Financiamento a Projetos

Um exemplo a ser seguido, mas com cuidado.

Congratulo-me com os gestores educacionais de Maringá pelo oferecimento de incentivos a seus professores na formulação de projetos que contribuam para alavancar o esporte no Município. A partir de notícia colhida na Internet escrevo este artigo. 

A Secretaria de Esportes de Maringá (Sesp) montou uma equipe para facilitar e orientar na formulação e captação de recursos do Ministério do Esporte para projetos que poderão ser apresentados e avaliados pela Sesp. Os passos estão definidos a seguir e poderão servir de exemplo para outras Prefeituras. A partir daí trata-se de se esmerarem na difusão e democratização do esporte, um direito de todos.

Chamo a atenção para os pequenos grandes detalhes: “Não basta construir verdadeiros templos, mas dar oportunidade a TODOS e realizar com QUALIDADE. Para isto o Procrie estará sempre a acompanhá-los com projetos consistentes e duradouros. Percebam que venho disponibilizando programas de fácil execução, especialmente para escolas públicas, e também enfatizando sobre a importância de Curso Presencial, não só como reforço dos procedimentos pedagógicos, como pela confecção de materiais a baixo custo. Vejam o que se contém na última série de artigos na linha “Aprender a Ensinar”.  

Eis o teor da reportagem: www.odiario.com/esportes, André Simões; 25.12.2010.

Programa municipal – Mais dois projetos maringaenses foram aprovados na semana passada pela Lei de Incentivo do Ministério do Esporte (ME). Em reunião da última terça-feira, o ministério liberou captação de R$ 1, 950 milhão para o projeto. Ao todo, já são doze os projetos enviados ao ME, em fase de captação ou ainda esperando para serem analisados. Uma vez aprovados, os autores dos projetos têm uma verba limite para conseguirem captar, por meio da destinação do Imposto de Renda (IR) de pessoas físicas ou jurídicas para seus programas. O coordenador de projetos da Secretaria de Esportes de Maringá (Sesp), Alisson Gustavo Pereira, vê com otimismo o aumento do número de projetos contemplados, mas ainda nota receio das empresas em destinarem parcelas de seus impostos, por acharem que o procedimento chamaria atenção do Fisco. As pessoas físicas podem destinar até 6% do total do IR para os projetos da Lei de Incentivo; as pessoas jurídicas, 1%. O diretor de esportes e lazer da Sesp, Márcio Stabile, comemora o fato de que neste ano a secretaria conseguiu encaixar mais projetos na Lei de Incentivo. A prefeitura submete projetos próprios para aprovação em Brasília, mas qualquer interessado pode procurar a Sesp se quiser auxílio para compor uma nova proposta. “É só vir aqui que temos toda uma equipe para ajudar”, destaca. O diretor explica que, uma vez aprovada a verba, não é necessário conseguir captar todo o dinheiro previsto, com o orçamento do ministério funcionando como limite. “Se não der para conseguir tudo, basta uma readequação”.

Além da lei de incentivo federal, as prefeituras podem contar com programa próprio de incentivo ao esporte. A Prefeitura de Maringá, por exemplo, em 2010 destinou R$ 1,890 milhão a 21 associações esportivas, que devem apresentar como contrapartida equipes competitivas para representar o município nos Jogos Abertos Paranaenses (JAPs) e nos Jogos da Juventude. Para 2011, está previsto um aumento de 4% no orçamento. Grupos esportivos interessados em receber apoio do município devem encaminhar ofício à Sesp; como único pré-requisito, a associação deve representar uma modalidade esportiva que esteja nos JAPs e nos Jogos da Juventude e que não tenha equivalente entre as associações já contempladas. Stabile chama a atenção para o fortalecimento do programa municipal, lembrando que, quando foi implementado, em 1992, eram “apenas cinco ou seis” as associações contempladas. “Hoje já são 21. Conseguimos incrementar o orçamento graças a resultados expressivos nas competições”, diz o diretor.   Comentário. Por que as Secretarias de Educação – as escolas públicas – de todo o País não seguem este exemplo e se candidatam a receber tais incentivos? Com toda a certeza podem realizar muito mais com pouquíssimos recursos. Especialmente quando se sabe que os seus alunos, na sua esmagadora maioria, estão alijados das competições e eventos estudantis. Veja um dos motivos continuando a leitura da notícia. Por fim, ainda que sejam alocados recursos extraordinários devemos pensar e planejar o que realizar! Repetir o que se vem fazendo em termos de Iniciação Esportiva ou Formação não parece conferir confiabilidade a projetos; é pura perda de dinheiro, não precisamos de pisos importados e ginásios climatizados, mas um professor que tenha consciência e saber sobre seus afazeres. Que ele seja um educador, não um prospector de talentos. Estes surgirão sem dúvida a partir do momento em que se ofereçam oportunidades a todas as crianças, independentemente se em escolas públicas ou privadas. Espero que algum dos meus seguidores esteja atento ao momento e, em conjunto com colegas, realizem um grande mutirão neste sentido. Estarei pronto para visitá-los e contribuir com minha experiência para o seu pleno desenvolvimento. Lembrem-se que ainda ofereço um acompanhamento – tira dúvidas – além da divulgação do trabalho que realizarão. Boa sorte!

Professor de Vôlei (V)

Poder Pùblico

Roberto Pimentel, 15.7.2009  Vejo que coordenar ou administrar eventos é complexo, especialmente quando se está servindo a um órgão público. Sua posição é delicada, não tem garantia alguma se estará no cargo no dia seguinte. E todos os participantes sabem disso. Dessa forma, fica muito difícil permanecer na função com independência, pois terá que ter muito “jogo de cintura”. Pelo que consta do site, são muitos os personagens no staff administrativo e, com certeza, cada um com vários interesses. Diz-se com muita propriedade que “nada dá certo quando o poder público comanda qualquer coisa neste País”.  Torço para que vocês sejam a exceção, mas se continuarem a agir da forma que estão fazendo, nada mudará. Aliás, com a entrada de novas modalidades o problema se agravará, uma vez que estará visando o aumento de participantes, quando o problema real está no docente e a direção pedagógica da escola. E, também, na organização do evento que repete os mesmos erros filosóficos e pedagógicos de nossos tempos: a exclusão de muitos em favor de uma minoria. Por que não organizar eventos de caráter INCLUSIVO? É a única fórmula que conheço para uma perspectiva de incremento no número de participantes, o que daria o mérito à Secretaria de produzir a inclusão de todos os alunos, não só os mais talentosos. Pela excelente descrição que nos brindou, uma verdadeira avaliação, percebo que um diagnóstico concreto conduziria suas ações para aspectos menos competitivos – onde o tom não deveria ser a competição, a busca dos talentosos, mas a QUALIDADE do ensino na própria escola. E esta qualidade deverá passar sempre pelo atendimento de TODOS, e não somente os selecionáveis. Este é o principal erro do modelo a que estamos acostumados e que copiamos ano após ano. E ainda proclamamos que o “esporte educa…”

Certa feita estive com uma diretora de escola particular famosa em Niterói e conversamos sobre este assunto. Ela dizia que o educandário estava ótimo no quesito Educação Física, pois as equipes femininas eram participantes e vencedoras em campeonatos cariocas. Congratulei-me com a escola por ter duas equipes de destaque (24 atletas) e indaguei-lhe a respeito dos 376 alunos restantes, objeto de meu interesse. Calou-se!

Proclamam que tais atividades tiram as crianças das ruas, contribui para socializá-las, é um direito constitucional etc., mas, na prática, as ações são efêmeras e pouco eficazes. Repetem-se as mesmas fórmulas excludentes. Aliás, como relata, já não se consegue manter os mesmos praticantes, que se desencantam e tomam outros caminhos. Não mais acreditam no que estão fazendo, saem em busca de outros divertimentos ou atrações. Se tal acontece no nível de competição (entre os selecionados na escola), imagine quanto aos demais.  

Um “recomeço”. Mantenha o que vem fazendo e produza novo evento utilizando somente o minivoleibol (tem a preferência das meninas) sem a preocupação de competições e vencedores, mas verdadeiros Festivais de congraçamento (os gastos são mínimos). P. ex., a escola que se apresentar com maior nº de componentes – alunos, pais, professores de outras disciplinas e afins – recebe um carinho especial (menção). Tem o mérito de aproximar da escola os responsáveis. Estes Festivais poderiam ser mensais, somente aos sábados. Os professores teriam que ter instruções preliminares (um curso lhes faria bem), mesmo os mais iluminados, para aprenderem a dar aulas para muitos alunos ao mesmo tempo. Provavelmente com professor gabaritado (em quem acreditem), não importa se da própria comunidade (consulte a todos) ou renomado, importante é que tenha conhecimento “profundo” e uma experiência neste mister. Certamente, não encontrará fácil este indivíduo no mercado. Tem até técnico da seleção nesta empreitada, mas…

Existe um colégio em Niterói que utiliza o minivoleibol há mais de 25 anos – as redes ficam disponibilizadas no pátio 24 horas. Os próprios alunos organizam os seus torneios sem interferência de qualquer professor. Cada turma (ciclo) tem a sua organização. Ao longo destes anos, quando o aluno opta por atuar na equipe do colégio, faz a alegria do professor responsável, pois já sabe jogar e tem uma experiência de vários anos. Dali surgiu, por acaso, um campeão mundial infanto-juvenil, o Leonardo. Este fato passou despercebido para os docentes, uma vez que a orientação sempre foi que o aluno fizesse a sua própria escolha e atuasse (fora da aula de EF) por sua vontade. E como jogam…!