Estamos próximo de atingir nossa meta de 1 mil artigos para deleite dos internautas interessados em Metodologias de Ensino – Escolar e Desportiva. O que não desmerece qualquer ensino de habilidade humana.
Para conhecimento dos professores brasileiros do que vai pelo mundo a respeito do ensino do voleibol para crianças, tanto nos clubes competitivos como nas escolas, e também para acirrar os debates que pretendemos desenvolver, transcrevo o artigo postado no site português Sovolei e, inclusive, um breve comentário nosso, aliás o único. Devo informar uma vez mais que sou um dos colaboradores do site e que me sinto orgulhoso por tal. Tirem as suas conclusões e, se possível, deixem suas impressões. Este diálogo é salutar para um desenvolvimento pleno das novas gerações. O que queremos: formar atletas de voleibol ou indivíduos conscientes?
O Cool Volley da FIVB e o Gira-Volei da FPV
A VolleyWorld, revista oficial da Federação Internacional de Voleibol (FIVB), dá um merecido destaque, na sua última edição, ao Cool Volley, um projecto de iniciação e dinamização do Voleibol inspirado no Gira-Volei e que está a ser implantado à escala mundial.
Para difundir o Voleibol entre as crianças e os jovens em idade escolar, especialmente em locais com poucas infra-estruturas desportivas, a FIVB lançou em Janeiro deste ano o programa Cool Volley que usa versões simplificadas do Voleibol, dependendo da idade de cada jogador.
Conforme salientou o Presidente da Comissão de Desenvolvimento, Vice-Presidente Executivo da FIVB e Presidente da Federação Portuguesa de Voleibol (FPV), Vicente Araújo, o Cool Volley “é muito importante para o futuro da modalidade”.
Com o programa Cool Volley, o Voleibol é jogado num formato mais acessível por aqueles que se estão a iniciar na sua prática.
Cada equipa é formada por dois elementos, o campo tem dimensões mais reduzidas e só é permitido jogar em passe, sem manchetes ou ataques. Além disso, os próprios jogadores devem anotar a pontuação.
A FIVB acredita que a adaptação da prática da modalidade através do Cool Volley permitirá o desenvolvimento individual dos jovens e o crescimento da modalidade. “Muitas das nossas federações não têm recursos suficientes para acompanhar e desenvolver o Voleibol na sua base e por isso concentram-se no nível mais alto”, afirma Vicente Araújo. “Com este programa, queremos tirar essa concentração na elite e fazer as federações trabalharem com as categorias de base. O Voleibol é mais técnico do que muitos outros desportos colectivos e por isso há um aspecto educativo mais forte no treino dos jovens. Estamos a tentar incentivar a participação em massa de uma forma simples e com programas simplificados.”
Manual
Depois do lançamento do programa Cool Volley, a FIVB criou novas páginas no seu site, tendo disponibilizando um manual de instruções em inglês, francês e espanhol. O manual explica que a simplificação se divide em três níveis, abarcado as crianças e jovens dos 8 aos 15 anos de idade.
Para as crianças de 8 a 10 anos, o campo tem 4 metros por 4 metros e a rede possui 2 metros de altura. No estágio intermédio, o campo aumenta para 6m x 6m, com a rede a atingir os 2,12m. Para os jovens de 13 a 15 anos, a rede passa a ter 2,24 metros de altura.
“A ideia fundamental é a de que as crianças aprendam enquanto brincam e que o façam através de um sistema divertido que incentive a participação directa e a movimentação em campo”, afirma o Director Técnico e de Formação da FIVB, Helgi Thorsteinsson, defendendo:
“A melhor coisa do Cool Volley é que o treino não é analítico, mas feito por meio de diversão e brincadeiras.”
O programa complementa os projectos que a FIVB tem vindo a realizar, como o Mass Volleyball e o Volleyball at School, dando às escolas os meios necessários para apresentar a modalidade aos estudantes: vídeos, exercícios de treino, mini-jogos e transmissões pela Internet. “Este é outro exemplo dos trabalhos de formação da FIVB e significa que podemos levar a modalidade a escolas, grupos de jovens e centros comunitários de uma forma muito mais fácil do que dantes, ajudando a motivar as crianças a serem activas”, diz Vicente Araújo.
E a verdade é que a FIVB se espelha no exemplo português. O Cool Volley teve as suas origens em Portugal, onde a FPV implantou o projecto Gira-Volei em 1998. De acordo com Daniel Lacerda, Director Técnico Nacional, que esteve envolvido com o projecto desde o início, o objectivo era encontrar uma maneira de desenvolver o Voleibol num país com poucas instalações adequadas à prática da modalidade. “Sem pavilhões suficientes, o Gira-Volei foi a solução perfeita”, salienta Daniel Lacerda, recordando que a federação lusitana utilizou o programa para “motivar crianças e jovens a jogarem Voleibol”. “Com poucos recursos, podemos organizar-nos, jogar e levar o Voleibol a qualquer lugar”, diz, acrescentando: “Com o Gira-Volei, movimentamos cerca de 150 mil crianças e jovens e o Voleibol passou a ser a segunda modalidade mais praticada nas escolas.”
Daniel Lacerda cita mais números sobre o crescimento do modelo português: 1.800 centros espalhados pelo país acolheram mais de 5.400 jogos e distribuíram 120.000 camisolas, 20.000 bolas e 2.000 equipamentos no ano passado. Os frutos dos trabalhos da FPV também estão a ganhar maior visibilidade em níveis mais elevados. A Selecção Nacional de Seniores Masculinos, que se encontra disputar a Liga Mundial, conta, actualmente, com Alexandre Ferreira, um jogador cuja primeira experiência com o Voleibol aconteceu por intermédio do Gira-Volei. Em todo o país, o número de jogadores, clubes e equipas não pára de crescer. “Podemos oferecer a prática do Voleibol a crianças que, por falta de logística ou de clubes, nunca puderam jogar”, enfatiza o Director Técnico Nacional, justificando: “Neste momento, podemos chegar a todo o país e há jogadores a emergir fora dos clubes e dos locais tradicionais da prática da modalidade.”
Com a globalização do Cool Volley, Daniel Lacerda espera que o impacto positivo de Portugal se repercuta em todo o planeta. “Com o Cool Volley, podemos difundir o Voleibol no mundo inteiro, até mesmo em lugares sem instalações apropriadas, e também podemos melhorar o nível da modalidade reunindo mais jogadores potencialmente talentosos e trabalhando com eles de uma maneira dinâmica e correcta.”
Fonte:FPV
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Comentário:
O Cool Volley da FIVB e o Gira-Volei da FPV
Por Roberto Pimentel
Acorda Portugal. Parece que estão reinventando a roda… Será que só agora o Exmo. Senhor Presidente da Comissão de Desenvolvimento, Vice-Presidente Executivo da FIVB e Presidente da Federação Portuguesa de Voleibol (é muita coisa para um homem só) descobriu o Mini Vôlei? Parece que nunca ouviu falar do primeiro Simpósio Mundial promovido pela própria Fivb na pequena cidade de Ronneby, Suécia, em 1975. Os interessados poderão ver resumo do que ali ocorreu e a recomendação dos professores presentes. Ou, então, no meu livro “História do Voleibol no Brasil”, em que narro a minha cruzada para a sua implantação no Brasil. Enfim, antes tarde do que nunca.
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Um ginásio pode conter múltiplas práticas com a criatividades do professor. Ilustração: Beto.
Esporte para Crianças na Escola
Foi anunciada recentemente pelo diretor da Secretaria de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Marco Aurélio Klein, a adesão do Ministério ao Programa Nacional de Mini Atletismo. A informação é que o Ministério deverá lançar um projeto-piloto na cidade de Anápolis (GO). Foi a Prefeitura de Anápolis, aliás, que primeiro aderiu oficialmente ao programa, por decisão do prefeito Antonio Roberto Gomide, presente ao encontro realizado pela Confederação em Manaus, em 24 de fevereiro, quando foi distribuída a Cartilha do Mini Atletismo.
Para atender à demanda a Confederação tem realizado cursos para a habilitação de professores e monitores, que tocarão o programa em suas comunidades. Um dos pontos fundamentais do programa é divulgar o Atletismo e tornar esse esporte – o mais importante dos Jogos Olímpicos – também o mais praticado por escolares de todo o mundo. O programa tem como foco meninos e meninas de 7 a 12 anos e procura tornar a prática atlética, como dizem os autores, “atraente, acessível e instrutiva”.
Ilustração: Cartilha do mini basquete.
A respeito dessas notícias, volto a lembrar aos agentes educadores que Ensinar é uma Arte e que crianças não são marionetes. Elas devem e podem aprender muitos movimentos, mas o mais importante está no seu desenvolvimento intelectual, também traduzido em aspectos motores e sociais. Muito embora esses aspectos sejam do conhecimento de todos e estejam previstos (tomara que sim!) nos dizeres das cartilhas, ressalto que entre o que está escrito e o que se pratica vai aí uma grande distância. Trata-se da antiga dicotomia, ainda não superada: teoria vs. prática. Poucos conseguem por em prática aquilo que conhecem ou deveriam conhecer. Ainda diz a notícia que há necessidade de os professores frequentarem dois dias de aulas para tomarem conhecimento dos objetivos e das práticas previstas no Programa.
Influência do professor
Ilustração: Beto.
Uma cartilha sempre será uma cartilha, o professor é insubstituível em seu saber e conduta e não um mero repetidor. Como nos lembra Henry B. Adams, Um professor afeta a eternidade, ele nunca sabe em que ponto cessa sua influência. Assim, especialmente aos internautas de Anápolis, Goiânia e Brasília que frequentam regularmente o Procrie, aconselho uma releitura de alguns artigos que tratam do ensino de crianças. Vejam uma vez mais, por exemplo, Teoria vs. Prática em que dialogo com o professor e mestre João Chrisóstomo sobre o valor da prática generalizada desde a infância. E, certamente, alguns outros em que a teoria é desnudada e transparente na prática. Tenho certeza de que suas aulas serão bem mais criativas e eficientes. E, fundamentalmente, formando GENTE!
Ilustração: Beto.Ilustração: Beto.Ilustração: Cartilha do mini basquete.
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Alunos se divertem no recreio jogando mini voleibol.
Como fazer?
A distribuição e montagem dos campos de jogo podem ser realizadas na própria quadra da escola ou em um ginásio. O cuidado é para não prejudicar o piso e ao mesmo tempo oferecer conforto e segurança para os praticantes.
Equipamento
1) Rede – Dada a dificuldades financeiras na maioria dos educandários, à praticidade de montagem e desmontagem, e ainda à guarda e manutenção, tenho recomendado a utilização de redes com 5m x 0,80m. Quando dispostas longitudinalmente numa quadra oficial de voleibol ocuparão integralmente os seus 18m. Isto permite o aproveitamento de algumas linhas já traçadas no terreno. Em quadras abertas muitas vezes serão aproveitadas as linhas traçadas pela junção das placas de concreto. Entre as extremidades da rede e os postes de sustentação, um intervalo de 0,75m permite distanciar um campo do outro em 1,75m, o que na prática oferece relativa segurança quando da realização de jogos. Dessa forma, a extremidade das duas redes laterais estará exatamente sobre as linhas de fundo da quadra oficial. Para manter o sistema seguro, requer-se a fixação com cordas dos postes das extremidades a um ponto fixo e estável, como a baliza de futsal (figura), ferragem da cesta de basquete ou à parede. As cordas que sustentam as redes podem ser individuais, isto é, uma ara cada uma delas, ou única, indo de uma extremidade à outra. Nesse caso, recomenda-se a utilização de cabo de aço com pequena dimensão.
2) Postes – Utilizamos sempre postes de alumínio redondo de fina espessura, uma vez que também serviam para aulas na praia ou em diversos locais. Seu peso é suficientemente compatível para que uma criança possa transportá-lo e, muitas vezes, contribuir para ajuda voluntária na armação das quadras. As extremidades e as junções estão recobertas com tubos de PVC. Optamos por dividir o poste em duas partes para efeito de comodidade no transporte e guarda. Como pretendemos uma altura de até 2,10m do bordo superior da rede, o poste deve ter então um pouco mais, podendo alcançar 2,20m. Ao se tensionar as cordas de fixação inferiores chegaremos à altura desejada. O uso de postes de alumínio é mais dispendioso e nada impede que sejam empregados sem a conexão de que falamos, isto é, pode ser inteiro nos seus 2,20m. Como também podem ser utilizados postes de ferro, de custo muito mais em conta. Devidamente preparados – ganchos para suporte da corda da rede – e pintados, deverão ter longa duração de uso.
3) Bases – Recorremos a uma pequena estrutura de ferro, com apoios de espuma que evitam deslizamentos e não permitem arranhar pisos de madeira quando utilizadas em ginásios. Recomenda-se que sejam cobertas com espuma envolvida em dois pequenos sacos de pano para completa segurança dos alunos. Na sua parte mediana deixamos um pequeno cano de espera para encaixe do tubo. Essa espera deve conter também uma pequena seção do tubo de PVC que receberá o poste com ajuste perfeito, sem folgas, para evitar balanços e desequilíbrios do conjunto. Pequenas oscilações durante os exercícios ou jogos não afetarão o sistema. Aliás, um excesso de peso na base poderia justificar uma quebra. Por isto, evitar também que crianças que não estejam participando do jogo ali se alojem, uma tendência comum.
4) Montagem – São simples e perfeitamente assimiláveis pelos próprios jovens alunos: a) Para um equilíbrio estável é necessário que as Bases estejam alinhadas e equidistantes umas das outras regularmente (aproximadamente 6,50 a 7m; b) Para se certificar desse alinhamento, coloque as redes somente apoiada na sua parte superior, deixando a inferior solta; c) Em seguida, providencie para que as redes estejam bem esticadas (somente ainda pela parte superior); d) Posicionado numa das extremidades, atrás do poste, faça uma leitura ocular de modo que só veja o poste que está imediatamente à sua frente. Um auxiliar deverá fazer os acertos e ajustes; e) A partir desse momento, serão realizados os encaixes finais das partes inferiores da rede.
5) Campos – Os exercícios poderão ser desenvolvidos ou não nos próprios campos de jogo. Algumas linhas laterais podem ser aproveitadas das marcações pré-existentes ou até mesmo, as marcas das juntas das placas de cimento. Quanto à linha de fundo, caberá ao professor decidir caso a caso, uma vez que poderá ter equipes atuando ora com 2 alunos, ora com 3 ou 4. Com mais jogadores, maior a quadra.
6) Altura da rede – Em princípio, com uma altura fixa próximo dos 2,10m é bastante conveniente, tanto para realização de exercícios, quando para o próprio jogo. E, pelas experiências em diversas situações, as crianças respondem satisfatoriamente em todos os quesitos. Caso resolvêssemos adaptar o equipamento com conexões que permitissem regular a altura teríamos que remodelar o conjunto e tornar os campos independentes uns dos outros, onerando e dificultando o processo.
Olá pessoal. A seguir estarei mostrando como dispor os campos de jogo na praia ou em grandes áreas livres para a prática do Mini Vôlei com até 400 alunos ou mais. Poderão apreciar o relato de minhas práticas em projetos simultâneos envolvendo 1.200 crianças em quatro cidades distintas do Brasil. Quer saber mais? Pergunte e responderei com prazer.
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No ensaio “A Dúvida” (Relume Dumará), o filósofo tcheco Vilém Flusser diz que “duvidar é um estado de espírito que pode significar o fim de uma fé ou o começo de outra. Em dose moderada, estimula o pensamento. Em dose excessiva, paralisa toda atividade mental”.
Cuidado! Valeria a pena copiarmos as receitas propostas pela Fivb ou darmos uma paradinha para pensar? Nesse terreno, creio que pelo menos desde o Congresso de Leipzig (1972), que o Senhor Horst Baacke tem ingerência máxima nos aconselhamentos técnicos e gerais sobre ensino do voleibol. É uma pena que assim seja, pois muitos se curvam aos seus desvarios. Conheci-o em 1975, em Ronneby, Suécia, e assisti suas propostas de treinamento, inclusive um filme com providências táticas para as crianças alemãs. Será que é plausível para os nossos filhos?
Mini Voleibol. Bisbilhotando o site da Fivb por esses dias deparei-me com uma notícia que me chamou a atenção e fez por merecer este texto uma vez que me relembra experiências vividas em várias partes do mundo, especialmente em Congresso na Argentina (1984) e um Simpósio Mundial (1975) na Suécia. Em ambos os casos o assunto era idêntico: o ensino para crianças, isto é, o Mini Voleibol. Como tenho larga experiência no Brasil sobre o assunto, atrevo-me a expressar a minha opinião a respeito da Metodologia a empregar. Antecipo que sou totalmente CONTRA ao que apregoa a Fivb, leia-se H. Baacke, emérito presidente da Comissão de Treinadores, velho conhecido desde 1975, no 1º Simpósio. O texto é um press release que vem da Argentina. Como lá estive em 84, passarei a analisar alguns fatos interessantes para nosso aprendizado no que se refere à Metodologia a empregar na tarefa de ensino para crianças.
Argentina. Vejam o resumo e perdoem-me a tradução: “Nova iniciativa começa na Argentina – O evento é o primeiro de muitos na Argentina – San Juan, Argentina, 18 junho de 2010. A primeira Clínica de Voleibol para as crianças na Argentina visitas escolares Volley teve lugar na quinta-feira no Centro de Desenvolvimento de Voleibol em San Juan. O evento foi aberto pelo presidente da Federação Argentina de Voleibol Alejandro Bolgeri e Gabriel Tesoureiro Salvia. O projeto visa aumentar o conhecimento do esporte no país sul-americano que também irá sediar a fase final deste ano da Liga Mundial de Voleibol em poucas semanas. No fim de semana seguinte, com a duração de dois dias, a realização do FIVB Weekend, também em colaboração com a FeVA, reunindo crianças de 4 a 12 anos para jogos alegres de voleibol: 17 clubes atenderam ao chamado, formando 146 equipes e um total de aproximadamente 600 alunos, além de familiares e amigos compondo os 1.200 espectadores”.
Os argentinos “descobriram” o mini voleibol a partir de 1981, como se depreende dos anais da Confederación Sudamericana de Voleibol (CSV). Naquele ano o secretário da Comissão Sul-Americana de Treinadores, Miguel Salvemini, participou com outros cinco professores argentinos de uma reunião de quatro dias (30/6 a 3/7) em Roma sob os auspícios da Subcomissão Internacional de Minivoleibol (SCMVB), um ramo da Comissão Internacional de Treinadores (CIT) da FIVB. Os membros eram Gianfranco Briani* e Beniamino Pagano (Itália), Peter Duyff (Holanda), Gerhard Dürrwächter* (Alemanha), Lorne Sawla (Canadá), Jorgen Hyllander* (Suécia), assistidos por Horst Baacke* (alemão), presidente da CIT. A reunião foi presidida pelo professor Briani, presidente da SCMVB. Como saldo desse evento, ficou decidido entre outras coisas o estabelecimento de diferenças entre Curso e Simpósio, e que os Simpósios Internacionais seriam realizados a cada três anos. Naquela oportunidade foi solicitado à Confederação Sul-Americana um curso internacional de mini voleibol a ser realizado antes de 30 de setembro de 1983. Além disso, como previsto, construíram uma “Cartilha” de procedimentos para as filiadas. Em dezembro de 1981 os argentinos realizaram o I Encontro Nacional de Mini Voleibol na cidade de Córdoba durante quatro dias em que, predominantemente, só constou de competições entre 37 equipes e 185 jogadores. Além de estatísticas do evento, nada mais constou do relatório. Pura e simplesmente os jogos entre crianças. Somente em 1984 (20/23 de setembro), realizaram o I Simpósio Nacional da modalidade em Buenos Aires para professores das diversas Províncias do país.
(*) Os quatro presentes ao 1º Simpósio Mundial de Mini Voleibol na Suécia, 1975. Além, é claro, do autor. O leitor poderá conhecer detalhes dos trabalhos realizados em diversos países nos Anais desse Simpósio publicado neste site em “História do Mini Vôlei” (vários).
Congresso Argentino de Mini Vôlei, 1984. Com duração de quatro dias e contando com grande participação de professores de todo o país, embora predominantemente portenhos. O local escolhido foi o Centro Deportivo Nacional que contribuiu para acomodação dos visitantes, inclusive eu, convidado único enviado pela CBV. Dividir um alojamento com professores de diversas Províncias viria a se tornar num detalhe importante como verão mais adiante no relato, pois me proporcionou um contato mais estreito com professores do interior, com realidades distintas da capital. Um dos professores palestrantes era o técnico italiano Pitera. Ao que me lembre, só ele. Os demais, todos nacionais. Foram abordados diversos temas, até mesmo em consonância com a reunião de Roma. E, orientados pelos seus treinadores, um grupo de crianças constituído de atletas de clubes promovia a demonstração de ensino nas práticas. E aí é que chamo a atenção do leitor para o grande detalhe que poucos se preocupam: “A Passagem da Teoria para a Prática”.
Aguardávamos todos, éramos quase uma centena de professores, as aulas práticas com grande interesse. Dois professores se encarregaram de enunciar os exercícios aos jovens alunos e, portanto, já iniciados no esporte. Enquanto um terceiro explanava as reais qualidades e importância de tais e tais exercícios que iam se sucedendo rapidamente. Não me lembro quantas foram as práticas, mas o que me restou na mente é suficiente para convencê-los da inutilidade daqueles procedimentos. E o pior é que quebrou de forma insofismável qualquer esperança de aprendizado dos professores provinciais. Não sei se também à grande maioria de portenhos ali presentes. No alojamento consegui trocar palavras a respeito com três companheiros que, perplexos, diziam: “Como chegaremos a realizar tal façanha com nossos muchachos, tão pequeninos e frágeis? Nada do que vimos poderá ser colocado para nossas crianças”. No que concordei em tudo, pois os professores se aprimoraram tanto na complexidade dos exercícios, que se esqueceram que estavam tratando da metodologia da iniciação desportiva, isto é, como levar um indivíduo a aprender algum movimento e atuar junto com outros companheiros. Eles simplesmente se esmeraram em colocar exercícios os mais complexos possivelmente para impressionar a plateia. Puro exibicionismo de ADESTRAMENTO.
Influência Desfavorável. Nisto reside o que já tinha visto no 1º Simpósio, inclusive com diversos treinadores, o japonês Toyoda e o alemão Baacke. Felizmente, lá estava o melhor de todos, o também alemão G. Dürrwächter, a quem me associei na sua doutrina de “Aprender Brincando e Jogando”, título de um de seus livros publicados no Brasil.
FeVA – Federación del Voleibol Argentino(ex- Federación Argentina de Voleibol). Muito tempo depois, em 2003, a Federação passou por sérios problemas que, inclusive, ocuparam o noticiário internacional, culminando com a intervenção da Fivb. Eis um resumo que consta do site da Federação argentina: “En agosto de 2003 la Federación Internacional de VolleyBall (FIVB) designó, para administrar de manera transitoria el voleibol argentino, a un denominado ‘Grupo de Trabajo’, formado entonces por Juan Ángel Pereyra, Eduardo Fernández, Miguel Marziotti y el Alejandro Bolgeri. A fines del mes de enero en la ciudad de Acapulco, México, el Consejo Directivo de la FIVB reconoció – ad referéndum del congreso de Porto, Portugal, en mayo -, a la Federación del Voleibol Argentino (FeVA) como único ente representativo del voleibol en la Argentina, hecho que fue rubricado por la Confederación Sudamericana de Voleibol reunión de febrero en Sacquarema, Brasil”.
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Como criar e organizar exercícios de técnica. O professor deverá cuidar para que os exercícios tenham: 1) um objetivo claro; 2) muitas repetições e um retorno correto; 3) condições próximas do jogo (exigências adaptadas); 4) uma ação principal (desenvolver ações encadeadas); 5) cada exercício tenha o seu ritmo próprio; 6) deve ser interessante, exigente, competitivo.
Observações: 1) cada exercício deve ter uma “palavra-chave” ou apelido; 2) objetivos quantificados; 3) normas de comportamento dos alunos; 4) funções dos jogadores e técnicas de organização; 5) como recolher bolas; 6) referência e colaboração.
Dinâmica da Aula
Olhar no aluno: exercícios, por si só, não resultam num treinamento eficaz; sendo assim, o comportamento da criança é a variável decisiva.
Olhar do professor: estar consciente de sua influência; compreender como os alunos o percebem; controlar eficazmente o ritmo de cada exercício e a totalidade da aula; sensível à personalidade dos alunos; ligeira distinção entre os extremos, entre ser duro e inflexível e ser gentil e generoso; melhorar sua percepção do que é apropriado para cada indivíduo, não importa em que situação; ser criativo e flexível, copiar os outros revela falta de inspiração.
Interação professor-aluno: contar coisas, dar opinião ou ideias, estimular a fala, perguntas dos alunos, produzir debates. O acréscimo do tempo de espera a uma pergunta resulta em respostas mais pertinentes, refletidas e de mais alto nível.
Meios: possibilitar o manuseio da bola (criar intimidade, cuidar da limpeza); criar exercícios diferenciados e simples (cuidados e organização); bolas diferenciadas: tamanho, peso, textura, cor etc.; bilateralidade, recordes pessoais e de grupos; trajetórias eferente e aferente, ponto-chave, transferência.
Sequência: natureza do exercício e seus objetivos; um mesmo exercício pode ser decomposto ou ampliado.
Quantificação: medir o n° de exercícios na aula – aborrece ou confunde? Repetições não devem ser extensas e demoradas; criar variações; avançar ou retroceder quando necessário; alunos decoram automaticamente os exercícios; dar nome ou apelido aos exercícios; rememorar os exercícios ao final de cada aula; estimular grupos a comporem os exercícios; observar maiores dificuldades e indicar guia a cada aula.
Ritmo: tão intenso quanto os alunos suportem respeitados seus limites; garantir razoável aplicação técnica: todos participam, não importa o nível.
Cuidados na execução: maneira de distribuir as bolas com precisão e proteção dos alunos; formas de passar as bolas ao professor (manutenção do ritmo); fixar tempo de início/repetição para garantir o interesse (não aborrecer).
Destaques: responsabilidades na execução das tarefas; concentração e intensidade na execução.
Avaliação
Observar o desempenho tendo como referência o processo que a criança está vivenciando. Enfatizar a auto-avaliação estimulando o aluno a referenciar seu desempenho atual em relação aos anteriores. Analisar a totalidade, fornecer informações qualitativas quanto ao domínio dos objetivos, como efetuar possíveis correções, tendo como critério a participação, o interesse e o desenvolvimento global a partir da história da criança.
Levar os alunos a compreender: um desenvolvimento de consciência crítica do processo; aprender a avaliar e a expor; aprender a cooperar e a estimular seus companheiros.
Zona de desenvolvimento proximal: Um espaço entre a competência assistida e a não-assistida; auxílio em tarefas que as crianças não conseguem fazer sozinhas.
Arguindo o professor: Aquilo que está sendo ensinado está sendo também aprendido? A instrução está sendo sensível ao desenvolvimento da criança? As exigências ultrapassam o nível potencial de compreensão? A instrução está subestimando a capacidade dela? Que significa ser “bem ensinada”?
Meios: quem consegue sozinho? Incentivar a liderança e a criatividade. Levar os alunos a se treinar e a organizar um torneio sozinhos. Uma aula sem o professor.
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Alunos se divertem em ruidosa aula no Colégio Catarinense, Florianópolis.
Despertar para o Vôlei Escolar
I – Particularidades do Ensino
Conceito – O vôlei responde a regras fixadas pelo homem; as crianças têm as suas próprias motivações; não é suficiente adaptar o material à estatura das crianças. Objetivo – Desenvolver consciência crítica do processo; aprender a avaliar e a expor; aprender a cooperar e a estimular colegas. Meios – Formas de atrair alunos; aprendizado é difícil; formas de atividades motivantes; cuidar para que TODOS pratiquem; solução de problemas distribuída ao longo do tempo. Estratégia – Convite e encantamento; classificar em grupos; não congelar num único grupo; reduzir diferenças com momento de superação; busca de um coeficiente de êxito. Festivais – Sensação de jogar desde a 1ª aula; produzir animação de jogo (espetáculo); contagiar a turma e a escola com muitos jogos e competições.
II – Do Mini Vôlei ao Vôlei
Os cuidados na estruturação das atividades devem subordinar-se ao programa didático e às condições da escola. O mini é um exemplo de atividade informal. O campo é reduzido e pode ser instalado em qualquer espaço, tem regras similares às do voleibol e as técnicas empregadas no jogo são simples e não exigentes. Vem sendo utilizado em várias escolas. As aulas de educação física e os recreios certamente estão mais interessantes.
Para quem? – Para milhares de crianças, meninos e meninas entre 8-14 anos de idade. TODOS participam ao mesmo tempo – ninguém fica de fora -, independentemente de suas habilidades e JOGAM a partir da 1ª aula.
Problema crônico – Nas aulas de educação física os alunos geralmente praticam seus esportes preferidos. Quando a aula termina, muitos alunos acabam não jogando e, geralmente, esses são os que não sabem ou não têm muita habilidade para os esportes. Resultado: eles continuam sem saber jogar!
Solução – Uma maneira simples de tornar o vôlei mais fácil para todos é determinar o nº de jogadores em cada equipe, que poderá ser de 2 a 4. Em cada campo jogam até 8 alunos. Isto significa que, em três campos de minivôlei, 24 indivíduos podem jogar ao mesmo tempo. O método de ensino agrupa os alunos sob diversas formas a serem consideradas pelo docente. Os jogos não são estáticos e o professor poderá variar e alternar a forma de competição, tornando a aula super agitada!
Estruturação da Atividade
Unidades didáticas. Parte do jogo simples, com a progressiva aquisição da habilidade, passa-se aos jogos mais complexos. Com o sistema 1 contra 1 pode-se jogar mini vôlei desde a primeira aula. O professor, dado o pouco tempo disponível e os espaços frequentemente exíguos, deverá dispor de: 1) uma boa organização da classe; 2) a divisão dos grupos (1×1, 2×2, 3×3, 4×4); 3) o emprego de rodízio de alunos nas funções de árbitro.
Aspectos de organização. Material, equipamentos; como organizar torneios; adaptações convenientes sobre as características e as regras do jogo. Em minhas aulas e cursos venho empregando uma série de materiais que denomino “alternativo”, todos muito divertidos: muitas bolas de tênis, de mini vôlei, puçás, biruta, tamancos (para 4 pessoas), cones, lençóis, cortina sobre a rede, e possivelmente, o mais atraentes, inclusive para adultos, o paraquedas. A imaginação e a criatividade de cada professor vão realçar suas próprias aulas a seguir. Veja “Apresentação em Universidade” que realizei na Univ. Gama Filho.
Minha proposta está calcada no Aprender Brincando e Jogando, graças ao desenvolvimento da obra do alemão G. Dürrwachter. Repasso a ideia e acrescento para o professor que introduza em suas aulas muitos jogos e brincadeiras, inclusive utilizando variados exercícios não específicos de voleibol. Sobre isto poderão ter uma breve explicação na leitura postada neste blogue sob o título “Teoria vs. Prática” em que dialogo sobre o assunto com o Professor João Crisóstomo. Transcrevo para uma rápida compreensão comentários sobre Princípios do Ensino da obra de Piaget:
“Embora interação e cooperação entre crianças sejam objetivos importantes, é melhor começar as atividades fornecendo a cada criança seus próprios materiais e encorajando o jogo paralelo. Nessas atividades, as crianças querem fazer coisas com os objetos (fornecer vários, além das bolas) e essa iniciativa é exatamente o que queremos encorajar. Se o professor tem que insistir para que as crianças se revezem, elas tornam-se inquietas e suas incitativas são frustradas. Quando, p.ex., é fornecida apenas uma bola e as crianças têm que ficar em fila esperando sua vez de atingir um alvo, metade da energia do professor será gasta pedindo às crianças que esperem sua vez e consolando aquelas que estão infelizes. Portanto, é melhor oferecer materiais para quatro ou cinco crianças de cada vez (em uma situação de jogo livre onde estão disponíveis muitas outras atividades atrativas) e encorajar primeiramente o jogo paralelo. Quando este princípio de fornecer materiais suficientes para diversas crianças de cada vez não pode ser adotado, é provavelmente melhor dirigir as crianças para outras atividades e prometer uma mudança mais tarde do que fazê-las esperar e olhar os outros se divertirem. Começar com o jogo paralelo nas atividades de qualquer desporto não significa que os objetivos de interação e cooperação foram abandonados. Esses são apenas temporariamente colocados de lado no interesse de encorajar a iniciativa das crianças com a diversidade de objetos. Na verdade, interação e cooperação evoluem mais facilmente com o jogo paralelo do que com a “cooperação” imposta pelo professor desde o início. Por exemplo, numa determinada atividade em que as crianças comecem fazendo suas próprias coisas, mas em seguida têm a oportunidade de exibir seus feitos, imitarem uma às outras, compararem descobertas e derem conselhos umas às outras. Uma outra forma de estabelecer esse princípio é: Introduza a atividade de tal forma que a cooperação seja possível, mas não necessária”.
[1] O Conhecimento Físico na Educação Pré-Escolar, Kamii C., Devries R., Artes Médicas, 1985.
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“A aula é uma Festa”: os próprios alunos organizam os jogos 2 x 2, 3 x 3, 4 x 4. E a torcida participa!
Promovendo a inclusão. Pluralidade de atividades favorecida pela diversidade de conteúdos pode ser aplicada com sucesso às demais disciplinas curriculares.
Solução de Problemas. As ações propostas devem ter o objetivo de minimizar diferenças individuais, o tempo de aula, a falta de motivação dos alunos e a exclusão. Além disso, e muito mais, promover uma caracterização crítica do próprio ensino e a Educação e Socialização através dos jogos.
Múltiplas estações, múltiplas tarefas. A organização das aulas em múltiplos campos ou estações permite a participação de TODOS. Os campos de jogo podem estar organizados com tarefa única ou com diferenciadas tarefas (simultaneamente). Uma opção criativa, interessante e bastante agradável seria o deslocamento de todos os alunos (grupos, equipes) num sentido predeterminado, tanto nos exercícios, quanto nos jogos.
Avaliação. As atividades devem ser colocadas especialmente para o desenvolvimento da coordenação das relações espaço-temporal e as crianças se divertirem bastante, testando-se à medida que o professor introduz as variações citadas nos objetivos da aula. Entretanto, faz-se mister que o docente promova uma avaliação não só do desempenho dos alunos, mas de si mesmo, uma reflexão sobre a própria ação. Neste momento poderá se servir de alguns princípios do ensino:
Como planejar uma atividade?
Como introduzi-la?
Como interagir com as crianças durante a atividade?
Que tipo de acompanhamento é importante?
Além disso, os alunos podem responder às indagações:
Estou aprendendo?
Como aprendo?
Desenho de Curso
Particularidades do Voleibol Escolar. O vôlei responde a regras fixadas pelo homem e as crianças têm as suas próprias motivações. Não é suficiente adaptar o material à estatura das crianças.
Mini vôlei. Do mini vôlei ao vôlei. Desenvolvendo uma metodologia condizente com o local ou região. Cuidados na estruturação das atividades.
Prática e Avaliação. A organização dos exercícios e sua execução compõem a dinâmica ou ritmo da aula, para o que é necessário um encadeamento natural. Convém que o docente proceda à avaliação das respostas – motora e linguagem – dos alunos e de sua própria condução no trato com os mesmos: “Como e quando devo intervir”?
(continua)
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1. Passes e Toques. Na mais tenra formação entre crianças que se iniciam em qualquer desporto, é mister que se lhes assegure o maior número possível de contatos com a bola, permitindo-lhes vivenciar todas as experiências intrínsecas. Através do tatear experimental ela buscará soluções para o seu desenvolvimento técnico e tático. No jargão esportivo, denominamos ter intimidade com a bola. Compete à professora aquilatar quando e quanto de ajuda a aluna necessita a cada sessão. Lembrando que uma colega mais adiantada poderá também cumprir essa tarefa com perfeição.
Trajetórias aferente e eferente. Permitir jogar segurando a 1ª bola que vem do campo contrário. Dilema da recepcionista: o que fazer com a bola? Para quem passar? Como?
A sensação inicial é apavorante e estressante, pois todas as colegas gritam como se pedissem que lhes passasse a bola. Imagine-se num programa de auditório, com todos gritando e induzindo-a a uma decisão. Com certeza e após algumas experiências, a criança elege uma solução que lhe parece a mais simples para se livrar do problema (a bola): lança-a para quem está mais perto dela ou da rede. E este gesto é então imitado pela grande maioria. Ressalte-se que este lançamento, inicialmente, é um arremesso direto contra a companheira que, concomitantemente, deverá também ela se livrar da bola – agora sem segurar – lançando-a, ou para uma colega (poderia ser a mesma) ou para o outro campo, o que ocorre no mais das vezes. E, do outro lado, caso interceptem a bola, a história se repete.
Solução. Normalmente, uma das alunas se coloca junto à rede, quer na situação de mini vôlei (3×3), quer na quadra oficial (6 x 6). Seria a posição estática da LEVANTADORA, a que está momentaneamente no meio da rede. Ora, se o toque frontal já é difícil para elas, o que não dizer do toque angular. Desta forma, a professora deverá levá-las a descobrir formas de sanar esta dificuldade (Zonas de Desenvolvimento Proximal). As soluções poderiam ser: a) no jogo 3×3 – mesmo com a levantadora na posição junto à rede, devolver a bola diretamente para quem lhe passou a bola, evitando lançá-la para o outro campo (suprime o toque angular). Vantagem: teriam os três toques e, todos, basicamente frontais.; b) no jogo 6×6 – afastar a levantadora da rede (as 3 atacantes poderão estar em linha) e sugerir-lhes os três toques como no exemplo anterior. A maior dificuldade que deverão sentir refere-se ao toque alto e ao seu direcionamento longitudinal (a bola pode ficar aquém ou ultrapassar a companheira).; c) essas dificuldades serão sanadas nos momentos dos exercícios técnicos (lúdicos) e, atenuadas ou facilitadas nos jogos 1×1 e 2×2. A professora deverá observar quando deve fazer uso de diferentes dimensões da quadra de jogo (mais largas ou profundas) de acordo com o objetivo traçado.
2. O saque “por baixo” (Ver “Voleibol na Escola”, II; 26.2.2010)
3. As posições na quadra. “Onde estou? Para onde vou?”
Para a iniciante de um desporto, especialmente àquela que nunca praticou qualquer atividade física regularmente, torna-se tarefa quase impossível relacionar-se com 5 outras colegas, mesmo numa área diminuta, especialmente com recomendações expressas para que não deixe cair a bola no chão. E mais: deve passá-la imediata e incontinente a uma outra sem poder retê-la ou conduzi-la ainda que por alguns instantes. É bem possível que, numa quadra oficial a criança fique aturdida, pois ainda não compreende suas tarefas. A redução do campo de jogo e do no de parceiras facilita neste mister, inclusive no sistema de rodízio. Outro recurso é a execução de trabalhos com desenhos ou fotos que estimulem esta compreensão. Só após este entendimento, a criança poderá perceber por que está ali e qual a sua função em determinado instante. É bem provável que as iniciantes se coloquem próximo às linhas da quadra. Especialmente as mais tímidas. Para desenvolvê-las, o primeiro passo é torná-las mais participantes, mais ativas e, por isso, mais confiantes. Todo processo de envolvimento psicológico é imprescindível, haja vista que é importante para o “despertar” técnico das alunas. O desenvolvimento da auto-estima e do espírito participativo se faz através dos jogos e das brincadeiras, que antecedem a aula propriamente dita. Ali as crianças tímidas têm a oportunidade de extravasar suas ansiedades e dar-se a conhecer mais facilmente à professora e suas colegas. Nesta área, torna-se fácil qualquer tipo de ajuda. A partir daí criam mais desenvoltura e descortinam soluções exitosas para seus problemas e passam a encontrar mais estímulos das colegas na execução das tarefas. Ao passar aos exercícios propriamente ditos de voleibol, a professora poderá se valer de alguns expedientes: a) a posição inicial deve ser àquela em que as jogadoras, abrindo os braços, estejam “quase se tocando” (a partir do meio da sua quadra); b) as distâncias para a rede devem ser igualmente consideradas; c) perceberão, fisicamente, que com 1 ou 2 pequenos passos, poderão alcançar ou interceptar a bola; d) NÃO devem se colocar umas atrás das outras. As jogadoras de defesa deverão assumir esta responsabilidade; e) ao tocarem qualquer bola, a preocupação primeira deve ser a de lançá-la para o alto, se possível para a colega mais próxima. Esta, em seguida, decide se retorna à quem lhe passou ou à outra. É importante que uma apoie a outra; f) fazê-las movimentar-se com desenvoltura na quadra pressupõe jogar com alegria, sem medo de errar. Significa também estarem libertas, descontraídas. A perfeição do gesto técnico vem bem mais tarde.
4. A concentração e movimentação. Sei onde estou? Que devo fazer?”
Fica evidenciado que, entendendo o que se passa ao seu redor, a aluna possa distinguir suas funções dentro do grupo e, assim, criar ou despertar formas para seu sucesso em qualquer participação. Pouco antes do saque contrário ou de ações corriqueiras de jogo terá momentos de concentração mental que lhe permitirão proceder a um breve e imediato juízo da situação e decidir sobre sua conduta. A movimentação correspondente virá a posteriori, graças também à qualidade e quantidade das experiências vivenciadas. Estímulos adequadamente aplicados são mais valiosos do que os gritos das colegas ou da professora. Esta deve atentar para o fato de não ser repetitiva em suas observações o que denota erro na colocação dos estímulos ou exercícios. Uma auto-avaliação é sempre benéfica para todos. O assunto será tratado futuramente quando abordarmos a “Posição de Expectativa”.
5. O despertar tático. Dependo da minha companheira?
A percepção do que ocorre à sua volta é um indício de um despertar tático para o jogo. A aluna percebe o seu envolvimento em relação às demais componentes da equipe e em relação à equipe contrária. Este despertar deve ser fruto de um trabalho constante de esclarecimento da dependência que têm umas das outras. E se inicia a partir da construção dos exercícios e de alguns princípios metodológicos: a bola vem em minha direção; não posso retê-la ou conduzi-la, que faço? Ou então, minha colega recebe a bola, devo apoiá-la? A partir daí surgem os primeiros movimentos de antecipação na defesa e de aproveitamento de espaços vazios quando ataco. Aonde devo lançar a bola para o campo contrário? Como ver os espaços vazios?
Nas próximas postagens estarei comentando sobre o velho embate do jogo, ataque x defesa. Aguardem.
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Quando ainda Coordenador Técnico do VivaVôlei (CBV), apresentei-me num excelente e tradicional educandário localizado no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro. Este evento revestiu-se de característica única e foi marcante para mim. Inicialmente, a surpresa, pois não esperava que fosse realizar três apresentações ao invés de uma, conforme estava programado. O fato não me consternou, ao contrário, transformei-o num dos momentos de maior realização profissional. Além disso, houve a participação concreta da totalidade dos alunos do ensino fundamental, que foram deslocados de suas salas de aula – cada grupo em uma apresentação – para apreciarem das arquibancadas a aula com participação de 24 alunas adrede selecionadas. Impossível hoje dimensionar a capacidade das arquibancadas, mas cada uma possuía 5-6 degraus e se estendiam por toda lateral do grande e belo ginásio. Detalhe: não havia qualquer espaço vazio. Acrescente-se que após a segunda apresentação tivemos um intervalo para almoço no refeitório do colégio e, tempos depois, a conclusão com a terceira aula.
O que fazer?
Diante do ginásio repleto de crianças contidas disciplinarmente por suas respectivas professoras, passei a imaginar o que poderia realizar: devo ser burocrático, configurando as aulas da mesma forma que fizera em outras oportunidades, ou inovaria com algo retumbante? Antes de relatar o sucedido, vamos resgatar alguns comentários de cientistas experientes que tratam de um assunto pertinente – a INTUIÇÃO.
Sentidos aliados à experiência
Intuição vem do latim intueri, que significa dar uma olhada. A explicação mais simples é de que os insights não passam de modus operandi do cérebro. ”Esse órgão é uma máquina de extrair padrões e, com base neles, faz antecipações de acordo com o aprendizado, com a experiência”, diz a neurocientista Suzana Herculano-Houzel. É importante distinguir intuição de sorte. Um goleiro pode ter a sorte de cair para o lado certo e pegar o pênalti. Mas pode usar sua intuição, proveniente de anos de experiência, e se jogar para o lado que acredita ser o correto. Nesse caso, pegar o pênalti não vai ser obra do acaso ou adivinhação. É um pressentimento baseado no conhecimento – como se processa a intuição.
Para o psicanalista Carl Jung, a intuição é uma das quatro maneiras de o homem entender a realidade. As outras são sensação, pensamento e sentimento. Segundo ele, a intuição utiliza a psique para discernir sobre fatos e pessoas e, para ele, um sujeito intuitivo possui características próprias: observa holisticamente[1], confia nos pressentimentos, é consciente do futuro, imaginativo e visionário. Se existisse uma frase que defina melhor a intuição, esta seria: ”Sei o que fazer, mas não sei por quê”. A maioria das pessoas já sentiu medo de tomar uma decisão sabidamente acertada, mas impulsiva, e depois se arrependeu de não ter agido de imediato. Enquanto a razão trabalha, a intuição procede em flashes. A intuição capta vislumbres da realidade em fragmentos e pedaços, normalmente em forma simbólica. Esses símbolos precisam portanto ser interpretados e montados para que surja uma figura coerente”. Difícil é fazer essa interpretação. Os especialistas asseguram que é possível aumentar a capacidade intuitiva, desde que a razão saia de férias. ”Minha sugestão é dizer à lógica que ela merece um descanso”, ensina Sharon. ”É preciso disciplina e tempo para remover o treinamento que se recebeu para ignorar a intuição. ” Relaxamento é essencial, porque o ritmo alucinado de vida é inimigo público das impressões instantâneas. Momentos de silêncio, para aquietar o corpo, as emoções e os pensamentos, também ajudam a intuição a fluir facilmente. Exercícios respiratórios e meditações mudam a frequência adrenérgica do coração – que faz a pessoa ficar ansiosa – para vagal – tranquila, alerta o neurologista catarinense Martin Portner, mestre em Ciências pela Universidade de Oxford e condutor de workshops sobre empatia, intuição e criatividade. ”Quando o coração está no ritmo vagal, nos tornamos mais propensos a ter ideias intuitivas”, diz ele.
A apresentação
De imediato, decidi proceder da forma que vinha realizando as apresentações em outras escolas. Favorecido por ter o mesmo grupo de apresentação, dei-me a conhecer e passamos à execução imediata de exercícios simples e variados. Queria o quanto antes chegar ao momento do jogo propriamente dito. Todavia, a decisão que tomara implicava em como proceder para que os alunos espectadores também participassem ativamente da aula. Eis que surgiu no meu pensamento a solução (ou intuição?). Ao tempo em que anunciava os exercícios para as praticantes, passei a dirigir-me também à massa de alunos das arquibancadas, postando-me de um lado e de outro junto à cerca que nos separava. E estimulava-os a deixarem de lado o quase mutismo em que se encontravam para realizarem uma tremenda algazarra. E dizia a uns e outros: “Que grupo (das arquibancadas) é o que grita mais”? E, do outro lado, incitava: “Os colegas do lado de lá disseram que a torcida deles é muito melhor do que a de vocês é verdade”? E, a cada passagem, cada vez mais barulhenta, alternava os exercícios até chegarmos ao jogo. Enquanto as atletas jogavam retornei às arquibancadas e convidei-os a jogar: “Quem quer jogar”? Foi o máximo para todos! Tive que recorrer a quatro professores da escola que me assistiam para organizar vários grupos de seis alunos que foram se revezando nos jogos. A seguir dispensei o grupo de demonstração e organizamos os “jogos das arquibancadas” que, entre mortos e feridos, salvaram-se todos, apesar dos olhares estupefatos das professoras de classe que não acreditavam no que vivenciaram. As demais aulas transcorreram de forma idêntica, tendo facilitada minha tarefa posto que as atletas já sabiam o que iria ocorrer. Todavia, não as desprezei, pois vez por outra incluía algo diferenciado. Devo informar que “perdi o equivalente a 2 kg”.
O maior elogio
Um comentário do professor Coordenador da escola posterior às aulas chamou-me a atenção e muito me gratificou. Disse-me ele com um pequeno sorriso: ”Não sei como explicar à direção tanta algazarra, já que vizinhos à escola estão sempre a reclamar do barulho. Mas nada se compara ao que vi hoje”!
[1] Atende em todas as dimensões. O princípio geral do Holismo pode ser resumido por Aristóteles na Metafísica: “O inteiro é mais do que a simples soma de suas partes.”
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A Fivb e a federação canadense de voleibol organizaram um Simpósio (23-27/6/2007) para discussão de aplicativos e técnicas de ensino a serem desenvolvidas nas escolas. Participaram representantes das federações nacionais de oito países que discorreram sobre oportunidades das atividades para os alunos. O intuito da Fivb é estimular novas ideias, ou seja, criatividade sobre o tema. Pelo lado brasileiro, creio que estamos muito longe disso.
Foi estabelecido um programa com quatro diferentes formatos:
Leitura: apresentação descritiva das características do sucesso dos programas nacionais.
Demonstração prática: apresentação em ginásio ilustrando o programa e suas perspectivas práticas.
Workshop: uma sessão no ginásio envolvendo participação ativa com os representantes.
Seminário: rodada de discussões com os principais experts (prática e oral).
O representante brasileiro foi o Professor Newton Santos Vianna Júnior, que fez um relato sobre as características e o desenvolvimento do esporte escolar no Brasil com ênfase no Programa Vivavôlei da CBV.
COMENTÁRIO: Ninguém inventa nada se for servil ao conhecimento passado.
Pelo visto continuam a repetir os mesmos erros. Não há criatividade, a metodologia está estagnada há muito e não se apercebem que as crianças de qualquer nacionalidade não se importam em aprender as técnicas do jogo, mas querem apenas BRINCAR. No que tange à formação dos professores, especialistas ou não, estes dificilmente terão condições práticas para desenvolverem algum trabalho consistente por dois motivos: o deficiente ensino universitário e os cursos de formação no País. Há uma constante e nociva influência de se pretender formar atletas, prospectar talentos, o que reduz o número de adeptos e praticantes. Quanto aos verdadeiros educadores, acautelem-se: “A dúvida nos ensina o caminho da busca de querer ser para dentro, diferente da ilusão e fascínio de querer ter e mostrar para o mundo o que se tem”.
Importância da Dúvida. No ensaio “A Dúvida” (Relume Dumará), o filósofo tcheco Vilém Flusser diz que “duvidar é um estado de espírito que pode significar o fim de uma fé ou o começo de outra. Em dose moderada, estimula o pensamento. Em dose excessiva, paralisa toda atividade mental”.
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