Mundiais de Voleibol no Brasil, 1960 (VII, final)

As moças da seleção brasileira em momento de descontração dos treinos.

Seleção Feminina Brasileira

Nossa representação estava composta na sua grande maioria por atletas do Rio de Janeiro – Fluminense e Flamengo. Os destaques eram Marta Miráglia, do Minas T.C. e Vera Trezoitko, de São Paulo. Atuaram no sistema 4×2, isto é, com duas levantadoras, o sistema vigente à época no Brasil.

Treinos em Volta Redonda – RJ

Oito cariocas, quatro paulistas, cinco mineiras e uma gaúcha treinaram diariamente por cerca de seis horas. Comendo na medida e dormindo cedo, tiveram como únicas diversões o cinema de Volta Redonda, um ou outro jornal do Rio que lhes caia às mãos e passeios pela “Cidade do Aço”, como era conhecida devido à Siderúrgica Nacional. Para o técnico Zoulo Rabello o principal problema seria conseguir, em dois meses, uma equipe de moças da mesma estatura, com a mesma agilidade e valor individual, tudo isto aliado a um perfeito sentido de conjunto.

Notícias vinculadas nos principais jornais do Rio na fase de treinamento em Volta Redonda:

Campeãs salvam três garotos (Jornal O Globo, 26.10.60)

Volta Redonda, 25 – A calma repousante das jogadoras concentradas nesta cidade, em preparo para o Campeonato Mundial de Volibol foi quebrada, esta tarde, por volta das 15h20min com os brados de alarma de Eunice Rondino, que testemunhara um acidente com três crianças e clamava por socorro. Acorreram as “scratchwomen” nacionais e com algum esforço procederam ao salvamento dos meninos que haviam caído num barranco às margens do Rio Cicuta, no Recreio dos Trabalhadores. (…) as campeãs agiram com presteza e eficiência evitando que o acidente apresentasse maiores conseqüências, mas ao fim de tudo, Eunice foi traída pelos nervos, presa de forte abalo que levou suas colegas a atender mais uma “vítima”.

“Cortada” permanecerá (Jornal Gazeta Esportiva, 28.9.1960)

O número máximo de inscrições para um Mundial é de 12 atletas em cada delegação. Assim, a CBV, que inscreveu 13 atletas, deverá promover o ”corte” de um deles nas suas duas equipes. Todavia, já se deliberou que a atleta dispensada não será afastada da concentração. Embora não tenha seu nome inscrito, permanecerá junto às outras no treinamento como prêmio pelo esforço dispensado.

Este procedimento não ocorreu com os rapazes, inclusive, o problema era outro: faltava atleta, pois muitos solicitaram dispensa.

Eleições presidenciais. (Jornal Gazeta Esportiva, 28.9.1960)

As eleições presidenciais de 3 de outubro interromperam a concentração das estrelas e astros do voleibol brasileiro, que se preparam em Volta Redonda e no Caio Martins, para intervir no Mundial do esporte da rede. 13 jogadoras e 13 rapazes estão em treinamento. Todavia, à vista do pleito presidencial, serão todos liberados no próximo sábado para que se dirijam a suas cidades e cumpram o dever cívico.

Delegação

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N° da camisa      Atletas                           Altura   Estado
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    1        Vera Trezoitko                         1,71m     SP
    2        Leila Fernandes Peixoto                1,63m     RJ
    3        Flávia Maria Miranda da Veiga Pessoa   1,72m     SP
    4        Norma Rosa Vaz                         1,70m     RJ
    5        Lúcia Mendes de Morais                 1,66m     RJ
    6        Eunice Rondino                         1,68m     SP
    8        Lilian Hilda Erica Poetzscher          1,82m     RJ
    9        Maria Alice Ricciardi                  1,65m     RJ
    10       Iriana Silveira Sá Carvalho            1,69m     MG
    11       Ingeborg Ingrid Crause                 1,70m     RJ
    12       Isaura Marly Gama Alvarez              1,70m     RJ
    13        Martha Miráglia                       1,72m     MG
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Perfil das Estrelas (Fernando Carvalho, Jornal Diário da Tarde, 26/10/1960)

Vera – Veterana, é titular da seleção garantida pelas atuações durante os treinamentos em Volta Redonda. Sagrou-se campeã paulista por dez vezes; é campeã sul-americana e pan-americana.

Leila – Carioca, atua no Flamengo desde 1950. Sua principal característica é o potente saque. Alcançou os títulos de campeã brasileira, carioca, universitária e sul-americana.

Flávia – Natural de Pernambuco, estava atuando no voleibol paulista. Ingeborg – Iniciou suas atividades em 1954, no Tijuca T. C., mas somente alcançou projeção no ano seguinte, no Botafogo. Tem os títulos de campeã sul-americana, pan-americana e tricampeã universitária.

Norma – Mineira de Uberlândia há muito está radicada no Rio, integrando a equipe do Flamengo. Pode ser considerada uma das melhores do vôlei nacional; foi campeã brasileira, sul-americana, bem como do torneio internacional realizado em São Paulo.

Lúcia – Surgiu no Fluminense em 1954; sagrou-se campeã brasileira de juvenis em Belo Horizonte (1958), é pentacampeã pelo Fluminense, seu único clube.

Eunice – Paulista, caloura na seleção com seus 18 anos. Começou em 1956 no Clube Universitário de São Paulo; garantiu sua inclusão na seleção pelas boas atuações na concentração de Volta Redonda. É bicampeã paulista e vice-campeã brasileira.

Lilian – Atleta mais alta da seleção (1,82m). Iniciou no voleibol em Porto Alegre em 1948, é pentacampeã carioca pelo Fluminense, vice-brasileira e campeã pan-americana.

Maria Alice – Atleta do Fluminense; além de pentacampeã pelo tricolor, é também campeã pan-americana e sul-americana, sendo também campeã nacional de juvenis.

Iriana – Natural de Campo Grande, iniciou suas atividades no Paulistano (São Paulo) em 1954; campeã paulista e brasileira em 56, sul-americana em 58 e pan-americana.

Ingeborg – Iniciou suas atividades em 1954, no Tijuca T. C., mas somente alcançou projeção no ano seguinte, no Botafogo. Tem os títulos de campeã sul-americana, pan-americana e tricampeã universitária.

Marly – Natural de Pernambuco, está radicada no esporte carioca há muitos anos nas modalidades de vôlei e basquete. Obteve diversos títulos: campeã carioca em 1948, 54 e em 1956-60; campeã sul-americana em 1951 e pan-americana.

Marta – Uma das melhores atletas do Brasil. Mineira, iniciou suas atividades no Minas T. C. em 1951, conduzida por Adolfo Guilherme. Mais tarde transferiu-se para o Atlético. É campeã brasileira, sul-americana e pan-americana.

Zoulo – Técnico; mineiro, 47 anos de idade. Iniciou sua carreira de técnico em 1946 no Botafogo; campeão carioca (masculino) pelo alvinegro e pelo Flamengo; campeão carioca (penta pelo feminino) no Fluminense; bicampeão também no feminino pelo Botafogo e Flamengo; duas vezes campeão brasileiro; técnico da seleção universitária brasileira no último mundial.

Hélcio – Assessor técnico; mineiro, 31 anos, começou como jogador em 46 e como técnico, em 52; como jogador foi campeão brasileiro e sul-americano (1951); como técnico é bicampeão juvenil mineiro; campeão brasileiro em 1958; bicampeão brasileiro universitário; campeão mineiro pelo Mackenzie.

Aníbal – Médico; mineiro, é benemérito da CBV; desde 1954 acompanha delegações de voleibol; campeão sul-americano nos certames de Porto Alegre e Montevidéu; veterano de Mundiais Universitários; campeão brasileiro acompanhando várias modalidades; capitão-médico da Polícia Militar de Belo Horizonte.