Curso de Mini Vôlei (II)

Aprender Brincando e Jogando 

 

 “A aula é uma Festa”: os próprios alunos organizam os jogos 2 x 2, 3 x 3, 4 x 4. E a torcida participa!  

 

Promovendo a inclusão. Pluralidade de atividades favorecida pela diversidade de conteúdos pode ser aplicada com sucesso às demais disciplinas curriculares.

Solução de Problemas. As ações propostas devem ter o objetivo de minimizar diferenças individuais, o tempo de aula, a falta de motivação dos alunos e a exclusão. Além disso, e muito mais, promover uma caracterização crítica do próprio ensino e a Educação e Socialização através dos jogos.

Múltiplas estações, múltiplas tarefas. A organização das aulas em múltiplos campos ou estações permite a participação de TODOS. Os campos de jogo podem estar organizados com tarefa única ou com diferenciadas tarefas (simultaneamente). Uma opção criativa, interessante e bastante agradável seria o deslocamento de todos os alunos (grupos, equipes) num sentido predeterminado, tanto nos exercícios, quanto nos jogos.

Avaliação. As atividades devem ser colocadas especialmente para o desenvolvimento da coordenação das relações espaço-temporal e as crianças se divertirem bastante, testando-se à medida que o professor introduz as variações citadas nos objetivos da aula. Entretanto, faz-se mister que o docente promova uma avaliação não só do desempenho dos alunos, mas de si mesmo, uma reflexão sobre a  própria ação. Neste momento poderá se servir de alguns princípios do ensino:

  • Como planejar uma atividade?
  • Como introduzi-la?
  • Como interagir com as crianças durante a atividade?
  • Que tipo de acompanhamento é importante?

Além disso, os alunos podem responder às indagações:

  • Estou aprendendo?
  • Como aprendo?

 

Desenho de Curso

Particularidades do Voleibol Escolar. O vôlei responde a regras fixadas pelo homem e as crianças têm as suas próprias motivações. Não é suficiente adaptar o material à estatura das crianças.

Mini vôlei. Do mini vôlei ao vôlei. Desenvolvendo uma metodologia condizente com o local ou região. Cuidados na estruturação das atividades.

Prática e Avaliação. A organização dos exercícios e sua execução compõem a dinâmica ou ritmo da aula, para o que é necessário um encadeamento natural. Convém que o docente proceda à avaliação das respostas – motora e linguagem – dos alunos e de sua própria condução no trato com os mesmos: “Como e quando devo intervir”?

 (continua) 

Clínica de Mini Vôlei

Voleibol na Escola

O vôlei responde a regras fixadas pelo homem. As crianças têm as suas próprias motivações e a maior delas é BRINCAR. Como conciliar os interesses? A tarefa é simples, mas carece de algum conhecimento pedagógico, além de liberdade para dar vasão à sua criatividade. Não basta simplesmente adaptar o material à estatura dos alunos. É preciso muito mais.

Calcado na prática apresento um programa para escolas. As atividades devem ser lúdicas, recreativas, com emprego de contestes e vistas como mais do que alegres e divertidas ocupações de tempo; “brincar é para a criança o que há de mais sério”.

O objetivo é desenvolver no aluno uma consciência crítica que lhe permita ser sujeito de seu processo de desenvolvimento, permitindo-lhe ainda ser o melhor que puder ser. A predominância de procedimentos deverá estar centrada na iniciativa dos próprios alunos. Não se cogita detectar talentos, mas que TODOS participem e atuem prazerosamente. Sabemos das principais dificuldades que assolam o ensino no Brasil, mas neste momento me cabe apontar soluções metodológicas e pedagógicas. Se o docente tiver um conhecimento razoável nesta área poderá ser motivado e atingir patamares mais elevados.  

Como fazer?  Imaginei realizar um curso para professores que estejam dispostos a dar prosseguimento neste mister, e não somente cumprir o seu horário e seu dever. Preciso de um pouco mais para dar a partida nesta tarefa que se avizinha bastante alegre e divertida. É necessário algum comprometimento, pois estaremos compartilhando informações e conhecimento, ambos voltados para uma prática salutar e alegre. E, principalmente, de baixo custo. Certamente, eu garanto, sairão regiamente contemplados e terão o reconhecimento da comunidade a que pertencem. Isto é MERITOCRACIA.

1a fase: Instrução e adaptação de professores e alunos; Adequar instalações às necessidades e profundidade dos ensinamentos; Material disponível suficiente e simples, relativamente barato; Grupos de demonstração visando a uma divulgação posterior. 2a fase: Instrução de alunos levada a níveis avançados, em escala gradual; Formação de grupos homogêneos – pedagogia e imagem; Instalações já definidas e adequadas ao número de alunos; Material simples, multiplicidade de exercícios e forte efeito didático. 3a fase: Instrução de professores concluída; início da formação de equipes; Alunos com melhor rendimento poderão constituir equipes de 6; Memória: vídeo, como elemento de efeito didático e de divulgação.

Eis um resumo de temas que serão tratados, além daqueles que surgirão ao longo de nossos encontros. Lembro que poderão se servir de leituras pedagógicas, vivências e “tira-dúvidas” neste blogue a qualquer tempo. 

Reflexão na ação. Do mini vôlei ao vôlei.

Formação e Iniciação Esportiva: Ênfase na qualidade de vida.

Parcerias. Centros comunitários, associações e fundações; empresas e ONGs.

Aspectos Organizacionais. Estrutura do Programa; Material e Pessoal.

Aspectos Educacionais. Cursos de capacitação e atualização para professores; Ambiente e espaço escolar.

Co-educação. Crianças e adolescentes de ambos os sexos; portadores de deficiência ou necessidades especiais.

Desenho das Ações. Módulo básico; Material específico; Metodologia: princípios, plano de ação, aulas, cuidados.

Módulo Específico. Habilidades gerais necessárias para o jogo; Desenvolvimento social, criatividade, auto-estima; Atividades sociais, de lazer e filantrópicas.

Tarefas e características do treinamento esportivo: ¨Que significa “Aprender”?  … Aprender movimentos específicos.

  • Fase A: Aprender                …  fase do educar
  • Fase B: Aperfeiçoamento   …  fase dos detalhes ou refinamento
  • Fase C: Consolidação        …  utilização em competição

As diferentes tarefas. Preparação física, técnica e tática; Preparação intelectual e desenvolvimento de comportamento.

Características das etapas. Planificação anual; Planificação de períodos cíclicos; Nível de carga de trabalho.

Pedagogia. Situações de jogo e tomada de consciência; Eleição do gesto; Criança constroi sua atividade; Etapas do querer, poder, saber; Relações educador x educando: da submissão à colaboração.

Prática. Organização; Dinâmica da aula/treinamento; Mecânica do encadeamento.

Ensino Crítico

Aula com amor?

“É interessante conhecer a criança em outro contexto. Assim, aprendo com elas como interagir”. (D. Wood) 

Copiar e Criar, Reflexão na Ação, Tatear Experimental 

Quando digo que me faço criança durante a aula, forçosamente há uma entrega total, apenas limitada por aspectos pedagógicos que tenho a cumprir para melhor servi-las. Aqui reside a intimidade com o fazer e a experiência intrínseca que me leva a novos experimentos segundo minha intuição ou repentes, insights ou como isto se possa chamar. Relembro o que foi consignado a respeito de minhas aulas: aula com amor e entrega total.

Ensino crítico

“Através do tatear experimental e da possibilidade de relatar as próprias vivências, as crianças desenvolvem sua autonomia, seu juízo crítico e sua responsabilidade. Para Freinet[1], a escola tradicional é inimiga do ‘tatear experimental’, fechada, contrária à descoberta, ao interesse e ao prazer da criança”.

Copiar ou criar?

Um alerta para quem deseja mais do que reproduzir, mas inventar. “O ensino crítico nada mais é do que os educadores chamam de rebeldia intelectual: contestar sempre as verdades estabelecidas, princípio básico da pedagogia moderna. O bom educador deve ensinar a seus alunos a olhar sempre com uma ponta de desconfiança aquilo em que todos acreditam e dar uma ponta de crédito a idéias ou projetos que todos desmerecem. Ninguém inventa nada se for servil ao conhecimento passado”. (Desconhecido)

Na considerada melhor e mais bem equipada escola para crianças de Florianópolis (SC), fui convidado a realizar uma aula de demonstração da metodologia que emprego. O convite surgiu devido à necessidade que alguns professores tinham de mostrar algo diferenciado aos demais colegas para evoluírem no ensino em contraponto ao que vinham realizando. Deveriam ser muitos os alunos, mas por dificuldade interna foram disponibilizados apenas 16 alunos. Assistindo a aula, uma das diretoras pedagógicas, um motorista da escola, uma aluna de Educação Física que se encantara na véspera com a demonstração que eu fizera na Universidade Estadual (UDESC), a titular da cadeira de Voleibol desta Universidade, e três professores da própria escola.

A aula transcorreu como sempre faço e devido à expectativa dos organizadores, foi registrada em vídeo e fotografada. Além disso, como considerei precário o número de alunos, inseri todas as pessoas presentes nos pequenos jogos. Em suma, TODOS sem exceção participaram ativamente da aula com as crianças. Ao final, a maior das recompensas. Algumas alunas indagaram-me: “Você não quer ser nosso professor de educação física”? Como a apresentação se destinava a mostrar o meu trabalho com crianças, decepcionei-me por não procedermos à chamada reflexão-na-ação com os professores presentes. O debate seria bem edificante, mas percebe-se sua ausência no processo de formação daqueles docentes. Gostaria de formular algumas indagações que não foram devidamente avaliadas, como:

  • O que teria agradado tanto aquelas crianças?
  • Por que os adultos também se entregaram tanto na aula?
  • Que transformações a realizar no próprio educandário?

Mais tarde, ao conduzir-me à casa, o Coordenador da escola deixou escapar uma indagação curiosa e sutil: “Notei que se produziu em você um grande desgaste físico, tal foi sua entrega durante a aula. Se fosse o professor da escola e tivesse que realizar outras aulas em seguida, como procederia? Teria o mesmo empenho e resistência? Respondi-lhe: “Se fosse o professor daquelas crianças, eu as conheceria e elas a mim; assim, muito rapidamente, conseguiria produzir aulas com a ajuda delas e mínima interferência minha. E mais: foi uma pena o ginásio não estar repleto delas. Mas isto é tema para um curso.

Copiar pode ser perigoso

Creio que o ano era de 1978; convidei a seleção brasileira juvenil masculina em preparativos para mais um Sul-Americano para realizar um treino em educandário de Niterói. A CBV tinha dificuldades em conseguir ginásio e seria uma forma de incentivar o esporte escolar. Era técnico o meu amigo Jorge de Mello Bettencourt (Jorginho) e entre outros, a equipe contava com Renan e Xandó, ainda desconhecidos do público. Tudo transcorreu normalmente e os alunos aplaudiram o treino, colheram autógrafos e tiraram muitas fotos. Para os atletas, uma boa novidade, “treinar com público” jovem sempre dá novo ânimo e quebra a rotina estafante da repetição de exercícios. Entretanto, passados alguns dias do evento, as alunas da equipe escolar foram surpreendidas com uma mudança radical no comportamento do professor responsável pela equipe de vólei: os exercícios vistos naquelas apresentações foram incorporados e aplicados sem cerimônia nas pequenas atletas. Felizmente, não por muito tempo! Copiar não significa estar atualizado.


[1] Celestin Freinet (1896 – 1966) pedagogo francês importante reformador da pedagogia de sua época, cujas propostas continuam uma grande referência para a educação nos dias atuais.

Lições de um Projeto, Perspectivas de Aprendizagem (II)

Linguagem

A abertura do curso consistiu num espetáculo marqueteiro voltado para a mídia. Convidados a então governadora do Estado – Benedita da Silva – seu marido e Secretário de Estado, diversas atletas de seleção e campeoníssimas do vôlei de praia, além da direção do CIEP e a totalidade dos alunos daquele turno. Não poderiam esquecer da TV, é claro.

Curiosamente, esta foi a segunda vez que tive contato com um grupo de alunos com os quais eu faria pequenos esquetes de apresentação da metodologia. O primeiro foi na véspera. No grande dia, estando o ginásio repleto, e após alguns discursos, desenvolvi minha parte com os ensaios que julguei pertinente. O auge da apresentação, constituindo-se surpresa geral, foram as brincadeiras produzidas com um paraquedas que reservo como surpresa. Em torno dele cabem muitos indivíduos e todos, sem exceção (inclusive a governadora), foram convidados a brincar. E como se divertiram!

Terminado o evento, fui procurado por uma das diretoras que exclamou: “Estou aqui há 16 anos e conheço bem o meu ofício e nunca vi coisa igual. O Senhor chegou ontem, entretanto parece que as crianças já o conheciam de longa data! Como é possível”? Certamente, referia-se à conduta do professor em relação ao grupo e à linguagem (comunicação) empregada. Senti-me orgulhoso no reconhecimento de meus esforços na busca de uma metodologia inovadora e na conduta que abracei.

Instrução individualizada ou em grupo?

Este é o primeiro dilema que se nos depara. Pode ser também expresso como “que devo ensinar primeiro, a técnica (fundamentos) ou o jogo propriamente dito (tática)”? A experiência me ensina que os indivíduos estão ali para se divertir e brincar. Se lhes proporciono este quesito terei realizado seus desejos. Então, a pouco e pouco, sugiro que lhes seja garantida diversão e instrução, isto é, em cada sessão, exercícios técnicos e jogos. E para que esses exercícios não se tornem enfadonhos e despropositados, que sejam propostos de forma lúdica: ficam preservados ganhos psicológicos e participação mais intensa. Lembro que já presenciei treinos com 18 participantes que realizavam ataques na rede com utilização de uma forca; a cada ação, individualmente recolhiam a própria bola e retornavam à fila, isto é, aguardavam 17 outras intervenções.

O tempo que destinaria ao “aquecimento” prefiro que os alunos brinquem com o objeto do seu desejo, a bola. Se não tiverem intimidade com ela, seu aprendizado estará demasiadamente prejudicado. Se for possível uma bola por indivíduo será o ideal; caso contrário, o professor diligenciará para que cada um tenha o máximo proveito nestes contatos iniciais de malabarismos, lançamentos etc. A seguir, utilizo um estratagema em que, fazendo uma pequena encenação teatral, consigo que a cada proposta de exercício ainda não conhecido, TODOS os alunos se reúnam no centro da quadra. Ali, enuncio e já realizo rápida demonstração com alguns deles, sem a preocupação de detalhes (“linguagem proposta”). Dali retornam aos seus lugares nas miniquadras e, por sua conta, dão início à tarefa. É bem possível que neste momento haja uma dificuldade que deve ser compartilhada pelo grupo para a consecução da tarefa (“discussão e interação”). Para manter o ritmo dos exercícios (dinâmica da aula), uso também recurso bem simples: o grupo que utiliza o campo central será sempre o “demonstrador do dia”; antes de convocar todos ao centro antecipadamente já os instruo para a novel demonstração.

A partir da construção dessa linguagem posso aquilatar o ponto onde o aprendiz está e desenvolver uma psicologia de forma harmoniosa. Estes desafios são superados à medida que proponho novas tarefas. Nesse momento minha observação recai em “como cada grupo está realizando (pensando) sua tarefa”. A partir de agora minha tarefa torna-se mais difícil, pois se trata de saber “como e quando” intervir (“metáfora do andaime”). Um auxiliar poderoso poderá ser um dos próprios alunos do grupo com alguma experiência ou liderança, ou ainda, um pequeno lembrete: “Vejam como o grupo vizinho está fazendo”! Asseguro que as possíveis perdas nesta fase são insignificantes face aos ganhos inequívocos quando à maneira de pensar futura, que passa a integrar a personalidade do indivíduo. Além disso, como o objetivo nesta fase é exatamente “conhecer a linguagem”, convém que o professor administre muito bem a quantidade de ensaios a propor e o respectivo tempo de execução. Por enquanto, esqueça as correções técnicas. Considere que as tarefas não recaíram somente na administração de exercícios, mas também na “conquista” da comunidade, através de serviços voluntários de limpeza e lavagem do ginásio (mutirão) envolvendo os próprios alunos e suas mamães, o convite à participação de monitores, a aceitação de pequeninas crianças para brincadeiras paralelas e a recepção a jovens de outras comunidades.

Reflexão na ação

Creio que até então nunca se encontrou maneira confiável de realizar os objetivos propostos no planejamento de projetos. Todavia, tenho absoluta certeza que se houvesse continuidade neste tipo de trabalho criaríamos a possibilidade de identificar na prática caminhos para o desenvolvimento futuro na educação daquele grupo. Estivemos mostrando como aproveitar em “sala de aula” estes recursos potencialmente valiosos de aprendizagem e ensino, mesmo em condições não muito favoráveis, para as quais procuramos encontrar soluções e nunca nos queixarmos dos problemas. Para espíritos empreendedores as adversidades muitas vezes são desafios a serem transpostos. Naqueles momentos balizamo-nos em alguns princípios, utilizamos nossa intuição e experiência colhendo frutos virtuosos. Todavia, sabemos que temos muito a percorrer até encontrar o melhor procedimento.

Numa época em que muitos desafios e oportunidades novas surgem na educação, graças ao advento de novas tecnologias e subsídios computadorizados à aprendizagem e à instrução, achamos que vale a pena lembrar das dimensões sociais e interativas do crescimento e desenvolvimento humanos que a educação física e os desportos suscitam. Suspeito e concordo que os recursos mais preciosos para uso em “sala de aula” continuarão apresentando-se sob a forma humana.

O desenvolvimento de uma teoria eficaz do “ponto onde o aprendiz está” e a construção de uma “psicologia do assunto” que seja operável representam desafios formidáveis. Quando se está trabalhando com uma classe grande a combinação de ambas as teorias para saber qual o “próximo passo” a dar aparenta ser uma exigência impossível. Neste particular, o professor torna-se um privilegiado em relação ao técnico desportivo.

A seguir, Lições de um projeto e perspectivas da aprendizagem – (final)