Jogos Universitários

Equipe universitária fluminense, tendo ao fundo Lulu, Roberto Pimentel, Arthur, Jovauro, Quaresma e Murilo.

 

     

A equipe mineira vice campeã com os destaques (em pé), Belfort (5), Nelson Bartells e o técnico Hélcio Nunan; agachado, primeiro à esquerda, Urbano.

Jogos Universitários Brasileiros (www.cbdu.com.br)  

Promovidos pela  Confederação Brasileira de Desportos Universitários – CBDU  e a FUFE – Federação Universitária Fluminense de Esportes, foram realizados em maio os Jogos Universitários Brasileiros. O palco foi o ginásio do Caio Martins. A disputa nesta modalidade empolgou os assistentes pelo alto nível dos participantes, especialmente com as três primeiras equipes classificadas: São Paulo, Minas Gerais e Estado do Rio (Niterói). Entre os atletas, destaques dos selecionáveis Nelson Bartells, Urbano, Belfort e Fábio (mineiros), Joel e Álvaro (paulistas), Quaresma e Murilo (fluminenses). O autor deste trabalho, com 20 anos de idade, fazia sua estreia em grandes torneios.    

Confederação Brasileira de Desportos Universitários. Fundada em 9 de agosto de 1939, a CBDU só foi oficializada dois anos depois pelo Decreto nº 3.617, de 15 de setembro de 1941, assinado pelo presidente da República Getúlio Vargas. Em 29 de abril de 1998, um grande passo: a CBDU é confirmada como Entidade de Administração do Desporto Universitário Brasileiro, com poderes e direitos equivalentes às demais entidades de administração do desporto. A igualdade foi sacramentada pelo Decreto nº 2.574, que regulamenta a Lei nº 9.615, a Lei Pelé, de 29 de março de 1998. A CBDU tem por objetivo a estruturação do desporto para os estudantes universitários e a sensibilização das autoridades do Ensino Superior Brasileiro para o desenvolvimento e melhoria, cada vez maior, da prática desportiva no âmbito das instituições de ensino. A filosofia da CBDU está baseada nas noções de amizade, fraternidade, perseverança, integridade, cooperação, esforço e esporte limpo. A intenção é estimular os jovens a conquistar, por meio dos valores morais, êxito na vida acadêmica e na carreira esportiva. Dentro deste espírito, a CBDU organiza grandes competições nacionais e participa, representando o Brasil, dos campeonatos internacionais realizados pela Federação Internacional do Esporte Universitário (FISU), da qual é membro fundador. Dessa forma, a CBDU viabiliza a atuação dos melhores atletas (estudantes) no mais alto nível do desporto mundial.    

A CBDU é constituída por 27 Federações Desportivas Universitárias Estaduais que formam a Assembléia Geral, órgão máximo da Entidade, que elege a diretoria com 10 membros e mandato de quatro anos. A missão executiva é deliberar sobre as necessidades para o melhor andamento das atividades do Desporto Universitário Brasileiro. Para dar suporte a esta operacionalização, a CBDU conta com os Departamentos Técnico, de Comunicação e Marketing e o Médico, todos instalados na sede própria da Entidade, em Brasília (DF). O maior evento esportivo promovido pela CBDU são os Jogos Universitários Brasileiros, os JUBs. Com a participação de milhares de atletas de todo o país, os JUBs estão entre os campeonatos multidesportivos mais importantes do Brasil e do mundo. Os JUBs são realizados a cada ano numa cidade diferente e disputados em sete modalidades obrigatórias (atletismo, basquete, vôlei, handebol, futsal, judô e natação) e até cinco opcionais, indicadas pelo Comitê Organizador da cidade-sede.    

A CBDU também organiza Campeonatos Brasileiros Universitários, geralmente nas modalidades que não participam dos JUBs. Tanto os Jogos Universitários Brasileiros quanto os Campeonatos Brasileiros Universitários são abertos a todas as Instituições de Ensino Superior (IES) e a seus alunos de 17 a 28 anos de idade. O registro dos estudantes nessas competições deve ser efetuado na CBDU pelas IES, por meio das Federações dos Estados. O grande número de competições promovidas pela CBDU permite e motiva a continuidade dos programas desportivos nas IES, estreitando cada vez mais o contato entre o segmento do Desporto Educacional e os meios político, acadêmico e esportivo. Além do esporte, a Confederação organiza atividades culturais e científicas que buscam a integração dos participantes e proporcionam aos estudiosos do esporte oportunidade de capacitação específica. Tudo isso para discutir e desenvolver constantemente a simbiose entre a Educação, a Cultura e o Desporto.

Criada a CBDU. Universitários de todos os Estados da União, reunidos durante um Congresso Nacional de Estudantes em 9 de agosto de 1939, apresentaram uma moção que recebeu aprovação unânime dos participantes, criando a Confederação Brasileira de Desportos Universitários, que realizou o seu primeiro conclave em dezembro daquele mesmo ano. Nessa ocasião, efetivou-se em Belo Horizonte um torneio extrauniversitário que na história dos jogos universitários foi considerado o primeiro. A partir da década de 50 os Jogos eram realizados de dois em dois anos. Foram criados, também, os Jogos Leste/Sul e Norte/Nordeste, intercalados àqueles em anos ímpares. Por ocasião dos XIII Jogos, em Porto Alegre, entrou em vigor um novo critério abolindo a contagem geral de pontos. Daí por diante, a disputa seria somente pelos esportes individuais e alguns coletivos. As modalidades eram atletismo, basquete, futebol, natação, polo aquático, remo e voleibol. Com o passar do tempo, modificou-se esse quadro.  

1ª Participação. A primeira participação do voleibol nos Jogos Universitários só aconteceu em 1948, em Curitiba (PR). A equipe da Federação Atlética de Estudantes – FAE (Distrito Federal) estava representada pelos jogadores: (2) Rodolfo, (1) João Crisóstomo, (3) José Gil, (8) Sá, (6) Bicudo e (5) Rubens.     

Universíade. Em 1963 foram realizados em Porto Alegre (RS) os Jogos Universitários Mundiais – UNIVERSÍADE. A Universíade foi uma espécie de Fórum Social Mundial. Transformou a feição da cidade, profissionalizando e qualificando a maneira de lidar com o esporte amador. Para sediar um dos mais importantes eventos esportivos do mundo, secundado apenas pelas Olimpíadas, a capital gaúcha construiu o ginásio da Brigada Militar e estreou o conjunto habitacional recém-construído no Partenon em Vila Olímpica, onde 450 apartamentos foram cedidos pelos seus compradores para alojamento de mais de mil atletas de 27 países. A competição reuniu campeões como Pietro Mennea Aouita, Gabriela Szabohew Biondi e Michael Gross. Um dos destaques da delegação brasileira era Adhemar Ferreira da Silva. Nessa oportunidade, a equipe brasileira de voleibol feminino foi campeã. Durante muito tempo esses jogos perderam a sua finalidade, sendo usados para treinamento de seleções nacionais, que utilizavam novos jogadores, emprestando-lhes experiência internacional, como aconteceria com a equipe feminina brasileira em 1981 e, em 1983, no Canadá, quando se tornariam campeãs vinte anos depois.    

Peço perdão ao leitor pelas lacunas na tabela a seguir, mas as dificuldades foram demasiadas. Em contrapartida, acrescento uma curiosidade: (…) “De permeio realizou-se em 1935 na capital de São Paulo a I Olimpíada Universitária Brasileira, tendo os estudantes de Niterói selecionado dois representantes. Tatto foi um deles, nadando pela Faculdade Fluminense de Medicina. (…) O outro era João Havelange, que cursava na época a Faculdade de Direito de Niterói”.    

Jogos Universitários    

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Ano               Jogos                            Sede                                       Observação    

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1939                 I                       B. Horizonte – MG                    Torneio Extra considerado o 1°    

   …                  II                                 …            

1940                 III                     Rio de Janeiro – DF          

1942                 IV                     Rio de Janeiro – DF    

1943                 V                     São Paulo – SP    

1944                 VI                     Rio de Janeiro – DF    

1945                 VII                    São Paulo – SP    

   …                  VIII                   Rio de Janeiro – DF                   Paulistas não participaram    

1948                 IX                     Curitiba – PR                            1ª participação do voleibol    

1949                                        Salvador – BA                           Extra: IV Centenário    

1950                 X                      Recife – PE         

1952                 XI                     B. Horizonte – MG    

1954                 XII                    São Paulo – SP                        IV Centenário    

1956                 XIII                    P. Alegre – RS                         Abolida contagem geral    

1958                 XIV                   B. Horizonte – MG    

1960                 XV                    Niterói – RJ                                 

1961                                        Vitória – ES                              I Jogos Leste-Sul             

1962                 XVI                   Santa Maria – RS                        

1963                                        P. Alegre – RS                         Universíade (Mundial)    

1964                 XVII                  Recife – PE    

1965                                        Niterói – RJ                              II Jogos Leste-Sul    

1966                 XVIII                 Curitiba – PR    

1968                 XIX                   Piracicaba – SP    

1970                 XX                                …    

  …    

1975                 XXVI                 Maceió – AL     

…    

1981                 …                                …                                Universíade, Romênia    

1983                 …                                …                                Universíade, Canadá    

  …    

2000                …    

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Fonte: Jornal Diário de Notícias, 26.8.1962; diversos. 

Voleibol na Década de 60

Treinamento da seleção no Caio Martins. Em pé, à esquerda, Newdon, Décio, Álvaro, Heckel (aux. técnico), Roque, Financial, Chapinha (árbitro), Geraldo Faggiano (técnico), Rômulo Arantes (prep. físico). Em baixo, Urbano, Afonso, Murilo, Pedro, Quaresma, Feitosa.

Jogos Mundiais, Jogos Olímpicos, Jogos Universitários, Campeonatos Brasileiros, Jogos Luso-Brasileiros. 

Logo no início da década, em 1960, as cidades do Rio de Janeiro e de Niterói experimentaram um despertar para o voleibol como jamais se vira no Brasil. Neste ano, em maio, a capital fluminense foi palco dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) no ginásio do Caio Martins, onde meses depois, treinaria a seleção brasileira (foto). A seguir, em julho, foram realizados os jogos do IX Campeonato Brasileiro de seleções estaduais no Rio de Janeiro. Houve tímido intercâmbio esportivo com Portugal – os Jogos Luso-Brasileiros – que não mereceram maior incentivo e após sua terceira realização malograram. Sua primeira realização deu-se em agosto/60, no Rio de Janeiro. E, finalmente, em 3 de novembro, a abertura da fase final dos Campeonatos Mundiais.  Posteriormente, em 62 e 66, outros dois Mundiais e, destacados deles, os dois Jogos Olímpicos, em 1964 e 1968.     

Ciclo japonês. Os japoneses dariam importante contribuição para a evolução do jogo a partir de 1960, caracterizada por dois aspectos: 1) Técnico – criação do saque balanceado, do emprego maciço da manchete, diversificação de ataques, com variações de “tempo” e de “espaço”; inovações nas técnicas de defesa. 2) Tático – novos tipos de ataque permitiriam criar uma infinidade de combinações, verdadeira revolução no sistema ofensivo.         

Campeonatos Mundiais .  O Brasil foi o palco do quarto campeonato mundial masculino e terceiro feminino em 1960. Pela primeira vez foi sediado fora da Europa. Em ambos os torneios a seleção brasileira ficou em 5º lugar. Mas a grande novidade no início da década de 60 foi a decisão de incluir o esporte na próxima Olimpíada de Tóquio, o que entusiasmou seus praticantes. 

Jogos Universitários Brasileiros. Promovidos pela  Confederação Brasileira de Desportos Universitários – CBDU  e a FUFE – Federação Universitária Fluminense de Esportes, foram realizados em maio os Jogos Universitários Brasileiros. O palco foi o ginásio do Caio Martins. A disputa nesta modalidade empolgou os assistentes pelo alto nível dos participantes, especialmente com as três primeiras equipes classificadas: São Paulo, Minas Gerais e Estado do Rio (Niterói). Entre os atletas, destaques dos selecionáveis Nelson Bartells, Urbano e Fábio (mineiros), Joel e Álvaro (paulistas), Quaresma e Murilo (fluminenses). O autor deste trabalho, com 20 anos de idade, fazia sua estreia em grandes torneios.       

IX Campeonato Brasileiro, 1960. A cidade do Rio de Janeiro sediou os jogos das seleções estaduais.  Os cariocas fizeram “dobradinha”, com vitórias no masculino e feminino. Dedico uma postagem especial sobre o evento desde sua organização e componentes da delegação. 

Evolução das Regras – Cronologia       

1960 – Destaques das principais modificações na Regra Oficial constante de Nota Oficial da CBV retransmitida pela FMV (NO nº 16, de 10.3.60).       

1) Regra I – Art. 2º – Nova redação: LINHAS – O campo é limitado por linhas de 5 cm de largura traçadas na sua parte interna. Elas serão traçadas a um mínimo de 2 (dois) metros de qualquer obstáculo.  2) Regra V – Art. 3º – § “d” – Alterar: Qualquer jogador que inicie jogando um set pode ser substituído uma só vez por qualquer suplente e poderá voltar ao jogo, mas definitivamente, no lugar que ocupava precedentemente e somente ele, com exclusão de qualquer outro jogador.  3) Regra XII – Art. 6º – § “c” – Acrescentar no final: Os dois tempos para descanso podem ser solicitados consecutivamente por uma ou outra equipe sem que o jogo tenha sido recomeçado. No entanto, segundo a Regra V, art. 3º – letra “c”, uma equipe não tem direito de pedir dois tempos para substituição sem que entre os mesmos o jogo tenha recomeçado. Um tempo para descanso de uma equipe pode ser seguido imediatamente de um tempo para substituição por uma outra equipe e vice-versa.  4) Regra XIII – Acrescentar: Art. 7º – BARREIRAS – No momento do saque é proibido aos jogadores da equipe que irá dar o saque efetuar movimentos com os braços, saltar ou grupar dois ou mais jogadores, com objetivo de formar uma “barreira”, com intenção de encobrir o sacador.  5) Regra XX – Art. 1º – Acrescentar: Letra “c” – o fato de tocar a linha central, sem ultrapassá-la, não constitui falta.  6) Regra XXIV – Art. 3º – Acrescentar no final: “Salvo no caso de uma equipe ficar incompleta em virtude de contusão de jogadores” (conforme Regra V, Art. 3º – Letra “d”).       

Campeonato Mundial. Tendência em favorecer a defesa, na tentativa de equilibrar as ações de jogo. Muito embora os russos, campeões, jogassem com somente um levantador (5×1), foram os japoneses que consagraram esta formação, o que facilitava suas combinações de ataques rápidos. Os soviéticos realizavam ataques com bolas predominantemente altas.       

1964 – Novas regras para o bloqueio: a invasão por cima durante o bloqueio ainda era proibida, mas permitido aos bloqueadores um segundo toque. Os primeiro torneios Olímpicos de Voleibol jogados em Tóquio (13 a 23 de outubro) contemplaram 10 equipes masculinas e 6 femininas.       

1968 – Recomendação do Congresso do México para a utilização das antenas como limite do espaço aéreo da rede, para facilitar as decisões da arbitragem (bolas por fora).       

Saques 

Altos tinham raros praticantes, embora as quadras favorecessem, pois eram raros os ginásios. Em 1953, Paulo Castelo Branco (Sírio e Libanês), sacava muito além dos refletores (o atual “jornada”). Os refletores eram colocados sobre a quadra de voleibol, “acompanhando” as linhas laterais, a uma altura relativamente alta. No Brasil da década de 40, alguns juízes proibiam a utilização deste saque, punindo com perda da vantagem, pois prejudicava a visão do recepcionador.       

Recepção 

1958 – Tchecos realizam as primeiras experiências utilizando a manchete (bagger).  

1960 – Utilização de excelente toque por cima até o mundial do Rio.    

1962 – Surge a manchete; uso do toque em condições especiais (mundial de Moscou).  

1964 – Utilização predominante da manchete (Olimpíadas de Tóquio); obrigatoriedade no Brasil de recepcionar de manchete; surpresa no Torneio Início carioca.   

Defesa 

 1960 – De toque até o Mundial; alguns gestos com um dos braços e mão fechada. 

1962  – Introdução da manchete em defesa de cortadas.  

1964 – Utilização plena da manchete na Olimpíada.   

Bloqueio   

1964 – Até a Olimpíada de Tóquio, somente no próprio campo; a partir daí, permissão para invadir após o ataque adversário; volta a permissão para o 2º toque na bola.