
Xadrez, Matemática – Leitura, Oralidade, Interpretação, Escrita – Trabalhos por Projetos, Monitoria, Grupos (G-4) – Formação Continuada (EaD), Residência Pedagógica, Estágio Obrigatório – Didática, Prática de Ensino, Praxia Inovadora e Criativa – Design Thinking ou Instrucional
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Encontro com pais e pedagogas
Em maio próximo, estou convidado a realizar um encontro com os pais e responsáveis na reunião programada da Escola Marly Cury, uma das mais tradicionais instituições de Niterói. Inclusive, minha neta ali estuda e meu primogênito, – doutor em física e destacado professor do CAp (UFRJ) – também frequentou seus bancos. A instituição promove a Educação Infantil a partir dos 3 anos de idade e até o Fundamental II (10-11 anos). Faço esse destaque com orgulho e gratidão, pois entre seis educandários contatados, foi o único que abriu suas portas para ouvir-me. O tema da “reunião de pais” é uma das rotinas pedagógicas e, na oportunidade, ofereço à direção uma contribuição discorrendo sobre o valor e a importância das “atividades físicas” na educação integral das crianças. Isto se faz necessário, pois desenvolvo projeto oferecendo às escolas novas diretrizes curriculares e um imprescindível estágio supervisionado para professores da Educação Física. Quiçá para outras disciplinas, uma vez que tem viés de interdisciplinaridade. Penso inicialmente em matemática e leitura/interpretação, com estímulos para currículos baseados em projetos, trabalho em Grupos e Monitoria.
Estágio supervisionado e sua importância
Em minhas buscas em porões de universidades, revistas especializadas e entrevistas de experts nacionais e internacionais, deparei-me com o excelente trabalho da Profª Dra. Maria Teresa Cauduro, sob o título “Diretrizes curriculares e o estágio supervisionado em Educação Física: o que mudou”? (Universidade Regional Integrada do alto Uruguai e das Missões, em 2011). Está publicado na Revista Educação e Cultura Contemporânea, Vol. 10, n.21 pág. 306. Encontrado em http://cev.org.br/
No resumo da obra a professora destaca o trabalho realizado com acadêmicos em 2011. […] O texto apresenta uma pesquisa realizada no Estágio Supervisionado em Educação Física e a metodologia empregada nas aulas de estágio. A metodologia volta-se para o Ensino Fundamental e anos iniciais e trabalhou com 35 alunos de graduação no período de quatro meses. E continua…
Duas perguntas norteadoras balizaram a investigação:
- É possível mudar a percepção dos novos professores sobre a educação física nos estágios?
- A metodologia empregada pelo professor da disciplina é fator de mudança?
Como objetivo indagava-se:
“Seria possível introduzir nas escolas uma visão diferenciada de atividades físicas a partir da proposta dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) em um curso novo da disciplina Educação Física?”
E concluiu…
“O trabalho foi realizado conforme proposto enquanto conteúdos e filosofia e todas as atividades desenvolvidas de forma lúdica. Resultados obtidos em 30 escolas resultaram em elogios aos estagiários, abrindo portas para outros estagiários, sendo que alguns alunos foram contratados como monitores em vários municípios. Observou-se que a mediação de um Supervisor no estágio é fundamental para mudanças, entretanto a escolha das escolas é importantíssima, visto que os acadêmicos poderão romper ou não com as reproduções que a sociedade impõe. Enfim, o que se procurou provar é que a mudança pode sair do papel, de que o estágio supervisionado é uma ferramenta de mudança pedagógica e social”.
Roberto Pimentel – Como estamos realizando a mesma proposta com o nosso Manual de Engenharia Pedagógica, que inclui a formatação de um Centro de Referência em Iniciação Esportiva (Procrie), identificamo-nos com suas ideias e conceituações, embora estejamos dando um passo à frente com a construção de um PROTÓTIPO provido de praxia inovadora e criativa, e permanente. Tentamos contato com a autora, mas até esta postagem não recebemos qualquer retorno. A ideia é compartilhar informações e experiências principalmente com seus discípulos e futuros estagiários, se é que o trabalho continua, pois como concluiu: […] “a mudança pode sair do papel, de que o estágio supervisionado é uma ferramenta de mudança pedagógica e social“.
Permitimo-nos divagar sobre seu texto, dando sequência e reforço ao nosso trabalho, pois quando “sairmos do papel” estaremos corroborando, divulgando e desenvolvendo a necessidade de inovarmos e ampliar horizontes educacionais. A fase que se inicia nestes momentos é essencialmente de caráter prático, isto é, verdadeiramente “entramos na quadra”, a nossa sala de aula, e para a qual estão TODOS convidados.
Considerações iniciais… Passemos a palavra à Profª Maria Teresa em sua exposição:
Curso novo, disciplina nova, portanto, um campo fértil para propostas inovadoras. […] Durante toda minha vivência docente em ensino superior (mais de 30 anos), dediquei meu foco para o trabalho com as crianças de 5 a 9 anos. Minha premissa sempre foi que as aulas deveriam ser baseadas no lúdico e na cooperação. E mais, que o professor deveria passar para as crianças a paixão e a alegria na realização das atividades.Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) da Educação Física vieram reforçar minha crença. Entretanto, pouca mudança conseguiu realizar com acadêmicos da grande Porto Alegre. Em 2011 tive oportunidade de desenvolver um trabalho diferenciado no Curso de Educação Física da URI – Frederico Westhalen, na disciplina de Estágio Supervisionado em Educação Física Escolar (Educação Infantil e Anos Iniciais) na modalidade de licenciatura.
A seguir, faz uma análise retrospectiva do ensino esportivo em seu estado…

A Educação Física, tradicionalmente, reproduz o saber técnico, de reprodução de jogos “oficiais”– futebol, voleibol, handebol, basquete, com suas regras oficiais na escola. Transmite conteúdos específicos de jogos, em qualquer nível, em qualquer idade, muitas vezes inapropriado. A proposta das diretrizes trouxe o nivelamento dos conteúdos divididos por faixas de escolaridade e de aprendizado, adaptando-os às diversas realidades. O futuro educador, penso eu, deve ser “ensinado” para obter um novo pensar na educação física, compreendendo as dimensões previstas nas novas diretrizes (1996, 2001, 2002) avançando num contexto amplo, político e ético social. […] O pano de fundo da viabilização econômica alicerça o planejamento educacional, traduzindo-se em apelo aos bens materiais, ao consumo. Entre os produtos consumíveis, insere-se a educação. Eu acrescento mais, a educação física serve muito mais para esse cenário, visto os jogos olímpicos, os campeonatos nacionais e internacionais e as copas do mundo. Praticamente nas escolas se reproduzem, sem sequer haver uma análise por parte dos professores com os alunos sobre toda a questão política, social e de mercado que esses fenômenos representam.
Roberto Pimentel – Por extensão, no Brasil a chancela advém do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), em sua ávida luta por títulos e medalhas. Sobrepõem-se aos ministérios da Educação e do Esporte.
Profª Maria Teresa – O que observamos na Educação Física, já consolidado, são os alunos vivenciarem na extensão experiências não escolares – as atividades de academias, clubes, danças, personal trainer, treinadores de escolinhas entre outras. A sociedade respalda tudo isso porque a televisão incentiva essa reprodução (vendem-se artigos esportivos, vende-se canal especifico, dá audiência na TV etc.). Há muito tempo vêm se ouvindo reclamações sobre a má qualidade das aulas de Educação Física na rede escolar, acarretando o desinteresse dos alunos (…) em 2007, revelavam-se que os professores se encontram despreparados e desmotivados, os alunos são abandonados nas quadras, os programas são reduzidos apenas a aulas de futebol, o esporte escolar continua sendo elitizado e reprodutor e, ainda, totalmente desvinculado do projeto educacional. Essa disciplina é tratada como um caso a parte dentro da escola, com suas aulas na maioria das vezes fora do horário normal (e os professores até gostam) e com pouquíssimas chances de ser incluída na interdisciplinaridade escolar. De forma geral, o declínio da Educação Física é global e a maioria das diretrizes de Educação Física não são cumpridas e muitos professores não conhecem esses documentos. Há muito, minha preocupação é com a criança que ainda não adquiriu seu desenvolvimento motor a contento para essa pressão de participação ou eliminação! E para concluir:

Portanto, o aprender a aprender na disciplina de estágio supervisionado deve buscar a formação do professor priorizando o pedagógico-didático da educação física rompendo o viés economicista da sociedade e priorizando-se a inclusão de “todos” os alunos da escola a participarem e aprenderem os esportes. Como reflexão, coloco um exemplo: no voleibol são seis para cada lado e os outros fazem o quê enquanto esperam? Poderíamos adaptar 10 para cada lado ou ainda, adaptar o espaço para círculos concêntricos onde faríamos diferentes “times”. Assim considero a inclusão na Educação Física na escola: não reproduzir regras oficiais e, sim, adaptar para que todos possam participar nos 45 a 50 minutos de aula.
Roberto Pimentel – Apesar de as TICs terem entrado no dia a dia da maioria dos brasileiros, certamente há algo cultural que impede as pessoas de perceberem o que muitas outras estão fazendo há algum tempo e que, se lhes fosse permitido, teriam compartilhado ideias que abreviariam muitos estudos e alavancariam novas descobertas. Afinal, “Educar não é constante renovação de saberes”?
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Ops!! Entrou um novo personagem que nos enriquece com sua farta experiência sobre o mesmo tema… Isto é formidável, e faz-me prever um aprendizado incomensurável. Tudo está convergindo para alavancar de forma sustentável a construção do nosso protótipo. Vejam a seguir…
A Criatividade nasce da Diversidade
Passo a apresentar-lhes destaques pinçados da entrevista que o consultor inglês KEN ROBINSON especializado em educação e inovação deu à revista Veja (20/abr./2016) nas páginas amarelas.
Sir Ken Robinson (66 anos) é uma celebridade. Há poucos consultores no mundo nas áreas de educação, inovação e criatividade tão populares e, sobretudo respeitados, quanto ele. Seu primeiro vídeo gravado para o TED, em 2006, é o mais acessado da história do site especializado em conferências: 38 milhões de visualizações. Liderou uma comissão a pedido do governo da Inglaterra destinada a refletir sobre os rumos do ensino no país. Direcionou políticas educacionais formais e informais e também a repensar o currículo nacional britânico. Para ele as escolas travam a imaginação dos alunos ao apostar em currículos segmentados e em exames que buscam respostas únicas para as questões. Três aspectos a considerar:
- Sistemas educacionais não são formulados para encorajar a criatividade. O currículo é muito limitado e segmentado. A criatividade é o processo de ter ideias originais, e se por acaso o assunto pelo qual uma pessoa se interessar não fizer parte do currículo, então sua habilidade será negligenciada.
- Os métodos de ensino podem inibir a criatividade, como no caso de um professor que esteja sempre à procura de um única resposta correta ou que não tenha métodos que estimulem os alunos a desenvolver a imaginação.
- As provas, que têm sempre uma única resposta correta, e o aluno é punido com uma baixa pontuação se não acertá-la. Professores precisam mudar suas estratégias de ensino e torná-las mais flexíveis.
Estratégias de ensino – Sobre o que são estratégias de ensino mais flexíveis ele aponta um exemplo de uma rede de escolas (San Diego, Califórnia), as High Tech High, criada em 2000, com a proposta de integrar o ensino técnico ao acadêmico. A escola formula seu currículo baseado em projetos. Os professores definem o que querem ensinar e os alunos preparam trabalhos, textos e até documentários sobre o tema determinado. Arte e biologia são abordadas em um mesmo projeto, assim como matemática e humanas. Não há sinal de intervalo nem troca de sala e os alunos não precisam pedir ao professor para ir ao banheiro. Esse tipo de ensino estimula as habilidades tanto dos alunos quanto dos professores.
Estímulos às habilidades – Pais e professores são igualmente decisivos quando se trata de estimular as habilidades de jovens e crianças. Embora os pais conheçam os filhos profundamente, às vezes os professores podem ser mais objetivos. Eles veem qualidades na criança que os outros não notam.
Roberto Pimentel – Isto me faz lembrar Henry B. Adams quando afirmava: “Um professor afeta a eternidade, ele nunca sabe em que ponto cessa sua influência”.
Transtorno do déficit de atenção ou tédio? – Eu e muitas pessoas nos sentíamos entediados também. Há discordância ente especialistas sobre o que realmente é o transtorno do déficit de atenção e sobre sua ocorrência entre crianças. Alguns acreditam que não é um transtorno físico ou psicológico, mas um transtorno do ambiente. Muitas pessoas estão sendo diagnosticadas com uma deficiência que não têm, mas estão apenas entediadas.
Valor do brincar – Pesquisas revelaram recentemente que as crianças brasileiras brincam menos de duas horas por dia fora de casa. Vejam algumas implicações desse estilo de vida:

Duas horas é o mesmo período disponível para o banho de sol de um preso.
- 40% das crianças brincam menos de uma hora por dia ao ar livre e 6% praticamente não brincam fora de casa.
- 94% dos pais entrevistados acreditam que, sem oportunidades para a criança brincar, o aprendizado infantil pode ser impactado.
E estão certos. Brincar é uma parte importante do desenvolvimento infantil, não é tempo desperdiçado. É com brincadeiras que as crianças aprendem a sociabilizar-se, conhecem as regras da cooperação e da competição, recebem estímulos à imaginação. Essas capacidades são ainda mais importantes quando viramos adultos. São características das quais nossas economias dependem hoje em dia.
Tecnologia é a culpada? – Há claramente um desequilíbrio entre o uso de computadores ou videogames e as brincadeiras na vida real. No estudo que se fez no Brasil, 90% dos pais disseram que seus filhos prefeririam jogar um esporte virtualmente a praticá-los na vida. Apresentam como razões a segurança e a falta de espaço. Os pais podem melhorar um pouco essa situação. O estímulo físico e social que a brincadeira cara a cara oferece não deve ser negligenciado.
Como um Estado pode virar referência em inovação e criatividade? – Lugares que se tornaram polos criativos encorajaram o dinamismo. A criatividade vem da diversidade, não da homogeneidade. Se as pessoas se comportam da mesma maneira, pensam da mesma maneira, não há espaço para a inovação. Recentemente, Finlândia e China passaram a afastar suas culturas educacionais da homogeneização e dos testes e começaram a encorajar a inovação e o pensamento criativo.
O teatro ajudou-o na produção da palestra mais vista da história do site de conferências TED? – Certamente. Falar em público é estabelecer uma relação com a audiência e ter a possibilidade de improvisar. Boa parte do que disse naquela ocasião foi improvisada. É mais ou menos como o jazz.
Como estimular a criatividade dos filhos? – Tentamos entre outras coisas, customizar (personalizar) a experiência de cada um. Os pais precisam ficar atentos aos interesses naturais de seus filhos.
Como se estimula a criatividade? – Há duas coisas que me ajudam: trabalhar em grupo e escrever. O trabalho em grupo me enche de energia. A escrita é uma atividade mais solitária. Escrevo para organizar minhas ideias. Se não me sentar para escrever, dificilmente as ideias aparecerão. A criatividade não é um processo aleatório, precisa de disciplina.
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