Futuro do Voleibol em Portugal – Parte I

Voleibol em Portugal, que futuro? (Postado no site português Sovolei)

Um dos temas que mais preocupa o Sovolei é o futuro do Voleibol em Portugal. Sabemos que temos a “matéria prima” necessária para que o Voleibol seja um dos desportos mais fortes em Portugal, e temos também os alicerces necessários, com mais de 150.000 praticantes em todo o país. Temos abordado esta temática em alguns dos artigos – de notícia ou opinião – que temos publicado ao longo destes quase 3 anos de existência. Somos críticos frontais, mas também apresentamos soluções para que o Voleibol possa melhorar, para bem de todos. O facto é que vai faltando uma política e uma estratégia de sustentabilidade do Voleibol, que deveria ser levada a cabo pela Federação Portuguesa de Voleibol, depois de discutida em conjunto com as associações regionais, de treinadores, de jogadores e também com os clubes.

Para além do aparente desinteresse dos responsáveis pelo Voleibol, também os seus intervenientes não parecem perder muito tempo a pensá-lo e a tentar achar formas para que se possa desenvolver, garantindo não só resultados a médio/longo prazo, mas também trabalho a curto prazo. Assim, é curioso, mas não surpreendente que seja o nosso colaborador brasileiro Roberto Affonso Pimentel que tente “espicaçar as hostes”, fazendo uma série de perguntas que levem os responsáveis e intervenientes do Voleibol Português a reflectir sobre o futuro da modalidade no país.

Roberto Pimentel, autor do Procrie, diz que “seria valioso ouvir os personagens que actuam no voleibol português sobre sua evolução“: “O que foi feito em 2010/2011? Se nada foi feito, que consequências essa inércia pode acarretar? Os holofotes da FPV continuam voltados somente para a selecção masculina principal? Dada a situação económica do país, o que esperar para a nova temporada? O que pode ser feito, independente da FPV? E a associação de treinadores, qual a sua representatividade? Ela emite algum parecer técnico sobre a temporada? Os treinadores cresceram tecnicamente?” “Na Formação que ganhos foram adicionados? A Federação deve fazer internato para as seleções? Há necessidade de muitas horas de treinos? Os treinadores estão qualificados? As instalações e a organização são eficientes? A Federação apoia e valoriza os clubes? Que contributo emprestam os estrangeiros, técnicos e atletas? Comunicação social, por que não há divulgação? Que retorno esperam os clubes?” 

Estes são dois conjuntos de questões, na sua maioria extremamente pertinentes, que Roberto Affonso Pimentel se coloca, e nos coloca. Devemos reflectir e procurar respostas. Todas elas, ainda que possam parecer utópicas ou líricas, são bem vindas aqui na caixa de comentários.

Comentários (no Sovolei)

1) Mais investimento real na formação nos clubes… A federação pode e deve ajudar por exemplo com limitação de estrangeiros por equipa… Mais competição e de mais competitiva… Temos k jogar mais vezes com os melhores não apenas duas ou tres vezes por epoca (formação principalmente) – ou com criação de divisões ou de algo similar e urgente que isto aconteca na formação! Forte aposta ou pelo menos igual aposta da Federação no Voleibol Feminino com um projecto de media longa duracão de preferencia com pessoas que conheçam a realidade do voleibol feminino! Aposta realista e consistente no masculino, noutros moldes dos que os praticados ate agora que ja se viu não terem resultado! De 50 não pode sair um que mesmo esse poderá a não chegar a niveis como os de Flavio ou outros que estão prestes a desaparecer! K acontecera depois?! Btts medidas poderiam ser tomadas aqui deixo algumas ideias apenas…

2) Luís Melo – Respondendo a uma das questões do Roberto Pimentel, penso que a estratégia de colocar um grupo de jovens atletas em estágio permanente em Resende não está adaptada à realidade Portuguesa. Isso funciona em outros países (como Itália) onde há imensos atletas de grande nível. Aqui, temos antes de apostar no todo apostar na formação dos clubes. Senão estamos a beneficiar uma dúzia de atletas – que podem até nem ser as escolhas certas para o futuro – em detrimento de outros tantos milhares que podiam perfeitamente ser tão bons ou melhores do que aquela dúzia que está em Resende. Obviamente, não desfazendo destes, que têm o seu valor técnico, mas quiçá não terão o resto que é necessário para se ser um atleta de alto rendimento.

(continua…)

 

Curso de Mini Vôlei (V)

Estrutura e Metodologia              

Inicialmente, o conhecimento do objeto – a bola – é necessário. Não se pode familiarizar a criança com o objeto se lhe pedimos que o atire ou rebata. Assim, o professor possibilitará ao aluno desenvolver uma habilidade geral no manejo da bola. Ainda mais: o corpo é emissor e receptor, daí a necessidade de domínio das trajetórias da bola. Esta assertiva sentida por nossos antecessores está traduzida na metáfora: “Durma com a bola”. No desenvolvimento dos exercícios procurar despertar e manter constante o interesse dos alunos, organizando-os sob a forma de jogos e competições – contestes –, que lhes permitam aprender sempre jogando e não os obriguem a um treinamento rígido.              

Características              

1. Equilíbrio.  Busca da posição de base em deslocamentos mantido o ritmo. Aquisição de uma posição básica para o toque; precisão na direção de envio da bola; corpo emissor e receptor (deslocamento); enriquecimento por multiplicação de soluções a partir de cada problema.              

2. Manejo.  Passes de toque, de manchete visando a construção de ataque. Apropriar-se da bola: domínio no toque; recordes pessoais no manejo de bola; competições 1×1 e 2×2.              

3. Prática.  Vivência, enriquecimento de experiências. Resultados: aperfeiçoamento do esquema corporal; tomada de consciência sobre o contexto (soluções e criatividade); combinações táticas; combatividade (adversários) e sociabilidade (companheiros).              

4. Cuidados.  Propiciar ao professor, mesmo o não-especializado, realizar aulas consistentes e produtivas. Criar a possibilidade de jogar o voleibol de um modo recreativo; aumentar o interesse por jogos e competições.              

Metodologia              

Livre exploração. Descoberta guiada. Escolha e adequação de tarefas.              

Considere-se:              

Atividades: o aluno é protagonista; a bola é um brinquedo; o jogo vem antes da técnica; a técnica aprende brincando; a tática aprende jogando.              

Estrutura: o jogo é o instrumento principal; jogos simples inicialmente; jogos complexos; conhecimento das regras e controle da pontuação.              

Organização: demonstrar linhas gerais  (gesto global);  individualizar principais dificuldades com demonstração coletiva; colega corrige o outro.              

Categorias: 8-11 anos; 12-13 anos; turmas mistas e homogêneas (iniciantes, médios e avançados); interesses e disponibilidade de horários; mínimo de três campos de jogo.              

Ciclo de Etapas               

Uma etapa (mês) = 10h de aulas (8 aulas/1h 15min); grupos podem ser 1×1, 2×2, 3×3, 4×4.              

1) 6-8 etapas anuais, conservando diferentes conteúdos; 2) conteúdos programáticos, retroceder ou avançar; 3) organização dos grupos e características dos alunos; 4) intervenções do professor; 5) etapa inicial supõe primeiro contato com o vôlei; 6) mudança de etapa supõe superar objetivos anteriores.              

Aulas: estímulos adequados; demonstração e retorno; quantificar nível de stress.              

1ª aula = apresentação, material, funções e tarefas.            

2ª aula à 7ª aula = resolução de problemas.            

8ª aula = Festival e avaliação com alunos.              

Programação de Aulas              

Objetivo                    Familiarização, conhecimento e manipulação da bola.              

Material e meios      Uma bola para cada criança dispersa livremente, rede separando 1×1.              

Que faço?                Eu e a bola; eu, a bola e o ambiente.              

Controle da bola      Exercícios com deslocamentos; bola lançada após um ou mais toques.              

Conceito                  Troca de bolas; pontuação; saque e lançamento; defesa do meu espaço.              

Problemas               Bola cai regularmente; aluno não se move a tempo de pegá-la.              

Solução                   Alunos criam os movimentos. Enquanto isto avaliar o ritmo de execução.              

Um contra um, inicialmente com toques suaves.

Exemplo: duas filas contrapostas (1×1), com ou sem a rede: 1) pegar a bola após um, dois ou três toques e no ar; 2) controlar a bola nos deslocamentos; 3) lançar de várias formas ao colega (precisão); 4) lançar e segurar a bola após um toque; 5) lançar para o alto e segurá-la no ar: em pé, sentado, de joelhos, deitado, de costas; 6) lançar a bola para o alto, bater palma, à frente, atrás e frente-atrás.              

Atividades.  Propor atividades lúdicas, com variados tipos de jogos; catalogar formas. P.ex., dividir a classe metade para cada lado (1×1); uma bola para cada dois alunos; enviar a bola livremente sobre a rede; a bola é segura e relançada de toque;  jogar segurar e lançar ao outro campo saltitando; realizar rodízio entre alunos e posições.
Variação: obrigatório um passe para si mesmo (se 1×1, lança para o alto e recolhe) ou colega, que atira a bola com salto para o outro lado. 

Curso de Mini Vôlei (III)

Alunos se divertem em ruidosa aula no Colégio Catarinense, Florianópolis.

 

 Despertar para o Vôlei Escolar         

 I – Particularidades do Ensino      

Conceito – O vôlei responde a regras fixadas pelo homem; as crianças têm as suas próprias motivações; não é suficiente adaptar o material à estatura das crianças.   Objetivo – Desenvolver consciência crítica do processo; aprender a avaliar e a expor; aprender a cooperar e a estimular colegas.   Meios – Formas de atrair alunos; aprendizado é difícil; formas de atividades motivantes; cuidar para que TODOS pratiquem; solução de problemas distribuída ao longo do tempo.  Estratégia – Convite e encantamento; classificar em grupos; não congelar num único grupo; reduzir diferenças com momento de superação; busca de um coeficiente de êxito.   Festivais – Sensação de jogar desde a 1ª aula; produzir animação de jogo (espetáculo); contagiar a turma e a escola com muitos  jogos e competições.          

II – Do Mini Vôlei ao Vôlei           

Os cuidados na estruturação das atividades devem subordinar-se ao programa didático e às condições da escola. O mini é um exemplo de atividade informal. O campo é reduzido e pode ser instalado em qualquer espaço, tem regras similares às do voleibol e as técnicas empregadas no jogo são simples e não exigentes.  Vem sendo utilizado em várias escolas. As aulas de educação física e os recreios certamente estão mais interessantes.       

Para quem? – Para milhares de crianças, meninos e meninas entre 8-14 anos de idade. TODOS participam ao mesmo tempo – ninguém fica de fora -, independentemente de suas habilidades e JOGAM a partir da 1ª aula.          

Problema crônico – Nas aulas de educação física os alunos geralmente praticam seus esportes preferidos. Quando a aula termina, muitos alunos acabam não jogando e, geralmente, esses são os que não sabem ou não têm muita habilidade para os esportes. Resultado: eles continuam sem saber jogar! 

Solução – Uma maneira simples de tornar o vôlei mais fácil para todos é determinar o nº de jogadores em cada equipe, que poderá ser de 2 a 4. Em cada campo jogam até 8 alunos. Isto significa que, em três campos de minivôlei, 24 indivíduos podem jogar ao mesmo tempo. O método de ensino agrupa os alunos sob diversas formas a serem consideradas pelo docente. Os jogos não são estáticos e o professor poderá variar e alternar a forma de competição, tornando a aula super agitada!       

Estruturação da Atividade         

Unidades didáticas. Parte do jogo simples, com a progressiva aquisição da habilidade, passa-se aos jogos mais complexos. Com o sistema 1 contra 1 pode-se jogar mini vôlei desde a primeira aula. O professor, dado o pouco tempo disponível e os espaços frequentemente exíguos, deverá dispor de:  1) uma boa organização da classe;  2) a divisão dos grupos (1×1, 2×2, 3×3, 4×4);  3) o emprego de rodízio de alunos nas funções de árbitro.   

Aspectos de organização. Material, equipamentos; como organizar torneios; adaptações convenientes sobre as características e as regras do jogo. Em minhas aulas e cursos venho empregando uma série de materiais que denomino “alternativo”, todos muito divertidos: muitas bolas de tênis, de mini vôlei, puçás, biruta, tamancos (para 4 pessoas), cones, lençóis, cortina sobre a rede, e possivelmente, o mais atraentes, inclusive para adultos, o paraquedas. A imaginação e a criatividade de cada professor vão realçar suas próprias aulas a seguir. Veja “Apresentação em Universidade” que realizei na Univ. Gama Filho.         

Jogo paralelo, Implicações da Teoria de Piaget[1]         

Minha proposta está calcada no Aprender Brincando e Jogando, graças ao desenvolvimento da obra do alemão G. Dürrwachter. Repasso a ideia e acrescento para o professor que introduza em suas aulas muitos jogos e brincadeiras, inclusive utilizando variados exercícios não específicos de voleibol. Sobre isto poderão ter uma breve explicação na leitura postada neste blogue sob o título “Teoria vs. Prática” em que dialogo sobre o assunto com o Professor João Crisóstomo. Transcrevo para uma rápida compreensão comentários sobre Princípios do Ensino da obra de Piaget:         

“Embora interação e cooperação entre crianças sejam objetivos importantes, é melhor começar as atividades fornecendo a cada criança seus próprios materiais e encorajando o jogo paralelo. Nessas atividades, as crianças querem fazer coisas com os objetos (fornecer vários, além das bolas) e essa iniciativa é exatamente o que queremos encorajar. Se o professor tem que insistir para que as crianças se revezem, elas tornam-se inquietas e suas incitativas são frustradas. Quando, p.ex., é fornecida apenas uma bola e as crianças têm que ficar em fila esperando sua vez de atingir um alvo, metade da energia do professor será gasta pedindo às crianças que esperem sua vez e consolando aquelas que estão infelizes. Portanto, é melhor oferecer materiais para quatro ou cinco crianças de cada vez (em uma situação de jogo livre onde estão disponíveis muitas outras atividades atrativas) e encorajar primeiramente o jogo paralelo. Quando este princípio de fornecer materiais suficientes para diversas crianças de cada vez não pode ser adotado, é provavelmente melhor dirigir as crianças para outras atividades e prometer uma mudança mais tarde do que fazê-las esperar e olhar os outros se divertirem. Começar com o jogo paralelo nas atividades de qualquer desporto não significa que os objetivos de interação e cooperação foram abandonados. Esses são apenas temporariamente colocados de lado no interesse de encorajar a iniciativa das crianças com a diversidade de objetos. Na verdade, interação e cooperação evoluem mais facilmente com o jogo paralelo do que com a “cooperação” imposta pelo professor desde o início. Por exemplo, numa determinada atividade em que as crianças comecem fazendo suas próprias coisas, mas em seguida têm a oportunidade de exibir seus feitos, imitarem uma às outras, compararem descobertas e derem conselhos umas às outras.  Uma outra forma de estabelecer esse princípio é: Introduza a atividade de tal forma que a cooperação seja possível, mas não necessária”.        


   

[1] O Conhecimento Físico na Educação Pré-Escolar, Kamii C., Devries R., Artes Médicas, 1985.

Voleibol na Escola (XI)

Iniciação & Formação. Problemas e Soluções

20) A treinadora e a líder

A ideia de liderança chegou ao séc. XXI carregada de poder. Seu papel sempre foi o de assegurar o cumprimento de metas, mesmo à custa de força. O líder era apenas uma imposição unilateral com vistas à realização plena de objetivos pretendidos. Ocorre que os tempos mudaram e todos os objetivos se tornaram obsoletos. Tivemos que nos adequar às exigências de um mundo mais competitivo e o que antes era apenas um bando de subordinados, passou a ser visto como um manancial produtivo. Esta ascensão do bando à categoria de grupo implicou a contrapartida do prazer, ou seja, trazer fragmentos do prazer futuro para o presente.

A treinadora – É essencialmente uma provedora de competências para que  outrem transforme essas competências em ações e produza resultados. A treinadora é aquela pessoa que acompanha o desenvolvimento das lideradas, dando-lhes suporte nos momentos difíceis e estimulando-as a avançar continuamente para a sua própria realização pessoal. Desta forma, a treinadora não leva ninguém a fazer por obrigação, mas induz a fazer porque é necessário fazer para crescer, para desfrutar intimamente a vida. A treinadora é a líder que deixou de ser o centro da equipe e se transferiu para fora dela. Em essência, a distinção entre a líder tradicional e a treinadora é o papel que esta assume quando se compromete a apoiar alguém a atingir determinada meta ou objetivo. Ela não se compromete apenas com os resultados, diferentemente do que ocorre com a líder tradicional.

A prática da aprendizagem – Uma questão que se coloca constantemente para discussão é o papel da professora no processo educacional. Durante muitos anos a professora foi sábia e inquestionável. Ela detinha o poder de decidir sobre destinos e tomava para si a obrigação e o dever de ensinar, exigindo em contrapartida, que a aluna aprendesse. Periodicamente, ela avaliava suas alunas e distribuía notas que premiavam ou puniam de acordo com a sua visão unilateral do processo. Felizmente, as coisas começam a tomar novos rumos e hoje já ninguém estranha mais quando ela sai do pedestal e vai para os braços da galera. Porque ela descobriu que assim a aluna aprende melhor.

Como suas aulas podem ganhar mais qualidade? – Unir o conhecimento acadêmico às modernas tecnologias de gestão do treinamento é a chave para que as professoras e estudantes alcancem resultados positivos na área de QUALIDADE e, por extensão, aumento de PRODUTIVIDADE.

Aulas e treinos – Chegar sempre antes das alunas. Mostrar-se feliz, divertindo-se consigo mesma e com o que a encanta – o processo de dar uma aula ou treino. Ser a mais natural possível. Ter talento para o palco, isto é, ser mais do que uma professora – uma show woman – para quem o auditório é o teatro e você a atriz responsável por oferecer drama além de tecnicismo. Descubra primeiro por que quer que as alunas aprendam o tema e o que quer que saibam, o método resultará mais ou menos por senso comum. Lembre-se que o objetivo primordial deve ser o de gerar dúvida para criar conhecimento real. Perceber que o melhor ensino só pode ser praticado quando há uma relação individual entre uma estudante e uma boa professora; uma situação em que a estudante discute as ideias, pensa sobre as coisas e fala sobre elas. É impossível aprender muito apenas sentada ou mesmo, resolvendo problemas propostos.

Para acertar nas aulas – A aula deve ser uma vitrine com a função de despertar o impulso de divertir-se na criança através da exposição atraente e tecnicamente correta dos exercícios e jogos. Mais do que tudo, a apresentação da professora e o visual da aula são responsáveis por transmitir conceitos. A boa aula aposta no equilíbrio e na programação e a criatividade é apenas o tempero na aula bem executada. Mas, lembre-se, uma aula pode estar esteticamente bonita e conter erros técnicos.

Os limites – As crianças e mesmo as adolescentes têm um limite que não deve ser ultrapassado sob pena de graves consequências posteriores. Não adianta forçar, ou melhor, seria até criminoso fazê-lo, devido às sequelas que podem advir deste comportamento. As professoras e treinadoras não devem tratar suas alunas ou atletas como mero objeto ou instrumento do seu querer, mas como um indivíduo em formação, cuidando e zelando para que nada lhe falte ou aconteça, sem os paparicos excessivos, mas com todo carinho, atenção e respeito.

O que você tem que saber antes de iniciar o seu planejamento. Eis cinco princípios para se construir uma boa programação:

Planejamento – antecipar as principais necessidades de informações e material. Suas alunas significam muito para você e o seu trabalho. Pense em tudo o que elas podem trazer de oportunidade para a sua aula.

Admita a sua incompetência – Além de planejar cuidadosamente as suas aulas, você deve manter-se receptiva para permitir mudanças futuras. É impossível não ter que mudar o seu pensamento! Afinal, as alunas mudam!

Comece já! – Não postergue a implantação de um planejamento por querer chegar à estrutura final da primeira vez. A maioria das professoras nem chega a implantar porque não aperfeiçoou suficientemente o programa. Esqueça a perfeição. Implante, tente e você vai estar à frente das demais.

Você não é a mãe, é a madrinha – Envolva o maior número possível de pessoas no projeto, principalmente a sua equipe. É delas que virá a maioria das informações. Elas serão o fator chave do sucesso do programa. Se elas não quiserem, nada vai acontecer.

Planejamento dá retorno – Meça tudo desde o início, principalmente o antes; aos poucos o resultado vai aparecendo e você vai valorizar o investimento. Nada dá mais retorno que investir no relacionamento e em conhecer as alunas.  

  • E os custos que um programa certamente envolve?
  • Os principais custos de implantação – tudo que está envolvido na coleta de dados e custos do processo – você terá que resolver com criatividade e um bom relacionamento. “Mas o maior custo mesmo é demorar para implementar”.

21) Como motivar uma equipe?

Quando estimulamos uma pessoa a realizar determinada tarefa ou a perseguir um objetivo – “Vamos lá! Você vai conseguir!” – na verdade estamos criando uma situação de prazer provocado pela percepção do afeto que age diretamente sobre a inteligência como um todo. Da mesma forma, quando apresentamos uma imagem real de sofrimento futuro, criamos uma situação de desprazer de tal intensidade que impele a pessoa a reagir contra o destino. Assim de uma ou de outra forma, estamos provocando uma reação compatível. E isso é motivar.

Motivar é cumpliciar-se – É tornar-se parceira no sonho quando a coisa é para ser sonhada; é tornar-se parceira na luta quando a coisa é para ser lutada. Os sonhos são fins que idealizamos atingir mesmo antes de conhecer o percurso ou de estarmos competentes para realizá-lo. Porém são válidos por que são referenciais registrados na mente, normalmente com forte carga emocional. Assim, quando criamos um sonho para alguém, estamos plantando uma referência emocional na sua mente.

Elogio e aprendizagem – Dizendo que a pessoa é bonita, inteligente, simpática, estamos transmitindo uma mensagem emocionalmente positiva, eficaz. Esse tipo de mensagem ativa o sistema límbico que identifica como mensagem prazerosa e a registra, incorporando-a à imagem anteriormente definida. Daí a importância fundamental do elogio na aprendizagem. Uma criança permanentemente estimulada com elogios tem muito mais chance de êxito na escola do que as que são constantemente criticadas. O elogio estimula, ajuda a compor uma auto-imagem positiva. A crítica, ao contrário, desestimula, projeta uma auto-imagem negativa.

Auto-imagem – Pode-se afirmar que o primeiro passo a ser dado por quem deseja reformular sua própria imagem interpessoal é valorizar a sua auto-imagem, fornecendo à mente informações positivas a seu respeito. Tudo o que informamos à nossa mente ela registra como verdadeiro. Assim, jamais emita uma opinião desfavorável a seu próprio respeito. Nunca admita, mesmo que intimamente, que é incompetente, incapaz, feia, antipática, fracassada. Não se veja jamais como uma derrotada, veja-se sempre como uma vencedora, cheia de glórias, prêmios e reconhecimentos. Repita para você mesma quantas vezes puder: eu sou inteligente, eu sou criativa, eu sou uma vencedora. Tenha certeza de que a sua mente vai entender isso como real e vai incorporar tais informações à sua imagem e modificar sua relação com o mundo externo. Antes de enfrentar qualquer desafio, imagine-se vitoriosa ao final. Projete uma imagem de sucesso e a sua mente cuidará de encaminhá-la para tal destino. Seja clara e precisa ao informar à sua mente a imagem que pretende ter. Jamais passe imagens fragmentadas ou indecisas. Sua mente registra a informação do jeito que esta chega até ela. Portanto, seja absolutamente clara. Quanto mais precisar as informações, mais definida será a sua imagem e, por conseguinte, mais definido será o caminho. Durante sua atuação, especialmente na área de motivação e sucesso, tenha sempre a preocupação fundamental de fortalecer a auto-imagem das suas alunas, antes mesmo de entrar na matéria propriamente dita. Os resultados são realmente surpreendentes.

Voleibol na Escola (VII)

Iniciação & Formação. Problemas e Soluções

c) o levantamento: quem levanta?

No jogo 3 x 3 – minivôlei – argumentamos no sentido de que TODAS exerçam TODAS as funções dentro do jogo, não destacando esta ou aquela situação. O aprendizado deve ser suficientemente genérico para que as crianças tenham uma vivência gratificante e educativa. Ao passar para o jogo 6 x 6, ainda na fase de iniciantes, não vemos por que mudar. Nas posições de rede, a que estiver em melhor posição deverá fazer os levantamentos, independentemente se lhe passaram a bola para o 2º toque: “a segunda é da levantadora”, já era…” Qualquer uma tem que estar em situação de, melhor colocada, realizar bem o levantamento. Entretanto, sabemos que as melhores posições para exercer o levantamento estão nas posições (3) ou (2) – meio ou saída de rede. Em muitas competições as equipes iniciantes elegem a posição (3) como a “obrigatória” para a levantadora.   

d) o ataque, suas facetas e características.

Vamos considerar neste estudo os ataques por cortada realizados dentro da posição correspondente (2, 3 ou 4). Para a professora, de imediato surgem as seguintes indagações:

  • qual a melhor posição para que suas alunas aprendam a executar um golpe de ataque por cortada?
  • como deve ser executada a cortada: com o máximo de potência?
  • quais os principais problemas a enfrentar inicialmente?
  • como minimizar os erros?
  • como se caracteriza uma boa atacante?

Melhor posição – a mais próxima da levantadora, não importa em que lugar da rede; são bolas levantadas à meia-altura (meia-bola, no jargão do vôlei).

Vantagem – Aumenta a precisão do levantamento, facilita a relação com a atacante, que regula melhor o seu “tempo de bola” com o salto. Estimula o ato de pensar antes do gesto (observação, memória e inteligência). Mais à frente, facilita os ataques com salto numa das pernas (bola ou cortada “china”), um movimento similar à “entrada em bandeja” do basquete.

Execução da cortada – A maioria das iniciantes crêem que a cortada deve ser realizada com o máximo de força que se possa empregar. Isto se deve ao seu movimento espetacular e elástico e ao conceito da grande maioria das escolas de treinadores, especialmente os mais modernos. Para quem executa parece uma realização plena o fato de cortar com muita força. Entretanto, isto somente não a torna uma “boa” atacante.

Problemas iniciais – As jovens atletas têm grande dificuldade em coordenar os saltos com o movimento (no ar) para a batida na bola. Decompor estes movimentos (pontos-chave) e utilizar a transferência (transfert) para auxiliar e contribuir na sua execução global.

Exercícios – Utilizar uma forca, onde a bola está “parada”, permitindo à treinadora corrigir todos os detalhes necessários à impulsão, elevação do braço e posterior queda. Bolas lançadas pela treinadora à pouca altura e próximas à rede, com pequenos saltos e velocidade de braço; mais tarde, com mudança de direção nas batidas. Observar e apostar que o movimento do braço da cortada é idêntico ao do saque tênis. O que se fizer num movimento, far-se-á no outro. Se, ao sacar, a atleta estiver lançando a bola ligeiramente para trás, fará a mesma coisa no salto para a cortada: entrada “a mais” do próprio corpo, que deverá ser “compensada” com um extensão exagerada de tronco ou pegada da bola com o braço “encolhido”. Para corrigir, use a forca com a bola no máximo de altura que a atleta possa tocar com a extremidade dos dedos. Realizando os movimentos corretamente, conseguirá “cortar” esta bola no ápice de seu alcance. Usar também exercícios com bolas de tênis, com ou sem salto, utilizando alvos na parede ou no chão (mudança da trajetória). Nos arremessos para o chão, cuidar para que não toquem na rede, que poderá estar mais alta do que o regulamentar. Observar que CADA indivíduo tem uma capacidade de impulsão própria e limites variados.

Minimizando erros – Vejo como principal fonte de erros as distâncias entre as atacantes e a levantadora. Quando puderem estar próximas a tarefa de ambas ficará facilitada. O que se teria que treinar é como fazer estas aproximações das duas cortadoras, coisa que não requer muita imaginação. Criou-se um estereótipo, um clichê, com as três posições de rede que, até hoje, parecem imutáveis. Então, somente a atacante de meio é quem ataca pelo meio da rede e, as demais, das respectivas posições.

Ataque de meio – Tenho inegável apreço pelo ataque de meio de rede. Creio mesmo ser uma das melhores posições, senão a melhor, para ataque, especialmente em se tratando de iniciantes. Qualquer movimentação das atacantes pelo meio da rede provocará sérios problemas para as defensoras adversárias, pouco afeitas ao esquema correspondente de defesa. Para as atacantes, oferecem-se múltiplas ações de ataque, inclusive por “largadas ou “colocadas” (bolas lançadas atrás ou próximas do bloqueio). Não é necessário usar a “força”, mas inteligência e moderação, o que transforma as jogadoras em boas e eficientes atacantes, diferenciando-as das demais. A treinadora tem papel preponderante nesta formação: ela estimula ou inibe essas providências e ações e, como já vimos, a equipe “tende” a copiar a sua treinadora em tudo: passa a ser um reflexo seu. (ver tb item 11 “Final de set, hora de decidir…”)

Voleibol na Escola (III)

Iniciação & Formação. Problemas e Soluções

1. Passes e Toques. Na mais tenra formação entre crianças que se iniciam em qualquer desporto, é mister que se lhes assegure o maior número possível de contatos com a bola, permitindo-lhes vivenciar todas as experiências intrínsecas. Através do tatear experimental ela buscará soluções para o seu desenvolvimento técnico e tático. No jargão esportivo, denominamos ter intimidade com a bola. Compete à professora aquilatar quando e quanto de ajuda a aluna necessita a cada sessão. Lembrando que uma colega mais adiantada poderá também cumprir essa tarefa com perfeição. 

Trajetórias aferente e eferente. Permitir jogar segurando a 1ª bola que vem do campo contrário. Dilema da recepcionista: o que fazer com a bola? Para quem passar? Como?

A sensação inicial é apavorante e estressante, pois todas as colegas gritam como se pedissem que lhes passasse a bola. Imagine-se num programa de auditório, com todos gritando e induzindo-a a uma decisão. Com certeza e após algumas experiências, a criança elege uma solução que lhe parece a mais simples para se livrar do problema (a bola): lança-a para quem está mais perto dela ou da rede. E este gesto é então imitado pela grande maioria. Ressalte-se que este lançamento, inicialmente, é um arremesso direto contra a companheira que, concomitantemente, deverá também ela se livrar da bola – agora sem segurar – lançando-a, ou para uma colega (poderia ser a mesma) ou para o outro campo, o que ocorre no mais das vezes. E, do outro lado, caso interceptem a bola, a história se repete.

Solução.  Normalmente, uma das alunas se coloca junto à rede, quer na situação de mini vôlei (3×3), quer na quadra oficial (6 x 6). Seria a posição estática da LEVANTADORA, a que está momentaneamente no meio da rede. Ora, se o toque frontal já é difícil para elas, o que não dizer do toque angular. Desta forma, a professora deverá levá-las a descobrir formas de sanar esta dificuldade (Zonas de Desenvolvimento Proximal). As soluções poderiam ser: a) no jogo 3×3 – mesmo com a levantadora na posição junto à rede, devolver a bola diretamente para quem lhe passou a bola, evitando lançá-la para o outro campo (suprime o toque angular). Vantagem: teriam os três toques e, todos, basicamente frontais.; b) no jogo 6×6 – afastar a levantadora da rede (as 3 atacantes poderão estar em linha) e sugerir-lhes os três toques como no exemplo anterior. A maior dificuldade que deverão sentir refere-se ao toque alto e ao seu direcionamento longitudinal (a bola pode ficar aquém ou ultrapassar a companheira).; c) essas dificuldades serão sanadas nos momentos dos exercícios técnicos (lúdicos) e, atenuadas ou facilitadas nos jogos 1×1 e 2×2. A professora deverá observar quando deve fazer uso de diferentes dimensões da quadra de jogo (mais largas ou profundas) de acordo com o objetivo traçado.

2. O saque “por baixo” (Ver “Voleibol na Escola”, II; 26.2.2010)

3. As posições na quadra. “Onde estou? Para onde vou?”

Para a iniciante de um desporto, especialmente àquela que nunca praticou qualquer atividade física regularmente, torna-se tarefa quase impossível relacionar-se com 5 outras colegas, mesmo numa área diminuta, especialmente com recomendações expressas para que não deixe cair a bola no chão. E mais: deve passá-la imediata e incontinente a uma outra sem poder retê-la ou conduzi-la ainda que por alguns instantes. É bem possível que, numa quadra oficial a criança fique aturdida, pois ainda não compreende suas tarefas. A redução do campo de jogo e do no de parceiras facilita neste mister, inclusive no sistema de rodízio. Outro recurso é a execução de trabalhos com desenhos ou fotos que estimulem esta compreensão. Só após este entendimento, a criança poderá perceber por que está ali e qual a sua função em determinado instante. É bem provável que as iniciantes se coloquem próximo às linhas da quadra. Especialmente as mais tímidas. Para desenvolvê-las, o primeiro passo é torná-las mais participantes, mais ativas e, por isso, mais confiantes. Todo processo de envolvimento psicológico é imprescindível, haja vista que é importante para o “despertar” técnico das alunas. O desenvolvimento da auto-estima e do espírito participativo se faz através dos jogos e das brincadeiras, que antecedem a aula propriamente dita. Ali as crianças tímidas têm a oportunidade de extravasar suas ansiedades e dar-se a conhecer mais facilmente à professora e suas colegas. Nesta área, torna-se fácil qualquer tipo de ajuda. A partir daí criam mais desenvoltura e descortinam soluções exitosas para seus problemas e passam a encontrar mais estímulos das colegas na execução das tarefas. Ao passar aos exercícios propriamente ditos de voleibol, a professora poderá se valer de alguns expedientes: a) a posição inicial deve ser àquela em que as jogadoras, abrindo os braços, estejam “quase se tocando” (a partir do meio da sua quadra); b) as distâncias para a rede devem ser igualmente consideradas; c) perceberão, fisicamente, que com 1 ou 2 pequenos passos, poderão alcançar ou interceptar a bola; d) NÃO devem se colocar umas atrás das outras. As jogadoras de defesa deverão assumir esta responsabilidade; e) ao tocarem qualquer bola, a preocupação primeira deve ser a de lançá-la para o alto, se possível para a colega mais próxima. Esta, em seguida, decide se retorna à quem lhe passou ou à outra. É importante que uma apoie a outra; f) fazê-las movimentar-se com desenvoltura na quadra pressupõe jogar com alegria, sem medo de errar. Significa também estarem libertas, descontraídas. A perfeição do gesto técnico vem bem mais tarde.

4. A concentração e movimentação. Sei onde estou? Que devo fazer?”

Fica evidenciado que, entendendo o que se passa ao seu redor, a aluna possa distinguir suas funções dentro do grupo e, assim, criar ou despertar formas para seu sucesso em qualquer participação. Pouco antes do saque contrário ou de ações corriqueiras de jogo terá momentos de concentração mental que lhe permitirão proceder a um breve e imediato juízo da situação e decidir sobre sua conduta. A movimentação correspondente virá a posteriori, graças também à qualidade e quantidade das experiências vivenciadas. Estímulos adequadamente aplicados são mais valiosos do que os gritos das colegas ou da professora. Esta deve atentar para o fato de não ser repetitiva em suas observações o que denota erro na colocação dos estímulos ou exercícios. Uma auto-avaliação é sempre benéfica para todos. O assunto será tratado futuramente quando abordarmos a “Posição de Expectativa”.

5. O despertar tático. Dependo da minha companheira?

A percepção do que ocorre à sua volta é um indício de um despertar tático para o jogo. A aluna percebe o seu envolvimento em relação às demais componentes da equipe e em relação à equipe contrária. Este despertar deve ser fruto de um trabalho constante de esclarecimento da dependência que têm umas das outras. E se inicia a partir da construção dos exercícios e de alguns princípios metodológicos: a bola vem em minha direção; não posso retê-la ou conduzi-la, que faço? Ou então, minha colega recebe a bola, devo apoiá-la? A partir daí surgem os primeiros movimentos de antecipação na defesa e de aproveitamento de espaços vazios quando ataco. Aonde devo lançar a bola para o campo contrário? Como ver os espaços vazios?

Nas próximas postagens estarei comentando sobre o velho embate do jogo, ataque x defesa. Aguardem.

Originalidade e Criatividade

Alunos se divertem no Recreio e em horários vagos.

Experiência em trabalhos ativos

O nosso conhecimento acerca de qualquer assunto consiste em informação e saber. O saber é a habilidade para usar a informação. Claro que não existe saber sem pensamento independente, originalidade e criatividade.

Todos concordamos que, em pedagogia, o saber é mais importante, ou melhor, é muito mais importante do que possuir a informação. Este saber é a habilidade para construir/reconhecer problemas desafiantes, descobrir princípios/soluções, criticar situações/argumentos, ter alguma fluência no fazer, reconhecer/distinguir aspectos gerais e reconhecer situações concretas. (Pólya)

Todos deveriam concordar também que no ensino de jovens desportistas se devessem fornecer aos alunos independência, originalidade e criatividade. E, no entanto, quase ninguém pede que o professor de educação física ou o treinador de voleibol possua estas coisas bonitas – não é espantoso?

Originalidade e liberdade. A experiência realizada em um colégio de Niterói (RJ)

No final da década de 70 sugerimos à coordenação do colégio a implantação do mini voleibol no recreio e horas vagas de seus alunos. Foram instaladas treze pequenas quadras que permaneceram até nossos dias, sempre disponíveis para a prática livre, fora do horário de aula e sem a presença de qualquer professor. Após breve período de adaptação com a novidade e a consequente aceitação, a Coordenação de Educação Física houve por bem definir a disponibilidade dos campos por séries de forma a atender a demanda democraticamente. Mais adiante foi-lhes sugerido organizarem torneios, que se tornaram um acontecimento inédito. E, ainda, sem participação dos docentes. Regras, tabelas de jogos, tudo orquestrado pelos alunos. Promovemos também uma reportagem inédita com a TV-Educativa no intuito de divulgar a metodologia e suas inerentes vantagens. Foi vinculada para todo o País. Com o passar do tempo registrou-se um fato concreto comentado pelo experiente professor das equipes de voleibol do educandário: “A partir da instalação dos pequenos campos os candidatos a integrarem nossas equipes já chegam jogando voleibol”.

Exemplo dessa natureza pode ser observado igualmente em clube da Zona Sul do Rio de Janeiro onde instalei alguns campos para a prática do mini voleibol: as crianças por si só desenvolviam destreza e habilidade no manejo da bola, raciocínio rápido e, ainda, uma inteligência tática muito aprimorada, capaz de encantar qualquer observador mais atento. Em suma, “aprendem sozinhos”, sem a presença do professor.

Conclusão. Essas são formas de como solucionar dificuldades para aplicação do ensino de um desporto – despertar o interesse e disponibilizar instalações e equipamento – a custo baixo. Basta ao professor, mesmo o generalista, que indique aos seus alunos alguns dispositivos básicos – como organizar um torneio – para que adquiram a capacidade de se desenvolverem por conta própria.

Quer fazer igual na sua escola? É bastante fácil.