda mais importante: uma percepção prática da arquitetura interna de determinada habilidade – a forma e o ritmo dos circuitos interligados para realizá-la.
Por quase todo o séc. XX especialistas acreditavam que a aprendizagem fosse governada por fatores fixos como o Q. I. e os estágios de desenvolvimento. Barry Zimmerman, professor de psicologia na City University de Nova York, desenvolveu estudos pelo tipo de aprendizagem que acontece quando as pessoas observam, julgam e planejam a própria atuação, ou seja, quando ensinam e supervisionam a si mesmas. Chamou-a de AUTORREGULAÇÃO.
Em 2001, realizou uma experiência que mais parecia um truque de mágicos de rua do que uma iniciativa de caráter científico. Ele e uma auxiliar também professora universitária, fizeram a seguinte pergunta: “É possível julgar a habilidade apenas pelo modo como as pessoas descrevem sua forma de treinar”? A habilidade escolhida para a experiência foi o saque no voleibol. Reuniram um grupo que incluía jogadores excepcionais, jogadores de times e novatos, aos quais perguntaram como faziam para sacar: seu objetivo, seu planejamento, suas escolhas estratégicas, sua autoavaliação, sua adaptação etc. – num total de 12 critérios de apreciação. Com base nas respostas concluíram quais seriam os respectivos níveis de habilidade. Em seguida, pediram aos jogadores que sacassem para testar a validade de suas conclusões. Só pelas respostas dos jogadores foi possível deduzir 90% da variação no grau de habilidade. A experiência mostrou que os jogadores excepcionais treinam de maneira diferente e bem mais estratégica: quando falham, não atribuem esse fracasso à falta de sorte, nem culpam a si mesmo; têm uma estratégia que podem corrigir.
Tenho certeza que algumas dessas palavras devem ter mexido com a cabeça de muitos professores e treinadores. Destaquem-nas e vamos juntos firmar um procedimento a respeito, venham discutir como melhorar suas aulas e treinamentos com os jovens. Voltarei ao assunto…
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