Estamos próximo de atingir nossa meta de 1 mil artigos para deleite dos internautas interessados em Metodologias de Ensino – Escolar e Desportiva. O que não desmerece qualquer ensino de habilidade humana.
Que parte cabe ao mestre? Que parte cabe à criança?
Se VOCÊ já leu o artigo postado anteriormente – Pedagogia da Expressão – gostaríamos que compartilhasse conosco suas experiências. Assim, quando se sentir à vontade, envie-nos um breve comentário que publicaremos sob este mesmo título (post), reservando-nos o direito de uma leitura interpretativa (sem desvio de opinião) para dimensionar na página.
As práticas de livre expressão da criança criam nas classes uma atmosfera de confiança, de camaradagem, e mesmo de ternura, o que suscita novos aspectos de pensamento adulto e infantil. “Nesse encontro de crianças e do adulto se exige uma sinceridade igual de uma parte e de outra”. Ao lhes fornecer exemplos de evoluções procura-se fazer com que sintam o quanto a atitude do educador deve ser de auxílio, encorajadora, para levar a criança a ultrapassar seus limites, a fazer um esforço em relação a si própria, a enriquecer suas experiências em contato com outrem.
Responda às perguntas acima e COMPARTILHE sua opinião; eis uma feliz oportunidade de nos aproximarmos ainda mais!
Sugerimos ainda a leitura do artigo Mini Voleibol na Escola (12/2/2009) em que citamos alguns exemplos de prática livre entre os alunos de várias séries em seus momentos fora de aula nas escolas. Relembramos parte dele com um dos exemplos ali vinculados.
As contribuições trazidas pela Pedagogia Freinet para a educação se traduzem pela filosofia, pela educação e pela prática. Suas técnicas pedagógicas trouxeram sentido às aulas tornando esta uma atividade prazerosa e significativa para os alunos. O papel do professor dentro dessa proposta se alicerça na junção da prática para a vivência, criando relações para que sejam desenvolvidos a cooperação e o respeito. (Dra. Luciana Faleiros Cauhi Salomão)
A Formação da criança
Todos nós professores conhecemos muito bem o que seja uma aula de futebol em milhares de escolas do Brasil. Não é preciso ir longe para presenciar dois aspectos: o primeiro, aquele em que o mestre fornece a bola e os alunos decidem o resto; o outro, quase sempre em um clube de formação, com aulas pagas pelos responsáveis, com crianças submetidas a um verdadeiro adestramento, com táticas e regras insubstituíveis, impostas à força. Não muito distante em termos de ação pedagógica (ou a sua falta), tentem frequentar igualmente uma aula de voleibol – meninos ou meninas -, e vejam a possibilidade de tirar algum ensinamento positivo desse martírio a que são submetidas as crianças.
Por que é assim? Seria descaso dos docentes ou total desinformação metodológica e pedagógica dos mesmos? Não teriam uma formação científica adequada para contemplar tais quesitos? Que ex-atletas o façam até entendo, pois muitos deles não tiveram estudo suficiente, mas os professores de Educação Física? Seriam os cursos universitários tão deficientes?
Diz-se que ensinar é uma arte, e arte não se ensina. Ainda assim esforço-me uma vez mais nesse sentido, dando início à coleta de informações que podem abrir o horizonte dos professores e contribuir para que se desenvolvam na sua missão da melhor maneira possível. Comecemos pelas crianças ainda em idade maternal e, a pouco e pouco, acompanhemo-las por toda a sua vida. Imagino que ao término, perceberão por que alguns atletas de alto nível, especialmente os de voleibol, têm imensas dificuldades no seu trabalho e, chegado a um ponto, não mais se desenvolvem e convivem com suas deficiências. Como teriam sido eles tratados desde sua infância em termos de Educação do Movimento? Para responder a esta questão, acompanhem-me nos retalhos e fragmentos que colhi em Le Boulch, lembrando que deverão ser discutidos, e não aceitos. Boas leituras!
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Pedagogia Freinet – Fragmentos de uma descrição da pedagogia Freinet e de suas concepções sobre a utilização do movimento na formação a partir do enfoque de uma pedagogia do “ser global” que é a criança.
A criança a quem é permitido expressar-se livremente se expressa tanto ou até mais fisicamente do que pela palavra. E explica: “Quando uma experiência é bem-sucedida no decorrer do tatear, ela cria como que um apelo à potencialidade e o indivíduo experimenta a necessidade de repetir esse ato bem-sucedido até que ele possa fazer parte do automatismo”. A atmosfera da alegria das sessões certamente contribui para a criação. Assim, quando a ocasião se apresenta, quando a forma e o ritmo da evolução se prestam a isso, começo a cantar uma música ou cantiga conhecida ou não.
Todos nós temos um ritmo interno (temperamento), a criança também. Em primeiro lugar é preciso levá-la a conscientizar-se de seu ritmo e, a seguir, evoluir livremente. Exatamente como na sala de aula, onde deixamos que ela se exprima livremente para que tome consciência de suas possibilidades de linguagem, apresentando a seguir do texto de um autor.
É importante respeitar o ritmo de cada criança – Cada criança tem um ritmo próprio que é preciso respeitar, não somente por sua originalidade, mas também em virtude da maturação dos centros nervosos que se realiza e que não é idêntica, nem no mesmo grau, em todas as crianças.
O cerne do problema
A parte que cabe ao mestre– “O que importa é o trabalho de tatear efetuado pela criança, muito mais do que a resultante desse trabalho – a aquisição de habilidades motoras. Portanto, é um grave erro pedagógico querer acelerar os processos de aprendizagem por meio de uma ação intempestiva e invasora. O papel do educador é o de suscitar, de favorecer as tentativas, os erros e o ajustamento, e não o de substituir o mecanismo particularmente educativo desse processo adaptativo por suas técnicas”. Tocamos aqui no cerne do problema: a parte que cabe ao mestre. É preciso propor, não impor, porém é preciso propor à criança no momento oportuno, no momento em que ela estiver sensibilizada, pronta para receber; aí está a parte do mestre. Parte delicada, sem dúvida.
Pedimos que faça uma breve reflexão e relembre como foram os seus tempos escolares, especialmente no que trata a Educação Física. À luz do que está escrito acima, e além do que aprendeu durante sua vida, escreva pequeno comentário com suas impressões. Ficaremos muito felizes por tamanha contribuição e um incentivo a continuarmos por este caminho. Desde já, muitos obrigados!
Ensinar é Contar Histórias
Na escola de meus filhos, um cenário corriqueiro promovido por professores. Eu, à espera do término da aula, aguardo em silêncio, mas impossível de não observar múltiplos erros pedagógicos. De um lado, o de basquete para alunos de 10 a 15 anos; na quadra ao lado, o voleibol feminino, na mesma faixa etária.
Basquete – Uma aula de talvez 60 min, estava reduzida pela exposição inicial do professor, que custou 20 min, um terço dela; nos exercícios em movimento com passes de bola em duplas compostas de alunos com idade e complexão física distintas.
Voleibol – Alunas colocadas a jogar livremente, mas com olhar de ver do professor a toda e qualquer intervenção – não para aplaudir, mas acentuar o erro. Então, coisa normal em principiantes, a todo instante a mesma correção do gesto de toque na bola: “dobre as pernas, … dobre as pernas,…”. Aquilo me impulsionou a ajudá-lo, e surpresa, submeteu-se de bom grado. Então disse-lhe: “quando o professor repete inúmeras vezes o mesmo erro, é sinal que as alunas ainda não entenderam o porquê disso ou daquilo correto, isto é, a boa técnica de execução daquela habilidade. Hão de convir que pela voz do professor não conseguirão aprender. Resta então, suprimir a atividade e trocá-la por outra conceitual.
Pedi a ele que oferecesse bolas de basquete e que fizesse uma breve competição numa das tabelas de basquete, livremente. Ficamos distantes alguns metros, a perceber o que, e como as alunas enfrentavam aquele desafio. Ora, ao competir, desapegam-se de “como fazer” os movimentos corretos, mas simplesmente por intuição e tempestivamente. Nesses instantes, no afã de vencer o jogo, começam a se auto observar quando erram, para não fazê-lo novamente. Dessa forma, começam a agir de forma a pensar o que fazer para se corrigir e não errar.
Enquanto assim procediam, dizia para ele: “o que você está vendo”? A primeira resposta foi “um grupo de alunas tentando encestar as bolas”.
Então, abri-lhe os olhos e a mente… a) não olhe para as bolas para ver se acertaram na cesta, mas sim se estão dobrando as pernas, uma vez que para lançar bolas pesadas não basta o impulso dos braços. Elas descobrirão isso por elas mesmas, é intuitivo”.
Mas, no voleibol não precisa tanto! Ora, por que então estava você dizendo “dobrem as pernas”? Todavia, o mais importante é que os registros (*) em seu cérebro se consolidarão pela repetição e, melhor do que isso, asseguram na memória motora para uso em outras oportunidades, pois jamais esquecerão o “conceito do movimento” e como resgatá-lo em outras circunstâncias. Com isso, aprimoram sua técnica atual e futura com novos insights, que jamais esquecerão! Este, o fator da criatividade, como o cérebro flexível concebe novas ideias. Nessas oportunidades você se pergunta: “como consegui fazer isso se nunca treinei”?
Algum tempo depois, fora do ambiente escolar, confessou-me… “Você fez por mim a melhor coisa; não ensinar exercícios para isso ou aquilo, você foi direto ao ponto, ou seja, Ensinou-me a Pensar!
De onde advém…,”Como ensinar crianças pequenas a pensar” ?
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(*) – Atualmente, com o desenvolvimento da novel Neurociência, denominada rota mielínica.
Jogo infantil Labirinto. Descubra o que venha a ser o conceito que cada atividade exprime silenciosamente. A partir daí, se a criança tiver alguma dificuldade nunca dê a solução para contorná-la. Apele para Vygotsky, e sua ZDP, ou Robert Bjork, sobre o conceito de ponto ideal de desenvolvimento. Como atingi-lo?
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