
Despertar para o Vôlei Escolar
I – Particularidades do Ensino
Conceito – O vôlei responde a regras fixadas pelo homem; as crianças têm as suas próprias motivações; não é suficiente adaptar o material à estatura das crianças. Objetivo – Desenvolver consciência crítica do processo; aprender a avaliar e a expor; aprender a cooperar e a estimular colegas. Meios – Formas de atrair alunos; aprendizado é difícil; formas de atividades motivantes; cuidar para que TODOS pratiquem; solução de problemas distribuída ao longo do tempo. Estratégia – Convite e encantamento; classificar em grupos; não congelar num único grupo; reduzir diferenças com momento de superação; busca de um coeficiente de êxito. Festivais – Sensação de jogar desde a 1ª aula; produzir animação de jogo (espetáculo); contagiar a turma e a escola com muitos jogos e competições.
II – Do Mini Vôlei ao Vôlei
Os cuidados na estruturação das atividades devem subordinar-se ao programa didático e às condições da escola. O mini é um exemplo de atividade informal. O campo é reduzido e pode ser instalado em qualquer espaço, tem regras similares às do voleibol e as técnicas empregadas no jogo são simples e não exigentes. Vem sendo utilizado em várias escolas. As aulas de educação física e os recreios certamente estão mais interessantes.
Para quem? – Para milhares de crianças, meninos e meninas entre 8-14 anos de idade. TODOS participam ao mesmo tempo – ninguém fica de fora -, independentemente de suas habilidades e JOGAM a partir da 1ª aula.
Problema crônico – Nas aulas de educação física os alunos geralmente praticam seus esportes preferidos. Quando a aula termina, muitos alunos acabam não jogando e, geralmente, esses são os que não sabem ou não têm muita habilidade para os esportes. Resultado: eles continuam sem saber jogar!
Solução – Uma maneira simples de tornar o vôlei mais fácil para todos é determinar o nº de jogadores em cada equipe, que poderá ser de 2 a 4. Em cada campo jogam até 8 alunos. Isto significa que, em três campos de minivôlei, 24 indivíduos podem jogar ao mesmo tempo. O método de ensino agrupa os alunos sob diversas formas a serem consideradas pelo docente. Os jogos não são estáticos e o professor poderá variar e alternar a forma de competição, tornando a aula super agitada!
Estruturação da Atividade
Unidades didáticas. Parte do jogo simples, com a progressiva aquisição da habilidade, passa-se aos jogos mais complexos. Com o sistema 1 contra 1 pode-se jogar mini vôlei desde a primeira aula. O professor, dado o pouco tempo disponível e os espaços frequentemente exíguos, deverá dispor de: 1) uma boa organização da classe; 2) a divisão dos grupos (1×1, 2×2, 3×3, 4×4); 3) o emprego de rodízio de alunos nas funções de árbitro.
Aspectos de organização. Material, equipamentos; como organizar torneios; adaptações convenientes sobre as características e as regras do jogo. Em minhas aulas e cursos venho empregando uma série de materiais que denomino “alternativo”, todos muito divertidos: muitas bolas de tênis, de mini vôlei, puçás, biruta, tamancos (para 4 pessoas), cones, lençóis, cortina sobre a rede, e possivelmente, o mais atraentes, inclusive para adultos, o paraquedas. A imaginação e a criatividade de cada professor vão realçar suas próprias aulas a seguir. Veja “Apresentação em Universidade” que realizei na Univ. Gama Filho.
Jogo paralelo, Implicações da Teoria de Piaget[1]
Minha proposta está calcada no Aprender Brincando e Jogando, graças ao desenvolvimento da obra do alemão G. Dürrwachter. Repasso a ideia e acrescento para o professor que introduza em suas aulas muitos jogos e brincadeiras, inclusive utilizando variados exercícios não específicos de voleibol. Sobre isto poderão ter uma breve explicação na leitura postada neste blogue sob o título “Teoria vs. Prática” em que dialogo sobre o assunto com o Professor João Crisóstomo. Transcrevo para uma rápida compreensão comentários sobre Princípios do Ensino da obra de Piaget:
“Embora interação e cooperação entre crianças sejam objetivos importantes, é melhor começar as atividades fornecendo a cada criança seus próprios materiais e encorajando o jogo paralelo. Nessas atividades, as crianças querem fazer coisas com os objetos (fornecer vários, além das bolas) e essa iniciativa é exatamente o que queremos encorajar. Se o professor tem que insistir para que as crianças se revezem, elas tornam-se inquietas e suas incitativas são frustradas. Quando, p.ex., é fornecida apenas uma bola e as crianças têm que ficar em fila esperando sua vez de atingir um alvo, metade da energia do professor será gasta pedindo às crianças que esperem sua vez e consolando aquelas que estão infelizes. Portanto, é melhor oferecer materiais para quatro ou cinco crianças de cada vez (em uma situação de jogo livre onde estão disponíveis muitas outras atividades atrativas) e encorajar primeiramente o jogo paralelo. Quando este princípio de fornecer materiais suficientes para diversas crianças de cada vez não pode ser adotado, é provavelmente melhor dirigir as crianças para outras atividades e prometer uma mudança mais tarde do que fazê-las esperar e olhar os outros se divertirem. Começar com o jogo paralelo nas atividades de qualquer desporto não significa que os objetivos de interação e cooperação foram abandonados. Esses são apenas temporariamente colocados de lado no interesse de encorajar a iniciativa das crianças com a diversidade de objetos. Na verdade, interação e cooperação evoluem mais facilmente com o jogo paralelo do que com a “cooperação” imposta pelo professor desde o início. Por exemplo, numa determinada atividade em que as crianças comecem fazendo suas próprias coisas, mas em seguida têm a oportunidade de exibir seus feitos, imitarem uma às outras, compararem descobertas e derem conselhos umas às outras. Uma outra forma de estabelecer esse princípio é: Introduza a atividade de tal forma que a cooperação seja possível, mas não necessária”.
[1] O Conhecimento Físico na Educação Pré-Escolar, Kamii C., Devries R., Artes Médicas, 1985.













