Internacional: Cool Volley e Gira-Volei

Gravura: Beto.

Para conhecimento dos professores brasileiros do que vai pelo mundo a respeito do ensino do voleibol para crianças, tanto nos clubes competitivos como nas escolas, e também para acirrar os debates que pretendemos desenvolver, transcrevo o artigo postado no site português Sovolei e, inclusive, um breve comentário nosso, aliás o único. Devo informar uma vez mais que sou um dos colaboradores do site e que me sinto orgulhoso por tal. Tirem as suas conclusões e, se possível, deixem suas impressões. Este diálogo é salutar para um desenvolvimento pleno das novas gerações. O que queremos: formar atletas de voleibol ou indivíduos conscientes? 

 
 
O Cool Volley da FIVB e o Gira-Volei da FPV
 
A VolleyWorld, revista oficial da Federação Internacional de Voleibol (FIVB), dá um merecido destaque, na sua última edição, ao Cool Volley, um projecto de iniciação e dinamização do Voleibol inspirado no Gira-Volei e que está a ser implantado à escala mundial.
Para difundir o Voleibol entre as crianças e os jovens em idade escolar, especialmente em locais com poucas infra-estruturas desportivas, a FIVB lançou em Janeiro deste ano o programa Cool Volley que usa versões simplificadas do Voleibol, dependendo da idade de cada jogador. 
Conforme salientou o Presidente da Comissão de Desenvolvimento, Vice-Presidente Executivo da FIVB e Presidente da Federação Portuguesa de Voleibol (FPV), Vicente Araújo, o Cool Volley “é muito importante para o futuro da modalidade”. 
Com o programa Cool Volley, o Voleibol é jogado num formato mais acessível por aqueles que se estão a iniciar na sua prática.
Cada equipa é formada por dois elementos, o campo tem dimensões mais reduzidas e só é permitido jogar em passe, sem manchetes ou ataques. Além disso, os próprios jogadores devem anotar a pontuação.  
A FIVB acredita que a adaptação da prática da modalidade através do Cool Volley permitirá o desenvolvimento individual dos jovens e o crescimento da modalidade. “Muitas das nossas federações não têm recursos suficientes para acompanhar e desenvolver o Voleibol na sua base e por isso concentram-se no nível mais alto”, afirma Vicente Araújo. “Com este programa, queremos tirar essa concentração na elite e fazer as federações trabalharem com as categorias de base. O Voleibol é mais técnico do que muitos outros desportos colectivos e por isso há um aspecto educativo mais forte no treino dos jovens. Estamos a tentar incentivar a participação em massa de uma forma simples e com programas simplificados.” 
 
Manual
Depois do lançamento do programa Cool Volley, a FIVB criou novas páginas no seu site, tendo disponibilizando um manual de instruções em inglês, francês e espanhol. O manual explica que a simplificação se divide em três níveis, abarcado as crianças e jovens dos 8 aos 15 anos de idade.
Para as crianças de 8 a 10 anos, o campo tem 4 metros por 4 metros e a rede possui 2 metros de altura. No estágio intermédio, o campo aumenta para 6m x 6m, com a rede a atingir os 2,12m. Para os jovens de 13 a 15 anos, a rede passa a ter 2,24 metros de altura.  
A ideia fundamental é a de que as crianças aprendam enquanto brincam e que o façam através de um sistema divertido que incentive a participação directa e a movimentação em campo”, afirma o Director Técnico e de Formação da FIVB, Helgi Thorsteinsson, defendendo:
A melhor coisa do Cool Volley é que o treino não é analítico, mas feito por meio de diversão e brincadeiras.”
O programa complementa os projectos que a FIVB tem vindo a realizar, como o Mass Volleyball e o Volleyball at School, dando às escolas os meios necessários para apresentar a modalidade aos estudantes: vídeos, exercícios de treino, mini-jogos e transmissões pela Internet. “Este é outro exemplo dos trabalhos de formação da FIVB e significa que podemos levar a modalidade a escolas, grupos de jovens e centros comunitários de uma forma muito mais fácil do que dantes, ajudando a motivar as crianças a serem activas”, diz Vicente Araújo.
 
E a verdade é que a FIVB se espelha no exemplo português. O Cool Volley teve as suas origens em Portugal, onde a FPV implantou o projecto Gira-Volei em 1998. De acordo com Daniel Lacerda, Director Técnico Nacional, que esteve envolvido com o projecto desde o início, o objectivo era encontrar uma maneira de desenvolver o Voleibol num país com poucas instalações adequadas à prática da modalidade. “Sem pavilhões suficientes, o Gira-Volei foi a solução perfeita”, salienta Daniel Lacerda, recordando que a federação lusitana utilizou o programa para “motivar crianças e jovens a jogarem Voleibol”. “Com poucos recursos, podemos organizar-nos, jogar e levar o Voleibol a qualquer lugar”, diz, acrescentando: “Com o Gira-Volei, movimentamos cerca de 150 mil crianças e jovens e o Voleibol passou a ser a segunda modalidade mais praticada nas escolas.”
Daniel Lacerda cita mais números sobre o crescimento do modelo português: 1.800 centros espalhados pelo país acolheram mais de 5.400 jogos e distribuíram 120.000 camisolas, 20.000 bolas e 2.000 equipamentos no ano passado. Os frutos dos trabalhos da FPV também estão a ganhar maior visibilidade em níveis mais elevados. A Selecção Nacional de Seniores Masculinos, que se encontra disputar a Liga Mundial, conta, actualmente, com Alexandre Ferreira, um jogador cuja primeira experiência com o Voleibol aconteceu por intermédio do Gira-Volei. Em todo o país, o número de jogadores, clubes e equipas não pára de crescer. “Podemos oferecer a prática do Voleibol a crianças que, por falta de logística ou de clubes, nunca puderam jogar”, enfatiza o Director Técnico Nacional, justificando: “Neste momento, podemos chegar a todo o país e há jogadores a emergir fora dos clubes e dos locais tradicionais da prática da modalidade.”
Com a globalização do Cool Volley, Daniel Lacerda espera que o impacto positivo de Portugal se repercuta em todo o planeta. “Com o Cool Volley, podemos difundir o Voleibol no mundo inteiro, até mesmo em lugares sem instalações apropriadas, e também podemos melhorar o nível da modalidade reunindo mais jogadores potencialmente talentosos e trabalhando com eles de uma maneira dinâmica e correcta.”
Fonte:FPV
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Comentário
O Cool Volley da FIVB e o Gira-Volei da FPV
Por Roberto Pimentel
 
Acorda Portugal. Parece que estão reinventando a roda… Será que só agora o Exmo. Senhor Presidente da Comissão de Desenvolvimento, Vice-Presidente Executivo da FIVB e Presidente da Federação Portuguesa de Voleibol (é muita coisa para um homem só) descobriu o Mini Vôlei? Parece que nunca ouviu falar do primeiro Simpósio Mundial promovido pela própria Fivb na pequena cidade de Ronneby, Suécia, em 1975. Os interessados poderão ver resumo do que ali ocorreu e a recomendação dos professores presentes. Ou, então, no meu livro “História do Voleibol no Brasil”, em que narro a minha cruzada para a sua implantação no Brasil. Enfim, antes tarde do que nunca.