(Ilustração: Beto Pimentel)
Solução para velhos problemas na arbitragem
Ao que parece, pelo menos nas competições geridas pela CBV, não haverá mais aquela dúvida se a bola foi dentro ou fora das quatro linhas em voleibol, pois a entidade realizará testes com a aparelhagem importada da Polônia nas partidas finais das Superligas masculina e feminina. Acaba, assim, o recurso à marca que a bola molhada pelo suor dos atletas imprime no solo. E com ela, a frase que já ficou famosa: “veja a marca”! Na praia a variante seria “mexeu a linha”, que até hoje divide seus adeptos em longas discussões, uma vez que mesmo fora, e muito perto da linha, a bola respinga areia na marcação. E as discussões só cessam no chopinho após a praia.
A tecnologia vem sendo usada na Polônia e foi empregada no Mundial de Clubes do ano passado (Doha) pela Fivb. Pelo que se propala, as equipes só poderão solicitar ajuda para verificar se a bola foi dentro ou fora; se um adversário invadiu a quadra contrária; se o bloqueio tocou na rede; e se a bola ou algum atleta tocou na antena. Escapa, então, se a bola tocou no bloqueio e foi para fora; sendo assim, permanecerá com a decisão do 1º árbitro auxiliado por um de seus fiscais de linha. E, finalmente, não estão definidas ainda quantas solicitações o capitão da equipe poderá realizar por set.
Ensinar é contar histórias
É-me impossível não rememorar fatos diante de novos tempos, pois como afirmou Domenico de Masi citando Heráclito, “O tempo é um jovem a brincar. Às vezes, nos seus jogos, gosta de se divertir, sobretudo com a esfera emotiva, criando poesia, música e arte. (…) O importante é que cada homem saiba brincar com o tempo que brinca de modo criativo, sem se esquivar aos seus dons”.
A memória vem então se juntar à história e ambas tecem o fio de um novelo que não parece ter fim. As maiores dificuldades encontradas pelos pioneiros do vôlei eram exatamente as arbitragens. Poderão constatar nas extensas leituras que ofereço na obra História do Voleibol no Brasil, provavelmente a primeira vez que um pesquisador se aventurou a publicar em livro um capítulo específico. Entre elas, especialmente quando uma equipe que atuava na quadra do adversário, em caso de dúvida e pressionado pela torcida da casa. A bola fora (ou dentro), o toque no bloqueio, a invasão por cima, os dois toques, tudo era considerado tarefa de um só indivíduo que, muitas vezes era espezinhado em sua difícil e árdua tarefa. Dessa forma, in dubio pro reo.
“O tempo passou na janela, só Carolina não viu”, diz o lamento de Chico Buarque na sua doce canção.
Seja bem-vinda a nova tecnologia!