Professor de Vôlei (VI)

Voleibol em São Luís (MA)

 

Roberto Pimentel, 16.7.2009.  Aos companheiros, Vejam artigo publicado no site www.sovolei.com /Ultimas/Tempo técnico. Trato do voleibol de praia e cito alguns aspectos da iniciação.

Cláudio, 5.8.2009. Estou fazendo parte da comunidade agora e gostaria de colocar que aqui em São Luís do Maranhão temos um Grupo do Volei que se preocupa com a formação dos alunos e criou um Festivolei, onde crianças de idade de 13 a 14 anos representam o infantil e os 10 a 12 anos representam o mirin. Montamos algumas quadras e reservamos um set para cada grupo poder jogar uns contra os outros. Acreditamos que isso faz com que os alunos possam se sentir muito mais valorizados, pois não existe cobrança técnica nem tática, só o prazer de estar participando e despertando neles o interesse pelo esporte. Somos a maioria dos colégios particulares, mas também temos professores de escolas públicas. Criamos uma competição de infanto masculino e feminino e colocamos os alunos chamados de competição ou seleção para competirem também dando continuidade ao trabalho feito com eles na fase de iniciação nos Festivais. Estamos comprometidos com o bem estar dos alunos sem esperar nada de federação ou de quem quer que seja. Tenho um blog pelo Colégio O Bom Pastor que se chama “blog do cbp” onde vocês irão encontrar fotos dos festivais e das competições criadas pelo Grupo do Vôlei. Aprendemos a dar-mos as mãos e estamos sendo vitorioso por isso. Massificar o voleibol é a nossa meta e estamos dispostos a dar continuidade ao processo.

Roberto Pimentel, 5.8.2009  Recebo com muita alegria a sua mensagem e a de seus colegas. Estão de parabéns pela iniciativa e a resolução de alavancar a atividade física e, por conseguinte, o voleibol, na cidade. Antes de mais nada devo colocar para você(s) que não sou “dono da verdade”, isto é, entrei nesta comunidade para aprender junto com todos. Apenas iniciei o debate colocando o tema “Iniciação ao Voleibol”. Assim, despertado o assunto, as experiências dos colegas vão sendo difundidas e com isto todos nós nos enriquecemos. Portanto, tenho particular interesse em me aprofundar no que fazem. Tentei entrar no blog mas certamente minha pouca intimidade com computadores tenha me impedido. Coloque textualmente o endereço e farei a visita. Preciso e, creio que todos vão querer saber, de mais detalhes e espero que responda às indagações:

1) quantos professores constam do grupo, há mulheres? 2) quantas crianças participam efetivamente? 3) quantas quadras e que dimensões? 4) todos contra todos dentro da categoria? 5) masculino, feminino ou misto? 6) % de meninos e meninas? 7) existe arbitragem, quem a realiza? 8) pais e responsáveis participam? 9) no Festival tem campeões? 10) periodicidade dos Festivais? 11) regras a serem obedecidas, ainda que rudimentares? 12) alunos de escolas publicas convivem (jogam) com os de escola particular? 13) alunos selecionados (de competição) competem além dos Festivais? onde? 14) quem e como treinam os selecionados? 15) e os demais, treinam durante as aulas regulares? Espero não tê-los assustado com tantas perguntas, mas imagino que o relato que fizer dará uma “autêntica aula de vida”. Uma vez mais congratulações e aguardamos os seus dizeres. Um grande abraço à direção pedagógica de sua escola a quem gostaria de conhecer.

Professor de Vôlei (V)

Poder Pùblico

Roberto Pimentel, 15.7.2009  Vejo que coordenar ou administrar eventos é complexo, especialmente quando se está servindo a um órgão público. Sua posição é delicada, não tem garantia alguma se estará no cargo no dia seguinte. E todos os participantes sabem disso. Dessa forma, fica muito difícil permanecer na função com independência, pois terá que ter muito “jogo de cintura”. Pelo que consta do site, são muitos os personagens no staff administrativo e, com certeza, cada um com vários interesses. Diz-se com muita propriedade que “nada dá certo quando o poder público comanda qualquer coisa neste País”.  Torço para que vocês sejam a exceção, mas se continuarem a agir da forma que estão fazendo, nada mudará. Aliás, com a entrada de novas modalidades o problema se agravará, uma vez que estará visando o aumento de participantes, quando o problema real está no docente e a direção pedagógica da escola. E, também, na organização do evento que repete os mesmos erros filosóficos e pedagógicos de nossos tempos: a exclusão de muitos em favor de uma minoria. Por que não organizar eventos de caráter INCLUSIVO? É a única fórmula que conheço para uma perspectiva de incremento no número de participantes, o que daria o mérito à Secretaria de produzir a inclusão de todos os alunos, não só os mais talentosos. Pela excelente descrição que nos brindou, uma verdadeira avaliação, percebo que um diagnóstico concreto conduziria suas ações para aspectos menos competitivos – onde o tom não deveria ser a competição, a busca dos talentosos, mas a QUALIDADE do ensino na própria escola. E esta qualidade deverá passar sempre pelo atendimento de TODOS, e não somente os selecionáveis. Este é o principal erro do modelo a que estamos acostumados e que copiamos ano após ano. E ainda proclamamos que o “esporte educa…”

Certa feita estive com uma diretora de escola particular famosa em Niterói e conversamos sobre este assunto. Ela dizia que o educandário estava ótimo no quesito Educação Física, pois as equipes femininas eram participantes e vencedoras em campeonatos cariocas. Congratulei-me com a escola por ter duas equipes de destaque (24 atletas) e indaguei-lhe a respeito dos 376 alunos restantes, objeto de meu interesse. Calou-se!

Proclamam que tais atividades tiram as crianças das ruas, contribui para socializá-las, é um direito constitucional etc., mas, na prática, as ações são efêmeras e pouco eficazes. Repetem-se as mesmas fórmulas excludentes. Aliás, como relata, já não se consegue manter os mesmos praticantes, que se desencantam e tomam outros caminhos. Não mais acreditam no que estão fazendo, saem em busca de outros divertimentos ou atrações. Se tal acontece no nível de competição (entre os selecionados na escola), imagine quanto aos demais.  

Um “recomeço”. Mantenha o que vem fazendo e produza novo evento utilizando somente o minivoleibol (tem a preferência das meninas) sem a preocupação de competições e vencedores, mas verdadeiros Festivais de congraçamento (os gastos são mínimos). P. ex., a escola que se apresentar com maior nº de componentes – alunos, pais, professores de outras disciplinas e afins – recebe um carinho especial (menção). Tem o mérito de aproximar da escola os responsáveis. Estes Festivais poderiam ser mensais, somente aos sábados. Os professores teriam que ter instruções preliminares (um curso lhes faria bem), mesmo os mais iluminados, para aprenderem a dar aulas para muitos alunos ao mesmo tempo. Provavelmente com professor gabaritado (em quem acreditem), não importa se da própria comunidade (consulte a todos) ou renomado, importante é que tenha conhecimento “profundo” e uma experiência neste mister. Certamente, não encontrará fácil este indivíduo no mercado. Tem até técnico da seleção nesta empreitada, mas…

Existe um colégio em Niterói que utiliza o minivoleibol há mais de 25 anos – as redes ficam disponibilizadas no pátio 24 horas. Os próprios alunos organizam os seus torneios sem interferência de qualquer professor. Cada turma (ciclo) tem a sua organização. Ao longo destes anos, quando o aluno opta por atuar na equipe do colégio, faz a alegria do professor responsável, pois já sabe jogar e tem uma experiência de vários anos. Dali surgiu, por acaso, um campeão mundial infanto-juvenil, o Leonardo. Este fato passou despercebido para os docentes, uma vez que a orientação sempre foi que o aluno fizesse a sua própria escolha e atuasse (fora da aula de EF) por sua vontade. E como jogam…!

Professor de Vôlei (IV)

 4. Reciclagem e problemas nas escolas 

Roberto Pimentel, 12.7.2009.  Infelizmente, os únicos seres neste país que conheciam o termo mini volei eram os que estavam muito próximos de mim. O Marco Aurélio só foi conhecer quando fui convidado para desenvolver técnicamente o mini no programa da CBV. Quem promovia TODAS as aulas de demonstração nas escolas era exatamente eu e mais ninguém. Desiludi-me face ao mercantilismo empregado na entidade. Imagino que tenham ficado órfãos quanto à metodologia a propor e as atitudes pedagogicas recomendadas para trabalhos com crianças. Se duvidar, frequente um dos cursos de formação que realizam. Outros, a quem emprestei e leram os Anais do 1º Simpósio Mundial de Minivolei da FIVB (Suécia, 1975), permaneceram estáticos no processo educacional, nada acrescentando ao que foi dito (e mal) há 34 anos. É incrível! Este é um dos motivos do site que estou lançando em breve. Instruir, “aprender a ensinar”, pela internet. Atualizar ou informar a quem quer fazer melhor e se interessa por uma boa formação para as crianças. Vou entrar no site e ver de que forma poderei ajudá-los.

Roberto Pimentel, 13.7.2009. Pediu-me que colaborasse na reciclagem dos professores para que eles despertem o interesse dos alunos pelo voleibol. Estive também examinando a apostila do minivôlei inserida no site da Secretaria de Esportes da Prefeitura de Duque de Caxias.   Após leitura rápida e breve análise do que estão a realizar, percebo que estão no caminho certo, isto é, incentivar a prática desportiva na escola. E mais, já agora com a preocupação da valorização do docente, através de estímulos à sua “formação continuada”. Em que consistiria esta reciclagem? Que ferramentas pedagógicas poderão contribuir para um crescimento dos docentes? Se lhes for perguntado, temos certeza de que as respostas serão evasivas e não nos levarão a nada. Você deu o primeiro passo através da confecção de textos pedagógicos. Todavia, pressupõe-se que sejam do conhecimento dos professores, pois a Pedagogia faz parte do currículo das escolas de Ed. Física. A releitura seria apenas uma lembrança de que existem alguns princípios que devem ser seguidos ao longo do ensino, já que a simples leitura (e você nunca saberá se leram) não vai modificar o comportamento deles. A tentativa louvável se perderá mais uma vez no imobilismo, isto é, tudo será igual no dia seguinte e as coisas se repetirão ano após ano. Que atitude tomar para mudar este estado de coisas?  

Todos lêem, aprendem, decoram textos. São capazes de discorrer horas sobre o assunto sentado a uma mesa. Contudo, tanta informação não é suficiente para se realizar uma aula em que se pretende ensinar algum conteúdo aos alunos. Psicologia é ciência, mas “ensinar é uma arte”. E o que falta aos professores que pretende auxiliar nesta difícil tarefa é APRENDER A ENSINAR. Precisam romper os grilhões que os prendem ao passado, um CHOQUE de criatividade e liberdade para pensar e agir, e não REPETIR ou COPIAR procedimentos usados desde a época de nossos avós. Imagino que precisam “ver e sentir” algo palpável, algo em que acreditem, que tenha crédito e que sintam que mude para melhor. E que eles podem também realizar. Há que se promover a transposição da TEORIA para a PRÁTICA. Tenho a receita para tal, já testada e aprovada ao longo de muitos anos. É um dos assuntos do site que estou criando. No caso da Secretaria, a sugestão seria um Curso de Formação Continuada para os professores que atuam no município, participantes ou não dos jogos escolares. Além disso sugiro um reexame do formato das competições de minivoleibol para crianças de 8-14 anos. Vocês poderão cooptar todo o universo do Ensino Fundamental, e não somente algumas equipes. Imagino que deva ser algo à parte dada a quantidade de participantes. Se quiser aprofundar o diálogo estarei à disposição. Não encontrei no site da Secretaria o “Fale conosco”.

Solução de problemas. Um lembrete para toda a Comunidade do Voleibol: estou à disposição para conhecer e tentar encontrar soluções para quaisquer problemas relacionados ao assunto. Isto nos enriquece a todos. Percebo que não está havendo manifestações de colegas. Participem, desnudem suas dúvidas ou problemas.

Guilherme, 14.7.2009.  Infelizmente já tentamos realizar cursos de reciclagem através da Secretaria mas parece que nossos professores e outros não pecisam adquirir novos conhecimentos apesar de demonstrarem através de seus alunos que o caminho que estão trilhando não está dando certo como você pode ver pelo número de equipes participantes, que vem caindo ano a ano. Talvez devessemos oferecer cursos com pessoas fora de nossa comunidade e de algum renome para ver se assim eles se interessam. Sei que alguns leram os textos do site e até tentam segui-los mas a maioria quer abraçar o mundo e passa a tomar conta de várias equipes em várias modalidades o que os leva a não conseguir se dedicar e demonstrar conhecimento firme e seguro para prender a atenção de seus alunos. Temos tambem vários “professores” que se aproveitaram dos “cursilhos” que o CREF ministrou  e que felizmente não o faz mais e possuem “títulos” de provisionados que lhes permite atuar com equipes escolares. No nosso Regulamento permitimos a participação apenas de Professores formados, estagiários de Educação Física acima do quarto período (conforme a lei) e estes que conseguiram a tal carteirinha do CREF. A única maneira que encontrei para efetuar alguma mudança foi acrescentando dentro do Regulamento as regras específicas do Voleibol Infantil e do Minivolei e dando uma atenção maior na categoria infantil e sub 12, que possuem um número significativo de modalidades e consequentemente pontuação para o Troféu Geral. As escolas públicas melhores colocadas ganham o direito de poder participar do JEEP. As campeãs de cada modalidade podem atuar como representantes da Olimpíada da Baixada (competição organizada pelo jornal O DIA) e a partir do ano de 2010 o Prefeito prometeu prêmios às escolas melhores colocadas. Quanto ao link – Fale conosco. realmente foi retirado pelo desuso total já que eles preferem efetuar a comunicação pessoalmente comigo nos locais de jogos e ao final de cada ano realizamos a reunião final de avaliação e nesta, as sugestões, reclamações e críticas são avaliadas pela Comissão Organizadora. Continuarei insistindo no processo de conscientização dos professores através das mudanças que pretendemos realizar em outras modalidades também, tais como o mini handebol, o tênis pongue (iniciação ao tênis) e o mini basquete. Obrigado pelos conselhos e atenção.

Professor de Vôlei (III)

3. Cursos de Formação Continuada

Guilherme, 10.7.2009 – Realmente a proposta do minivolei se perdeu pelo interesse mercantilista e se tornou até bem rentável visto que eu consigo montar quadras de minivolei por menos de R$ 250,00, muito abaixo do que é cobrado pela federação. Estou agora mesmo finalizando a remodelação da quadra do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro ( Engenho Novo) onde trabalho, com a montagem de 3 quadras dentro dos 3 espaços de 9 x 6 metros da quadra de Voleibol. Quando me referi ao conhecimento, o mais profundo possível, quis dizer exatamente o que você salientou. O professor ou a pessoa que trabalha na iniciação não está devidamente preparada. Num dos dois cursos de especialização de Voleibol que fiz, ( o de nível 3 da Confederação) fui perguntado ao final do curso por que eu havia decidido fazê-lo já que eu não era um dos ex-atletas e nem alguém do meio. Respondi que era exatamente para adquirir o conhecimento necessário daquilo que um atleta de voleibol precisa saber no alto nível para poder ludicamente mostrar às crianças iniciantes o caminho melhor  para se atingir o ápice. Talvez desta forma o futuro atleta consiga chegar com uma condiçao melhor e com muito menos erros a serem corrigidos já que isto também não é devidamente observado. Na maioria dos casos prefere-se ceifar aqueles que têm algum defeito. Não se corrige o jovem com alegações de não terem tempo para isto, eu diria que é mais por falta de não se saber corrigir. Um grande abraço e aguardo com bastante interesse o lançamento de seu site para continuarmos a trocar informações.

Roberto Pimentel, 10.7.2009 – Imagino que tenha ganho um grande parceiro nesta cruzada. E você citou algo que outrora muito me marcou. Trata-se da empáfia de alguns treinadores que, às vezes prestam um plantão nos cursos da Confederação e, nesta condição, parecem estar prestando um grande favor aos simples mortais que vão ali para arender e pagam por isto. Taxar um professor ou mesmo um indivíduo que não tenha sido federado – “não é do ramo” ou “do meio” – não dá direito a ninguém de ser tratado com tanto desprezo. Um amigo meu já passou por tamanho descalabro. É uma pena que continuem a ser solicitados pela entidade para instruirem os agentes educadores “do ramo”. E, mesmo assim, conheço vários que nunca jogaram voleibol, foram iniciados treinando mirins, infantis, simples auxiliares. Mais tarde, talvez por obra do “espírito santo”, tornaram-se os donos da verdade e acham que podem espezinhar os que lhe vão suceder. Realmente é uma pena! E tenho certeza de que são resquícios dos tempos de ditadura a que estivemos submetidos. Duvido que em algum curso no Brasil vão lhe dar informações a respeito da iniciação para crianças e até mesmo para adultos. Eles NÃO SÃO DO RAMO. Querem esquecer que um dia já tiveram que fazê-lo e não souberam. Podem até imaginar que se foram campeões com as suas equipes, receberam o diploma de capacitação. Pobres coitados… Se precisar de ajuda imediata no Pedro II fale-me. Creio que numa quadra com as dimensões do basquetebol você poderá dispor de 4 campos, abrigando pelo menos 36 alunos em prática constante. Ainda a respeito de seus primeiros dizeres (1ª aparição) aconselho-o a não se preocupar com a perfeição dos movimentos técnicos. Seria de bom alvitre que os alunos absorvessem as instruções para que possam se divertir e jogar. Para tanto, alguns detalhes podem facilitar a tarefa do professor. Posteriormente, a pouco e pouco, tem início as primeiras instruções para a melhoria da técnica individual, lembrando que pode ser feita “brincando”. Nada de coisas chatas! 

Guilherme, 10.7.2009 – Realmente você acertou em cheio como eu me senti fazendo o primeiro curso de especialização onde estavam vários figurões do Voleibol, alguns campeões olímpicos inclusive. E a dificuldade que alguns apresentavam diante de um probleminha simples era gritante mas prontamente abafada pelo Coordenador do curso ( o da empáfia). Claro tambem que nem todos os figurões tinham o mesmo comportamento. Sete anos depois encontrei-me com este mesmo Coordenador em um outro curso e percebi que alguma coisa havia mudado. Estava um pouco mais humilde e durante o curso confessou que precisava mudar a forma de apresentar o curso, dando uma maior importância à iniciação. Agradeço seu conselho e vejo que sempre estive num caminho adequado pois não tenho muito esta preocupação. Meus alunos tem a total liberdade de criar e sempre lhes apresento jogos e brincadeiras em que a exímia execução não faz parte do contexto. Tenho sempre o cuidado de apresentar o movimento de forma lúdica conforme aprendi com aquele que foi um de meus inspiradores ( Prof. Afonso MacDowell da UFRJ, deve ter sido de seu tempo também). Agradeço a sua ajuda e pode contar também com minha humilde colaboração. E lembre-se de me enviar o endereço do site quando estiver no ar.

Roberto Pimentel, 11.7.2009 – O minivoleibol na UFRJ?

Um pouco de história (experiência) sempre pode ajudar a construir o futuro e saber onde se está pisando. Isto ajuda a alicerçar os nossos pensamentos e idéias, que vão clarear os passos péla vida. Penso que conheço relativamenet bem o Professor Afonso e ele a mim, provavelmente desde 1959, desde o Botafogo. Ele é uma ou duas turmas após a minha na antiga Escola Nacional de Edução Física e Esportes (atual UFRJ). Conclui o curso em 1967. Sou pioneiro do minivoleibol no Brasil. A primeira manifestação deu-se em Recife (PE) em janeiro/1974, no primeiro dos dois cursos que ali realizei com o patrocínio do SESI-Nacional. Um outro curso (3 dias) foi em Santo André, em instalações também do SESI, com a participação de professores que se tornariam famosos no cenário esportivo do País, como Walderbi Romani (ex-técnico de seleção brasileira) e José Brunoro, que as novas gerações aprenderam a admirar por seus excelentes trabalhos em diversas áreas até nossos dias. Por diversos anos ofereci-me a universidades para realizar palestras e aulas-demonstração da metodologia que estava desenvolvendo e colocando em contraponto ao que se fazia em matéria de iniciação, inclusive na UFRJ. Somente o Paulo Matta, em 81, convidou-me para tal, no curso de técnica da UERJ. O Célio, na Gama Filho, junto com o seu auxiliar de ensino, o professor Luís Washington Cancela, também do Pedro II (São Cristóvão). Este, posteriormente, adquiriu o equipamento que produzo: três redes e os respectivos postes e bases para sua instalação. Algum tempo depois, o professor Vasco, adjunto na UFRJ aceitou meu oferecimento e lá estive em duas ocasiões. Na primeira, o Afonso estava aposentado; na segunda, havia retornado á cátedra, e assistiu minha aula sem qualquer manifestação ou comentário. Daí para frente, nada me foi dito nem perguntado. Ignoro… Existem mais coisas sobre o mini voleibol e sua metodologia que conto no livro que estarei lançando em breve sobre a História do Voleibol no Brasil.

Guilherme, 11.7.2009 – Estudei na UFRJ entre 1976 e 1980 e em nenhum momento foi mencionada a palavra minivoleibol. Fiz ainda a minha primeira especialização em Voleibol na UFRJ (1978) e também neste curso não houve menção alguma. Apenas bem mais tarde eu vim a conhecer esta metodologia através do Prof. Marco Aurélio por meio da Confederação que fazia demonstrações nas Escolas para vender o produto. Trabalho atualmente na Coordenação dos Jogos Estudantis de Duque de Caxias e consegui desde o ano passado implantar como uma das modalidades infantis o minivoleibol para desta forma obrigar aos professores das escolas do município utilizar de um meio lúdico para despertar o interesse de seus alunos pelo voleibol. Esta infelizmente tem sido a única maneira de conseguir que os professores trabalhem da forma adequada, pois o que se observava nos anos anteriores era uma sucessão de erros e de exigências absurdas que os professores impunham a seus alunos. O minivolei é jogado na categoria sub 12 e no voleibol infantil (até 14 anos) utilizo a mesma regra que a Federação Carioca utiliza no mirim, ou seja, a proibição do sistema 5 x 1, do líbero, do saque saltado e de 2 substituições no segundo set. Estou agora, se achar tempo, preparando uma apostila do minivolei para os professores já que temos um site específico dos Jogos e, através dele, coloco alguns textos para a reciclagem deles e gostaria de sua colaboração. Caso queira visitar o site acesse http://www.jogosestudantis.com.br.

Professor de Vôlei (II)

2. Problemas na Iniciação Esportiva

Roberto Pimentel, 20.6.2009 – Permiti-me resumir as dúvidas e dificuldades que relataram. Coloquei algumas outras para discutirmos e buscarmos as soluções, como uma “paradinha para pensar” e enxergar as questões de outro ângulo. Para termos ideias novas, criativas, inovadoras, opinião independente, temos que aprimorar primeiro os nossos sentidos. Não lhes parece o melhor caminho? Parece que não estamos sozinhos. Entrem na “comunidade do basquete” e observem o que dizem os professores a respeito da evasão de protagonistas no RS e em Barueri (SP): “Vão discutir o problema com a coordenadoria”. Estou inclinado a convidá-los para nossas discussões, pois não acham que têm as mesmas dificuldades?

Guilherme … (1) Metodologia não motiva – (2) Crianças não conseguem jogar – (3) Exercícios monótonos – (4) Solução: aplicação de pequenos jogos; redução da quadra; não exigência de técnicas apuradas.

(1) Convite a uma busca de uma Nova Metodologia, motivo dessas conversas. Como fazer? As “receitas” são muitas, mas não redundam em melhoria. Trata-se do grande abismo entre Teoria e Prática. (2) TODOS jogam a partir da 1ª aula, não importa a sua habilidade. É importante para que se sintam seguros, participantes, incluídos entre todos: “Sou capaz!” Os aspectos psicossociais estão inteiramente assegurados e prestes a se desenvolver com força. Como realizar esta façanha numa classe? No clube os “mais fracos” seriam alijados. Devo fazer o mesmo na escola ao dispensar da aula quem não quer jogar? Só jogam os melhores? (3) Utilizo muito material “alternativo” para CRIAR os exercícios. Todos praticam ao mesmo tempo e NÃO há preocupação com o gesto técnico. Inicialmente, o que importa é que as crianças consigam ter a sensação de que estão jogando. A pouco e pouco terão mais informações. Isto implica no que disse a respeito de ”produção, atração, envolvimento, brincadeiras”. (4) Está perfeito. Contudo, a condução da classe é outra questão. Ensinar não é uma ciência, mas uma arte.

Milton… (1) Escola ou clube? – (2) Práticas lúdicas e desafios – (3) Jogo em campo reduzido.

(1) Produzi treinos excelentes em clubes renomados do Rio; o Bernardinho aplicou no Centro Rexona, em Curitiba, o mini vôlei que me “encomendou” na Praia de Copacabana; o governo estadual do Paraná aplicou-o em várias escolas. Por que não daria certo? Qualquer mudança é traumática. Os novos profissionais são levados pelo sistema a resolver estes problemas práticos, aplicando certo número de “receitas” técnicas que representam fórmulas dogmáticas ultrapassadas durante anos. Não há tempo para parar e pensar? (2) Está certíssimo, desde que haja um planejamento das ações orientadas para o aprendizado da modalidade e respeitados aspectos psico-fisiológicos da criança. (3) Perfeito, porém não basta. Como fazer numa aula com 20-30 alunos? Como motivá-los? Classes mistas? E as diferenças?

Em outro momento, se estiverem interessados, vou dizer-lhes como consegui reunir 400 crianças (8-13 anos) em curso regular na “minha praia”.

Guilherme, 8.7.2009 – É bom saber que não estamos no caminho errado. Claro que a motivação da aula é de fundamental importância e é aí que se deve depositar todo principio da aula, treino ou jogo. A ludicidade com as crianças funciona principalmente com a diversidade de atividades e materiais, mas toco aqui num elemento que considero fundamental para o ensinamento de qualquer desporto. O conhecimento, o mais profundo possível, para que aquilo que se pretende alcançar, para que o aluno ou atleta execute o movimento de forma correta, para que os movimentos não sejam executados sem um intuito ou de forma dispersa. Pensar no se faz. E para isto a segurança em corrigir, demonstrar e explicar os objetivos depende deste conhecimento profundo. Seria interessante também a troca de experiências neste nível, pois só encontramos bibliografias e estudos do voleibol de alto nível ou competitivo. As bibliografias que versam sobre a iniciação são a meu ver falhas e sem muita objetividade, muito vagas e monótonas.

Roberto Pimentel, 9.7.2009 – Fico feliz pelo aceite à participação neste bate-papo sobre a Iniciação Desportiva. E está de parabéns pelas colocações. Você mexeu muito na minha cabeça grisalha para rebuscar coisas que possam ajudar-nos nesta missão.

“O melhor cérebro da Europa Hans Magnus Enzensberger, poeta e ensaísta alemão, é um raro exemplo de intelectual que sugere que se debruce sobre um assunto com a dedicação do especialista; todavia, ele se distingue dos especialistas pela variedade de questões às quais sua curiosidade o conduz”. (Veja, 24.6.2009)

No Brasil nunca houve indivíduos – muito menos cientistas – que se preocupassem com a Iniciação Esportiva. Pelo contrário, sempre foi uma área desprezada, entregue a pessoas também muito mal preparadas, verdadeiros curiosos ou “quebra galhos”. Você mesmo observou ao consignar que as bibliografias que versam sobre o tema são falhas e sem objetividade, muito vagas e monótonas. Traduzindo, não ensinam absolutamente nada. E em continuação, mostra o caminho que devemos seguir – a troca de experiências sobre a Iniciação – pois os estudos que existem se reportam ao alto nível e só se pensa na competição, sempre com a proposta de GANHAR a qualquer preço. Você diz nas entrelinhas que precisamos buscar novos conceitos e metodologia em substituição ao que as Escolas de Educação Física e Cursos de Técnica espalhados pelo país vem praticando (e repetindo), isto quando se ocupam da matéria, pois na maioria das vezes, não merece qualquer atenção. Esse despertar teve início a partir da introdução do min voleibol no Brasil, do qual sou pioneiro. Concluí que seria interessante para todos os docentes, não treinadores de clubes, que se tomasse conhecimento do método e que o desenvolvêssemos entre os colegas. Muitos anos se passaram até que foi colocado nacionalmente no chamado programa Viva Vôlei, da CBV (fui o mentor técnico). Mas a visão dos dirigentes era mercantilista, queriam e estão conseguindo tão somente vender o produto. A proposta filosófica e a metodologia foram mais uma vez deixadas de lado e continuam “empurrando” para os menos avisados, todo aquele entulho didático do qual será muito difícil nos livrarmos. E pobre dos novos acadêmicos que não têm a quem recorrer (bibliografias falhas, no seu dizer). Como fazer?

Uma observação importante: tanto no Brasil, como em muitos países, comete-se o erro de aplicar no mini voleibol a mesma metodologia que conhecemos, aplicada aos adultos para treinamento competitivo. E o que quer dizer com conhecimento, o mais profundo possível? Dentro de mais alguns dias espero estar lançando um novo site para auxiliar na solução para este estado caótico do ensino, especialmente da Iniciação. E não importa que desporto você pretenda ensinar. A proposta é online, voluntária, dirigida especialmente aos docentes que atuam em escolas e, especialmente, aos que não possuem qualquer intimidade com o voleibol. Pretendo oferecer toda minha experiência no setor e, principalmente, propor uma metodologia construída em parceria com o professor, segundo suas circunstâncias e objetivos. Para tanto, uma passagem da TEORIA para a PRÁTICA. E garanto o seu sucesso. Isto talvez contraste e o assuste, pois você referenda uma postura de conhecimento profundo. Estarei me baseando em teorias da aprendizagem, tal qual os pedagogos de plantão das universidades instruem, mas não ensinam. A pequena e sutil diferença é que estarei mostrando na prática como realizar e observar fenômenos manipuláveis, o primeiro passo para uma mudança de atitude frente ao problema.

(…) Pensar no que se faz. E para isto a segurança em corrigir, demonstrar e explicar os objetivos dependem deste conhecimento profundo. Chamo a isto “Aprender a Ensinar”. Muitos dizem Psicologia é ciência, mas ensinar é uma arte. A comparação do desempenho de um perito com o de um iniciante, por exemplo, revela não somente diferenças de rapidez, fluidez e precisão nas ações, mas também na estrutura da percepção, memória e operações mentais dos envolvidos. A partir deste ponto de vista, os atos de aprender a aprender, pensar e comunicar-se são explicados em função da aquisição de diversos tipos de perícia. Este me parece um caminho que devamos percorrer quando estabelecemos um planejamento para ensinar um indivíduo ou grupo de pessoas. E Vigotski nos dá uma ajudinha neste processo com uma ferramenta muito preciosa, a zona de desenvolvimento proximal.

Em outra ocasião falaremos dela.

Professor de Vôlei (I)

1. Iniciação & Formação na Escola

Há algum tempo dei início a um bate-papo sobre a Iniciação e Formação em voleibol em conceituado site nacional. Foi uma excelente experiência em que pude manifestar-me livremente e perceber o interesse de alguns professores sobre o tema. Depois de já bastante consistente em seu bojo tive a satisfação de perceber que foram copiados na íntegra para outros blogues. Agradeci textualmente aos que me deferiram e me afastei temporariamente, coincidindo com a entrada do meu blogue primitivamente alojado em http://robertoapimentel.blogspot.com/, cuja primeira postagem se deu em 21.9.2009, sob o título “Educação com Qualidade”. Transferi-me em seguida para este verdadeiro site da WordPress,com o qual estou muito satisfeito e aguardando ainda os últimos retoques de meu guru cibernético.

Início. Tudo começou com pequenino texto que coloquei naquele site transcrito a seguir. Até 27 de agosto do mesmo ano foram computados 22 comentários. A partir de agora estarei apresentando “os melhores momentos” desse diálogo, realizando uma transposição segura para que mais interessados possam se locupletar e se animarem a compartilhar suas experiências. Todos nos enriquecemos. Participe!

Roberto Pimentel, 14.6.2009 – Tenho propostas e alguma experiência a respeito da iniciação ao voleibol, especialmente no ambiente escolar. Coloco-me neste espaço à disposição de tecermos comentários a respeito e nos enriquecer mutuamente.

Guilherme, 15.6.2009 – Muito se escreve e se fala a respeito, mas observo que os modelos são cópias e muito desmotivantes quando colocados em prática. O jogo em si é pouco explorado no início das aulas e os exercícios de fundamentos são cansativos e pouco motivantes para as crianças. O que você acha disto? A aplicação de pequenos jogos com redução de quadra e sem exigências de técnicas apuradas não seria o melhor caminho?

Milton, 15.6.2009 – Penso que a aprendizagem/iniciação ao voleibol está diretamente relacionada ao ambiente aonde este trabalho vai se desenvolver. Na escola, objetivos, procedimentos e conteúdos têm um determinado perfil; em clubes ou escolas de esportes, creio que muda um pouco o quadro. O voleibol por ser baseado em movimentos construídos apresenta alta complexidade na execução dos gestos técnicos, além de alta complexidade na mecânica do jogo. Para tornarmos esta aprendizagem mais interessante, devemos trabalhar com alguma ludicidade para os alunos, pois se ficarmos só na questão estritamente técnica este processo será maçante e afastará muitos alunos. E devemos propor estruturas simplificadas para práticas que usem elementos do jogo, para gerar prazer e sucesso, motivando o aluno e criando pequenos desafios, adequados ao nível de respostas que ele seja capaz de produzir. Penso que os jogos reduzidos é uma estratégia adequada que reúne muitas das características citadas acima.

Roberto Pimentel, 17.6.2009 – Concordo com o que ambos colocaram. Como resolver a questão? Torna-se quase óbvio que devamos buscar uma nova metodologia que contemple soluções imediatas. Existe um caminho que me parece bastante prático e natural. Inicialmente, é preciso que se criem mecanismos de “Atração e Envolvimento” do aprendiz, seja criança ou adulto. Minhas atuações com ambas as faixas me levaram a conquistas sem precedentes. Dessa forma, as aulas viraram verdadeiras “produções” para conquistar os alunos. Tem dado certo e ainda não entendi porque outros professores não o fazem. Como em princípio as crianças querem é se divertir e brincar satisfaço-as nestes quesitos e ainda acrescento:”Quem não fizer bagunça não ganha picolé!” É uma algazarra formidável. Evidentemente, que tudo sobre controle não ostensivo. Uso muita alternância de tarefas e muito material criativo, como pára-quedas, puçás, dezenas de bolas de tênis, biruta, bolas coloridas (de aniversário) que me permitem realizar as brincadeiras. Outro detalhe é o anúncio de que TODOS conseguem jogar a partir da primeira aula. E não os decepciono. Relativamente aos treinos em colégios ou em clubes, foi um assombro quando realizei durante uma semana as mesmas aulas empregadas na escola no Fluminense, do Rio de Janeiro. Ali se desenvolvia talvez a melhor iniciação comandada pelo saudoso Bené, que produziu atletas formidáveis, como Bernard, Fernandão, Badalhoca e Bernardinho, todos da “geração de prata”. Numa próxima aparição darei minha impressão sobre este estado de coisas no desporto brasileiro. Lembrem-se de que a Iniciação nunca mereceu a atenção que lhe deveria ser dispensada.