
A Década de 50
“O vôlei em Niterói – numa época (pós-guerra, 1945-55) em que não havia as categorias de base, ainda era emergente no país. Os clubes de Niterói promoveram uma organização mínima para incentivar os torneios entre os adultos. Foi um período em que também o basquete era bastante praticado no município, rivalizando-se na preferência por um público um pouco mais seletivo. Foi também o basquete niteroiense outro celeiro de astros consagrados na seleção brasileira. O início da formação dos futuros atletas estava, então, nas escolas, graças também aos Jogos Estudantis, em que a maioria dos educandários de Niterói participava”. (João Carlos da Costa Quaresma, em 4.5.2001)
Clubes
Disputavam o campeonato em 1950, oito a dez clubes. Era constituído de uma Primeira e Segunda Divisão, no masculino, e uma única no feminino, com menos participantes. Não existiam competições infantis e as primeiras competições juvenis apareceram a partir de 55-56 (Bené deu sua grande contribuição). Além dos Jogos Estudantis, em nível municipal, eram disputadas também as Olimpíadas Estaduais Estudantis, com realização anual e participação maciça dos colégios de Niterói. Os treinos eram realizados tradicionalmente as terças e quintas-feiras, a partir das 20h e até aproximadamente às 22h. As moças treinavam sempre antes dos rapazes. Isto, “… se não chovesse”, pois, caso contrário, não havia treino. A maioria das quadras de jogo era aberta, cimentada, muitas apresentando pequenas rachaduras que punham em risco a integridade dos praticantes e invalidavam qualquer tentativa de defesas mais arrojadas. Os ginásios da cidade eram o da Faculdade de Direito, hoje fazendo parte da Universidade Federal Fluminense – UFF, ainda existente, e o SEDA (não mais existe), onde também se realizavam alguns jogos estudantis. Nesta década foram inaugurados os ginásios do IPC (1953-54) e do Caio Martins (1956).
Jogos e Competições
O intercâmbio com equipes do Rio de Janeiro era incipiente, somente através de jogos amistosos, acordados pelos clubes interessados. A travessia da baía da Guanabara, que separa as duas cidades, fazia-se somente pelas barcas da Companhia Cantareira, serviço precário e demorado. Apesar deste fato e o cisma de 1954 entre clubes e dirigentes da Federação Fluminense, alguns atletas deram início à travessia da baía, indo atuar em equipes do Rio. Durante o período de desavenças, que durou dois anos, os clubes ainda tentaram se organizar e realizaram campeonatos, exceção ao C. R. Icaraí, que permaneceu fiel aos dirigentes da Federação. A partir daquele ano começa o êxodo dos atletas para clubes do Rio, que continua até os dias atuais, pois Niterói, apenas em raríssimas oportunidades conseguiu reorganizar e revitalizar o seu voleibol independentemente.
Campeonato Mundial e JUBs
Em 1960, foram realizados dois importantes eventos em Niterói: os Jogos Universitários Brasileiros (maio) e os Campeonatos Mundiais de Vôlei, masculino e feminino (novembro). Aproximadamente, durante dois anos não houve campeonatos na cidade e, quando foram retornados, apenas quatro clubes disputaram-no sob a égide da Federação Fluminense de Desportos. O CND não autorizara o funcionamento da Federação Fluminense de Voleibol devido a exigências não cumpridas. Até a fusão do antigo Estado do Rio de Janeiro com o Estado da Guanabara, o voleibol foi dirigido pela Federação Fluminense de Desportos (FFD). A cidade só viu renascer seu voleibol três anos mais tarde, também por iniciativa do Icaraí, com a entrada nos campeonatos cariocas, masculino e feminino, em 1963. Neste e no ano seguinte, sua equipe juvenil feminina foi bicampeã, tendo três atletas convocadas para a seleção brasileira principal: Rejane, Sandra e Nely. No ano seguinte, por pressão de Eduardo Augusto Viana da Silva, assessor-técnico da FFD, foi proibida a participação de clubes do município em eventos de outras cidades. Nova debandada de atletas niteroienses para clubes do Rio: algumas para o Tijuca, outras para a AABB e Fluminense. Niterói esvaziou-se mais uma vez. Em 1966 outra tentativa com os clubes Icaraí, Pioneiros, Canto do Rio, IPC e Central. Foi formada uma outra Liga, ainda sob o comando de Eduardo Viana. Em Resende, junto à AMAN, o coronel Pedro Buzato da Costa reacendia o vôlei na cidade, promovendo com entusiasmo partidas amistosas com equipes de Niterói e de São Paulo. Mais à frente, sua equipe feminina veio a ser a única representante do Estado em campeonatos brasileiros (1974). Ele foi o técnico da equipe brasileira juvenil (feminina) campeã do 1o Campeonato Sul-Americano. Nos anos de 1966 e 1967, o Icaraí predominou em todas as competições, inclusive nos campeonatos fluminenses, sempre vencendo com suas categorias principais, masculina e feminina. Em 1968 a representação do estado foi terceira colocada no Campeonato Brasileiro adulto masculino, disputado em Maceió (AL).

