Voleibol na Década de 90

Principais Mudanças na Regra

1992 – Após os Jogos Olímpicos de Barcelona, a regra do 5º set (tie-break) foi modificada. Nos empates em 16-16, o jogo continua até que uma das equipes consiga uma vantagem de dois pontos. Motivo: o jogo Itália e Holanda, no 5o set, foi encerrado com a vitória da Holanda por 17×16; em seguida, houve protestos dos italianos e a consequente mudança da regra.

1994 – O Congresso Mundial realizado em Atenas aprovou as novas regras que serão introduzidas oficialmente em 1º de janeiro de 1995: permite contatos com a bola com qualquer parte do corpo, incluindo os pés. A zona de saque foi estendida para a totalidade (9m) da linha de fundo. Eliminação da falta dos “dois toques” na recepção da bola vinda da quadra oponente. E a permissão para tocar na rede acidentalmente quando o jogador em questão não participa da jogada. A bola pode ser tocada voluntariamente com qualquer parte do corpo, inclusive pernas e pés (mundial da Grécia).

1995 – A linha de ataque foi estendida com faixas tracejadas em 1,75m; a pressão interna da bola foi reduzida para 4,27lb a 4,56lb; foi permitida a invasão da linha central com as mãos; cartões de indisciplina passam a ser cumulativos; a bola que passa por cima ou por fora das antenas (fora do espaço de cruzamento) em direção à área livre da equipe adversária pode ser recuperada. Foi ampliada a zona de saque: corresponde à largura da quadra (9m); o saque pode tocar a rede; introdução de contagem de “PONTOS POR RALI” (25 pontos) sem ponto limite – acaba o sistema de VANTAGEM –, sendo que no set DECISIVO (5°, tie-break), ainda jogado com 15 pontos, não há ponto limite; em caso de empate em 14-14, o jogo continua até que uma das equipes obtenha uma diferença de dois pontos. Nos quatro primeiros sets foram criados dois “tempos comerciais” (para TV): no 8° e 16° pontos. Têm início as experiências com o “sétimo” jogador, o líbero, um jogador especial, diferenciado pelo uniforme, com características exclusivas de defesa e recepção, cujas trocas sucessivas não são computadas à equipe.

1996 – O líbero foi Introduzido (experimentalmente) no Grand Prix feminino, logo após a Olimpíada de Atlanta; a posição dá principalmente ao voleibol masculino uma condição melhor, já que o ataque é preponderante em função do vigor físico da categoria e prepondera sobre a defesa. O líbero veio para tentar dar um equilíbrio nessa relação entre ataque e defesa.

1997 – A partir desse ano foi testado o jogo com o líbero; sua aprovação e inclusão nas Regras deu-se somente em 1999.

LÍBERO, no Brasil do início da década de 80, era o jogador que não recepcionava o saque e se apresentava para o “ataque de fundo”.

O líbero é um atleta especializado nos fundamentos realizados com mais frequência no fundo da quadra, isto é, recepção e defesa. Esta “função” foi introduzida pela FIVB em 1998, com o propósito de permitir disputas mais longas de pontos e tornar o jogo mais atraente para o público. Um conjunto específico de regras se aplica exclusivamente a este jogador. O líbero deve utilizar uniforme diferente dos demais, não pode ser capitão do time, nem atacar, bloquear ou sacar. Quando a bola não está em jogo, ele pode trocar de lugar com qualquer outro jogador sem notificação prévia aos árbitros e suas substituições não contam para o limite que é concedido por set a cada técnico. Por fim, o líbero só pode realizar levantamentos de toque do fundo da quadra. Caso esteja pisando a linha de três metros ou esteja sobre a área por ela delimitada, deverá executar somente levantamentos de manchete, pois se o fizer de toque por cima (pontas dos dedos) o ataque deverá ser executado com a bola abaixo do bordo superior da rede.

1998 Após as Olimpíadas de Seul, foi incluído o sistema de pontos “rally” no set decisivo (5º) (Regra 7.4). A contagem de cada set limita-se a 17 pontos: depois de um empate de 16 a 16, a equipe que primeiro marcar o 17º ponto vencerá o set com somente um ponto de vantagem (Regra 7.2.2). Modificações que não deram certo: TEMPO de JOGO e as duas TENTATIVAS de SAQUE (Regra 17.6). A Regra 17.7 coibiu o emprego da “barreira”, que impedia a visão do sacador. A CBV comunicou ainda (NO nº145/88) decisões da FIVB sobre a secagem (toalhas) da quadra e outros formas escusas utilizadas para interromper a partida.

1999-2000 – Finalmente foi incluída no texto da Regra Oficial a participação do líbero no jogo.

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Nota aos meus leitores – Encerro com este texto a série sobre as características do jogo com base na evolução das suas Regras. O cansaço e a idade não me permitem tanto trabalho de pesquisa e anotações. Espero que os mais jovens se empenhem algum dia nesse mister. Fui até aonde podia; outros farão melhor. Grato por suas companhias…

Voleibol na Década de 70

Novo Sistema no Voleibol

1972 – Foram estabelecidas as regras oficiais do minivoleibol.

1974- No Congresso da FIVB, na cidade do México, ficou decidido realizar duas alterações a serem empregadas a partir de 1976: as antenas laterais serão movidas para junto das faixas laterais (9m) e serão permitidos os três contatos com a bola após o bloqueio. 

1976 – Após o bloqueio, não dois, mas três contatos com a bola foram permitidos: a distância entre as antenas foi encurtada de 9,40m para 9m.

Antena

1970 – Aparecimento das antenas limitando a zona de ataque (Bulgária).                    

1976 – Redução do espaço entre as antenas limitando a zona de ataque (Montreal).

Bloqueio

1976 – O toque no bloqueio não é mais computado entre os três permitidos para uma equipe (Montreal, Canadá).

Sistema Fin-30 ou Sistema Nikola

1977 – Durante a Copa Mundial de Voleibol “Cidade de Curitiba” foi realizada a primeira experiência no mundo em jogos oficiais com o sistema Fin-30, cujas modificações visaram modificar o tempo de duração de uma partida. As idéias propostas pertencem ao técnico finlandês Nikkola, que deu seu nome ao sistema. O sistema Nikkola prevê que a disputa do jogo deve ser em, no máximo, cinco sets, vencendo a equipe que obtiver a vitória em três deles. Cada set termina em 30 pontos, sendo obrigatória a diferença por dois pontos eliminado-se a vantagem enquanto a marcação dos pontos é corrida. Portanto, cada erro implica a marcação de ponto para o adversário. Algumas vantagens foram observadas nos dois jogos de abertura da Copa Mundial, como uma diminuição no tempo de jogo. A FIVB procura encontrar uma faixa aceitável de tempo, fazendo com que um set dure no máximo 20 minutos e uma partida, entre 80 e 100 minutos. Algumas queixas foram feitas sobre a forma como seria disputada uma prorrogação, denominada tie-break (set decisivo, 5º set). Alguns observadores acharam que a perda do saque como arma de ataque e a inexistência de vantagem serviram para tornar o vôlei medroso, sem rapidez, como observou Carlos Nuzman, à época, presidente da CBV. Já para o Capitão Célio Cordeiro Filho, presidente do Conselho de Treinadores do Brasil, “A vantagem do sistema é encurtar jogos longos”. Ele, juntamente com Mário Malta, ficou de elaborar um relatório a ser encaminhado à FIVB sobre a utilização do Nikkola nesta experiência em Curitiba.

Para experimentar hipoteticamente as regras no caso de um empate, foi testada também a forma de prorrogação prevista pelo sistema de tie-break. A nova regra dizia que “Em caso de empate (2×2), será jogada uma prorrogação em que os saques serão alternados (um para cada equipe) até que uma delas alcance sete pontos (cada saque conduz a um ponto). O número máximo de saques será de 13, vencendo a equipe que atingir primeiro o sétimo ponto. O tie-break equivale ao quinto set”. Exatamente no tie-break o sistema Nikkola apresentou um problema aparentemente insuperável, a julgar pelos resultados dos jogos e pelo próprio comportamento dos jogadores: aumenta a tensão emocional do atleta a nível extremo, exigindo alta concentração. No pouco tempo da disputa, um erro pode fazer perder a partida, já que não dá possibilidades de recuperação. O tie-break ainda consegue equiparar duas equipes desniveladas tecnicamente. No jogo normal, pelo sistema Nikkola, o Brasil venceu a Venezuela facilmente por 3×0. Para testar a eficácia do tie-break, foi jogada uma prorrogação hipotética, como se o jogo tivesse terminado em empate, e o Brasil, apesar de superior tecnicamente, acabou perdendo por 2×1; no primeiro set da prorrogação venceu por 7-4, perdeu o segundo por 7-4 e o terceiro e decisivo também por 7-4. Da mesma forma, a Coréia, que venceu o Japão no jogo normal por 3×1, perdeu o tie-break por 7-1 e 7-5.

Outros sistemas foram concebidos e testados por uma comissão técnica da FIVB ao longo dos anos e definitivamente implementado a partir de 1995, como veremos em breve.

Ataque (de fundo)

1976 – Até esse ano, o jogador de defesa (atrás da linha de 3m) só podia atacar a bola quando ela estivesse abaixo da altura da rede. O seu iniciador em nível internacional foi o húngaro Magiar (apelido), a partir do Mundial da Bulgária; também o polonês Thomazs Wojtowicz se destaca neste tipo de ataque no mesmo mundial. Sua consagração ocorreu em Montreal, Canadá, quando se tornou, inclusive, campeão olímpico.