O Que Falta ao Brasil?

Primeiros passos – Muitas são as questões que envolvem a administração de uma Federação nacional. Assim, cabe ranqueá-las e destinar a elas tratamento preferencial nos primeiros anos. Não que se pretenda inventar programas de impacto ou resolver em curto prazo, em uma ou duas intervenções, problemas históricos. Mas é imperioso que haja objetividade e concentração dos esforços em algumas linhas de ação como apontam os debates preparatórios contando com diversos agentes esportivos, técnicos, jornalistas, atletas, funcionários. (Resumo de alguns temas da “Reunião estratégica” promovida pela CBV pouco antes da posse (1997) de seu atual presidente, Ary da Silva Graça Filho, em out./1996, no Hotel Méridien, Rio de Janeiro).

Inicialmente, deixar bem claro que se faz necessária uma definição precisa de como será feito o financiamento dos programas, caso contrário não se deve iniciá-los.

Principais Estratégias Propostas – Entre dez itens e, por ordem de importância, os mais votados pela assembleia de representantes foram, destacadamente:

1. Definição de projetos geradores de recursos – definição dos projetos que poderão trazer recursos para o financiamento das demais estratégias e vínculo direto aos projetos de marketing.

2. Desenvolvimento da base – a base é fundamental para a manutenção e melhoria do esporte e, desta forma, a priorização em projetos que reforcem a iniciação e as categorias inferiores torna-se fundamental para o sucesso da CBV em longo prazo.

Nota: o Autor (e participante) lembrou que a Federação Internacional já homologara o referendo do Conselho de Treinadores reunido em Leipzig, em 1972: “O desenvolvimento futuro e a expansão do voleibol no mundo estão ligados, em grande parte, ao número de crianças nele interessadas”. E, atualmente (jun./2012) lançou na internet o seu “Contributo ao Desenvolvimento do Voleibol”, que poderá ser visto em http://prezi.com/9nhuhq5t7coh/procrie/ ou www.procrie.com.br/procrienoprezi/ fruto de seu trabalho pioneiro desde jan./1974. (ver tb. item 6)

 3. Novo modelo estrutural do vôlei – a definição de um novo modelo de gestão para o vôlei trará um impacto positivo no nível de organização e eficiência do esporte como um todo. Isto envolve a definição das funções, uso da tecnologia e dos processos de gestão da CBV.

4. Plano de capacitação de recursos humanos – após serem estruturados os processos, é fundamental a definição do perfil de recursos humanos que deverão ocupar as novas funções na CBV. Nesta fase, deverá ser conduzida uma análise do potencial existente e recursos humanos e definir se é possível capacitá-los para os desafios a serem propostos ou ainda se deverão ser trocados por um perfil mais adequado. Será desenvolvido o plano de treinamento e desenvolvimento dos profissionais que comporão os quadros da CBV.

5. Definição de um calendário mais adequado – a adequação do calendário é uma função de alta relevância visto o desgaste dos atletas em participar de várias competições dentro de um curto espaço de tempo e, muitas vezes, com o sacrifício pessoal. Desta forma, uma revisão e adequação das diversas competições se tornam vitais para o sucesso do esporte.

6. Criação dos centros regionais de treinamento – é uma oportunidade de médio e longo prazo, quando seriam sedimentados os conceitos de expansão e nivelamento da técnica para todo o território nacional, capacitando as regiões de menor presença no cenário esportivo.

Nota: O Autor ofereceu à CBV (fev./2012) uma parceria com o Procrie para o desenvolvimento do voleibol principalmente em áreas distantes dos grandes centros através de ensino a distância conjugado aos Cursos Presenciais. A estratégia é oferecer Formação Continuada pela web a professores, e não só a ex-atletas. Visitem em  http://prezi.com/9nhuhq5t7coh/procrie/ (Ver tb. item 2)

7. Redução da distância CBV/federação – uma aproximação maior entre a Confederação e as federações trará um retorno para o esporte de forma exponencial, criando condições de expansão, padronização, apoio técnico e logístico, além de fortalecer cada vez mais a imagem do vôlei como um esporte de massa.

8. Profissionalização das federações e dirigentes – os quadros das federações e da Confederação deveriam ser preenchidos por profissionais que possam ser cobrados pela sua performance e pelo cumprimento de metas definidas no início da gestão. Este processo requer uma avaliação muito profunda do perfil dos cargos profissionais em relação às atividades a serem estabelecidas no modelo de gestão.

9. Pesquisa regional do produto a ser vendido – as pesquisas deverão ser efetuadas de forma localizada, permitindo uma modelagem correta dos produtos a serem oferecidos, ficando uma visão nacional para os projetos institucionais e de grande impacto.

10. Lobby – a força do esporte é um fator de extrema importância, tanto no aspecto esportivo quanto no social. Dessa forma, uma presença política junto aos órgãos executivo e legislativo é de vital importância para a sustentação dos projetos de base.

Conclusões e Recomendações – Ficou definido que a próxima ação sobre o planejamento estratégico será a definição das táticas operacionais de cada uma delas. E como desenvolver essas táticas?

A resposta a essa questão demanda um esforço de ação, pois deverá ser estruturado um comitê de coordenação e implantação das estratégias que terá como papel principal a coordenação e integração entre as diversas equipes de ação. O seu papel será o de desenvolver estudos detalhados das diversas formas de viabilizar as estratégias e partir para a ação de forma estruturada. Para cada equipe deverá ser definido um RESPONSÁVEL, o PRAZO e os RECURSOS que serão monitorados e cobrados pelo comitê de implantação. Após o preparo dos estudos de viabilidade de cada estratégia, o comitê se reunirá com todas as equipes de ação e serão definidas conjuntamente as melhores alternativas de viabilização e consolidação dos projetos. Entendemos que este seja um grande passo em direção à excelência que a Confederação estará dando e, com certeza, em 2004, nossas visões de 1996 serão realidade.

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Administração vencedora(*) – A sequência de resultados positivos é certamente fruto de uma administração de qualidade, que conseguiu transformar o voleibol no segundo esporte no coração dos brasileiros, e que conseguiu ótimos resultados também no vôlei de praia, reconhecidamente uma das potências mundiais.

Seleção masculina – Os resultados de 2001 a 2006 são, por muitos, atribuídos à grande qualidade da equipe, mas principalmente à capacidade do técnico Bernardinho de obter resultados. Após o campeonato mundial de 2006 a seleção brasileira ocupava o primeiro lugar no ranking da RIVB, com 195 pontos (63 pontos a mais que o segundo colocado, a Itália). Dos onze jogadores no topo do ranking brasileiro (valendo 7 pontos para as equipes), dez atuavam no exterior e um estava sem equipe. E em 5 de janeiro de 2008, a seleção já aparecia com 260 pontos (60.5 pontos a mais que o segundo colocado, a Rússia), a maior pontuação da história do Brasil no ranking da FIVB. Nas categorias de base, o Brasil também ostenta bastante tradição, sendo o maior vencedor do campeonato mundial sub-19 e o segundo maior vencedor do campeonato mundial sub-21.

Seleção feminina – A seleção já conquistou os principais campeonatos de voleibol, com exceção apenas do Campeonato Mundial e da Copa do Mundo onde o Brasil acabou levando a medalha de prata em três oportunidades em cada competição. Nos Jogos Olímpicos o Brasil possui três medalhas: uma de ouro conquistada recentemente em Pequim (2008) e duas de bronze conquistadas em Sydney (2000) e Atlanta (1996). Já nos Jogos Pan-Americanos o Brasil possui quatro medalhas de ouro (1959, 1963, 1999 e 2011), duas de prata (1991 e 2007) e duas de bronze (1955 e 1979). Nas categorias de base, o Brasil também ostenta bastante tradição, sendo o maior vencedor dos campeonatos mundiais sub-20 e sub-18.

(*) – Fonte: Wikipédia.

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O Que Falta ao Brasil?

Trata-se agora de repensar e traçar novos objetivos a serem alcançados, uma vez que o sucesso em algumas áreas pode enebriar e comprometer o futuro de metas traçadas e ainda não alcançadas. Quanto ao trabalho excepcional do Bernardinho, não se esqueçam que enquanto ele treina por meses a seleção, muitos trabalham silenciosamente com milhares de jovens anônimos aspirantes a jogador de voleibol, no feminino e masculino. O trabalho de dirigir uma seleção é realizado por poucos, no entanto, são muitos os que se dedicam à Formação e, a eles, o mérito de detectar os talentos nesse processo de renovação que aliás, ainda deixa muito a desejar, haja vista a extensão territorial e população brasileira.  

Iniciação e Formação de Professores – Os formadores de professores e treinadores de voleibol no Brasil são as Escolas de EF e a CBV, através de seu Curso de Técnico. Em ambas as instituições, jamais foi dada ênfase à questão epigrafada, realizando-se tão somente à recitação dos currículos pré-estabelecidos há mais de cinco décadas. Será que o País mudou de lá para cá? Como são moldados nossos atuais professores? E os treinadores, obrigados a cursos de 8 dias, creio que padronizados pela Fivb. E as cabeças coroadas do desporto brasileiro a nos dizer que a base do esporte está nas escolas! No caso do voleibol basta assistir a uma única aula em qualquer educandário do País para se aquilatar que é tarefa hercúlea. É necessário urgentemente que se administrem conhecimentos de qualidade e mais profundos à classe de docentes, especialmente na Metodologia e Pedagogia, e não vender-lhes pacotes com receitas técnicas. Além disso, o acompanhamento de seu trabalho e métodos que a Internet nos faculta, especialmente neste território continental. Só assim democratizaremos o ensino e a um custo baixíssimo. 

Vejam no site Prezi acima recomendado, mais uma contribuição pedagógica e metodológica em Projeto Educativo Nacional, Primeiros Passos, uma proposta às escolas e associações que tratam da Formação em voleibol. Lembrando que pode ser extensivo a qualquer desporto. A grande vantagem para o docente, principalmente o não especialista em voleibol, é que terá acompanhamento individualizado, tornando-se o Procrie o seu coorientador. Como se poderá aquilatar, a participação assinalada nos itens 2 e 6 parece decisiva e oportuna neste momento, só dependendo de fatores administrativos decisórios. Enquanto isto continuamos nosso trabalho com a certeza de estarmos dando mais um passo à frente embasados nos resultados de nossa extraordinária aceitação por todo o território nacional e além fronteiras, especialmente em Portugal.