O Sentido Pedagógico da Atitude (parte III)

Ilustração: Beto Pimentel.

 Como despertar a atenção e o interesse nas crianças

 (com base em A Educação pelo Movimento, J. Le Boulch)

“O sentido biológico da atitude se revela melhor quando se leva em conta as necessidades que lhe deram origem. Quanto mais complexo é o organismo tanto mais diversa e sutil é a forma das suas relações recíprocas com o meio, tanto mais elevadas são as formas que assumem o seu comportamento. E a principal complexidade que difere o comportamento dos animais superiores é a superposição da chamada experiência individual ou dos reflexos condicionados à experiência inata ou hereditária.

Na composição do comportamento do homem é difícil que 0,01% de todas as reações pertença ao número de reações inatas não afetadas por quaisquer influências individuais da experiência pessoal. O sentido biológico dessa superposição consiste na chamada adaptação prévia ou por sinais do organismo à ocorrência de acontecimentos que ainda não existem mais por determinados indícios devem forçosamente ocorrer. A forma por sinais ou prévia de adaptação a futuras mudanças do meio em suas modalidades superiores transforma-se em reações da atenção ou da atitude, ou seja, está relacionada por via reflexa a impulsos de reações que levam o organismo a um estado preparatório mais aperfeiçoado. Do ponto de vista psicológico a atitude pode ser definida como expectativa do futuro, como meio que permite ao organismo reagir com os movimentos adequados não no próprio momento da chegada do perigo, mas em sua aproximação distante, na luta do corpo pela sobrevivência.

Pode-se dizer que a atitude é a primeira condição graças à qual se cria a possibilidade para influenciar pedagogicamente a criança. Alguns pedagogos reduzem o processo da educação à elaboração de certas formas de atitude, por considerarem que toda educação é antes de tudo a educação da atenção e distinguirem as diferentes modalidades de educação apenas pela natureza daquelas atitudes que devem ser elaboradas. Assinalamos que no processo de educação não operamos com movimentos e atos, mas com a elaboração de habilidade e hábitos para uma futura ação sobre a realidade. Sendo assim, nossa tarefa não é provocar essas ou aquelas reações em si, mas apenas educar as devidas atitudes”.

Isto nada mais é do que propor à criança alguma tarefa e deixá-la livremente tatear na busca de soluções. Ao mestre, acompanhar este desenvolvimento e estar sempre próximo em sua assistência, sem jamais indicar-lhe as soluções.

Melhores Professores, Mais Talentos – Parte 2

O Método de John Wooden

Conforme prometêramos, estamos de volta acrescentando mais experiências ao nosso estudo na prática de teorias metodológicas iniciado com Daniel Coyle (O código do talento).

 

 

M+ M- M+

À medida que as semanas e os meses foram passando, o método de Wooden foi ficando mais claro para eles. Os observadores registraram e codificaram 2.326 atos de ensino distintos. Desses, meros 7% eram elogios. Apenas 6,6% eram expressões de insatisfação. E 75% eram pura informação: o que fazer, como fazer, quando intensificar uma atividade. Uma das formas de ensinar mais utilizadas por ele era uma instrução dividida em três partes: primeiro ele mostrava a maneira certa de fazer alguma coisa; em seguida, a maneira errada; por fim, voltava a mostrar a maneira certa, sequência didática essa que foi resumida nas anotações como M+, M-, M+.

Comentário do Procrie. Normalmente, um treinador menos experiente e com pouco conhecimento pedagógico, cai na armadilha de querer demonstrar e dissertar em alguns instantes sobre determinado erro de seus pupilos. E, aí, perde-se no emaranhado das elucubrações e confunde mais os espectadores do que ensina, e ao mesmo tempo quebra o ritmo das ações. Observei muitas dessas ações nas aulas de natação de minha neta (6 anos): o professor enuncia o gesto com demonstração (M+); por fim acentua o que não deve ser feito (M-). Assim, a derradeira demonstração é exatamente aquela que fica no imaginário da criança. Falta-lhe o M+. Em outros momentos, percebia em treinos tanto na escola quanto em clubes, nas aulas de basquete ou de voleibol. Ao final do ano letivo, eram poucos os alunos que suportavam tamanha chatice. Entre adultos, um treinador que não parava um instante de falar e a desenhar na sua prancheta esquemas e chaves a serem empregadas em segundos por seus pupilos em plena partida. É natural que os indivíduos se cansem e desloquem o foco de sua atenção para outro lado ou se dispersem, dada a quantidade de palavras ao vento. Em suma, trata-se de um treinador absorvente, isto é, ele sabe tudo e somente ele tem as soluções, do tipo “venham a mim e eu lhes direi o que fazer!” Há tempos ouvi uma preciosidade de um treinador de infantis feminino: “Elas sabem onde está a luz”! Vejam alguns dos conselhos de Wooden nas linhas seguintes.

Suas demonstrações dificilmente duravam mais que três segundos, mas são tão claras que deixam na memória uma imagem muito semelhante a um desenho de manual. A informação não retardava o treino; ao contrário, Wooden a combinava com o que ele chamava de condicionamento mental e emocional, isto é, fazer todos correrem mais do que corriam nos jogos, o tempo todo. Os treinos eram ininterruptos, elétricos, cheios de emoção, intensos, exigentes. Embora não parecessem seguir um planejamento, eram tudo, menos improvisados. O técnico escrevia a programação em pequenas fichas. Costumava arquivar essas fichas a fim de poder comparar e ajustar os treinos. Nenhum detalhe era insignificante demais para não ser levado em conta. Uma série de exercícios aparentemente criada na hora, era na verdade tão bem estruturada quando um libreto de ópera. “Quando parecia falar espontaneamente, Wooden na realidade tocava em temas de conversa planejados”.

— Comentário do Procrie

Não perca demasiado tempo em demonstrações, os indivíduos têm um breve tempo para assimilar o que seja dito ou exibido. Se você ultrapassar esse tempo, suas palavras ou gestos cairão no vazio. Nunca é demais lembrar que é sempre de bom alvitre colocar uma pitada de graça, alegria e surpresa nos treinos. Isto torna o ambiente propício à concentração e ao desempenho, deixando de ser repetitivo e enfadonho, do tipo que inspira pensamentos nos atletas como “aposto que já sei o que vem mais adiante!” Neste particular coleciono alguns depoimentos de ex-atletas – quadra e praia – dos quais muito me orgulho por ter-lhes oferecido o melhor que pude. Nos treinos em ginásio (3 vezes/semana), conseguia programá-los algumas horas antes, o que me facultava não pensar na sequência. Esta era muito bem assimilada pelo grupo a ponto de realizarem treinamento sem a (minha) presença do treinador. Inclusive, imprimiu-se um ritmo bastante forte a ponto de às vezes lhes ser pedido comedimento e cuidados nas intervenções. Quanto ao aspecto psicológico e emocional, creio que chegamos ao máximo: perfeita união, unidade de propósitos e incentivo e apoio ao próximo, tanto no erro como nas boas ações. Na praia não foi diferente, guardadas as características da competição. Eram seis os atletas em treinos diários de 3h durante nove meses. Dois deles alcançaram o estrelato mais à frente: Márcio Araújo, cearense, canhoto, medalhista olímpico; e Frederico (Fred), niteroiense, Rei da Praia em 2000. E pelo que os próprios propalam, foi uma felicidade terem começado sua carreira com um treinador que (eles e outros dizem) muito competente. E por isto acarinhado com o chamamento de Mestre.

Um derradeiro detalhe que justifica minha admiração por Coyle: só vim a conhecer sua obra “O código do talento” em novembro/2011, por ocasião de meu aniversário. Até então tudo o que realizava era pura intuição e criatividade, e acima de tudo, nenhum medo de errar. Por que não tentar? Antes de eleger o próximo artigo, que tal sugerirem algo? Não demorem.

—————————— Pensando em voz alta… Que acham da ideia abaixo?

Sabem em que estou pensando há dias? Alugar um ginásio, ou mesmo na praia, e começar a treinar moças e rapazes “baixinhos”. Isto mesmo, creio que vou ficar rico! Com a ideia bastante difundida de que só vence no voleibol indivíduos altos, uma multidão está alijada de realizar bons treinamentos para a prática de puro lazer. E, quem sabe, especializar os treinamentos para apurar futuros(as) atletas na função de LÍBERO. Para quem ainda não sabe, durante 4-5 anos realizei projetos em praias – Icaraí, Copacabana – com frequência invejável às aulas (duas, semanais) para 300 e até 400 crianças (8-13 anos). Além disso, posso transformar este meu projeto em uma ação comunitária e criar uma LIGA para administrar jogos em fins de semana para as crianças e, muito além, para seus irmãos, jovens e responsáveis, especialmente as mamães.

Concernente ao meu histórico na cidade em que nasci e vivo – Niterói -, creio que teria um grande problema: o espaço para conter a quantidade de alunos desejosos de um ensino de qualidade e descompromissado de competições oficiais, que lhes tolhem o acesso ao jogo, isto é, somente alguns poucos são os escolhidos. E os outros? Pensando nisso, por que não me dedicar então a esses “outros” dispensados? Um segundo problema a conciliar com um treinamento profundo e duradouro, seria “Como manter tantos alunos em atividade ao mesmo tempo? Qual seria o limite de indivíduos em cada turma? De que mais eu precisaria? É certo que vamos fazê-lo e depois levar para a sua cidade; nesse caso como você planejaria o projeto?

Ensinar Vôlei e Física

O que é mais difícil, ensinar Voleibol ou Física?

– Em que diferem as aulas de Física e de Voleibol?

– Como ser um bom professor e produzir boas aulas?

Buscando um consenso nesse excelente debate na busca de como proceder daqui para frente, atrevo-me a dizer-lhes que a palavra chave foi dita num dos comentários: INTERESSE.  Se o professor conhecer como o cérebro guarda (memoriza) informações, ele vai ajudar os alunos a fixar os conteúdos estudados em classe. Isto funciona para qualquer matéria e no cotidiano da vida. Assim, se souber como despertar o interesse dos seus alunos a batalha estará vencida e vocês aclamados como o melhor professor do mundo.

Como despertar o interesse da classe?

Examinemos a natureza dos circuitos da habilidade que cada método tenta desenvolver do ponto de vista da mielinização. O professor ou técnico de voleibol e o professor de física só dão a impressão de estarem fazendo coisas opostas. Na verdade, ambos estão fazendo exatamente o que fazem os bons professores: estão ajudando o circuito certo a disparar com a maior frequência possível. “A diferença reside na natureza dos circuitos cujo desenvolvimento tentam estimular”.

O que um professor tem que o outro não tem? Como se destacar ou ser o melhor?

Dificilmente verão isto nos bancos universitários ou mesmo em compêndios especializados. Para tal há que se buscar criatividade, só presente em indivíduos desprendidos. Permito-me oferecer-lhes algumas leituras a esse respeito que se encontram em www.procrie.com.br. Inicialmente, recomendo “Exercícios (IV) – Memória e Ensino Esportivo” e “Lições de um Projeto, Perspectivas de Aprendizagem”. Ali estão consignadas algumas soluções práticas que encontrei para esse tipo de problema. Perceberão como um professor interessado em oferecer melhores aulas contorna obstáculos com o seu saber e com alguma criatividade. Dessa forma, sugiro que passemos a discutir e a comentar as soluções que certamente vocês formularão daqui para a frente. Que tal?

Navegando nas nuvens. Para não perder a chance, visitem no site Prezi – http://prezi.com/9nhuhq5t7coh/procrie/ -, voltado exclusivamente para a Educação, o programa calcado em minhas experiências e histórias. Afinal, “educar não é contar histórias”?. Em dúvida sobre a navegação (é simples), acessem www.procrie.com.br/procrienanuvem/ , com breves instruções.

Boas leituras…

Alegria no Futebol e no Voleibol?

Jogadores de Camarões comemoram histórica vitória sobre a Austrália no Mundial de vôlei. Foto: Fivb/Divulgação.

 

Interesses, Alegria e Xenofobia                   

O que estamos ensinando às novas gerações? As crianças quando jogam ou brincam parecem estar desligadas do mundo, concentradas nos seus propósitos. Obedecendo às regras do jogo aprendem todas a respeitar os seus contendores e, cessada a atividade, estimular o convívio social. Isto é o que se pretende repassar a elas. Todavia, entre o discurso e a prática parece que os interesses estão se sobrepondo à simplicidade e alegria da pura diversão.              

Lendo aqui e acolá notícias relacionadas ao voleibol deparei-me com um estranho no ninho em duas ocasiões. Trata-se do agora polêmico José Mário dos Santos Mourinho Félix, mais conhecido como José Mourinho, português que antes de iniciar a sua carreira de treinador de futebol, foi professor de Educação Física. Ele agora nos dá algumas lições de vida. Como meus ouvidos estão longe de sua voz, não o interpreto, mas aprendo a conhecê-lo melhor e tirar lições pedagógicas, o verdadeiro sentido deste texto.                   

Li no site português Sovolei (Luís Melo, “Sinais” José Roberto Guimarães e José Mourinho, 5.11.2010) uma análise e comentários a respeito da atuação entre os dois treinadores, um no voleibol e o outro no futebol a partir de um programa radiofônico. Aliás, fiquei muito satisfeito, pois dá uma dimensão maior e perspectivas de desenvolvimento do voleibol em Portugal, no qual o Procrie contribui com pequena parcela. Vejam o que disse o Luís Melo:                   

Quenianas realizam sonho e ganham admiração do Brasil. Foto: AFP

  

“Sinais” José Roberto Guimarães e José Mourinho. Todas as manhãs (8h50m) é transmitido o programa “Sinais” na rádio TSF. Em apenas 1 minuto Fernando Alves faz um exercício de análise interessante sobre o nosso quotidiano, abordando os temas mais variados da actualidade. No programa de hoje fez referência a José Roberto Guimarães, treinador da selecção brasileira de voleibol feminino, colocando-o no mesmo patamar de José Mourinho. Surpreendente mas reconfortante. Se já é inédito ouvirmos falar de voleibol nos meios de comunicação social, mais o é ainda quando vemos que, inesperadamente, alguém reconhece José Roberto Guimarães e sabe que na modalidade ele está ao nível de José Mourinho no futebol. Esta é mais uma prova que a modalidade começa realmente a conseguir ganhar mais notoriedade, e começa a ser vista como um desporto onde também há gente com a capacidade e qualidade dos “monstros mediáticos” do futebol.                   

Fernando Alves referia-se ao facto de a “Alegria” ter uma importância decisiva na nossa forma de viver, e pegou então nas palavras de José Roberto Guimarães no final do jogo do Campeonato do Mundo: Brasil 3-0 Quénia (25/15, 25/16, 25/11). O técnico quis relevar a equipa adversária “Foi muito legal ver como o time do Quénia jogou. Elas jogam com amor, alegria, vibram a cada ponto. A equipe evoluiu tecnicamente. É muito bacana ver um time da África, que não tem tanta tradição no vôlei, evoluindo dessa forma. Elas estão de parabéns“.      

José Mourinho também tinha feito referência há dias sobre a importância que tem a “Alegria” no desempenho de qualquer equipa. O técnico do Real Madrid fazia o balanço deste surpreendentemente bom início de época da equipa madrilena “Estamos bem. Somos uma equipa em construção, com jogadores novos e um treinador novo. Se os resultados são positivos, o processo de construção corre melhor. Quando vences, acreditas mais em ti, há mais alegria e a alegria faz milagres“. É de facto verdade, a “Alegria” faz milagres. Mas não é por obra e graça de Nosso Senhor. Estes dois mestres referem-se ao facto de a “Alegria” contribuir para a confiança e o bem estar nos treinos e na competição. Um atleta que treina e joga com alegria tem mais vontade de trabalhar, aprender, evoluir, corrigir, chegar mais longe e conquistar mais títulos. Este é um “Sinal” e de facto é fundamental, que no voleibol, todos os atletas, técnicos, dirigentes e também adeptos, tenham presente esta importante ideia. Esta atitude será mais um forte contributo para a evolução de todos e, consequentemente, para o desenvolvimento da modalidade.          

Comentário de Roberto Pimentel (12/2010). Não conheço o Professor José Mourinho a não ser pela TV. Admiro seu histórico que pude contemplar na Wikipédia. É vertiginoso e muito promissor e fico a pensar como teriam se beneficiado seus alunos da Escola Básica 2/3 José Afonso em Alhos Vedros. Pena que não deu continuidade ao trabalho como professor e talvez não tenha havido tempo suficiente para formar seguidores. Como se reportam a ele como uma figura mítica, despertou-me a curiosidade. E, então, busquei e encontrei algo que estava esquecido no tempo, um pouco lá atrás (4.8.2009) publicado no site do Centro Esportivo Virtual (CEV), por Leopoldo Gil Dulcio Vaz: Achei o Manuel Sergio… De forma semelhante, relata de próprio punho o revolucionário treinador José Mourinho, em um capítulo do livro Motrisofia (obra organizada que reúne uma diversidade de autores comprometidos em homenagear o filósofo Manuel Sérgio). Ele escreve: “Fiz o curso de Educação Física há mais de 20 anos, onde no meu primeiro ano conheci o Prof. Manuel Sérgio. Tinha uma convicção, queria ser treinador de futebol, mas na minha época estava no auge estudar Matveyv, porém a teoria do treinamento desportivo positivista não se alinhava a minha forma de pensar. Foi aí que o Prof. Manuel Sérgio me ensinou que para ser aquilo que eu queria ser, teria de ser um especialista na área das ciências humanas. Foi assim que aprendi que um treinador de futebol que só perceba de futebol, de futebol nada sabe. Se sou um treinador singular é porque não me esqueço das lições sobre emancipação e libertação. É preciso ser livre para fazer o novo… até no futebol”. (Motrisofia – Homenagem a Manuel Sérgio, de José Mourinho). (Veja mais sobre Manuel Sérgio na Wikipédia).        

Sendo assim, creio que encontrei alguém com quem comungo os mesmos pensamentos filosóficos, uma vez que prega a libertação do indivíduo pelo esporte. Como disse, “até no futebol”. Todavia, daí a compará-lo com o treinador brasileiro de voleibol José Roberto Guimarães, tenho que perdoá-los, pois não o conhecem bem. Ser um treinador campeão não é suficiente para atestar ser um “monstro mediático”, pois tenho presente na memória cenas incríveis de treinadores brasileiros campeoníssimos que mal distribuíam as camisas dos atletas. Que dirá a competência para orientá-los!        

E para falar em ALEGRIA, perdôem-me, é preciso muito mais, é preciso realizar o tempo todo. Será que só deve estar presente nas vitórias? Não se trata só e diplomaticamente de mostrar um exemplo africano. Mas realizar e transmitir isto à sua própria equipe, o que nunca conseguiu fazer. Aos amigos portugueses sugiro uma vez mais leituras dos textos colocados em Metodologia e Pedagogia, além de outros, em que sugerimos desde cedo que as crianças “Aprendam Brincando e Jogando”, e não se tornem meras figuras de “adestramento”. Os jogos são formas formidáveis de educar para a vida! Não desperdicemos tamanho potencial e nos fecharmos para ser campeão de coisa alguma. Vejam também o que já escrevemos sobre o “Interesse e Colorido Emocional” quando tratamos da importância da memória (Pedagogia Experimental).               

Interesses e acertos para justificar a derrota para a Bulgária no Mundial da Itália. Foto Celso Paiva, Terra.

  

E, ainda por cima tal qual o futebol, o voleibol também virou um “grande negócio”, parece que vale tudo ultimamente, isto é, os meios justificam os fins. E o programa social para crianças com selo da Unesco?  E o patrocinador?  Por falar em celeumas, não é que a imprensa vem estimulando um bate-papo improdutivo e catastrófico para as partes? Cuidem-se os contendores e demais leitores para que não sejam levados por sentimentos nada condizentes com o nível que atingimos em matéria de consciência desportiva. Acredito que o bom senso prevalecerá, mas não posso deixar de alertar a todos. Prometo não mais publicar nada a respeito.         

Para onde estão nos levando (retirado do Terra – AFP – dezembro/2010)       Depois de o brasileiro Daniel Alves, do Barcelona, dizer que o técnico José Mourinho, do Real Madrid, “não descobriu o futebol”, o português respondeu com ironia, comparando o jogador ao cientista Albert Einstein. Daniel Alves havia dito que Mourinho era um grande treinador, mas que teve tantas conquistas graças aos bons jogadores com quem trabalhou. “Mourinho não descobriu o futebol e nem vai descobrir”. Na réplica, em entrevista coletiva, o técnico respondeu em tom sarcástico. “Todos temos a aprender com as pessoas inteligentes”, referindo-se ao lateral-direito. “O que Daniel Alves disse Einstein não diria melhor. Foi um português que descobriu seu país, mas não inventou o futebol. Tem toda a razão, não inventei o futebol”, declarou o treinador. De acordo com o jornal As, o brasileiro disse que considera o técnico do Real Madrid um “brincalhão”. A troca de farpas começou na semana passada, quando Daniel Alves descartou se transferir para o time merengue. O lateral direito mostrou que não gostou da declaração e rebateu neste domingo. “Talvez aos brasileiros não agrade que um português tenha nos descoberto”.                  

Xenofobia. E, finalmente, prestem atenção ao comentário abaixo, que relutei muito em transcrever. Tomara que seja um pensamento solitário, não compartilhado.         

De Nuno Sampaio (Terra, 12.12.2010). Acho estranho reclamarem tanto com o comentário do Mourinho. Vocês são os primeiros a aprender isso na escola. Os portugueses quando chegaram ao vosso território, não se chamava Brasil, e viviam lá os ameríndios. Com a presença dos portugueses, nós desenvolvemos a vossa civilização, com novas pessoas, nova cultura, nova língua, nova religião e…a formação de um país. Isto é história. A verdade é que se vocês existem, é devido ao ‘cruzamento’ entre portugueses, índios e africanos. Mesmo a palavra ‘Brasil’ deriva do povo europeu, os celtas. Eu concordo com o facto de dizerem que não vos descobrimos, mas criámos bases para que existissem cultura, história, país e o povo brasileiro com o que levamos nos barcos, com a ajuda dos índios, que se lembrem, não eram brasileiros.                 

E ponto final.

Exercícios (IV) – Memória e Ensino Esportivo

Memória, Emoção, Interesse

(Calcado em Psicologia pedagógica, L. S. Vigotski; Revista Veja, 13.1.2010)

Lembre-se: sem memória não há aprendizagem. Conhecendo como o cérebro guarda informações você vai ajudar os alunos a fixar os conteúdos estudados em classe.

Como a memória funciona? “Somos aquilo que recordamos”, conceitua Iván Izquierdo, professor de Neuroquímica da UFRS. Ele dá um exemplo: nenhum texto é compreendido se não se lembra o significado das palavras e a estrutura do idioma utilizado. Tudo isso precisa estar registrado no cérebro para ser resgatado no momento oportuno. A memória, enfatiza Elvira Lima, é a reprodução mental das experiências captadas pelo corpo por meio dos movimentos e dos sentidos. Essas representações são evocadas na hora de executar atividades, tomar decisões e resolver problemas, na escola e na vida.

Não existe memória sem emoção. O português António Damásio, de 65 anos, é considerado um dos neurocientistas mais respeitados da atualidade. Ele modificou a compreensão que se tem da biologia das emoções e de como elas se relacionam com a memória. Em sua entrevista à Veja (13.1.2010), destacou: “A emoção modula constantemente a forma como os dados e os acontecimentos são guardados na memória. Isso é especialmente verdadeiro no que diz respeito à memória para pessoas e para as características relacionadas a elas. Afinal de contas, a sociabilidade faz parte da nossa memória genética, com a qual nascemos e que é resultado de milhões de anos de evolução. 

Como as emoções controlam a memorização?  Grande parte de nossas decisões é tomada de maneira mais ou menos automática e inconsciente. Esse processo é guiado pelo valor que se dá às diversas experiências do passado. Por exemplo, se eu conheço uma pessoa que desperta boas emoções em mim, toda vez que eu a encontrar vou reviver uma memória que se divide em dois aspectos: o cognitivo (saber quem é a pessoa) e o emocional (é alguém de quem se gosta). Tais aspectos guiam a forma como conduzimos a relação com os outros. Não há memória ou tomadas de decisão neutras, sem emoção. Hoje já se sabe até em que regiões do cérebro as emoções são processadas”.

O Interesse. Os estudos da memória mostraram que ela funciona de modo mais intenso e melhor naqueles casos em que é envolvida e orientada por certo interesse. Toda pessoa sabe que efeito inusitadamente aumentativo exerce o interesse sobre o psiquismo. O  interesse é um envolvimento interior que orienta todas as nossas forças no sentido do estudo de um objeto. Diz-se, então, que o interesse produz o mesmo efeito preparatório sobre o nosso organismo durante a assimilação de uma nova reação. Tudo consiste principalmente em assimilar bem como coordenar sempre o interesse com a memorização. Se um mestre quer que algo seja bem assimilado deve preocupar-se em torná-lo interessante. Assim, produzi farta variedade de materiais que me permitiram sempre tornar as aulas atraentes e prazerosas para os pequenos, tais como, paraquedas, biruta, bolas de tênis, puçás, petecas, bambolês, cestas de basquete etc.

2. Detalhes que fazem a diferença. Numa das aulas de apresentação da metodologia que emprego observei alguns pequenos detalhes que revelam quase sempre a conduta pedagógica do estabelecimento. Nos momentos que antecederam uma de minhas apresentações num colégio, reparei o deslocamento quase militar dos 24 alunos sob a batuta de um dos professores de educação física. Até a entrega do grupo no ginásio onde realizaríamos a apresentação foi um silêncio constrangedor, em se tratando de crianças de 12-13 anos de idade. Após as devidas apresentações e com a presença da diretora do educandário, iniciamos a aula. Procedeu-se a uma mudança brutal de comportamento, uma vez que os concitei a produzirem uma algazarra com movimentos livres com a bola que cada um recebeu. Aos gritos, lançavam-nas ao alto, deixavam quicar no solo, entreolhavam-se sorrindo; dando sequência, sugeria outros movimentos buscando a espontaneidade de gestos, o que lhes parecia o paraíso. A seguir introduzi novos elementos. No entanto, não pude deixar de notar, havia uma única menina na arquibancada, muito agasalhada para o calor reinante. Inicialmente, sentara-se distante (5-6 degraus acima). Convidei-a para participar mesmo sem o uniforme de ginástica, mas declinou gentilmente. A aula continuava agitadíssima e em dado momento pude ouvir um dos maiores elogios que um professor poderia receber por seu trabalho, ainda mais vindo de aluno que conhecera naquele instante. En passant, disse um para o outro: “Puxa, assim que tinham que ser as aulas de educação física do colégio”! Sem perder a pose continuei meu trabalho e, mais uma vez, meu olhar posou na mesma menina da arquibancada que, agora, estava à beira da quadra e pude observar seu semblante de alegria e fervorosa vontade de estar ali brincando com os demais. Diante de novo convite discreto, disse-me: “Não posso participar, estou sem uniforme do colégio” (o casaco era sua proteção). Ao que retruquei: “Venha assim mesmo”! Não resistiu e imiscuiu-se entre os colegas, divertindo-se a valer. Buscam-se técnicas pedagógicas que possam atrair todas as crianças no processo de aprendizagem, independentemente da diferença de caráter, inteligência ou meio social, lembrando que o conteúdo estudado no meio escolar deverá estar relacionado às condições reais de seus alunos. Relembre o que foi relatado em minhas vivências no Morro do Cantagalo postado sob o título “Lições de um projeto e perspectivas da aprendizagem”. Uma regra escolar para favorecer o crescimento do aluno e sua liberdade (relativa) deveria ser a execução de uma atividade envolvente, o que o torna automaticamente disciplinado. Esta liberdade pode ser vista como a possibilidade do ser humano vencer obstáculos.

Em outro educandário público acompanhei atentamente o recreio dos alunos ao lado do seu diretor. Observamos as atividades livres e constatamos a irreverência e, às vezes, violência, entre os estudantes de ambos os sexos, todos já adolescentes. Estava levando proposta da prática livre do voleibol através das mini quadras – como realizado no Colégio Salesianos – que se justificariam pelo simples fato de dar atividade “disciplinadora” (segundo regras aceitas) ao grupo. Infelizmente, preguei no deserto.

2. Atitude racional. O papel seguinte do interesse consiste na “função unificadora que ele exerce em relação aos diferentes elementos da assimilação do material”. O interesse cria um encaminhamento permanente no curso da acumulação da memorização e acaba sendo um órgão de seleção em termos de escolha das impressões e sua união em um todo único. Por isso, é de suma importância o papel desempenhado pela atitude racional da memorização em função do interesse. Os psicólogos chamam esse processo de “influência da atitude diferencial nas experiências de memorização”. A experiência comprova que os resultados da memorização dependem, em enormes proporções, da instrução dada no início da experiência. Na instrução explica-se ao experimentando o que se exige dele, que objetivos ele deve colocar diante da sua memorização, por que verificação ele irá passar, e em função disto surge uma série de reações de atitude que se traduzem na adaptação da memorização aos objetivos da aprendizagem de memória. Isso nos convence ainda mais de que a memória é apenas uma das modalidades de atividade, uma das formas de comportamento.

A teoria piagetiana nos diz também que, ao organizar seus conhecimentos visando à sua adaptação, o indivíduo interage com a realidade promovendo uma modificação progressiva dos esquemas de assimilação. São vários (4) estágios que evoluem como uma espiral, de modo que cada estágio engloba o anterior e o amplia.

3. Tatear experimental. “Uma opinião frequentemente expressa revela que a melhor forma de aprender alguma coisa é descobri-la por si próprio. Lichtenberg (físico alemão do séc. XVIII) acrescenta um aspecto importante: aquilo que se é obrigado a descobrir por si próprio deixa um caminho na mente (memória) que se pode percorrer novamente sempre que se tiver necessidade“.

Aos 16-17 anos, ainda cursando o ginásio (atual 2º grau), lancei um desafio para mim mesmo: deveria lançar a bola de basquete de uma cesta à outra. Meus conhecimentos desse esporte eram rudimentares, pois apenas competira na categoria infantil por um clube da cidade durante no máximo 2 anos. Na escola, apenas praticava nas esparsas aulas de educação física, sem qualquer orientação: o professor distribuía as bolas para a prática de futebol e basquete, e quem não quisesse, simplesmente estava dispensado da aula. Assim, como criara o objetivo, pus-me a pensar como poderia fazê-lo. E, incrível, consegui! Imagino que a cada tentativa alguns obstáculos eram superados e novas conquistas alcançadas. O caminho que estava traçado foi percorrido com os meus próprios passos. Creio que, principalmente em se tratando de crianças, o caminho da ludicidade seja o mais natural e confortável para um profícuo aprendizado. Considere-se que através de brincadeiras e de pequenos desafios são possíveis avanços consideráveis em qualquer atividade.

4. Caminhos pedagógicos, uma aula sem o professor. Ocorreu em 1981, com a equipe principal masculina de voleibol América F. C., do Rio de Janeiro. Treinávamos três vezes por semana e, nesta época, tinha a companhia de um amigo, também professor, que se atualizava acompanhando-me nos treinos e jogos. Aconteceu que não poderia comparecer ao treino de um sábado. De véspera, combinei com todo o grupo o que deveriam realizar e despedi-me, confiante de que tudo aconteceria como planejado. Diga-se de passagem, para os cariocas os sábados e domingos são consagrados à praia. Na semana seguinte, ouvi o relato do meu amigo que, não acreditando que se realizaria o treino sem a minha presença, esteve no clube: “Queria ver com os próprios olhos”, pois não acreditava que fossem comparecer. E, inacreditável! Não só estavam todos lá, como o treino transcorreu em alto nível e de maneira intensa. Sempre que possível transformava os treinos numa alegria só, inclusive atraindo olhares de jovens e outros associados que se encantavam com a algazarra e diabruras dos grandalhões. A intensidade teve que ser comedida dada a total entrega dos rapazes. E mais, o comportamento social e técnico do grupo atingiu níveis espetaculares a tempo de serem contemplados com elogios dos próprios adversários – técnicos e atletas.

Esse exemplo impõe uma conclusão pedagógica de suma importância sobre a necessidade de os alunos conscientizarem os objetivos da aprendizagem de memória e aquelas exigências que lhes serão apresentadas. O pecado principal da nossa velha escola não consistia em que nela houvesse pouca aprendizagem de memória, mas que esta aprendizagem era feita no sentido desnecessário e estéril, ou seja, seu objetivo foi sempre responder ao professor nas provas finais, toda a aprendizagem de memória estava adaptada apenas a isto e não se prestava a outros fins. Será que os exercícios produzidos para treinamento esportivo são puramente “reforços” (repetição) ou contém algum propósito de desenvolvimento e desafio? Qual o nível de exigência?

Exagerando um pouco, pode-se dizer que a atual pedagogia gira em torno de como conseguir que o papel do professor se aproxime o mais possível de zero. Assim, em vez de desempenhar o papel de motor e elemento da engrenagem pedagógica tudo passe a se basear em seu papel de organizador do meio social.

5. Colorido emocional. O último elemento a orientar a memória é o colorido emocional do que foi memorizado (Abertura deste artigo). As experiências mostraram que as palavras que estão vinculadas a algumas vivências melhores são decoradas bem mais facilmente do que aquelas emocionalmente indiferentes. Descobriu-se que a nossa memória retém com mais frequência os elementos coloridos por uma reação emocional positiva. Nisso parece manifestar-se a aspiração biológica do organismo de reter e reproduzir vivências relacionadas ao prazer. Daí tornar-se regra pedagógica a exigência de certa emocionalidade através da qual deve-se por em prática todo o material pedagógico. O mestre deve ter sempre a preocupação de preparar as respectivas potencialidades não só da mente como também do sentimento. Não devemos nos esquecer de atingir o sentimento do aluno quando queremos enraizar alguma coisa na sua mente. Dizemos frequentemente: ”Eu me lembro disso porque isso me impressionou na infância”.

Assegure o Interesse

Interesse e recompensa

“A aprendizagem deve ser ativa. Mas o aprendiz não agirá se não tiver motivos para agir. Tem de ser induzido a agir através de estímulos, por exemplo, através da esperança de obter alguma recompensa. O interesse pelo conteúdo da aprendizagem devia ser o melhor estímulo para a aprendizagem e o prazer da intensiva atividade mental devia ser a melhor recompensa para tal atividade. Porém, quando não podemos obter o melhor, devemos tentar obter o segundo melhor, ou o terceiro, razão pela qual não devemos esquecer motivos da aprendizagem menos intrínsecos. Para uma aprendizagem eficiente, o aprendiz deverá estar interessado nos conteúdos, a aprender e sentir prazer nesta atividade”. (D. Wood)

Estímulo, prazer, atividade mental

Retornemos à equipe adulta de voleibol do América. Colocado um problema para o grupo, aguardei por certo tempo seu desenrolar para a seguir transmitir ensinamentos. O exercício, muito simples, consistia em ultrapassar saltando uma corda elástica disposta em ziguezague, a uma altura de 1m do solo e uma extensão de aproximadamente 6m. Deveriam realizar todo o percurso, sem pausa, de uma só vez. Deixei-os à vontade com a novidade e reagiram conforme o esperado: uma sucessão de erros, tropeços, pausas e troças; houve até quem desistisse com uma ou duas tentativas. Depois de repetidas tentativas o estado de espírito não se modificou. Foi quando interferi em socorro. Inicialmente, fiz ver que ninguém conseguiu realizar o percurso segundo a regra – sem pausa. Segundo, não deveria haver motivo para troças, ao contrário, para quem se propôs compor um time, uma equipe, TODOS deveriam se ajudar mutuamente para o bem comum, um cada vez melhor desempenho do conjunto. Por isso, não se admitiria em qualquer tempo palavras ou gestos tão negativos. Propõem-se atitudes positivas, construtivas, de incentivo ao desempenho de qualquer companheiro em quaisquer circunstâncias. Finalmente: “Acredito que vocês todos, se assim o desejarem, são capazes não só de fazer o percurso integral de ida, como de ida e volta; só precisam internar o objetivo, conscientizar-se de que é capaz e, se possível, contar com o incentivo dos colegas”. O cenário teve mudança brutal. Lutavam para serem os próximos na fila que se criou para reiniciar a prova que, agora, transformou-se em luta interna, isto é, eles contra eles mesmos. Quem será capaz? Quero me provar, sou capaz! Acrescentem-se as palavras e gritos de ordem dos onze outros colegas. Nunca mais precisei lembrar-lhes sobre o significado do que seja incentivo. E vocês me perguntarão: “Teriam conseguido o feito de ir e vir, sem paradas”? Não foi no primeiro dia, mas até que o último deles conseguisse não demorou muito. Beneficiaram-se muito do que aquelas simples conquistas representavam e passaram a interpretar com outro olhar qualquer obstáculo – desportivo ou de vida – que, para ser conquistado ou ultrapassado, basta aplicação e perseverança. E que temos talentos para tal. Passei a ter mais cuidado com as exigências nos exercícios para conter excessos, tal o empenho do grupo.

Crise e oportunidade

A esse respeito, ficou famoso no mundo corporativo o conceito chinês em que “crise” e “oportunidade” são representados pelo mesmo ideograma. Em outras palavras, cada problema representa também uma oportunidade; cada tentativa realizada que retorna numa resposta satisfatória representa um reforço positivo para o indivíduo.

Aprender a ensinar

“Dê-lhes não só a informação, mas também saber, formas de raciocínio e hábitos de trabalho com método”. (Pólya)

Em determinada época, não sei se em 1981, as Escolas de Educação Física foram liberadas dos testes de aptidão motora por ocasião dos exames vestibulares. Isto me foi dito por um professor universitário que, horrorizado, desabafou: “Como posso agora ensinar um acadêmico a executar um toque na bola (de voleibol), se o mesmo nem segurá-la consegue?” Poderia ter-lhe replicado: “Como procederia com uma criança, ou um grupo considerável delas”?

Desafios

Esta me parece uma excelente indagação para incrementarmos um processo de aprendizagem. O desenvolvimento de uma teoria eficaz do “ponto onde o aprendiz está” e a construção de uma “psicologia do assunto” que seja operável representam desafios formidáveis. Especialmente quando se está trabalhando com uma classe grande: “Qual o próximo passo a dar” aparenta ser uma exigência impossível. Você saberia?