Evolução das Regras do Voleibol – Praga, 1949 (3)

Professor Roberto Pimentel, autor e pesquisador.

Dando continuidade à reprodução da série de artigos do Prof. Paulo Azeredo sobre as interpretações das modificações feitas nas Regras de Volleyball por ocasião do Congresso internacional de Praga ( set./1949), abrangeremos hoje os seguintes assuntos: Pedidos de tempo;  Substituições e Colocação dos Reservas e Técnicos. Boas leituras!

Fonte: Acervo Paulo Azeredo, ANO 1951  – Pág. 50, Publicado no Jornal… (?)

Palavras-Chave (Tags): Mudanças nas Regras, Pedidos de Tempo, Substituições, Colocação dos Reservas e Técnicos.

Pedidos de Tempo Os pedidos de tempo podem ser: a) para substituição; b) para descanso; c) para o juiz (pedido por ele próprio). Só os capitães e os técnicos podem pedir tempo. Para substituição cada quadro poderá pedir quantos tempos achar necessário, dentro do limite dos reservas inscritos e do número de substituições a que cada um tenha direito segundo a regra. Estes terão duração máxima de um minuto. Para descanso, cada equipe tem direito a dois tempos de um minuto por set , sendo que em caso de acidente, poderá ser de três minutos, desde que o jogador volte ao jogo (antes, era de cinco minutos). Para o juiz, o tempo é pedido por ele quando achar que o jogo deve ser interrompido por qualquer circunstância. Durante os pedidos de tempo nenhum dos dois quadros pode bater bola, o que era antes permitido.

Substituições  Pela nova Regra a substituição deverá ser feita em um minuto. Se levar mais tempo o juiz marcará para a equipe que a estiver procedendo a um “tempo para descanso” e, se essa equipe já tiver feito uso dos dois tempos a que tem direito por set, perderá o ponto ou o saque. O reserva que tenha entrado em jogo e volte à condição de reserva não poderá voltar ao campo nesse set. O que deu lugar ao reserva poderá voltar ainda uma vez, porém para o mesmo lugar de origem. Em caso de acidente com um jogador e desde que tenham sido esgotadas todas as substituições normais, um reserva qualquer poderá entrar no lugar do acidentado, não importando em que posição tenha atuado anteriormente.

Colocação dos Reservas e Técnicos – Os reservas e técnicos durante o jogo devem estar colocados no lado oposto àquele em que se encontra o juiz e, alternativamente, na lateral ocupada em jogo pela equipe adversária. Exemplo no desenho que transcrevemos abaixo. Aliás, esta colocação já existia na regra antiga, porém nunca foi observada, só sendo agora talvez devido às grandes modificações sofridas (pela atual), e à exigência dos atuais juízes da Federação de cumpri-la na íntegra. Esta é a razão pela qual tratamos desse assunto no presente artigo.

 

Comentário do Procrie: observe-se o detalhe da inversão dos bancos dos reservas e técnicos, justificado pela proibição de se falar aos jogadores em quadra durante a partida. Voltaremos apresentando as modificações no Bloqueio e as Instruções Durante os Pedidos de Tempo. Aguardem.

 

 

Arbitragem e Curiosidades

Cursos de Formação de Árbitros – II

Conduta, fumo. Nos primórdios dessa fase – início dos anos 1970 – era permitido aos técnicos fumarem no banco de reservas. Os árbitros, especialmente o 2° árbitro, durante os intervalos dos sets, deslocavam-se até o fundo da quadra e ali também fumavam. Não havia respeito ou atitudes condizentes com o espetáculo. Outro, um militar, ameaçou sacar sua arma numa discussão de arbitragem em jogo entre juvenis. Por certo, alguma coisa deveria ser feita no sentido de se obter um desenvolvimento equânime entre a técnica dos atletas e as arbitragens. Esta fase de apuro de atitudes da arbitragem só teve início a partir da profissionalização dos atletas na década de 80, com a participação efetiva e permanente de Carlos Nuzman, que chegava a ponto de advertir o árbitro sobre a sua conduta nos jogos.

Associação de Árbitros. A esse respeito, o presidente da Federação de Volley-Ball, em 6.6.84, resolveu advertir os árbitros José Menescal, Ricardo Ferreira Gomes e Ricardo Amorim Vilarinho Cardoso, em virtude de afirmações constantes de relatório conduzido pela Comissão Administrativa da própria FVR. A proposta de constituição de uma Associação de Árbitros do Rio de Janeiro visava a estruturar problemas legais como patrocínio dos uniformes, intercâmbio dos árbitros do Brasil, realização de congressos e seminários e recepção de adesões de outros Estados. A decisão se fez necessária por ferir normas legais que regem o desporto nacional, estando as referidas atividades exclusivamente afetas ao âmbito da Federação de Volley-Ball do Rio de Janeiro e da Confederação Brasileira de Volley-Ball.

Histórias (continuação)

3. Bola por fora. Em meados da década de 50 ainda havia muitas dúvidas sobre a validade de determinados lances. Um deles aconteceu quando um atleta, ao defender uma cortada, não conseguiu recuperá-la e esta ultrapassou a rede por baixo. Antes que ela tocasse o solo, o jogador da equipe adversária segurou-a e, incontinenti, enviou-a para o sacador para repô-la em jogo. Qual não foi sua surpresa, quando o juiz puniu-o por ter segurado a bola “antes que ela tocasse o solo!”

4. Moedas na quadra. Ano de 1958 ou 59, jogo Botafogo F. R. x CIB (Centro Israelita Brasileiro), categoria juvenil, na antiga quadra do clube alvinegro, onde hoje está um posto de combustíveis e, em cima, a piscina. A equipe do CIB foi agredida pela torcida com arremesso de moedas de pequeno valor, em nítida atitude anti-semita. O fato se repetiria anos mais tarde, em 1963, no jogo Fluminense e AABB por outros motivos. 

5. Toque duplo. Década de 80, partida entre Bradesco e Pirelli, no Maracanãzinho, pelo campeonato sul-americano de clubes e conduzida pelo árbitro argentino Norberto D’Agostino. Bernard realizou um dos seus saques jornada. Do outro lado, torpor total para a sua recepção. No “deixa que eu deixo”, o levantador da equipe William, que estava atrás, pronto para infiltrar, acabou tendo que realizar a recepção do saque, fazendo-o com maestria. Contudo, como era o levantador, todos os seus companheiros deixaram que ele mesmo realizasse o levantamento (esqueceram-se de que ele havia dado o primeiro toque). Não se fazendo de rogado, William continuou o lance e procedeu ao levantamento e o ataque foi realizado com sucesso para espanto de todos. Foi o maior quiproquó (*)!

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(*) Do latim quid pro quo, que significa “uma coisa pela outra”, inicialmente o conceito referia-se a um diálogo no qual uma pessoa era confundida com outra, gerando, na maioria dos casos, uma situação cômica. Num sentido lato, utiliza-se quiproquó para designar um equívoco ou uma confusão de palavras. (infopedia)