Você Pode Aprender a Ensinar com as Derrotas

Bernardo Agasalho e Livro  2 junho2011

Aprendendo a Ensinar…

Reproduzimos o comentário do jornalista Bruno Voloch em seu blogue no UOL do dia 7 p.p., por se tratar de uma observação de alguém que realmente vive o voleibol. Refere-se à segunda partida entre as equipes do Brasil e do Irã pelo Liga Mundial.

A seguir, conversaremos sobre o fato e suas possíveis  consequências, ou melhor dizendo, os cuidados e providências que se sugerem à CBV a médio e longo prazo para prevenir e alavancar um grande salto quanto aos Métodos de Ensino disseminados pelo país desde 1975, o “padrão Fivb. ” Verão também o que o Procrie vem postulando em matéria de Ensino Escolar/Clube, inclusive com propostas para qualquer desporto.

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Curso Prático: Métodos & Pedagogia no Vôlei – Defesa em Voleibol – Como Surgem os Talentos? Seria por Acaso? – Como se Adquire Habilidade? – Como Treinar? – Cuidados nos Exercícios – O Circuito do Ensino.

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Bernardinho perdeu a mão

Era o que faltava. Perder para o Irã por 3 a 0 e dentro de casa. Se existia alguma dúvida, não existe mais. A seleção masculina está em crise, perdeu a confiança, não é mais respeitada e dá sinais de estar sem comando. Bernardinho assume a responsabilidade pelo fracasso, se desculpa e fala em frustração. Bruno diz que falta atitude, postura e cobra reação. Discursos fortes, corajosos.

Fato é que o Irã simplesmente não tomou conhecimento do Brasil, ignorou a tradição e o histórico da seleção na liga e venceu com sobras e méritos por 3 a 0. Os iranianos mostraram incrível consistência no saque, defesa e fizeram 11 pontos de bloqueio contra apenas 5 do Brasil.

Não dá para livrar a cara de ninguém na seleção. Ninguém. Time apático, entregue, sem vibração e visivelmente abalado emocionalmente. Equipe sem padrão de jogo, com falhas inacreditáveis no sistema de recepção e volume de jogo zero. As 4 derrotas em 6 jogos em casa, pior desempenho desde que Bernardinho assumiu a seleção, aparecem coincidentemente após a crise na CBV e o suposto envolvimento do técnico na política. Bernardinho parece ter perdido a mão.

Parece. Não dá jamais para duvidar da capacidade dele. Dentro de quadra, porém, a sensação é que o grupo não responde mais ao comando do técnico. Sensação. (Bruno Voloch)

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irã capturada cidadesProcrie no Irã

Estamos muito felizes com os iranianos, como revela o recente interesse que o Procrie tem despertado entre seus habitués da web. São oito cidades, especialmente a capital Teerã (Tehran, ing.) com cinco visitas, e bem próxima, Karaj (2). Tomara que mais e mais adeptos se acomodem junto aos seus laptops e, apesar da língua, tenham algum mecanismo eficiente de tradução.  E que se esmerem mais ainda do que realizaram no Ibirapuera. Verdadeiro show!

Se na próxima etapa da Liga, mais uma vez os atletas iranianos promoverem a festa na quadra, não nos culpem de traição ou espionagem.

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NOTA INTRODUTÓRIA

Conhecimento amplo e conhecimento restrito

Quando Piaget ministrava seu curso sobre inteligência, ele começava perguntando: “O que é inteligência”? Ele então respondia: “Inteligência é o que nos possibilita adaptarmo-nos a novas situações”. E continuava salientando que existem dois aspectos em qualquer ato de adaptação – nossa compreensão da situação e a invenção de uma solução baseada nesse entendimento.

Como surgem as ideias

A inteligência não pode desenvolver-se sem conteúdo. Fazer novas ligações depende de saber o suficiente sobre algo em primeiro lugar para ser capaz de pensar em outras coisas para fazer, em outras perguntas a formular, que exigem as ligações mais complexas a fim de compreender tudo isso. Uma vez que o conhecimento é organizado em uma estrutura coerente, nenhum conceito pode existir isoladamente. Assim, cada ideia é apoiada e colorida por uma rede de outras ideias.

Visão do Procrie… aprender a ensinar

AutorBernardoBenéTabach1995No voleibolês da década de 60 já se dizia:

Há técnicos que sabem dirigir uma equipe, têm estrela, e outros que sabem treinar seus atletas; difícil é acumular.

Na foto, à esquerda, Roberto Pimentel, Bené, Bernardo e R. Tabach no Centro de Referência do autor em Copacabana (1995). Bené, já falecido, foi o primeiro treinador de Bernardinho no Fluminense. A seu cargo ficavam os atletas mirins e infantis, e no seu trabalho era considerado o melhor. Saiba mais sobre Bené e sua contribuição para o vôlei nacional no livro História do Voleibol no Brasil

O que se viu na partida em que a seleção brasileira perdeu para a do Irã, confirmou-se o dito popular. O técnico brasileiro não tinha o que dizer, e falava a todo o momento palavras de ordem para equilibrar sua equipe. O “Vamos lá! Vamos lá! Vamos lá! ” não nos parece a instrução requerida para o momento que atravessavam no jogo. Em outros, a insistência em mostrar a um dos atletas como fazer um bloqueio, defender ou recepcionar, somente atestava a inoperância ou dos treinamentos – que não produziram resultados – ou a falta de qualidade técnica da maioria do que ali estavam. Em suma, ao “dize-me com quem andas e te direi quem és”, ajusta-se também ao voleibol: “dize-me como treinas e te direi como jogas”. Particularmente, tenho minhas concepções sobre como treinar que podem não refletir tanta competência, mas certamente atenuariam as falhas que esses moços insistem em repetir. Já até ousamos tocar no assunto com os técnicos maiores.  

Produzimos artigo neste Procrie em que afirmamos, calcados na teoria moderna de treinamento profundo (qualidade), que não basta “treinar, treinar, treinar”, mas simplesmente TREINAR com QUALIDADE. Repetir o erro por dias, horas de treinamento só reforça o que está errado, impedindo o indivíduo de ser corrigido e, por conseguinte, evoluir tecnicamente. Muitos técnicos de seleções, inclusive de outras modalidades, afirmavam que é bastante dificultoso armar uma equipe em pouco tempo quando os seus integrantes não têm a necessária competência técnica nos fundamentos: É impossível ensinar e muito decepcionante, ter que ensinar a atleta de ponta como passar, defender, sacar, bloquear.

Se consultarmos treinadores, técnicos, professores e professoras atuantes em voleibol – clubes, agremiações, escolas – perceberemos que existem dificuldades fabricadas para escoimar um ensino de QUALIDADE, um ensino PROFUNDO, do qual pessoa alguma se esquece. Basta acompanhar os exercícios em qualquer um dos times participantes da Liga: copiam e repetem idênticos ensaios sem a menor preocupação de correção. É um trabalho inócuo e, pior, com agravantes, pois os instruendos sistematicamente REPETEM os mesmos erros. Dessa forma, levam anos para se aperfeiçoar, ou talvez nunca cheguem lá. Estão dando murros em ponta de faca!  

 

Iraniano Ghaemi vibra com ponto marcado contra a seleção brasileira de vôlei, no ginásio do Ibirapuera. Fonte: Fivb/Divulgação.Do outro lado, a equipe iraniana proporcionou a todos um belo espetáculo de superação e competência. Basicamente, não teve falhas e soube explorar inteligentemente a inoperância do adversário sem se intimidar com o seu currículo. A técnica de seus atletas fez com que o seu comandante alternasse saques violentos com os táticos com resposta positiva no desempenho da partida. Enfim, souberam comandar a partida como um “bloco”, deixando transparente sua disciplina tática, técnica aprimorada, e equilíbrio, o que muitos por aqui chamam paciência. Foto: Iraniano Ghaemi, canhoto e um dos destaques, vibra com ponto marcado contra a seleção brasileira no ginásio do Ibirapuera. Fonte: Fivb/Divulgação.

Lições

Por que perdemos? Onde erramos? Que devemos fazer? Temos tempo?

A competente comissão técnica deve estar procedendo a tais indagações, inclusive à luz de estatísticas e vídeos, pois o Bernardo é bastante inteligente e competente. Contudo, creio não ser preciso alertar à CBV sobre a Visão de seu trabalho, com certeza embutido no planejamento sobre a produção das peças de reposição e, muito mais importante, os Métodos empregados no Brasil, cuja responsabilidade atual parece ainda ser do Conselho de Treinadores. Note-se que ele é presidido e conduzido por um único homem – Célio Cordeiro Filho – guindado ao posto por Carlos Nuzman desde sua posse na entidade, há 39 anos. Todos os Cursos de Treinadores da CBV estão sob sua responsabilidade. Diga-se de passagem, o presidente do Conselho não participa ou opina sobre as seleções; ao que nos disse não é remunerado e que se atém exclusivamente aos cursos e relacionamento com o congênere da Fivb. Também o Setor de Seleções abdica de ingerência técnica, apenas administrativa.

Ouvir Quem Faz!

Convidamos os leitores a participarem dessa discussão, que pretendemos seja impessoal, ou seja, não se trata de medir competência de quem quer que seja, mas analisar situações, compartilhar pensamentos e propor soluções. Especialmente aos treinadores profissionais, cuja contribuição ao tema é incalculável, uma vez que eles são responsáveis pela Formação dos atletas, principalmente aos que chegam à seleção nacional.  Da mesma forma, professores(as) que atuam em escolas, pois as propostas chegam até VOCÊS e queremos seu comprometimento.

Na condução desse trabalho sugerem-se técnicas empregadas em Design thinking. É certo que carecemos de informações privilegiadas só conhecidas pelos envolvidos diretamente, mas no intuito de contribuir com espontaneidade, não devemos nos furtar ou amedrontar em nosso livre pensar, pois afinal, como verão em técnicas de design thinking, “não existem ideias burras”!

Como ter ideias e resolver problemas?

Design thinking é uma disciplina ensinada para gestores, médicos, filósofos… e até designers. A inteligência não pode se desenvolver sem conteúdo. Fazer novas ligações depende de saber o suficiente sobre algo em primeiro lugar para ser capaz de pensar em outras coisas para fazer, em outras perguntas a formular que exigem as ligações mais complexas a fim de compreender tudo isso.

Estas e outras indagações deverão ser respondidas não só pela equipe técnica, mas também por alguns conselheiros, pois ao contrário, o treinador responsável (e centralizador) corre o risco de estar dando voltas em torno do mesmo ponto. Como estão fechados dentro de si mesmo (a comissão técnica) a entidade corre o risco de ficar a mercê de um único indivíduo tomar decisões.

O cargo de técnico de seleção, cujo prazo de vigência era por período olímpico (4 anos), sempre foi atribuído em confiança – critério da presidência – e, dessa forma a Confederação fica refém de alguns poucos indivíduos e suas conveniências. Felizmente tem dado certo até o momento como comprovam os resultados. Mas, já deu errado e um período foi perdido. E amanhã? Há muito perigo quando as coisas (os resultados) não vão bem ou as atividades paralelas – negócios, exibição na mídia, política – que desgastam tanto os atletas, como treinadores. Os mais atentos devem recordar-se do pós-Barcelona, em 1992, em que alguns atletas, deslumbrados com o feito e as tentações de faturamento nas mídias e entrevistas, prejudicaram suas relações e compromissos com CBV. Ou se posa para fotos, ou se veste para treinar! Pouco antes, com o advento da Liga Mundial, acentuaram-se as disputas fora de quadra para estabelecerem os prêmios em dinheiro distribuídos pela Fivb. O que devia ser transparente até hoje o público nada sabe sobre os bastidores. E como sabemos, é um grande perigo no Brasil e em qualquer lugar do mundo.

Leia mais…  Aprender a Pensar, Memória Associativa, Professor e Treinador, Resolvendo Problemas, Como aplicar o design thinking no ensino de voleibol na escola ou no clube.

Peças de Reposição e Formação de Base

O que atualmente muitos chamam de peças de reposição, está representado pelas equipes secundárias – infanto juvenis e juvenis. A elas foi estendida a participação em diversos campeonatos internacionais, exatamente com o fito de formatar uma base de suprimento às seleções adultas. Todavia, a QUANTIDADE de jovens utilizáveis no país para tal circunstância é deveras insignificante e, além disso, formados com QUALIDADE duvidosa, com poucas exceções ocasionais. Sabemos que as chamadas “peneiras” nos grandes centros do país – São Paulo, Minas Gerais – são ao mesmo tempo incentivadoras, seletivas e castradoras. Ressalte-se que o Rio de Janeiro, antes celeiro de grandes craques, hoje praticamente sobrevive de alguns poucos atletas de vôlei de praia.

A Federação sofre do mesmo defeito de suas congêneres, a perpetuação dos respectivos presidentes. Aliás, dizem, estão ali porque pessoa alguma aceita o cargo. Com certeza, a partir do PROFISSIONALISMO da modalidade na década de 80, que muitos desejavam e aplaudiram, paradoxalmente tenha sido o marco divisório para a derrocada do sistema de renovação de atletas. Na prática, simplesmente foram extintas as equipes dos clubes. (leia mais… História do Voleibol no Brasil; vol. 2º; anexo II, Seminário Empresa/Esporte)

Ideias maravilhosas, competência, livre pensar

Iniciemos nossas ofertas de artigos com o que consideramos fundamental. No momento em que se procura intensamente democratizar as instituições esportivas do país, não há tempo a perder e dar início ao tempo perdido através da alternância de poder, além de estimular projetos que tratem de uma RELEITURA dos MÉTODOS que a comunidade do vôlei vem copiando há praticamente quatro décadas. Como também o sistema universitário nada produz de efetivo – somente diplomas – a esperança de mudanças metodológicas para o país recai única e exclusivamente em algum pesquisador interessado no assunto. Talvez um ou mais obsessivos malucos!

Nas derrotas encontramo-nos e podemos aprender mais do que imaginamos. O momento é de reflexão e muito provavelmente seria interessante que mais indivíduos coçassem a cabeça e lhes fosse permitido manifestar-se de algum modo  sobre o que fazer à frente. Caso contrário, a equipe técnica estará a dar voltas em torno do mesmo lugar, confundindo o ponto de partida com o ponto de chegada. Lembro que a Confederação possui um Conselho de Treinadores. Cremos que sua ingerência é limitada aos Cursos de Formação de Treinadores, que se repete há 39 anos com o mesmo titular. Então, concluímos que os atuais treinadores principais – José Roberto e Bernardo – sejam também os ”inspiradores” das demais divisões.

“Exercícios de casa”

Vejo diariamente minha neta de oito anos de idade “fazer os exercícios de casa” de sua escola. E também o modo como sua mãe (ou avó) emprega na tarefa de assistência à criança. Certamente, há diferenças sutis entre o que realiza a professora em classe, inclusive por vários motivos, mas o fundamental neste momento é acentuar a diferença entre a atuação da criança (instruendo) na aula – divide atenção com muitos colegas – e em casa, quando tem a primazia e conforto dos responsáveis. Nessa caracterização, chamamos atenção do leitor para a importância do MÉTODO empregado em casa (nos treinos) aliado ao grau de exigência na correção dos exercícios (como fazem as mães). Neste momento, mais do que nunca, há necessidade de conhecimentos da PEDAGOGIA a ser empregada.  Já vimos este assunto quando falamos da Zona de Desenvolvimento Proximal e andaimização postuladas há muito por Vygotsky.

Como treinar?

A maior lição que este pobre escriba recomenda está voltada para a “forma de treinar” – os MÉTODOS – os atletas no país, não só as equipes em Formação, mas principalmente as seleções nacionais, verdadeiro espelho para os demais treinadores. Para tanto, vimos trabalhando incessantemente em nosso blogue www.procrie.com.br/ buscando dialogar com os principais intervenientes com inúmeras sugestões, e inclusive, até dialogar com o próprio Bernardo (2002, na EsEFEx). Ainda neste ano, ao ter início os treinamentos para a Liga Mundial, solicitamos à CBV intermediação para conversarmos com ambos os treinadores das seleções principais, mas infelizmente “clamamos no deserto”. Vamos muito além, temos certeza de que as aulas de vôlei tão negligenciadas nas escolas, ainda que não contem com professores ou professoras especializadas, podem ser um elo na Formação graças à metodologia pioneira do autor, pioneiro do mini voleibol no Brasil. O Leonardo, auxiliar do Bernardo na seleção, que o diga!

Períodos de sucessivos bons desempenhos e consequentes vitórias entorpecem e desequilibram comportamentos, exceto para aqueles que as alternam com as derrotas. A história está aí para quem tiver discernimento para realizar suas análises e aprender a corrigir o percurso adiante. Retornar a fazer o que estava realizando em nada modificará o futuro, é confundir o ponto de partida com o ponto de chegada. Quanto aos atletas selecionados no momento, como se trata do melhor que existe no Brasil, seria lícito considerar o alerta para um trabalho muito árduo pela frente que deverá ser compartilhado por muitos, especialmente àqueles que participam da “comunidade voleibol”.

Não só seus treinadores principais, pois os métodos de treino não podem ser impostos, mas estudados e aplicados caso a caso. Aliás, quem os ensinou? As universidades ou os cursos de treinadores? Teriam aprendido somente pela prática? Então, seria plausível que se fizesse uma RELEITURA de quem somos, o que sabemos, e como darmos a nossa contribuição para novas gerações. Temos propostas encaminhadas à renovada CBV, e outra esboçada na web em um sítio exclusivamente educacional: Contributo ao Desenvolvimento do Voleibol. VOCÊ poderá tomar conhecimento no linque www.procrie.com.br/procrienoprezi/

Leia, critique, comente, e se gostar, tire partido.

Contributo a Desenvolvimento do Voleibol

A maior lição que este pobre escriba recomenda está voltada para a “forma de treinar” – os Métodos – os atletas no país, não só as equipes em Formação, mas principalmente as seleções nacionais, verdadeiro espelho para os demais treinadores. Para tanto, vimos trabalhando incessantemente em nosso blogue www.procrie.com.br/ buscando dialogar com os principais intervenientes com inúmeras sugestões, e inclusive, até dialogar com o próprio Bernardo (2002, na EsEFEx). Ainda neste ano, ao ter início os treinamentos para a Liga Mundial, solicitamos à CBV intermediação para conversarmos com ambos os treinadores das seleções principais, mas infelizmente “clamamos no deserto”, i.e., sem resposta.

Penso que períodos de sucessivos bons desempenhos e consequentes vitórias, entorpecem e desequilibram comportamentos, exceto para aqueles que as alternam com as derrotas, o caso presente. A história está aí para quem tiver o equilíbrio e discernimento para realizar suas análises e aprender a corrigir seu percurso para adiante. Quanto aos atletas selecionados no momento, como se trata do melhor que existe no Brasil, seria lícito considerar o alerta para um trabalho muito árduo pela frente que deverá ser compartilhado por muitos, especialmente àqueles que participam da “família, do voleibol”. Não só seus treinadores principais, pois os métodos de treino não podem ser impostos, mas estudados e aplicados caso a caso. Afinal, eles treinam em suas agremiações diariamente…

Temos propostas encaminhadas à renovada CBV, e outra esboçada na web em um sítio exclusivamente educacional: Contributo ao Desenvolvimento do Voleibol. VOCÊ poderá tomar conhecimento no linque www.procrie.com.br/procrienoprezi/. Leia, critique e se gostar, tire partido.

Releitura dos Métodos a Empregar

Neste momento recordamos o que vimos apregoando há tempos para a melhoria do ensino não só do voleibol, mas dos demais desportos. Nossa Visão está voltada para aspectos de pesquisas “em campo” na Metodologia e Pedagogia a empregar nas ESCOLAS e CLUBES. Para que não sejamos interpretados como apologistas do caos, sinalizo para alguns artigos já postados a respeito do que vimos postulando sobre o Treinamento Profundo ou de Qualidade.

Voltamo-nos para VOCÊ, suas leituras e análise crítica…

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489. Curso Prático: Métodos & Pedagogia no Vôlei

Palavras-chave (Tags): Curso Prático de Voleibol, Metodologia do Treinamento, Novos Métodos, Treinamento Profundo.

Valor da Aula Prática. Vimos promovendo propostas de ensino à distância para professores lotados em escolas, especialmente públicas, aquelas que sabemos reúnem as maiores dificuldades para um ensino adequado. Todavia, já dissemos diversas vezes, o distanciamento nos impede de estar presente, bem próximo ao professorado e mostrar-lhes na PRÁTICA como produzimos as aulas e damos sequência a um […]

465. Defesa em Voleibol – Lição II

Palavras-chave (Tags): Aprender a Ensinar, Defesa em Voleibol, Lições de Defesa, Metodologia e Pedagogia, Pedagogia de Ensino, Primeiro Movimento e Vontade.

Revendo Métodos e Conceitos Pedagógicos. Após  observações sobre a maneira comportamental em DEFESA de atletas de alto nível – p. ex. final da Superliga feminina – animei-me ainda mais a levar aos respectivos treinadores minhas pesquisas e, se de acordo, compartilharmos novas experiências pedagógicas no que se refere ao respectivo treinamento. Seria de bom alvitre não deixar de considerar […]

401. Como Surgem os Talentos? Seria por Acaso? 

Palavras-chave (Tags): Busca de Talentos, Como Surgem Talentos, Treinamento Profundo.

Por que ilustres desconhecidos de repente tornam-se famosos em suas especialidades? Vejam resumidamente atletas que surgiram do nada e se tornaram sensações: Allison Stoke fez muito mais sucesso por sua beleza do que por sua capacidade no salto com vara; seu vídeo foi visto por mais de […]

364. Como se Adquire Habilidade? (Parte II) 

Palavra-chave (Tag): Formação de Bons Hábitos.

“A prática não leva à perfeição; uma prática perfeita é que leva à perfeição.” Como nada é definitivo especialmente em matéria de Educação, cito algumas considerações de autores consagrados em torno do significado pedagógico dos exercícios e sua aplicação. O leitor atento poderá discernir e optar pelas buscas em seu processo educativo […]

304. O Circuito do Ensino 

Palavra-chave (Tag): Mapa para Professores e Treinadores.

Um professor afeta a eternidade, ele nunca sabe em que ponto cessa sua influência (Henry B. Adams). Estarei comentando daqui para frente uma nova teoria neural sobre o desenvolvimento de habilidades. Trata-se do treinamento profundo adotado e difundido por Daniel Coyle, um jornalista esportivo e um dos editores da revista Outside. […]

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Mais recentemente salientamos aspectos relativos à atuação de PROFESSORAS (es) atuantes em escolas a se engajarem nessa cruzada.

524.Teoria vs. Prática, Você Resolveu o Dilema? 

Palavra-chave (Tags): Aulas Práticas.

Quem Ensina? Parece que sabemos todos o que fazer. O problema é colocar em prática! Puxãozinho de orelha… As universidades estão preparadas para a revolução no ensino? Os cursos de treinadores “modelo Fivb” são eficientes? O que VOCÊ diz é o que faz? Afinal, VOCÊ dá aula ou ensina? VOCÊ tem proposta para […]

521. Professor e Aluno

Palavras-Chave (Tags): Aprendizado Produtivo, Autorregulação, Dosagem de Exercícios, Ensinar Matemática, Métodos de Ensino, Professor e Aluno.

Metodologia a Empregar. Diante de uma criança, faço-me criança! Cúmplices. A perspectiva a adotar solicita a interação, a negociação e a construção conjunta de vivências que habilitem a criança e o adolescente aprenderem a linguagem proposta. Isso exige necessariamente, e sempre, um elemento de interdependência e da capacidade fazer descobertas […]

519. Clínica Investigativa, Tatear Pedagógico

Palavra-Chave (Tag): Tatear Pedagógico.

Subsídios para Teses e Mudanças. Em continuidade aos meus apelos a PROFESSORAS e PROFESSORES, a respeito das pesquisas e experiências sobre Metodologia e Pedagogia aplicáveis às suas aulas, relembro o apelo do eminente Senhor  José Curado, em 2006, aos professores e treinadores portugueses: “Não há progresso significativo sem investigação. É preciso acabar com o […]”

517. Convite às Professoras

Palavras-Chave (Tags): Metodologia e Pedagogia para Professoras, Metodologia e Prática, Pedagogia Experimental Escolar.

Um Carinho Especial Em especial àquelas lotadas em escolas e com pouca experiência (ou nenhuma) em Voleibol. VOCÊ será capaz de realizar EXCELENTES aulas com seus alunos. E mais ainda, não só de Voleibol, mas de qualquer outro esporte. Lembrem-se, aprender a jogar e participar dele faz parte da Educação. Não é necessário descobrir talentos ou formar […]

489. Curso Prático: Métodos & Pedagogia no Vôlei

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364. Como se Adquire Habilidade? (Parte II) 

Palavra-chave (Tag): Formação de Bons Hábitos.

“A prática não leva à perfeição; uma prática perfeita é que leva à perfeição.” Como nada é definitivo especialmente em matéria de Educação, cito algumas considerações de autores consagrados em torno do significado pedagógico dos exercícios e sua aplicação. O leitor atento poderá discernir e optar pelas buscas em seu processo educativo […]

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Palavra-chave (Tag): Mapa para Professores e Treinadores.

Um professor afeta a eternidade, ele nunca sabe em que ponto cessa sua influência (Henry B. Adams). Estarei comentando daqui para frente uma nova teoria neural sobre o desenvolvimento de habilidades. Trata-se do treinamento profundo adotado e difundido por Daniel Coyle, um jornalista esportivo e um dos editores da revista Outside. […]

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Mais recentemente salientamos aspectos relativos à atuação de PROFESSORAS (es) atuantes em escolas a se engajarem nessa cruzada.

524.Teoria vs. Prática, Você Resolveu o Dilema? 

Palavra-chave (Tags): Aulas Práticas.

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521. Professor e Aluno

Palavras-Chave (Tags): Aprendizado Produtivo, Autorregulação, Dosagem de Exercícios, Ensinar Matemática, Métodos de Ensino, Professor e Aluno.

Metodologia a Empregar. Diante de uma criança, faço-me criança! Cúmplices. A perspectiva a adotar solicita a interação, a negociação e a construção conjunta de vivências que habilitem a criança e o adolescente aprenderem a linguagem proposta. Isso exige necessariamente, e sempre, um elemento de interdependência e da capacidade fazer descobertas […]

519. Clínica Investigativa, Tatear Pedagógico

Tatear Pedagógico. Subsídios para Teses e Mudanças. Em continuidade aos meus apelos a PROFESSORAS e PROFESSORES, a respeito das pesquisas e experiências sobre Metodologia e Pedagogia aplicáveis às suas aulas, relembro o apelo do eminente Senhor  José Curado, em 2006, aos professores e treinadores portugueses: Não há progresso significativo sem investigação. É preciso acabar com o […]

517. Convite às Professoras

Palavras-Chave (Tags): Metodologia e Pedagogia para Professoras, Metodologia e Prática, Pedagogia Experimental Escolar.

Um Carinho Especial. Em especial àquelas lotadas em escolas e com pouca experiência (ou nenhuma) em Voleibol. VOCÊ será capaz de realizar EXCELENTES aulas com seus alunos. E mais ainda, não só de Voleibol, mas de qualquer outro esporte. Lembrem-se, aprender a jogar e participar dele faz parte da Educação. Não é necessário descobrir talentos ou formar […]

Boas leituras… Mais informações: Resumo de Nossas Atividades e Contribuições/

                                Ou fale conosco! 

O Professor e o Aluno, Métodos de Autorregulação

3posições
Ilustração: Beto Pimentel.

Autorregulação, Descobertas, Compartilhar Conhecimento, Despertar Interesse, Emoções, Investigando a Memória, Metáfora do Andaime, Solução de Problemas.

Busca de Nova Metodologia

Diante de uma criança, faço-me criança!

Cúmplices

A perspectiva a adotar solicita a interação, a negociação e a construção conjunta de vivências que habilitem a criança e o adolescente aprenderem a linguagem proposta. Isso exige necessariamente, e sempre, um elemento de interdependência e da capacidade fazer descobertas acidentais. Leia mais sobre a cumplicidade entre professor e aluno em… Aprendizado Produtivo. 

Circuito do Ensino – sobre a importância e o papel a desempenhar pelos professores, além de um convite a pensarmos juntos. A esse respeito, gostei da campanha da revista Veja em incentivar indivíduos a serem mais esclarecidos:

Questione, pense. Coce mais a cabeça.

Mapa do território do aprendiz

A experiência nos diz que certo grau de incerteza, a possibilidade de se deparar com surpresas e a chance de descobrir e resolver novas ambiguidades é o que impulsiona e motiva tanto o ensino quanto a aprendizagem. A única maneira de evitar a formação de concepções errôneas arraigadas é a discussão e a interação, lembrando que “no discurso matemático, uma dificuldade compartilhada pode tornar-se um problema resolvido”. Jogadores excepcionais, por exemplo, treinam de maneira diferente e bem mais estratégica: quando falham, não atribuem esse fracasso à falta de sorte, nem culpam a si mesmo; têm uma estratégia que podem corrigir. Como ensinar ao aluno tais procedimentos?

Processo de autorregulação

Pela repetição pensada, com base na imagem que formatou, torna a realizar experimentos calculados de modo a descobrir o melhor caminho a seguir.  O objetivo é tornar sua ação a melhor possível consideradas suas possibilidades momentâneas. Em suma, as tentativas  – exercícios repetitivos – são indispensáveis desde que pensada sua busca do melhor desempenho. Nesse processo, a atuação do professor deve ser cautelosa e de muita observação sobre a evolução e conquistas do treinando.

Por que ir mais devagar dá tão certo?

Não importa com que rapidez você faz a coisa, o que vale é quão devagar você consegue fazê-la sem errar.

O modelo teórico da mielina fornece duas explicações. A primeira, é que proceder devagar nos permite atentar mais aos erros, aumentando o grau de precisão a cada disparo – e, em se tratando da produção de mielina, a precisão é tudo. Como dizia o técnico de futebol americano Tom Martinez, “não importa com que rapidez você faz a coisa, o que vale é quão devagar você consegue fazê-la sem errar”. A segunda explicação é que proceder lentamente ajuda o indivíduo a desenvolver algo ainda mais importante: uma percepção prática da arquitetura interna de determinada habilidade – a forma e o ritmo dos circuitos interligados para realizá-la. Por quase todo o séc. XX especialistas acreditavam que a aprendizagem fosse governada por fatores fixos como o Q. I. e os estágios de desenvolvimento. Barry Zimmerman, professor de psicologia na City University de Nova York, desenvolveu estudos pelo tipo de aprendizagem que acontece quando as pessoas observam, julgam e planejam a própria atuação, ou seja, quando ensinam e supervisionam a si mesmas. Chamou-a de AUTORREGULAÇÃO.  Leia mais Como Treinar?

LEIA MAIS… Lições de um Projeto… (3 artigos)

Desenho19 reduzido

Experiências vividas pelo autor 

1. Ensinar matemática – Um adolescente (14 anos) que queira se aprimorar na matéria deverá propor-se a frequentar aulas regulares durante algum período com seu professor. O método a empregar no ensino não seria diferente ao exposto acima. Inicialmente, após  avaliação sobre o que sabe o aluno e seu interesse o mestre desenvolverá um programa em que a cada nova instrução o aluno se exercite intensamente buscando autonomia de pensamento lógico. Para tanto, os problemas devem ser escalonados segundo seu desenvolvimento atual em escala ascendente de dificuldades. Cabe ao mestre acompanhar as dificuldades que ele possa apresentar durante o processo e, se necessário, recuar na escalada pedagógica antes que novas questões lhe sejam apresentadas. Em suma, não deve acumular dúvidas neste processo.

Labirinto que ensina

Boa imagem que faço deste método está retratada em um pequeno brinquedo chamado Labirinto, constituído de uma peça quadrada de madeira contendo em seu interior uma configuração de labirinto, com orifícios regulares em cada caminho escolhido. Por ele, o indivíduo deve fazer passar uma bilha utilizando-se de dois controles manuais de inclinações da base de madeira. O objetivo é conseguir superar todos os obstáculos sem falta. Se a bilha cair em qualquer orifício o jogador deverá retornar ao início da tarefa, NUNCA do local em que errou.

Labirinto A

Transportando para o treinamento esportivo, observem como se comportam os professores ou técnicos de qualquer modalidade. Se o treinando erra no desenvolvimento de qualquer exercício ele é solicitado a realizá-lo a partir do seu início? A consequência desta opção na aprendizagem é imediata e pode ser traduzida por aquilo que expressou M. RYAN (EUA), treinador de atletismo por ocasião de um congresso mundial após uma pergunta que lhe solicitava exercícios próprios para facilitar a aprendizagem do salto com vara: Apenas o salto com vara prepara para o salto com vara e qualquer exercício que se lhe avizinhe, quanto mais próximo, tanto mais prejudica a aprendizagem.

Eis uma boa questão para coçarem a cabeça: “Como fica o transfer“?

LEIA MAIS… Exercícios (I) – Dosagem e Exigência

Brincando com o leitor… Experimente resolver o seguinte problema:

“Dois  amigos que não se viam há algum tempo se encontraram em uma rua e após e um deles (A) indagou ao outro (B): Quantos filhos você tem? B então respondeu: Tenho três filhos. Ao que A tornou a perguntar: Quais são as suas idades?  B propôs-lhe um problema: O produto das idades é 36 e a soma, o número daquela casa ali em frente (e apontou para a placa da casa). Após alguns momentos, B disse: Ôpa, preciso de outra dica (informação)! Finalmente A rematou: Tem razão, o meu filho mais velho toca piano. Quais são as idades?” (O Homem que Calculava, Malba Tahan)

LEIA MAIS…  Xadrez e Voleibol e Teoria vs. Prática

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Divisão Quadra FormaçãoInicialObnubilada

Na figura e fotos acima estão representados alguns momentos de metodologia a empregar no ensino de crianças. Inclusive criar nelas o desejo de conquistar objetivos. Curiosidade: a única menina na foto (primeira à esquerda, junto ao Giba) é a minha netinha, com 5 anos. Estaria ela se encaminhando para se tornar excelente atleta?

Para VOCÊ pensar… extraído do livro “O código do talento”, Daniel Coyle.

O Circuito do Ensino

Um professor afeta a eternidade, ele nunca sabe em que ponto cessa sua influência.

– Henry Brooks Adams

– Excelentes professores se concentram no que o aluno está dizendo ou fazendo e, graças a essa concentração e ao seu grande conhecimento do assunto, são capazes de enxergar e reconhecer o esforço hesitante e desajeitado que o aluno mal consegue articular na tentativa de um dia atingir a mestria. Uma vez identificado esse esforço, estabelecem um contato mais estreito com ele por intermédio de uma mensagem direcionada.

– Os grandes treinadores são uma espécie de “serviço de entrega” de sinais que alimentam e direcionam o crescimento de um determinado circuito neural, dizendo a esse circuito com grande clareza que dispare aqui e não ali. O trabalho do treinador é uma longa e íntima conversa, uma série de sinais e reações voltados para um objetivo comum. Seu verdadeiro talento consiste não num tipo de sabedoria universalmente aplicável que ele pode transmitir a todos, mas sim na capacidade elástica de identificar o ponto ideal no limite da habilidade individual de cada um e de enviar os sinais adequados, que ajudarão os circuitos a disparar na direção do objetivo certo, infinitas vezes.

– Um excelente professor tem a capacidade de sempre ir mais fundo, de perceber o que o aluno consegue aprender e ir até esse ponto. E a coisa vai se aprofundando cada vez mais porque ele pode pensar no tema de muitas formas diferentes e fazer incontáveis associações. Noutras palavras, são necessários anos de trabalho para construir os circuitos (mielinizar) neurais de um grande treinador, circuitos esses que constituem um misterioso amálgama de conhecimento técnico, estratégica, experiência e sensibilidade aguçada na prática e sempre pronta a identificar e compreender o ponto em que os alunos estão e aonde precisam chegar.

– Por que grandes treinadores tendem a serem pessoas mais velhas?

– Como lembra Anders Ericsson, talvez por mero acaso ou, quem sabe, simples reflexo de forças sociais (afinal é mais provável que crianças cresçam acalentando a ideia de se tornar craques como Ronaldinho no futebol, ou como Tiger Woods no golfe, que a de virar treinadoras quando adultas). Ou talvez a idade mais avançada dos treinadores seja decorrência dessa dupla exigência característica da profissão – além de adquirir extrema competência no campo de sua escolha, precisam aprender a ensinar de modo eficiente a habilidade necessária ao exercício profissional ou à atividade amadora naquela área.

– As palavras-chave na descrição acima são conhecimento, reconhecer e contato mais estreito.

Clínica Investigativa, Tatear Pedagógico

 

Tatear Pedagógico, Subsídios para Teses e Mudanças

Foto 104Em continuidade aos meus apelos a PROFESSORAS e PROFESSORES, a respeito das pesquisas e experiências sobre Metodologia e Pedagogia aplicáveis às suas aulas, relembro o apelo do eminente Senhor  José Curado, em 2006, aos professores e treinadores portugueses:

Não há progresso significativo sem investigação. É preciso acabar com o clima de desconfiança há muito existentes entre os teóricos e os práticos, avançando para projectos de cooperação entre uma Academia verdadeiramente aberta à comunidade e a actividade desenvolvida pelos atletas e treinadores, contribuindo para a resolução dos problemas levantados por esta. 

Lições para Projetos, Métodos de Ensino, Pedagogia Experimental,  Interação Social, Linguagem, Instrução Individualizada e em Grupo, Reflexão na Ação, Interação e Construção do Conhecimento, Tatear Experimental, Heurística, Intuição, Métodos de Gradação de Ajuda.

Compilando artigos já postados, selecionei três deles que em última análise trata-se de um só. Refere-se à minha atuação em breve curso em uma das favelas do Rio de Janeiro, mais precisamente no Morro do Cantagalo, zona Sul. Efetivamente, soa como um relato bem elaborado para as minhas pretensões. Peço paciência, mas talvez muitos dos atuais visitantes ao blogue não tiveram contato com eles. Posteriormente, seguiremos a mesma linha comentando um quarto artigo – Apresentação na Escola -, com temas instigantes: O poder de pensar sem pensar e Intuição.

Como diria Pavlov, lancei apenas investigações objetivas, deixando de lado todo o subjetivo.

 

Lições de um Projeto, Perspectivas de Aprendizado (I)

Publicado em 8/nov./2009

OLYMPUS DIGITAL CAMERAInteração social e comunicação

Crianças (a partir de 9 anos), adolescentes e adultos (até 23 anos) de ambos os sexos, moradores de morros da Zona Sul. Total de inscritos: 200. Atividade: mini voleibol 3 monitores da comunidade.

Planejamento & Atuação

Tema pedagógico – Metáfora do Andaime

Quando bem construídos, os andaimes ajudam a criança a aprender a ganhar alturas que elas seriam incapazes de escalar sozinhas.

Proposta

Formação de liderança na comunidade para continuidade das ações.

a) Convite a moradores da comunidade para o papel de monitores/professores, independentemente de histórico desportivo.

b) Identificados na comunidade quem já praticava o desporto (clube, praia).

 

MiniSG3Metodologia

Instrução em grupo – nível de interação entre as crianças como facilitador do desenvolvimento dos exercícios; reconhecimento dos benefícios quando o indivíduo é ajudado por outro que tem mais conhecimento e como este último pode ele mesmo beneficiar-se. O professor e a capacidade de explorar as interações entre crianças para facilitar a aprendizagem (considere-se que trabalho em grupo pode produzir pouca atividade de aprendizagem dirigida); resolução cooperativa de problemas (exigência de técnicas de “combinação”, seleção de tarefas e incumbências, e administração do trabalho em grupo).

Instrução individualizada – capacidade de as crianças, enquanto aprendizes serem arquitetas da própria compreensão; capacidade de autocorreção e autoinstrução, individualizando a própria aprendizagem; importância da interação social, da comunicação e da instrução.

Criando a interação entre colegas – como e em que circunstâncias a cooperação e a comunicação levam à construção conjunta de conhecimento e compreensão entre crianças?

Mapa do território do aprendiz

A perspectiva que adoto solicita a interação, a negociação e a construção conjunta de vivências que habilitem a criança e o adolescente aprenderem a ‘linguagem’ proposta. Isso exige necessariamente, e sempre, um elemento de interdependência e a capacidade de fazer descobertas acidentais. A experiência me diz que certo grau de incerteza, a possibilidade de se deparar com surpresas e a chance de descobrir e resolver novas ambiguidades é o que impulsiona e motiva tanto o ensino quanto a aprendizagem. A única maneira de evitar a formação de concepções errôneas arraigadas é a discussão e a interação, lembrando que “no discurso matemático, uma dificuldade compartilhada pode tornar-se um problema resolvido”.

Pequenos grandes passos: teoria e prática

Vocês acompanharão na parte II dessas “Lições” os momentos em que buscamos soluções para unir a prática à teoria, um caminho que nos pareceu fácil de trilhar e que nos enriqueceu demasiadamente. Penso que a principal dificuldade a superar quando se ministra aula para grandes grupos é a comunicação: O que fazer? Quando fazer? Como fazer? Optei uma vez mais pelo emprego do “princípio da aprendizagem ativa”.

A seguir, revelaremos procedimentos práticos e uma reflexão sobre as ações. E, claro, pequenas surpresas.

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Lições de um Projeto, Perspectivas de Aprendizagem (II)

Publicado em 15/ nov./2009

Paraquedas CopacabanaCurso na Praia de Copacabana, 1994. Fundação Rio Esportes.

Linguagem

A abertura do curso consistiu num espetáculo marqueteiro voltado para a mídia. Convidados a então governadora do Estado – Benedita da Silva – seu marido e Secretário de Estado, diversas atletas de seleção e campeoníssimas do vôlei de praia – Shelda e Adriana Behar -, além da direção do CIEP e a totalidade dos alunos daquele turno. Não poderiam esquecer da TV, é claro. Tudo gerenciado pela musa do voleibol nos anos 80, Isabel Salgado.

Curiosamente, esta foi a segunda vez que tive contato com um grupo de alunos com os quais eu faria pequenos esquetes de apresentação da metodologia. O primeiro foi na véspera. No grande dia, estando o ginásio repleto, e após alguns discursos, desenvolvi minha parte com os ensaios que julguei pertinente. O auge da apresentação, constituindo-se surpresa geral, foram as brincadeiras produzidas com um paraquedas que reservo como surpresa. Em torno dele cabem muitos indivíduos e todos, sem exceção (inclusive a governadora), foram convidados a brincar. E como se divertiram! Terminado o evento, fui procurado por uma das diretoras que exclamou: “Estou aqui há 16 anos e conheço bem o meu ofício e nunca vi coisa igual. O Senhor chegou ontem, entretanto parece que as crianças já o conheciam de longa data! Como é possível”? Certamente, referia-se à conduta do professor em relação ao grupo e à linguagem (comunicação) empregada. Senti-me orgulhoso no reconhecimento de meus esforços na busca de uma metodologia inovadora e na conduta que abracei.

Instrução individualizada ou em grupo?PraiaIcaraí

Curso para 400 crianças. Praia de Icaraí, Niterói.

Este é o primeiro dilema que se nos depara. Pode ser também expresso como “que devo ensinar primeiro, a técnica (fundamentos) ou o jogo propriamente dito (tática)”? A experiência me ensina que os indivíduos estão ali para se divertir e brincar. Se lhes proporciono este quesito terei realizado seus desejos. Então, a pouco e pouco, sugiro que lhes seja garantida diversão e instrução, isto é, em cada sessão, exercícios técnicos e jogos. E para que esses exercícios não se tornem enfadonhos e despropositados, que sejam propostos de forma lúdica: ficam preservados ganhos psicológicos e participação mais intensa.

Lembro que já presenciei treinos com 18 participantes que realizavam ataques na rede com utilização de uma forca; a cada ação, individualmente recolhiam a própria bola e retornavam à fila, isto é, aguardavam 17 outras intervenções. O tempo que destinaria ao “aquecimento” prefiro que os alunos brinquem com o objeto do seu desejo, a bola. Se não tiverem intimidade com ela, seu aprendizado estará demasiadamente prejudicado. Se for possível uma bola por indivíduo será o ideal; caso contrário, o professor diligenciará para que cada um tenha o máximo proveito nestes contatos iniciais de malabarismos, lançamentos etc. A seguir, utilizo um estratagema em que, fazendo uma pequena encenação teatral, consigo que a cada proposta de exercício ainda não conhecido, TODOS os alunos se reúnam no centro da quadra. Ali, enuncio e já realizo rápida demonstração com alguns deles, sem a preocupação de detalhes (“linguagem proposta”). Dali retornam aos seus lugares nas mini quadras e, por sua conta, dão início à tarefa. É bem possível que neste momento haja uma dificuldade que deve ser compartilhada pelo grupo para a consecução da tarefa (“discussão e interação”).

Para manter o ritmo dos exercícios (dinâmica da aula), uso também recurso bem simples: o grupo que utiliza o campo central será sempre o “demonstrador do dia”; antes de convocar todos ao centro antecipadamente já os instruo para a novel demonstração. A partir da construção dessa linguagem posso aquilatar o ponto onde o aprendiz está e desenvolver uma psicologia de forma harmoniosa. Estes desafios são superados à medida que proponho novas tarefas. Nesse momento minha observação recai em “como cada grupo está realizando (pensando) sua tarefa”.

Metáfora do andaime

A partir de agora minha tarefa torna-se mais difícil, pois se trata de saber “como e quando” intervir (“metáfora do andaime”). Um auxiliar poderoso poderá ser um dos próprios alunos do grupo com alguma experiência ou liderança, ou ainda, um pequeno lembrete: “Vejam como o grupo vizinho está fazendo”! Asseguro que as possíveis perdas nesta fase são insignificantes face aos ganhos inequívocos quando à maneira de pensar futura, que passa a integrar a personalidade do indivíduo. Além disso, como o objetivo nesta fase é exatamente “conhecer a linguagem”, convém que o professor administre muito bem a quantidade de ensaios a propor e o respectivo tempo de execução. Por enquanto, esqueça as correções técnicas.

Considere que as tarefas não recaíram somente na administração de exercícios, mas também na “conquista” da comunidade, através de serviços voluntários de limpeza e lavagem do ginásio (mutirão) envolvendo os próprios alunos e suas mamães, o convite à participação de monitores, a aceitação de pequeninas crianças para brincadeiras paralelas e a recepção a jovens de outras comunidades.

Reflexão na ação

Creio que até então nunca se encontrou maneira confiável de realizar os objetivos propostos no planejamento de projetos. Todavia, tenho absoluta certeza que se houvesse continuidade neste tipo de trabalho criaríamos a possibilidade de identificar na prática caminhos para o desenvolvimento futuro na educação daquele grupo. Estivemos mostrando como aproveitar em “sala de aula” estes recursos potencialmente valiosos de aprendizagem e ensino, mesmo em condições não muito favoráveis, para as quais procuramos encontrar soluções e nunca nos queixarmos dos problemas.

Para espíritos empreendedores as adversidades muitas vezes são desafios a serem transpostos. Naqueles momentos balizamo-nos em alguns princípios, utilizamos nossa intuição e experiência colhendo frutos virtuosos. Todavia, sabemos que temos muito a percorrer até encontrar o melhor procedimento. Numa época em que muitos desafios e oportunidades novas surgem na educação, graças ao advento de novas tecnologias e subsídios computadorizados à aprendizagem e à instrução, achamos que vale a pena lembrar-se das dimensões sociais e interativas do crescimento e desenvolvimento humanos que a educação física e os desportos suscitam. Suspeito e concordo que os recursos mais preciosos para uso em “sala de aula” continuarão apresentando-se sob a forma humana.

O desenvolvimento de uma teoria eficaz do “ponto onde o aprendiz está” e a construção de uma “psicologia do assunto” que seja operável representam desafios formidáveis. Quando se está trabalhando com uma classe grande a combinação de ambas as teorias para saber qual o “próximo passo” a dar aparenta ser uma exigência impossível. Neste particular, o professor torna-se um privilegiado em relação ao técnico desportivo.

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Lições de um Projeto, Perspectivas de Aprendizagem (final)

Publicado em 23/nov./2009

1x1 Redimensionado

Quais os primeiros obstáculos na Iniciação?

Interação e Construção do Conhecimento

Como e em que circunstâncias a cooperação e a comunicação levam à construção conjunta de conhecimento e compreensão entre crianças? Por entendermos que circunstâncias são elas mesmas indeterminadas ou indefinidas, e se associam ao tempo ou ao momento oportuno para estabelecer a maneira correta de agir (Aristóteles), passamos a criá-las no nosso pequeno “laboratório” (Morro do Cantagalo). Em se tratando de grupo numeroso de aprendizes prefiro tratar este assunto na esfera da interação entre colegas e não propriamente com o professor. O alcance parece ser bem mais significativo, desde que se identifiquem lideranças capazes desse mister. Não é difícil descobri-las ou mesmo encorajá-las. Vejam o exemplo a seguir:

Descrição: exercício com uma biruta (uma adaptação do aparelho capaz de mostrar a direção do vento) e 24 bolas; metade do grupo se exercita e a outra metade auxilia na reposição de bolas. Após algum tempo de prática, troca de funções. O professor dita o ritmo das tarefas.

Tarefas: alunos colocados de um lado da quadra e a biruta do outro; o professor lança as bolas por cima da rede e os alunos (individualmente) lançam-na de toque para dentro da biruta (colocada do mesmo lado do professor). Segundo grupo colabora com presteza e velocidade na reposição das bolas em favor do ritmo dos ensaios.

Considerações

O simples fato de existir um alvo e ter sucesso nos arremessos era motivo suficiente para o regozijo dos alunos. A surpresa ficou por conta do grupo que ajudava na reposição das bolas que invariavelmente se espalhavam pelo ginásio. Com muita alegria dispuseram-se inteligentemente atrás e ao lado da biruta e recolhiam as bolas desperdiçadas; estas eram arremessadas pelo chão a um colega, próximo ao professor. Este, então, municiava os arremessadores. O empenho dos recolhedores de bola foi tamanho que mereceu elogios do mestre que, não desperdiçando a oportunidade, solicitou uma salva de palmas.

Ao recomeçarmos o exercício com a troca de função dos grupos, fez-se um apelo para que tentassem superar os primeiros em “serviço ao próximo”. Nem seria preciso, tamanho o clima de camaradagem que se criou em torno de nossas brincadeiras. Confesso que nunca vi algo igual e lembro-me de ter-me emocionado com uma pequenina lágrima. Naquele breve instante, senti que me tornava amigo de todos. E mais ainda, afortunado por estar ali entre crianças tão espontâneas. Ao terminarmos, reunimo-nos e nos saudamos com uma grande salva de palmas e muitos gritos de alegria pelas brincadeiras. Então, a surpresa maior: “Indagados, avaliaram como melhor coisa a função de recolher as bolas”! Saí dali enriquecido…

Tatear experimental

Através do tatear e da possibilidade de relatar as próprias vivências, as crianças desenvolvem sua autonomia, seu juízo crítico e sua responsabilidade. Para muitos, a escola tradicional é inimiga desse método, permanecendo fechada, contrária à descoberta, ao interesse e ao prazer da criança. Ao final de cada aula resumia o que foi realizado e lhes solicitava a confecção em casa de desenhos ou escritos sobre as atividades. A aprendizagem por tentativas e erros representa um modo primitivo lento e às vezes ineficaz. Os imperativos sociais e a necessidade de chegar a resultados rápidos levam o educador a adotar uma atitude mais intervencionista, atraindo a atenção do aluno sobre tal ou qual aspecto particular do movimento. Para que este tipo de aprendizagem se torne eficaz:

1) Deve-se voltar frequentemente à realização global a fim de que o indivíduo consolide suas aquisições.

2) É necessário partir dos automatismos naturais da criança, cujo desenvolvimento deve continuar global. 3) Deve-se chamar a atenção para um só detalhe de cada vez.

Conceito de heurística

Define-se procedimento heurístico como um método de aproximação das soluções dos problemas, que não segue um percurso claro, mas se baseia na intuição e nas circunstâncias a fim de gerar conhecimento novo.  Leia mais…

Intuição

Esta experiência transcorreu em outro dia, paralela ao desenvolvimento de uma das aulas, desprovida de qualquer programação prévia. Provavelmente, uma intuição, ou em bom português, deu-me na telha. Quantos ensinamentos retiramos dessa intuição. Ver mais… Apresentação na Escola.

Enquanto a aula transcorria normalmente, dediquei-me a três meninas de 4-5 anos de idade que se achavam no local e não inscritas para as atividades; uma delas inclusive portando chupeta na boca. O experimento consistiu em fornecer-lhes 12 bolas de tênis para lançamentos de variadas distâncias contra uma parede. Foram observados mais uma vez os três aspectos pertinentes à “instrução individualizada” assinalados anteriormente. Destaca-se aqui o papel do professor promovendo as interações entre as próprias crianças e os benefícios quando uma é ajudada por outra. Afinal, dois errados podem fazer um certo.

1ª fase – Situação inicial: entregue as bolas houve disputa acirrada para conseguir o maior número para si (sentido de posse). Após alguns instantes propusemos nova tarefa: as crianças sentadas no solo em círculo, bolas no centro, cada uma retirava uma bola alternadamente. Ao final, constataram que possuíam o mesmo número de bolas e mostraram satisfação (ou resignação).

2ª fase – Preliminares da tarefa principal: de pé, a 2m-3m da parede, foi-lhes sugerido que arremessassem as bolas e as recuperassem. Aconteceu um tirambaço e profusão de dificuldades: bolas que se perdiam pelo ginásio, busca da bola da companheira, aproximação do alvo e, finalmente, perplexidade, pois não mais encontravam bolas para novos arremessos. Comentário – Manter a posse das 4 bolas junto ao corpo, tendo a tarefa de arremessá-las constituiu-se no maior obstáculo nessa fase. A capacidade de regular o próprio pensamento e atividade, de reconhecer que a primeira coisa que vem à cabeça nem sempre é a correta, de buscar reformulações, simplificações e estimativas aproximadas da solução provável de um problema, são todas realizações intelectuais que nascem das interações entre novatos e indivíduos mais peritos. Com certeza, precisavam de ajuda. Revela informações importantes para uma avaliação do professor a respeito do intelecto dos alunos.

3ª fase – Outra dificuldade foi recuperar a bola: faziam-no com a ajuda de ambas as mãos e o tronco (abdome). Foi-lhes sugerido, com um mínimo de instrução, segurar uma bola em cada mão e arremessar uma delas. Desenvolveram-se, então, os primeiros ensaios para a apreensão correta com uma das mãos. Os lançamentos tornaram-se mais controlados (força e direção). As duas outras bolas naturalmente foram desprezadas. Assim, permitindo uma sequência razoável aos ensaios e de instrução em instrução (e pouca fala), chegamos aos arremessos com a mão esquerda (“a outra mão”).

Método da gradação de ajuda, como ajudar?

O esquema vai da ajuda verbal geral. P. ex.: “Será que não há outro jeito”? Até a demonstração: “Olha o que acontece quando eu faço isto”! (Metáfora do andaime)

Quando se trabalha com crianças pertencentes a grupos de “baixa capacidade” e “terapêuticos”, descobre-se que suas atividades autorreguladoras são insatisfatórias. Atribui-se a carência de tais habilidades a duas razões: pouco contato com indivíduos que as utilizam ou precisam de mais experiências que as outras crianças para aprender a executá-las. A autorregulação é atividade particular, invisível e inaudível. Para ajudar as crianças a descobrir como regular a própria atividade de resolução de problemas buscou-se externalizar o processo de autorregulação, como os de fazer perguntas para si mesmo, lembrar-se, procurar novos indícios, tentar ver o problema a partir de outro ângulo. Para tanto se representava esse tipo de processo enquanto resolviam-se problemas junto com as crianças. Aquilo que conseguiam realizar com um pouquinho de orientação de um perito era muito superior a seus esforços solitários. (David Wood)

Como diria Pavlov, lancei apenas investigações objetivas, deixando de lado todo o subjetivo.

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Nota:

1, Pasmem! Foi segundo metodologia similar que aprendi Matemática e Português aos 14 anos de idade.

2. Em algumas outras oportunidades realizamos breves ensaios sobre essa particularidade da instrução com adultos. Infelizmente sem continuidade, apenas como demonstração para professores titulares, ou mesmo treinadores, considerado o desenvolvimento motor dos indivíduos.

 

As palavras-chaves (tags)  compreendidas no texto acima são Lições de um projeto, Métodos de ensino, Pedagogia experimental.

Exemplo a Ser Seguido

Atletas japonesas comemoram a terceira colocação nas Olimpíadas. Foto: Fivb/Divulgação.

 Como muitos sabem, sou um dos colaboradores há algum tempo do sítio português sovolei, algo de que me enche de orgulho. E através dele estou em permanente estado de despertar no que tange a medidas metodológicas e pedagógicas a serem empregadas pelos treinadores no sentido de um salto para o futuro. É certo que têm muitos problemas atualmente – economia, político, administrativo, cultural -, mas quem não os tem ou já teve, em menor ou maior escala e conseguiram sobrepor-se. O Brasil foi um deles.

Frequento também a comunidade de Educação Física Virtual – CEV– a maior do País, em que se discutem assuntos pertinentes à área. Recentemente, uma postagem do Professor Edison Yamazaki, um brasileiro que reside no Japão, despertou-me a atenção, inclusive voltada para os treinadores portugueses, tanto de futebol, quanto de voleibol. Vejam e ilustrem-se com alguns depoimentos interessantes para discussões futuras. 

O Ser Humano Acima do Atleta (por Edison Yamazaki, em 10.9.2012) 

Estive num seminário na Universidade de Esportes de Osaka onde participaram um representante da Federação Japonesa de Futebol, o treinador de Futsal da seleção japonesa e o auxiliar técnico da seleção feminina, campeãs mundiais e prata em Londres, um profissional do corpo técnico do Barcelona e eu. O tema principal era: “como utilizar o futebol para inserir os jovens japoneses no cenário global”. Cada um falou um pouquinho para um público bastante heterogêneo formado por treinadores masculinos e femininos de clubes e escolinhas, dirigentes esportivos, professores que não tinham nada com esportes, curiosos e muitas crianças. Vejam bem, crianças!

O que mais marcou foi o depoimento do Sr. Satoru Mochizuki, assistente técnico na seleção feminina e professor da Universidade de Esportes de Shiga. Indagado sobre esquemas e métodos de treinos, ele disse que na seleção, muito mais do que isso, era levado em considerado o fator humano. Primeiro eles selecionaram as meninas pelo seu caráter, otimismo, perseverança etc., e em seguida pela qualidade técnica. Disse que existiam atletas tecnicamente melhores, mas que não se encaixariam na proposta da Comissão Técnica. Disse ainda que os treinos são bem parecidos em todo o mundo, ressalvando particularidades culturais, mas as pessoas são muito diferentes e, se reunirem um grupo com “pessoas de boa índole, altruístas, dedicadas e perseverantes” a probabilidade de sucesso é muito maior do que um monte de craques egoístas e desinteressados. Em suma: “Convocamos primeiro o homem e somente depois o atleta”. Os aspectos físicos, técnicos e demais qualidades vêm a seguir. Seguindo essa mesma linha de pensamento é que foi convocada a seleção sub-20 que ficou em terceiro lugar na Copa do Mundo que terminou na semana passada. Será que ele está certo? Será que a nossa seleção principal não está falhando nesse aspecto?

Atletas japonesas vibram com a vitória sobre o Brasil nas Olimpíadas. Foto: AP.

Roberto Pimentel, em 10.9.2012. – Olá Edison, como mudaram os japoneses neste novo século. E para melhor!

Temos no Procrie dois artigos que tratam do assunto com intensidade e depoimentos de algumas personalidades validando os novos conceitos e metodologias do treinamento. Concordam que é mais importante aprofundar-se nos estudos da Psicologia Pedagógica do que simplesmente um cursinho de alguns dias com ex-jogadores. Destaco as postagens “Alegria no Futebol e no Voleibol”? e “Ensinar Vôlei e Futebol, que Diferença”? Neles há depoimentos de Guardiola e José Mourinho, dois dos melhores treinadores da atualidade. Quando se referem à Formação de atletas, dão ênfase em como devem ser consideradas as condições psicológicas para o desenvolvimento do indivíduo.

Vejam, p.ex. o breve relato do Mourinho: “(…) a teoria do treinamento desportivo positivista não se alinhava a minha forma de pensar. Foi aí que o Prof. Manuel Sérgio me ensinou que para ser aquilo que eu queria ser, teria de ser um especialista na área das ciências humanas. Foi assim que aprendi que um treinador de futebol que só perceba de futebol, de futebol nada sabe. Se sou um treinador singular é porque não me esqueço das lições sobre emancipação e libertação. É preciso ser livre para fazer o novo… até no futebol”. (Motrisofia – Homenagem a Manuel Sérgio, de José Mourinho).

E ainda, de Daniel Coyle, em o “Código do Talento”: (…) Qualquer discussão sobre o processo de aquisição de habilidades deve levar em conta um misto de descrença, admiração e inveja intensas que sentimos quando vemos um talento aparentemente saído do nada. É um sentimento que nos leva a perguntar: “De onde veio aquilo“? Como esses indivíduos, que parecem ser iguais a nós, de repente se tornam tão talentosos? E encerro meu diálogo com o Professor Edison: “Parabéns pelo relato do seminário e parabéns aos treinadores japoneses, especialmente de futebol e de voleibol, cuja equipe feminina está voltando a se destacar no cenário mundial”.

Lições do Mundial de Basquete

Mundial da Turquia

Após acompanhar o desempenho de nossos brasileiros na NBA, e vê-los jogar no Mundial, fica a ilusão ou lição: jogar na NBA não significa que nossos jogadores são excelentes. Eis uma interpretação e lamento de apaixonado professor consignado na Comunidade Esportiva Virtual logo após a eliminação do Brasil no mundial de basquete da Turquia. Ele concita alguns jogadores a se esmerarem nos treinamentos, pois os três que atuam na NBA são simples coadjuvantes, poucos minutos na quadra, sem autonomia para decidir.  E segue: “Que sejam mais fominhas (= aquele que mais arremessa à cesta), que decidam, chutem (arremessem) e arrisquem mais. São jogadores oscilantes, sem poder de decisão, meros cavadores de faltas ofensivas. Positivamente, a NBA não é a melhor escola. Quanto aos demais, treinem, treinem, treinem e fiquem em ponto de bala. Amamos nossa Pátria e queremos o melhor para ela e torço de corpo e alma pelo nosso basquete. Enfim, temos um longo trabalho pela frente e um caminho a percorrer até 2012″.

Acrescente-se a fala de um comentarista de uma emissora de TV: (…) “ Mas também no Brasil não se joga basquete nas escolas”! Em outros tempos, sempre após as derrotas, ouvia-se “Nossos atletas não têm a BASE”.

A Metodologia na Formação. Estou citando este fato para alertar treinadores e professores a respeito do ensino desde a FORMAÇÃO, de modo que não estabeleçam desde cedo uma metodologia baseada na repetição de movimentos – ADESTRAMENTO. Ou alguém tem dúvidas que não temos a metodologia adequada? Basta voltar seu olhar para uma aula com crianças em qualquer desporto, seja ministrada por professor ou ex-atleta, para ter certeza desse descalabro que infelizmente se repete ano após ano. Certamente não contribuirá para o pleno desenvolvimento dos seus alunos e as queixas dos treinadores se perpetuarão por gerações.

Da sabedoria oriental extrai-se que nas derrotas é quando mais aprendemos; seria assim no Brasil? Creio que não. No país do futebol e agora também do voleibol, respira-se soberba e ignorância científica em favor de um punhado de pretensiosos que se julgam “do ramo”, isto é, militam no esporte há muito tempo e, portanto, têm o conhecimento pleno da verdade. E a sociedade está voltada exclusivamente para a vitória, que deve vir a qualquer preço. E o treinador vencedor é aquele que deve ser mais respeitado entre todos, pois é o “melhor”. Seria mesmo? Alguém poria em discussão o que ele afirma?

Métodos de Ensino. Em março desse ano escrevi textos sobre o tema e em um deles punha em discussão qual seria o método mais criativo e eficaz a empregar com a indagação: adestrar ou ensinar?

Nunca houve uma discussão pública a esse respeito no País. Os cursos sobre métodos são de fato úteis de alguma maneira? Imagino que para chegar a uma aceitação generalizada deve haver discussão aberta tratando de responder às seguintes questões:

  • Será que ensinar é ensinável? Ensinar é uma arte e uma arte é ensinável?
  • Existe alguma coisa que se possa denominar de métodos de ensino?

O que o professor ensina nunca é melhor do que o professor é. Ensinar depende da personalidade do professor – existem tantos métodos bons como existem professores bons.

Professor ou ex-medalhista?

Infelizmente, acostumou-se desde cedo a valorizar o campeão e “ver quem chega em primeiro”! É algo que tem a ver com a cultura futebolística, esporte profissionalizado, em que o importante é vencer. Não é à toa que até nossos dias se observe nesse meio a já famosa dança de técnicos a partir de sucessivas derrotas. Esta transferência de mentalidade para outros desportos contaminou-nos a todos, pois leva a concluir que “o melhor técnico é o campeão”. Isto contagiou e transformou-se em epidemia no meio esportivo uma vez que atinge também as nossas crianças ainda em formação. Quer um sintoma? Assista a qualquer disputa nas categorias mirim ou infantil; veja como se comportam professores, treinadores e os papais. Pobres crianças! E pior, por desconhecimento e ignorância de postulados metodológicos e pedagógicos, aqueles indivíduos que se prontificam – voluntariamente – a exercer a nobre missão de ensinar aos novatos os mistérios do desporto, invariavelmente repetem ou copiam as formas, os métodos, os exercícios (com ligeira adaptação) do treinamento de adultos.

História do Mini Vôlei (III)

 Mini Vôlei no Brasil e no Mundo (III)

6. A experiência sueca, por Jorgen Hylander.

Uma apresentação das escolas da Suécia e as maneiras de introdução do voleibol nas suas escolas pela Associação Sueca de Voleibol (SVBA).

Condições gerais. Uma sessão de educação física escolar tipicamente sueca tem 40 minutos de programação. Entretanto, existem alguns problemas, tais como: as crianças tiveram uma aula antes da sessão de ginástica; deslocamento para o ginásio; troca de roupas para as atividades esportivas; a atividade propriamente dita; banho (se possível); troca de roupas; retorno à sala; críticas dos demais professores por possíveis atrasos. Tempo efetivo de atividade: 20 min a 25 min.

Currículo das escolas públicas. O objetivo da educação é o treinamento físico normal para os alunos. Não há currículo detalhado e sim recomendações gerais. O professor planeja as atividades para o ano todo e divide-as em diferentes períodos. Os principais interesses do professor (basquete, vôlei etc.) determinam a escolha das atividades porque o professor é um especialista em seu campo. Partes principais de um currículo: ginástica de aparelhos; esportes de bola (basquete, vôlei, handebol, futebol, badminton e tênis, campo e mesa); pista e campo; cross-country; natação; esportes de inverno.

O primeiro argumento dos professores refere-se às dificuldades de começar o ensino antes da idade da escola secundária. A seguir, um exemplo de uma aula comum de voleibol numa escola sueca: participam de 25 a 30 alunos; existe uma quadra; normalmente uma bola; e o professor realiza o jogo 6×6 (voleibol); o restante é envolvendo atividades de bolas (se houver) na parede.

Problemas gerais nas escolas: os alunos estão em ordem cronológica, portanto, há diferenças de peso, altura, idade biológica, habilidade etc. Como individualizar? Dividir em grupos depois de determinar habilidade, altura, etc. Tudo isso significa pequenos grupos de atividade.

Lições para a escola primária. As primeiras palavras dos alunos são: “Queremos jogar”. Em geral querem o jogo 6×6, que é muito difícil; entenderão o jogo jogando; os jogos consistem em combinações 1×1, 2×2, 3×3, 4×4 e 6×6; inicialmente são ensinados o passe por cima, o saque por baixo e a manchete. Cortada ou bloqueio não são mencionados; resolver o problema da bola adequada, capaz de não provocar lesões às crianças e manter um jogo fluido; uma quadra adequada para fazer o sucesso dos jogos; tempo para as atividades recreativas depois de um dia escolar programado; quadras de voleibol e equipamentos em pátios escolares, ginásios etc.; cooperação entre escolas e clubes.

Formação dos professores. Professores primários são formados em dois anos e meio; professores de Educação Física em dois anos; a SVBA promove anualmente um curso central para professores (treinamento e recreação); os distritos da SVBA promovem cursos duas vezes na semana (eventuais); são realizados torneios entre professores durante o período de aulas (local, regional, distrital) envolvendo cerca de 1.500-2.000 professores; muitos professores fazem seu primeiro contato com o voleibol nesses torneios.

7. A experiência holandesa, por Jaap Tel

Mini vôlei na Holanda e seus problemas. O mini vôlei foi um sucesso no país desde o seu início; existe um campeonato nacional com 120 equipes participantes; desenvolveram-se dois projetos juntos – Trimactions e Mini-voleibol.

O livro “Movimento e Educação do Voleibol” mostra-nos as características do vôlei: dá a possibilidade de desenvolver a força, a resistência e a velocidade; desenvolve a coordenação, os movimentos, o senso de tempo e espaço; desenvolve o sentimento social e o trabalho de equipe. Por que o voleibol não se tornou popular em nosso país? Porque os fundamentos técnicos são difíceis de aprender; ele parece ser estático. O principal objetivo do nosso plano é ensinar a quantas crianças for possível os melhores movimentos usando o mini vôlei desde a idade suficiente para isso. Há dois objetivos secundários: criar possibilidades de jogar o voleibol de um modo recreativo e aumentar o número de jogadores para competição. Para alcançar esses objetivos devemos fazer uma espécie de livro-guia para todos os treinadores e professores. Nosso método é baseado no “método-total”, que pode ser encontrado na publicação acima mencionada. O importante quando se introduz o mini-vôlei é o movimento e fazer jogar o jogo e não os resultados técnicos. Esperamos que este plano traga-nos mais mini-jogadores e, mais tarde, jogadores juvenis. Muito embora já tenhamos 2.000 mini-jogadores, tentaremos alcançar todas as crianças em idade para o mini vôlei.

8. Alguns dados e conclusões sobre o desenvolvimento do mini-vôlei (ainda na Suécia), por Erik Skarback

Bola: peso (gr)/circunferência (cm)

Bola senior 270/66; mini-mikasa 200/83; plástica 150/64; espuma de borracha 110/63.

Número de jogadores 3 e 4.

Dimensões da quadra: 4,5m x 9m (pequena); 4,5m x 12m (profunda); 6m x 9m (larga); 6m x 12m (média); altura da rede 1,80m a 2,10m.

Método de ensino: jogos o tempo todo; primeiro exercícios técnicos (2/3 do tempo) e, depois, jogos (1/3); integração de exercícios (1/2) e jogos (1/2).

Observações:

Bola: a bola de espuma de borracha proporciona longas competições e um jogo intenso. A qualidade do jogo, entretanto, não é boa, porque a bola é muito leve. Ela é boa para a idade de 7-9 anos, especialmente para iniciantes. É boa também para o os iniciantes mais velhos, como preparação para bolas mais pesadas. E, ainda, para crianças que não tenham uma habilidade geral. Por isso ela seria muito útil nas escolas. A bola de plástico é melhor para 7-9 anos. A mini-mikasa é melhor para crianças acima de 10 anos. Crianças mais novas, especialmente meninas, acham-na muito pesada e dura para bater. A bola senior é a melhor bola para crianças acima de 12 anos. Uma coisa interessante, entretanto, é que ambas as bolas (mini-mikasa e senior) provavelmente podem ser usadas por idades mais jovens se as enchermos com menos ar do que o previsto normalmente.

Quadra: 3 x 3 é a melhor forma para o mini vôlei. A quadra “pequena” é utilizada para todas as idades, mas a “larga”, algumas vezes, é melhor para acima de 10 anos. Algumas indicações dão-nos conta que 4 jogadores numa quadra “média” é muito bom depois de um período de treinamento, quando já têm uma rotina suficiente para praticar movimentos táticos.

Rede: neste projeto, cada grupo de 7-9 anos usou redes de 1,80m e, os de 10-12 anos, 2,10m. Muitos treinadores acham a rede demasiado alta. Para jogos demorados e mais intensivos a rede deveria ser mais baixa. Quando o jogo é muito rápido e intenso, a rede deve ser mais baixa e, quando o jogo não é intenso, a rede deve ser mais alta. Entretanto, não podemos esquecer que este projeto diz respeito aos iniciantes na sua primeira fase. Provavelmente seria melhor que a rede ficasse mais alta quando o primeiro estágio fosse ultrapassado e as crianças já estivessem boas para ultrapassar a bola por cima da rede com técnica suficientemente correta. Não podemos ignorar o passo inicial. O jogo deve ser movimentado desde a primeira vez que as crianças tentarem fazê-lo, caso contrário acharão outros jogos mais atraentes. Jogos com bola devem ser intensos e atraentes desde o começo.

Método de ensino: experiências mostraram que 3 e 4 pessoas juntas num exercício cometem uma grande percentagem de erros. Exercícios 2 a 2 funcionam melhor. Crianças de 7-9 anos divertem-se mais no treinamento do que no jogo, enquanto que crianças mais velhas (10-12 anos) gostam mais de jogos do que de treinos.

Qualidade e intensidade são inversamente proporcionais? Uma conclusão dessa afirmativa poderia ser que não podemos exigir muitos passes e boa qualidade na iniciação do voleibol. Isto porque diminui a intensidade do jogo e o sentimento positivo em relação à essa intensidade é muito importante para a criança.