Desafio: a Nova Forma de Ensinar

Conhecimento na Rede

Complementando o texto anterior “Formação Continuada e Conectivismo”, peço licença ao Professor Rafael Foltram que, em Ciência Hoje On-line deu-nos uma verdadeira aula apontando os caminhos da EaD. Aproveitem suas colocações e ensinamentos e, mais importante, tirem suas conclusões quanto ao caminho a seguir em matéria de Educação. Boa leitura.  

Construindo conhecimento em rede, por Rafael Foltram.

Professores discutem novas estratégias e possibilidades de ensino diante das alternativas digitais da atualidade e do acesso à grande quantidade de informação permitida por elas. Ferramentas não faltam.

O Quê Ensinar? A teoria do conectivismo parte da premissa de que o conhecimento é construído por meio de redes e interações. Esse processo – dinâmico, contínuo e complexo – pode se beneficiar das novas alternativas tecnológicas. Celulares, tablets, notebooks e outros eletrônicos – quer queiram, quer não – fazem parte da vida de crianças e jovens em boa parte do mundo. Em vez de vê-los como obstáculo à educação, é hora de enxergar o seu potencial como ferramenta para aprimorar o ensino.

O conectivismo é uma das poucas teorias de aprendizagem que estão em sintonia com essa nova realidade. Idealizado por George Siemens, parte do pressuposto de que o conhecimento é construído por meio de redes e interações e busca responder a seguinte questão: como podemos ajudar o estudante a aprender? “Aprender é criar redes”, reafirma o colombiano Diogo Leal. Especialista em redes sociais na educação, Leal participou do congresso PeopleNET in Education, realizado no mês de março, em São Paulo, com o objetivo de estimular a reflexão e o bom uso das novas mídias em sala de aula. Na ocasião lembrou que a aprendizagem e o conhecimento se apoiam em uma vasta gama de informações provenientes de diferentes fontes, acrescentando: “Não é possível controlar as redes, mas pode-se influenciá-las”.

Professor: um novo papel. Novas tecnologias permitem o acesso rápido a um volume enorme de informação. Nesse contexto, o difícil é discernir o que é relevante e pertinente e o que é besteira e inútil. É aí que entra a figura do professor, para ajudar o aprendiz a construir conhecimento a partir dessa avalanche de informação. Para Leal, as tecnologias disponíveis hoje já seriam capazes de revolucionar os métodos de ensino. O que falta, segundo ele, é criar estratégias e ferramentas que as tornem efetivamente vantajosas para o aluno, sem tirar do professor o papel de “agregador, curador e amplificador de ideias e informações”.

O professor nunca foi tão necessário quanto é no contexto atual. A professora universitária Martha Gabriel, palestrante no congresso, também defendeu o papel fundamental do professor no mundo tecnológico. “O digital era só um apoio ao processo de educação tradicional, mas hoje há colaboração, troca; o poder está diluído na rede”, afirmou, salientando que, apesar disso, o professor não perdeu sua importância; muito pelo contrário. O professor nunca foi tão necessário quanto é no contexto atual, acredita Martha. “Hoje ele é um catalisador”, defende, e cabe ao educador entender esse papel e desempenhá-lo da melhor maneira possível.

Obstáculos. Um dos problemas desse novo processo de aprendizagem reside na possibilidade de se construir um movimento de “cegos conduzindo cegos”, como aponta José Arnaldo Valente, livre docente da Unicamp. De acordo com ele, não temos profissionais preparados para atuar nesse novo sistema, trazendo novas informações e garantindo o bom desenvolvimento do conhecimento. “O grande desafio está na formação dos educadores”, ressalta. Outro obstáculo seria o currículo atual, “elaborado para a era do papel e lápis”. Para o professor, seria necessária uma mudança curricular substancial no ensino. “A mesma amplitude de conteúdos pode ser ensinada, mas a forma de ensiná-los deve ser adaptada à nova realidade”, defende.

Ferramentas. Atendendo aos apelos de muitos professores ainda atordoados diante das novas alternativas digitais, foi apresentada durante o congresso uma série de ferramentas capazes de usá-las em prol do ensino. Plataformas gratuitas como o moodle possibilitam aos professores construir suas próprias redes virtuais. Esse software permite o desenvolvimento de um site personalizado que pode ser usado tanto como complemento aos estudos em sala de aula como ambiente para ensino à distância. Outra ferramenta amplamente utilizada para fins educativos é o site delicious, que agrega os endereços favoritos do usuário e publica-os em uma página própria. Dessa forma, links que o professor ou os alunos julguem interessantes podem ser facilmente buscados e compartilhados. Para encorajar a leitura, uma boa opção é o skoob, uma rede social brasileira de leitores. Nela, a página de cada usuário contém os livros que ele já leu e que está lendo e suas impressões sobre eles. O site permite a criação de grupos de discussão e acompanhamento mais restritos. Ferramentas não faltam; resta a disposição da comunidade escolar de ingressar na educação 2.0.

(continua)

 

Formação Continuada e Conectivismo

Formação Continuada  – Aspectos Básicos, Ensino a Distância, Resistência e Desafios.

E-Learning. Em junho do ano passado participei de palestras sobre Ensino a Distância (EaD) proferidas pela professora americana Caroline Haythorntwaite, cujo tema era “Aspectos Básicos do E-learning, teoria e prática. As conversas se desenvolveram no auditório do IBICT – Instituto Brasileiro em Ciência e Tecnologia (www.ibicit.br), na Praia Vermelha, Rio de Janeiro. As palavras-chave foram: E-learning, Aprendizado Online, Aprendizado Colaborativo e Redes Sociais. Além de uma outra muito especial, a CRIATIVIDADE. Como as abordagens são variadas, apresento breve resumo de temas ali comentados en passant, dado que não dispúnhamos de tanto tempo, mesmo utilizando-se o horário integral. Além disso, não tenho a mais mínima pretensão em ensinar sobre a matéria, mas mostrar que o Procrie pode contribuir em muito para a conectividade entre os seus visitantes que, ao que me parece, não estão sabendo tirar proveito adequado. Estão deixando de ganhar muito mais do que possam imaginar.

A Metodologia não requer a figura presencial.

  • Formação de pólos credenciados para atender locais remotos.
  • Conceito de presença (virtual).

Tendências

  • Utilização dos recursos tecnológicos; experiências francesas com o uso dos meios convencionais.
  • Curso de curta duração; experiências Pen State.
  • Novos modelos de avaliação; experiência de Quebec.

Educação a Distância

  • Educação ao longo da vida.
  • Redução da importância do diploma; educação como meio de sucesso profissional.
  • Escola da profissão.
  • Educação permanente; extinção da figura do “ex-aluno”.
  • Universidades internacionais; mega universidades (+ de 100 mil) não se utilizando somente uma, mas se integrando a algumas delas.

Aspectos Básicos, teoria e prática – Resistência e Desafio

  • Mudança ensina a “aprender juntos”; podemos olhar e ver o que está acontecendo e acertar o que estamos errando.
  • Como estamos caminhando? Fazer as mudanças necessárias ao meio.
  • Posso falar com TODOS os alunos; aprendizado ubíquo (= que está presente a um mesmo tempo em todas partes; sempre se aprende em qualquer lugar).
  • Importância maior é o Wireless.
Atividades livres e dirigidas em escola do RJ.

Para produzir um Curso (p.ex., o Mini Voleibol)

  • Atualização de Metodologia e Pedagogia.
  • Escanear obras, isto é, ter acesso imediato a obras relevantes, previamente consultadas e selecionadas.
  • Expressar-se escrevendo textos em linguagem informal; criar vídeos (do texto para o vídeo e vice-versa)
  • Importância das bibliotecas virtuais e não virtuais (modelo é a Wikipédia, em que há participação de pessoas ao mesmo tempo).
  • Participar e construir cursos gratuitos; não se pode enfrentar tudo sozinho, há que ter suporte.
  • Gestão das inovações e equipamentos, inclusive de pessoas que fazem parte das atividades.

Em fim, criar uma Comunidade, considerando inclusive a aquisição e produção do material e equipamentos necessários.

Sobre estes três últimos assuntos, vejam o que está ocorrendo em Portugal neste exato momento em  www.lousavolleyclube.com/summercup. Será que podemos fazer o mesmo por aqui? Inteirem-se sobre a organização do evento e construam um planejamento adequado às reais necessidades de sua comunidade. Junte-se a outras, e está formada uma conectividade. Querem tentar?

(continua…)

Aulas na Rede

            

Curso para docentes da rede pública, Ciep Tancredo Neves, Rio.
  
Quando a Aula Chega à Rede

Sou um assinante da revista Veja há algum tempo e reputo como um dos melhores veículos de informação que conheço. Nesta semana destaco a reportagem de Roberta de Abreu Lima sob o título à epígrafe (Veja, nº 37, p.124, 14.9.2010), que vem se somar ao texto que publiquei no dia 10 p.p. sob o título Redes Sociais. Parecem se ajustar à concepção que faço do serviço que estou a imprimir no Procrie. Durante a primeira fase dei ênfase aos textos dando-me a conhecer e a mostrar como é fácil “Aprender a Ensinar”. Passei para este segundo tempo estimulando a realização dos Cursos Presenciais. E, mais à frente, propostas de criação de Núcleos em todas as cidades desse imenso País.         

Criação de Núcleos. Falta-me coroar o trabalho com uma dimensão do tipo social e comunitária e uma nova postura do professor. Poder criar programas de ensino para jovens, crianças e adultos que queiram se exercitar e divertir-se. As aulas têm de se mostrar algo muito vivo em sua comunidade, exercer fascínio e liderança e assim, inspirar cada cidadão na prática da atividade e no convívio social. O sargentão, como era chamado no meio do século passado, ou os novos técnicos oriundos de pequenos cursos – os “do ramo” – já não têm vez e denota uma nova tendência pela qual passou a figura do professor neste início de século. O professor (ou treinador) carrasco, que intimida e humilha seus alunos, saiu da moda. O novo professor pede aos alunos que o chamem pelo nome, marcando de imediato a diferença em relação à formalidade despótica de seus antecessores. O tratamento afável e colaborativo tornou-se regra da nova geração. O passo seguinte nessa atitude mais aberta é estender a mão à cidade na qual o Núcleo atua, em especial para aqueles setores sociais menos favorecidos economicamente. Não que se deixe de lado os mais abastados, paradoxalmente talvez os mais precisados. A prioridade é fazer com que a sala – quadra –  seja frequentada por todos os cidadãos. Atualmente, os exemplos mais fulgurantes da integração social por meio do esporte ou da música nos chegam por meio de projetos de ensino para crianças e jovens. Eu ainda acrescentaria, “e de seus pais e mães”. Alie-se ainda a invejável capacidade de colaboração que desperta nesses jovens para adiante, serem eles próprios receptores da mensagem e passem suas experiências a outros indivíduos. Um aspecto interessante seria recrutar moradores da cidade que já atuaram em qualquer área desportiva ou de ensino, mas não tiveram oportunidade de evoluir. Eles tomariam aulas com os professores mais experimentados e se tornariam multiplicadores da obra. Além disso, antes de levar esporte a novo público e tornar-se um facilitador na comunidade, poderão conhecer com alguma especificidade a metodologia e atitudes pedagógicas simples e eficientes. Para tanto, o Procrie estará sempre ao alcance dos interessados.               

Escola. Evidentemente, que a preferência recai na localização dos Núcleos na própria escola, onde já se encontram professores e alunos. Deve (ou pode) haver um mínimo necessário de área e equipamentos para a prática da Educação Física e Jogos. Percebam que não citei o voleibol propositalmente, uma vez que postulo um aprendizado global, como poderão perceber no meu trato metodológico em várias postagens. Nas capitais e cidades em que existam federações desportivas, cuidem para que não sejam cooptados pelo sistema e caiam na arapuca dos dirigentes. A autonomia no processo é fator preponderante para uma democratização esportiva, isto é, realizarmos “Esporte para Todos”.  Atividades bem sucedidas melhoram o desempenho dos alunos nos campos cognitivo, afetivo e do relacionamento com os demais alunos e seus professores; criam elos importantes com suas escolas e podem ser utilizadas, com vantagem, na integração da escola com a comunidade. Dar oportunidade e capacitar professores de se desenvolverem é o objetivo primacial deste Projeto.        

Muito Computador, Pouco Uso. Segundo a reportagem, de acordo com uma pesquisa em treze capitais brasileiras, a maioria das escolas já dispõe de computadores (98%), mas eles ainda não estão sendo adotados em prol da melhoria do ensino, pois 72% dos profissionais não se sentem preparados para aplicar a tecnologia na sala de aula, sendo que 18% das escolas nem sequer fazem uso do laboratório de computação.                     

Um Bom Começo. Será necessário mais tempo para que as atuais experiências se reflitam nos grandes indicadores do ensino. Pode-se dizer que há indícios de que o impacto é bom, talvez decisivo. Segundo um levantamento da OCDE (organização que reúne as nações mais desenvolvidas), os estudantes que cultivam o hábito de navegar na internet são justamente aqueles que, ao longo do tempo, obtêm as médias mais altas. Em quarenta países, empurrados pelos mais variados estímulos fornecidos pelo computador, eles têm encontrado novos e atraentes desafios intelectuais no ambiente virtual. É justo que nesse contexto que as aulas copiadas da velha lousa se tornam completamente ultrapassadas e desinteressantes. Conclui a secretária municipal de educação do Rio de Janeiro, Cláudia Costin, à frente do novo projeto carioca: “Está claro que não há como obter avanços sem tornar a escola um lugar minimamente conectado à realidade dos estudantes, como estamos tentando fazer”.                     

Professores Cariocas. Nesta data (16/9) comemoramos o 1º aniversário desse site com um balanço sobre nossas atividades, eu produzindo textos e vocês, consumindo-os vorazmente, traduzidas em quase 600 visitas/mês (20% de todo o Brasil). E, incrível, em números sempre crescentes. Agora, com certeza mais cônscios, creio que podemos alavancar o processo. Entrarei em contato com a assessoria técnica da Professora Cláudia para colocar o Procrie a seu dispor mais uma vez. Imagino que temos muita contribuição a dar aos seus professores, já meus velhos conhecidos de cursos nos Cieps. Enquanto isso transcrevo a avaliação do Projeto Pedagógico Nacional que aquela secretaria realizou no início da década de 90:                   

 “Projeto interessante, rico pedagogicamente, que se coaduna com o Núcleo Curricular Básico Multieducação. A atividade básica do projeto é a prática do voleibol de uma forma mais lúdica. Neste sentido, há o favorecimento da participação de todas as crianças, não havendo uma submissão rígida à forma técnica do desporto, possibilitando-se assim a participação, independente da habilidade individual de cada indivíduo. Em suma, trata-se de uma atividade agregadora cuja metodologia pode ser estendida a outros esportes. A relação custo/benefício pode ser favorável. A Secretaria atenderia inicial e experimentalmente um determinado número de escolas com pouco dispêndio mensal – dentro dos recursos disponíveis – o que pode se tornar uma ação bastante multiplicadora a seguir”.        

Imagino que o ensino público fundamental na cidade do Rio de Janeiro detenha uma população de 700-800 indivíduos. É fabuloso e desafiador este trabalho e estou disposto ao desafio de conquistá-lo uma vez mais com todo o meu ser! Por que não tentá-lo outra vez? Aguardemos a decisão da secretária.