Intercâmbio Brasil-Portugal

Intercâmbio Cultural

Como dissera anteriormente em “Comunidade Lusófona” ganhei um presentão vindo de Portugal em 27 de outubro. Vejam os primeiros resultados em apenas alguns dias dessa parceria. 

Este final de mês ficou marcado pela comunhão de propósitos com o Sovolei. O número de visitas alcançou a marca recorde de 350 consultas proveniente de 47 cidades, de norte a sul, inclusive as atlânticas Ponta Delgada e Funchal. A satisfação ainda é maior por poder levar e ter aceitação a cidades (imagino eu)sem tradição em voleibol, como as do sul do país – Portimão, Boliqueime, Faro, Vila Nova de Gaia e Vila Do Conde. E mais, pelo interior, através de Évora, Castelo Branco, Covilha e Guarda.

Se aceitas as propostas de ensino em pouco tempo terão agradáveis surpresas. Espero que perseverem e criem condições favoráveis de desenvolvimento de suas crianças para a vida. Lembrem-se sempre que as propostas que apregôo são, em primeira instância, relativas ao desenvolvimento educacional de cada indivíduo. O desporto é um meio e não um fim. Certamente por estarem distantes dos centros competidores, terão melhores condições de Educação da sua gente miúda. Agradeço aos leitores do Procrie e peço que façam uma campanha entre os seus amigos e vizinhos que se interessem pelos escritos e que incrementem as atividades, inclusive fomentando pequenos jogos entre escolas ou clubes. O essencial é que se oportunizem possibilidades a TODOS.

Nos centros mais em evidência, a capital Lisboa detém 25% do total das visitas, tendo ultrapassado o Porto (23%). Seguem-se-lhes Felgueiras (5,1%), Coimbra (4,9%), Seixal (3,1%) e Santo Tirso e Múrcia, ambas com 2,9%.  Vejam abaixo o desenvolvimento das consultas ao Procrie nos últimos 4 meses:

Junho       109 visitas de 31 cidades
Julho       129 visitas de 31 cidades
Agosto       69 visitas de 20 cidades
Setembro    100 visitas de 28 cidades
Outubro     350 visitas de 47 cidades

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Ensino crítico.  Por achar oportuno aos meus amigos, reproduzo um pensamento sobre a atitude dos educadores frente ao desconhecido:

“Os judeus são ensinados a reverenciar a rebeldia intelectual – rebeldia sintetizada em Abraão, ao destruir os deuses e inaugurar o monoteísmo. Nada mais é do que os educadores chamam de ensino crítico; contestar sempre as verdades estabelecidas, princípio básico da pedagogia moderna. É um treinamento decisivo para quem deseja mais do que reproduzir, mas inventar. O bom educador deve ensinar a seus alunos a olhar sempre com uma ponta de desconfiança aquilo em que todos acreditam e dar uma ponta de crédito a ideias ou projetos que todos desmerecem. Ninguém inventa nada se for servil ao conhecimento passado”.

O Conhecimento é algo irresistível. Sendo assim, QUESTIONE, DESCUBRA e MUDE!

Intercâmbio com o Mundo

Praia de Icaraí, Niterói. Ao fundo, a cidade do Rio de Janeiro. Existe no mundo melhor lugar para jogar voleibol? (Clique na foto para expandí-la)

Uma`Palavra… Sou colaborador há algum tempo do sítio português sovolei, pois é desejo meu ultrapassar fronteiras e compartilhar o conhecimento e a informação com o mundo. Creio estar conseguindo meu intento logo que a ferramenta genial do Google Analytics assim me permitiu: as visitas se espairam por 28 países. É certo que muito ainda há o que fazer, mas hão de concordar que é um estímulo para lá de satisfatório. Obrigado a todos!

Alcance e Expansão. 2651 visitas a 5.276 páginas; e 30 países.

Tenho procurado identificar-me com o perfil das pessoas que me encontram neste blogue e no sítio sovolei através da explanação de inúmeras vivências. Anteriormente, também num sítio brasileiro, desenvolvi diálogos com professores brasileiros. Alegro-me por estar sendo útil e percebo pelas visitas de várias partes do mundo – Portugal (Lisboa, Porto e 29 outras  cidades, com 127 visitas) –, na Ásia (China, Coreia do Sul, Japão, Israel), Américas (Canadá, EUA, México, Argentina, Chile, Colômbia), Europa (Áustria, Bulgária, Espanha, França, Itália, República Tcheca, Sérvia, Suécia, Suíça), África (Senegal, Moçambique, Angola, Tanzânia) e Oceania (Sydney, Austrália). Além é claro, de 153 cidades brasileiras (2.470 visitas), de Norte a Sul. Continuarei tentando falar-lhes e juntos caminharmos nessa tarefa espetacular de aprender a ensinar.

Contributo

Perceberão nos escritos que tento traduzir mais intimamente o ocorrido comigo, o que me fornece uma grande vantagem, pois, como dizemos, “senti na pele”, isto é, realizei ou tentei fazer algo. Se tive sucesso, o tempo dirá; senão, devo ter aprendido a reconsiderar valores ou atitudes e retornar.  Além disso, sou detalhista e percebo-me como exímio observador. Nesta tarefa que se me afigurava difícil, encontrei todas as facilidades de compreensão nas leituras sobre Psicologia Pedagógica, cujos livros permanecem na minha cabeceira. Os estudos de mestres consagrados me levaram a entender e a explicitar tudo aquilo que descortinava na prática. E, muito mais, abriu-se-me um mundo novo de ideias criativas. De alguma forma espero que os relatos aqui dispostos ajudem-nos ou mesmo venha a se constituir num contributo para vocês.

Blogue. Atualmente, uma das melhores ferramentas de ensino universitário. O mérito de um blogue é que ele vai além das generalidades, dando ideias práticas e exemplos concretos, mas sem fornecer receitas ou um método pronto para usar. Alguns exemplos são fornecidos para algum balizamento inicial para os menos experientes no desporto. Os leitores poderão discutir como um professor pode e deve experimentar em sua própria classe criando várias situações e avaliando suas intervenções em vista das reações de seus alunos. A partir disso, entende-se muito bem o que vem a ser o caráter essencialmente “construtivista”, e o consequente ganho em autonomia para educar. Lembro que não estamos falando tão somente do ensino do voleibol, mas de múltiplas atividades na infância. Aqui tratamos de Metodologia e Pedagogia a empregar e a ser discutida. Fica então a sugestão para uma amplitude de troca de conhecimentos e informações: construam o seu próprio blogue (alguns já o fizeram) e comuniquem-se entre si, pois dessa forma TODOS poderão expor suas ideias e experiências. O ganho é geral.

Importância do Blogue. Um blogue em que os indivíduos que frequentam seus textos, mas não participam com comentários está fadado a não cumprir sua missão precípua, que é de dialogar e compartilhar. Seu alimento e vida é a dúvida, a interpelação. Esta atitude torna as pessoas investigativas e críticas do próprio saber. Ele permite que a informação seja tratada de forma educacional, pois discutem-se ideias, indagam-se questões que antecedem as afirmações do comportamento futuro. Além disso, sabemos todos que a Educação é uma busca incessante, sem fim.

Não Confundir o Ponto de Partida com o Ponto de Chegada. Interesso-me em estabelecer relações entre a natureza de textos pedagógicos e a aprendizagem e, consequentemente, dar embasamento científico à Metodologia da qual sou apologista e divulgador. Daí advém a motivação para ampliar um diálogo permanente com os interessados e cooptar novas ideias e experiências, das quais todos se locupletarão. Percebo que o estilo que imprimo ao blogue tem a ver com a busca conjunta do domínio dos assuntos. Alie-se a isto a própria natureza da mídia – escrita ágil, com poucas palavras, que informa enquanto analisa e faz crítica. É uma escrita que tem o ritmo incessante dos acontecimentos e compatível com a dinâmica da vida atual. No meu caso, isso me ajuda a ficar informado, atualizado e aprender. Muitas vezes recorro aos textos inseridos em outros blogues ou mesmo na imprensa. Constituem-se fonte riquíssima de informações a serem discutidas.

Pretendo conversar também com professores e treinadores portugueses a respeito da Iniciação e Formação em voleibol e o que se espera do desempenho (tática e técnica individual) de novos adeptos. E, o mais importante, como alcançar o alto nível ou chegar muito próximo das decisões a tomar. Como advogamos a mesma causa – “tudo começa lá atrás” – parece que a nossa educação esportiva mostra que um país – o Brasil pode servir de exemplo – aprendeu a gastar, mas não aprendeu  a ensinar e, assim, continua confundindo o ponto de partida com o ponto de chegada. A seu favor muitos argumentam que temos o melhor voleibol do mundo, o mais premiado etc. Contudo, imagino o que poderia ser se tivéssemos mais instrução pedagógica e clareza de propósitos em favor da população. Acrescente-se o descalabro do ensino universitário nas escolas de Educação Física. De qualquer forma, façam suas colocações. A discussão do tema nos levará ao “bom caminho” e a novas ideias que certamente saberão aplicá-las no dia-a-dia.

Idolatria. Advém um outro ponto interessante. Qual ou quem é o melhor treinador? Identificar o “melhor” é algo que possivelmente o inventor do voleibol jamais teria pensado. Nesse aspecto, o mundo moderno necessita tratar sua terrível doença: os “ídolos de barro”. Um segundo aspecto refere-se à homogeneização dos treinamentos em nível mundial manipulado pela toda poderosa FIVB e seus “colaboradores ou discípulos”. Os treinadores preconizam as mesmas coisas – é global – e se há formas diferenciadas de treinamento, pouco diferem na sua estrutura. Assim, o que faz a diferença? Alguns “chutes” já foram dados a respeito: “Depende da safra de jogadores”. Outros, “O detalhe é que faz a diferença”. E mais: “Precisamos de atletas altos; baixinho não tem vez”; “Precisamos treinar mais vezes, jogar mais”, e por aí vai. Parece uma repetição exaustiva do óbvio e o pior é quando um técnico campeoníssimo afirma que o “negócio é treinar e treinar, repetir até a exaustão”. No Brasil este efeito foi surpreendentemente forte a partir do curso proferido pelo então “maior técnico do mundo”, o japonês Matsudaira em 1975, no Rio de Janeiro. Inclusive com direito à exibição de filme produzido pela federação japonesa enaltecendo os feitos dos nobres “samurais” modernos. Para chegar aonde chegou, Matsudaira transformou os atletas de voleibol do seu país em cruzados, desfilando com o seu “circo” pelos quatros cantos do planeta auferindo lucro. E conquistando plateias e adeptos muitas vezes irresponsáveis, uma vez que poucos pensavam o que fazer, mas a tudo copiavam.

Agora a Federação Internacional sugere (ou intervém?) nos países filiados com propostas de ensino (?) para crianças adaptadas dos adultos. Isto é, com a visão de que a criança é um adulto em miniatura. Se um grupo de professores criativos começarem a trabalhar formas de aprendizado que libertem o indivíduo para a sua própria espontaneidade (e não adestramento), tenho plena convicção de que poderemos realizar exercícios de forma inteligente e higienicamente saudáveis, com oferta de QUALIDADE. Certamente contemplarão o aprimoramento de cada indivíduo deixando de encará-los como uma peça da engrenagem em que o operador da máquina torna-se o único responsável. Estaremos tratando de “gente, de pessoas”, e não de números. Proponho o lançamento de um “novo olhar”, não selecionemos os indivíduos para formar atletas competitivos, mas, ao contrário, vamos INCLUIR todos em nossas ações. Isto pressupõe propostas de lazer, cooperação e convívio. Agindo dessa forma proporcionei durante vários anos cursos “em minha praia – Niterói, Rio de Janeiro – para milhares de crianças (8-13 anos) durante 4-5 anos, em regime de duas aulas semanais regulares. E, muito importante, transmitindo todo esse conhecimento prático para dezenas de acadêmicos estagiários.

Voleibol Feminino em Portugal. Há dois anos, participei de um Congresso Internacional Desportivo no Brasil. Inscrevi-me particularmente para ouvir a palestra de ilustre professora portuguesa a respeito da prática em seu país. Lamento dizer que saí decepcionado: 40 minutos foram dispensados às apresentações e à exposição de um vídeo turístico sobre Portugal. Nos dizeres dela, “Não poderia proferir uma palestra sem dar a conhecer a minha terra”. Quando interpelada para dizer-me sobre o desporto feminino, foi evasiva. Afirmou que tudo estava muito bem, com excelente participação das mulheres. É evidente que não acreditei, posto que acompanhara o Congresso Nacional Desportivo Nacional português, com importantes pronunciamentos que reclamavam de providências de todas as instâncias governamentais e Federações. Qual o interesse de esconder a verdade? Apego ao cargo? Total desconhecimento do assunto? Insegurança e falta de criatividade? Ou, ainda, “deixa ficar como está até que ocorra a tão esperada aposentadoria”? Em outro momento voltarei a falar sobre o assunto na busca conjunta de soluções.

Vejo pelo desabafo do Luís Melo publicado no sovolei Zona 7 sob o título “Feminino, um problema de mentalidades”, que tem razão. Impressiona-me é o conformismo para reagir a esse estado de coisas. Todos sabem o que ocorre, mas ninguém experimenta dar o primeiro passo para a busca de soluções. Só a crítica é muito pouco. Aguardar providências do governo está comprovado que não sairão do marasmo a que estão relegados; e esperar que as instituições que comandam o desporto (COP, FPV etc.) é “morrer na praia”. Já tiveram mostras de que nada disso vai modificar o panorama. Vejam as propostas e conclusões do Congresso sobre as Lei de Bases: nada foi adotado e continua a mesma desde 2004. Parece ser natural em Portugal (e no Brasil).

Vimos também no Tempo Técnico, “A nova legislação para a Formação de Treinadores”, apresentada pelos dirigentes do IDP, referente a um Programa Nacional. Pretende ter uma “incidência muito grande (…) e provocar grandes alterações no nível dos Cursos de Formação”. Alguém nutre alguma esperança que desta vez vai ser efetivamente implantada, ou será fruto de mais burocracia? E as suas universidades que formam os professores, mestres e doutores? Ou, de repente, alguma luz iluminou os governantes para o fato óbvio: voltar-se e cuidar de forma científica das novas gerações, deixando de lado o empirismo e as receitas técnicas da FIVB, ou até mesmo universitárias, que até hoje não surtiram qualquer resultado positivo. “Sabe-se muito, fala-se demais, e diz-se pouco”. Transpor os ensinamentos colhidos na teoria para a prática, vai aí muita água. As prateleiras, e agora a Internet, estão repletas de pesquisas de coisa alguma que não surtem o menor resultado Há que se realizar uma grande guinada, navegar por mares nunca dantes navegados, marco da história dos portugueses.