
Características
Possivelmente uma das últimas competições internacionais em que a recepção pode ser realizada com emprego do toque (por cima). Nas seguintes, tem início a manchete, como verão a seguir. As equipes jogavam praticamente no sistema 4×2, exceto a URSS, que já empregava o 5×1. Foi também a primeira participação do Japão, que inovou com o saque flutuante. As moças apresentaram maior precisão e por pouco não venceram as russas na decisão. Os rapazes jogavam com bolas rápidas e fintas ainda incipientes. Sem dúvida, a equipe tcheca era a mais técnica de todas, fazendo jus à sua posição de campeã mundial (1956). Economizavam energia, utilizavam muito o bloqueio adversário (exploradas para fora) e seus ataques tinham direção certa, sem muita força. Perderam na final para a URSS.
Saque com corrida
A URSS predominou, por muito tempo, como a equipe de maior vigor físico e estatura. Tinha potência de ataque invejável, deslumbrando os espectadores com seu incrível bate-bola (aquecimento) com cortadas cravadas muito próximas à rede. Única equipe a jogar com um levantador (camisa 12, Georgy Mondzolevsky) e possuir o “melhor sacador” do mundial – o camisa 6, Yury Pojarkov – de saque balanceado (chamado americano), inclusive executando a corrida para a batida na bola. Era extremamente violento e dificílima a sua recepção, pois, lembramos, ainda não era empregada a manchete. E, recepcionar de toque era tarefa inglória, mesmo para os melhores passadores. Não houve emprego das cortadas de gancho, muito utilizadas no mundial anterior. Nosso único executante era Lúcio, que pouco atuou. E, ainda, não era permitida a invasão no bloqueio, fator que representava o maior índice de reclamações contra as arbitragens.
Seleção Masculina
Na pré-convocação constaram os atletas do Rio (FMV): Lúcio, Sérgio Barcellos, Feitosa e Alexandre, todos do Flamengo (Sérgio e Alexandre solicitaram dispensa). Do Botafogo, Murilo Castilho e Quaresma.
Fase preparatória – Da seleção de 56 atuaram Quaresma, Waldenir (Borboleta), ambos moradores em Niterói, e Lúcio Figueiredo. Niterói ainda tinha um terceiro jogador, Murilo Gomes. O treinador, Geraldo Faggiano, atuava no voleibol em Santos (SP). Os treinos tiveram início 30 dias antes do evento, havendo uma fase em São Paulo e, posteriormente, em Niterói. Teve início um “trabalho de ginástica”, como era chamada a preparação física, com o preparador Rômulo Duncan Arantes, egresso do remo. Nessa época, eram raríssimas as Escolas de Educação Física: no Rio de Janeiro, por exemplo, só existiam a EsEFEx e a Escola Nacional de Educação Física, com raros formandos. Não se faziam seções regulares de preparação física nos clubes brasileiros. Como sempre aconteceu, e permaneceu por muito tempo, não tínhamos intercâmbio com as equipes europeias, especialmente socialistas, consideradas as melhores. Quanto à América do Sul, e mesmo as equipes dos Estados Unidos, eram consideravelmente muito fracas e desinteressadas pelo esporte até certo ponto.
Sistema de jogo – Jogava-se o 4×2, com infiltração pelo saque – saída de rede – ou pelo meio, posições (II) e (III). Tal concepção só foi alterada em jogos de seleção em 1968. Na defesa, o recuo do defesa-centro e avanço dos alas correspondentes.
Repercussão – Após os campeonatos, nada se alterou na forma de treinar dos principais clubes brasileiros. Justificava-se que não poderíamos jamais competir em igualdade de condições com tais equipes, já que não possuíamos uma compleição física compatível (mais baixos e fracos), não tínhamos períodos longos de treinamento em virtude da conjugação trabalho e estudo, intercâmbio (jogavam entre eles pelo campeonato europeu) e o nível de “profissionalização” (militares, por conveniência política). Esta última situação, inclusive, vai nos inspirar, muitos anos depois, na profissionalização.
Delegação masculina (nº da camisa, Estado):
Urbano Brochado Santiago (1, MG), João Carlos da Costa Quaresma (2, RJ), Pedro Barbosa de Andrade (Pedrão, 3, SP), Waldenir Calmon (?) da Silva (Borboleta, 4, RJ), Carlos Eduardo Albano Feitosa (5, RJ), Álvaro Caíra (6, SP), Murilo Castilho Gomes (7, RJ), Newdon Emmanuel Victor (8, PE), Décio Viotti de Azevedo (9, MG), Lúcio da Cunha Figueiredo (10, RJ), Roque Midley Maron (11, RJ), Roberto Córsio de Queiroz (Financial, 12, MG).


