Arbitragem nos Anos 1970

Homenagem a Nereu

Nereu Martins Marques, atleta do Clube Sírio e Libanês em 1960 e árbitro de voleibol, foi empossado em 1970 como Diretor de Oficiais da Federação Metropolitana de Voleibol. Faleceu em 4.2.2010.

Em 1970, o Quadro Geral de Arbitragem estava composto por Alberto Mizrahi, Arline Pinto Ribeiro, Cláudio Ferraz Aguirre, Denise Tavares Torres, Duvit Regis Kirschbaun, Elcio dos Santos Monteiro, Francisco de Paula Pimentel, Glênio Guimarães, José de Sant’Anna Menescal, Lúcia Maria Jorge Lopes, Luciano Segismondi, Maria Stella Lima, Marya Rosa Lehner, Oduvaldo da Silva Lins, Oswaldo Luiz da F.Pereira, Renata Berenice Maia, Ruy dos Santos Lima, Sérgio Freire, Waldyr Ferreira de Mello, Wilson Costa, Wilson de Lima, Zildamar Corrêa Peçanha.

Funções. Nomenclatura empregada no Quadro de Oficiais para designar as várias funções: 1º árbitro  – 2º árbitro – Apontador  –  Juiz de Linha.

1971. Foi nomeado Diretor de Oficiais da Federação o ex-atleta do CIB, Sérgio Faria Lemos da Fonseca (viria a ser presidente da Federação em 1987-91). A Federação já configurava excelentes árbitros e uma estrutura bastante diversificada, inclusive com cursos regulares.

O Quadro de Oficiais contava também com Alberto Jorge Teixeira, Alberto Mizrahi, Denise Tavares Torre, Glênio Guimarães, José de Sant’Anna Menescal, Júlio Benjamin Torreão (Estag.), Lúcia Maria Jorge Lopes, Mara Tavares Torreão (Estag.), Nereu Martins Marques, Newton Leibnitz, Renata Berenice Maia, Ricardo Amorim V. Cardoso, Ruy dos Santos Lima, Sérgio Freire, Walter Freitas, Wilson Bezerra de França, Wilson Costa, Wilson de Lima, Zildamar Corrêa Peçanha.

Através da NO nº 18, a FMV dava conhecimento aos interessados sobre os valores a serem pagos aos profissionais do apito.

Árbitros --------------------------------------------------
Categoria       1º Árbitro    2º Árbitro    Juiz de Linha
Extra           Cr$ 35,00     Cr$ 32,00          -
Especial        Cr$ 32,00     Cr$ 28,00          -
1ª Categoria    Cr$ 28,00     Cr$ 20,00          -
2ª Categoria    Cr$ 20,00     Cr$ 15,00     Cr$ 10,00
3ª Categoria    Cr$ 12,00     Cr$ 10,00     Cr$  8,00        
Estagiário      Cr$ 10,00     Cr$  8,00     Cr$  8,00
Apontadores -----------------------------------------------
Categoria       P/Partida
Especial        Cr$ 25,00
1ª Categoria    Cr$ 20,00
2ª Categoria    Cr$ 12,00
Estagiário      Cr$ 10,00
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1972. Oficiais que se incorporaram ao Quadro da FMV: Cibeli dos S. A. Carramanhos, Eduardo Guimarães Alcântara, Jair Carramanhos, Josebel Guimarães Palmeirim, Nereu Martins Marques, Renata Berenice Maia, Ricardo Amorim, Ruy dos Santos Lima, Vera Maria Cascardi.

1975. A FMV, em NO nº 13, de 24.2.1975, deu a conhecer aos filiados o pedido de inclusão no Quadro de Oficiais, para a temporada de 1975, dos seguintes Árbitros e Apontadores:

Árbitros

Categoria Extra           Eduardo Guimarães Alcântara, Newton Leibnitz de Albuquerque Mello, Sérgio Freire, Wilson de Lima, Wilson Costa.

Categoria Especial       José Sant’Anna Menescal, Josebel Guimarães Palmeirim.

Primeira Categoria      Alberto Jorge Teixeira.

Segunda Categoria       Ruy dos Santos Lima

Terceira Categoria       Edson da Silva Costa, Roberto Rodrigues dos Santos.


Apontadores

Primeira Categoria         Renata Berenice Maia Boaid.

Segunda Categoria        Zildamar Corrêa Peçanha, Vera Maria de O. Cascardi, Ítalo José Silva.

Taxas de Arbitragem em Cr$)            
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Categorias          1º Árbitro     2º Árbitro     Fiscal de Linha
                    ------------------------------------------------------
                                1 jogo  2 jogos   1 jogo  2 jogos
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Extra               86,00       77,00   62,00     68,00   55,00
Especial            77,00       68,00   55,00     48,00   39,00
1ª Categoria        68,00       48,00   40,00     35,00   29,00      
2ª Categoria        48,00       35,00   29,00     24,00   22,00
3ª Categoria        29,00       24,00   22,00     20,00   18,00
Estagiário          24,00       20,00   18,00     14,00   12,00
Apontadores
Categorias          P/PARTIDA
Especial            58,00
1ª Categoria        48,00
2ª Categoria        29,00
Estagiário          24,00
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Fonte: NO da FMV nº 13, de 24.2.1975.

Voleibol em Nictheroy (II)

Os campeões: em pé, da esquerda para a direita, Hamilton, Ney, Gastão Rodrigues e Reynaldo (Tonelada). Agachados, na mesma ordem, Conrado Van Erven, Oscarzinho e Paulo Fernando.

 Década de 40 – Parte 2   

1946 –   Neste ano deu-se a estréia do Clube Tatuí no campeonato niteroiense, tendo se sagrado campeão da 2ª Divisão. O Clube de Regatas Icaraí foi o campeão da 1ª Divisão e bicampeão da Divisão Feminina, embora perdendo a invencibilidade. O campeonato feminino foi disputado entre seis equipes: IPC, CRI, Tatuí Clube (estreia), Canto do Rio, Barroso e Praia das Flechas.  

O CRI (feminino) partiria para o tri em 1947 e para o tetra em 1948, chegando ao decacampeonato em 1954. Nesse ínterim, venceriam também os IX Jogos Abertos de Cambuquira e o Torneio dos Campeões, no Rio de Janeiro.  

Interessante notar o regulamento da competição, transcrito em periódico da época:  

INSTRUÇÕES  

Em primeiro lugar, isto é, às 20:30 horas. Dez minutos após o término do primeiro jogo, deverá estar na quadra a 1a divisão. Dez minutos após o término da 1a divisão deverá entrar na quadra a segunda.  

Quando não houver o jogo da Divisão Feminina, o da 1ª iniciar-se-á às 21 horas em ponto. Se não houver o jogo feminino nem o da 1ª Divisão, o da segunda terá início às 21,45 horas.  

O Clube que deixar de comparecer à hora local designadas para um jogo:  

Penalidade: Perda do ponto e multa de Cr$ 20,00 por quadro que não comparecer.  

d) O Barroso F. Clube não disputará o returno do Campeonato. O Praia das Flexas Clube continuará apresentando a 1ª e a Divisão Feminina.  

DELIBERAÇÕES DO DAV – Departamento de Arbitragem de Voleibol:  1) Pedir aos srs. juízes para marcar falta técnica toda vez que um jogador chutar a bola;  2) Designar os juízes do Praia das Flexas Clube para dirigirem o encontro Tatuí e Regatas.  3) Constava dos Regulamentos do Voleibol que, mesmo sem o comparecimento da equipe escalada para a arbitragem, o jogo deveria ser realizado. Para isso, os capitães das equipes – em comum acordo – solicitariam que um dos presentes ao jogo fizesse uso do apito. Isto perdurou durante muito tempo, até a década de 60 e a consequente profissionalização do Quadro de Arbitragem.  

II Campeonato Brasileiro de Voleibol, Belo Horizonte (MG). O Campeonato foi realizado no período de 22 a 28 de junho de 1946. A equipe feminina de Minas tornou-se bicampeã, tendo vencido também no masculino. Entre os participantes, Pernambuco (só no masculino), Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. O Estado do Rio, através da FFD, participou desse evento com uma delegação assim constituída:  

Chefe – Prof. Osvaldo Gonçalves de Souza, diretor do Departamento Autônomo de Voleibol da FFD.  

Técnico (masc.) – Aguinaldo Mendonça, do IPC; Técnico (fem.) – Afonso Caminha, do CRI; Acompanhante – Sra. Myrtila V. E. Caminha; Auxiliar – Sr. José Izidro Leite.  

Jogadores – Nelson Abreu (Nelsinho), Sílvio Batalha, Bernardo Wohrle, Newton Gomide, Jampérsio Rodrigues, Eduardo Frederico, Klaus Wohrle e Roberto Braga.  

Jogadoras – Úrsula Hanning, Lígia Limoeiro Patituci, Norma Teles Pires, Zuleika Bastos, Cora e Iraci Serejo, Nilza Rocha Lemos, Maria Auxiliadora Varela (Zombinha), Adayr Falcão e Nilza Bruno Figueiredo.  

 1947 – Além dos campeonatos da cidade, vários torneios e jogos amistosos foram realizados por nossas equipes. Em dezembro, participação das seleções masculina e feminina no torneio do Cinquentenário de Belo Horizonte. Destaques para as volistas Norma, de Uberlândia e Zombinha, de Niterói. O próximo Campeonato Brasileiro seria realizado em São Paulo, em 1948.  

  

Equipe do Tatuí, bicampeã niteroiense em 1946-47. Em pé, da esquerda para a direita, Hildebran, Gomide, Roberto Braga, Ney, Milton e Altayr; agachados e na mesma ordem, Cid, Jorge Natto, Sylvio e Pedro. Acervo: Ney Jopper; foto de Walter Cotta.

Voleibol na Década de 90

Principais Mudanças na Regra

1992 – Após os Jogos Olímpicos de Barcelona, a regra do 5º set (tie-break) foi modificada. Nos empates em 16-16, o jogo continua até que uma das equipes consiga uma vantagem de dois pontos. Motivo: o jogo Itália e Holanda, no 5o set, foi encerrado com a vitória da Holanda por 17×16; em seguida, houve protestos dos italianos e a consequente mudança da regra.

1994 – O Congresso Mundial realizado em Atenas aprovou as novas regras que serão introduzidas oficialmente em 1º de janeiro de 1995: permite contatos com a bola com qualquer parte do corpo, incluindo os pés. A zona de saque foi estendida para a totalidade (9m) da linha de fundo. Eliminação da falta dos “dois toques” na recepção da bola vinda da quadra oponente. E a permissão para tocar na rede acidentalmente quando o jogador em questão não participa da jogada. A bola pode ser tocada voluntariamente com qualquer parte do corpo, inclusive pernas e pés (mundial da Grécia).

1995 – A linha de ataque foi estendida com faixas tracejadas em 1,75m; a pressão interna da bola foi reduzida para 4,27lb a 4,56lb; foi permitida a invasão da linha central com as mãos; cartões de indisciplina passam a ser cumulativos; a bola que passa por cima ou por fora das antenas (fora do espaço de cruzamento) em direção à área livre da equipe adversária pode ser recuperada. Foi ampliada a zona de saque: corresponde à largura da quadra (9m); o saque pode tocar a rede; introdução de contagem de “PONTOS POR RALI” (25 pontos) sem ponto limite – acaba o sistema de VANTAGEM –, sendo que no set DECISIVO (5°, tie-break), ainda jogado com 15 pontos, não há ponto limite; em caso de empate em 14-14, o jogo continua até que uma das equipes obtenha uma diferença de dois pontos. Nos quatro primeiros sets foram criados dois “tempos comerciais” (para TV): no 8° e 16° pontos. Têm início as experiências com o “sétimo” jogador, o líbero, um jogador especial, diferenciado pelo uniforme, com características exclusivas de defesa e recepção, cujas trocas sucessivas não são computadas à equipe.

1996 – O líbero foi Introduzido (experimentalmente) no Grand Prix feminino, logo após a Olimpíada de Atlanta; a posição dá principalmente ao voleibol masculino uma condição melhor, já que o ataque é preponderante em função do vigor físico da categoria e prepondera sobre a defesa. O líbero veio para tentar dar um equilíbrio nessa relação entre ataque e defesa.

1997 – A partir desse ano foi testado o jogo com o líbero; sua aprovação e inclusão nas Regras deu-se somente em 1999.

LÍBERO, no Brasil do início da década de 80, era o jogador que não recepcionava o saque e se apresentava para o “ataque de fundo”.

O líbero é um atleta especializado nos fundamentos realizados com mais frequência no fundo da quadra, isto é, recepção e defesa. Esta “função” foi introduzida pela FIVB em 1998, com o propósito de permitir disputas mais longas de pontos e tornar o jogo mais atraente para o público. Um conjunto específico de regras se aplica exclusivamente a este jogador. O líbero deve utilizar uniforme diferente dos demais, não pode ser capitão do time, nem atacar, bloquear ou sacar. Quando a bola não está em jogo, ele pode trocar de lugar com qualquer outro jogador sem notificação prévia aos árbitros e suas substituições não contam para o limite que é concedido por set a cada técnico. Por fim, o líbero só pode realizar levantamentos de toque do fundo da quadra. Caso esteja pisando a linha de três metros ou esteja sobre a área por ela delimitada, deverá executar somente levantamentos de manchete, pois se o fizer de toque por cima (pontas dos dedos) o ataque deverá ser executado com a bola abaixo do bordo superior da rede.

1998 Após as Olimpíadas de Seul, foi incluído o sistema de pontos “rally” no set decisivo (5º) (Regra 7.4). A contagem de cada set limita-se a 17 pontos: depois de um empate de 16 a 16, a equipe que primeiro marcar o 17º ponto vencerá o set com somente um ponto de vantagem (Regra 7.2.2). Modificações que não deram certo: TEMPO de JOGO e as duas TENTATIVAS de SAQUE (Regra 17.6). A Regra 17.7 coibiu o emprego da “barreira”, que impedia a visão do sacador. A CBV comunicou ainda (NO nº145/88) decisões da FIVB sobre a secagem (toalhas) da quadra e outros formas escusas utilizadas para interromper a partida.

1999-2000 – Finalmente foi incluída no texto da Regra Oficial a participação do líbero no jogo.

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Nota aos meus leitores – Encerro com este texto a série sobre as características do jogo com base na evolução das suas Regras. O cansaço e a idade não me permitem tanto trabalho de pesquisa e anotações. Espero que os mais jovens se empenhem algum dia nesse mister. Fui até aonde podia; outros farão melhor. Grato por suas companhias…

Voleibol na Década de 80

Vôlei na Década de 80            

1980 – 17º Congresso da FIVB: as regras do jogo foram traduzidas para três linguas: francês, inglês e espanhol.

1982 – A pressão da bola foi incrementada de 0,40 kg/cm² para 0,46 kg/cm².

1984 – A partir dos jogos de Los Angeles, foi proibido o bloqueio do saque e os árbitros seriam mais benevolentes na avaliação das defesas. Durante os jogos olímpicos, alguns atletas brasileiros (medalha de prata) atraíram as atenções pela habilidade do saque “com salto”. A ideia não era nova, pois foi usada no Campeonato Mundial da Argentina, em 1982, sem resultados objetivos.

Bloqueio. Proibido o bloqueio de saques nas Olimpíadas de Los Angeles; proibido também o ataque do saque (na zona de ataque).

Defesa. Permitida, com contatos múltiplos numa mesma ação.

1988 – No Brasil, a FVRJV oficializou o emprego da bola de marca Penalty.

Jogos Olímpicos, Seul. 1) O torneio masculino contou com 12 equipes (previstas 10). Os EUA venceram no masculino e a URSS no feminino, após dramática final com a equipe do Peru.  2) A partir dos Jogos Olímpicos, uma nova regra impediu a interrupção do jogo para que se pudesse secar a quadra. Os times passaram a entrar com toalhinhas presas na parte de trás do calção, usadas sempre que o suor molhasse o piso.  3) O Congresso Mundial aprovou que o 5º set decisivo seja disputado no sistema de “pontos por raly”, em que cada saque corresponde a um ponto. O placar final do set foi limitado em 17 pontos, com um ponto de diferença. Essa medida seria modificada em 1992.  4) Em 6 de maio, a FIVB inaugurou suas novas instalações em Lausanne.

1988Em 6 de maio, a FIVB inaugurou suas novas instalações em Lausanne. Jogos Olímpicos: o torneio masculino contou com 12 equipes (previstas 10). Os EUA venceram no masculino e a URSS no feminino, após dramática final com a equipe do Peru. O Congresso Mundial aprovou que o 5º set decisivo seja disputado no sistema de “pontos por raly”, em que cada saque corresponde a um ponto.

Modificações que não deram certo: TEMPO de JOGO e as duas TENTATIVAS de SAQUE (Regra 17.6). A Regra 17.7 coibiu o emprego da “barreira”, que impedia a visão do sacador. A CBV comunicou ainda (NO nº145/88) decisões da FIVB sobre a secagem (toalhas) da quadra e outros formas escusas utilizadas para interromper a partida.

Uniformes. A FIVB impôs uniformes para as equipes femininas, o que gerou uma série de problemas com o descumprimento dessa obrigação por parte da maioria das federações. Somente a equipe de Cuba fez uso desse uniforme.

A Mulher no Esporte – Uniformes (Revisa VEJA, 1998, Dagmar Serpa)

(…) As jogadoras de vôlei se rebelam e ganham a parada contra uniformes justos demais. A dupla sunga-camiseta derrota o macaquinho agarradinho e desconfortável: vitória fora da quadra para as meninas do vôlei.

Famosas tanto pelos bloqueios e saques poderosos quanto pela esplêndida forma física, as jogadoras da Seleção Brasileira de Vôlei chegaram na semana passada a Macau, a minúscula colônia portuguesa na China, em clima de rebelião. Às vésperas do início do Grand Prix de Vôlei, torneio que antecede o Mundial de novembro, no Japão, elas batiam pé contra o uniforme novo, um macaquinho bem justo, semitransparente, que vai do ombro até exatos 5 centímetros abaixo da virilha. “É incômodo, vulgar e estranho”, decretou a jogadora Leila. “Com qualquer movimento, entra no bumbum e fica tudo de fora”, ecoou a companheira Virna. Em geral muito à vontade na sunguinha justa e bem cavada do uniforme tradicional, perfeitamente coerente com os padrões brasileiros de vestuário, as jogadoras detestaram o macaquinho tanto pelo excesso de agarração quanto pelo desconforto. Resultado do bafafá: a equipe ganhou autorização de última hora para entrar no torneio com a boa e velha dobradinha sunga-camiseta — e um portador foi despachado às pressas para o outro lado do mundo, levando uma mala cheia de uniformes no modelo antigo. A performance, porém, não correspondeu. Em seu jogo de estreia, na sexta-feira, a equipe perdeu da Itália por 3 a 2.

Para poder jogar com o modelito de sempre, a seleção teve de mandar uma carta à Federação Internacional de Voleibol, FIVB, em Lausanne, Suíça, que tem a palavra final sobre a roupa nas quadras. Foi atendida, para alívio geral. “O macaquinho nem ficou bonito no corpo das meninas”, opina o técnico Bernardinho. Além do comprimento e do desconforto, as moças implicaram com a faixa amarela no peito, que fica transparente em contato com o suor. A FIVB, no entanto, exime-se de responsabilidade pela confusão em Macau. Confirma que recentemente adotou uma lista de critérios rígidos para a roupa a ser usada na quadra, mas lá apenas esclarece que “as mulheres podem usar uniformes de uma só peça, desde que obedeçam aos padrões”. Quem escolheu o macaquinho, afirma, foi a confederação brasileira. No Rio, a entidade admite que, de fato, optou pelo macaquinho, só que com o triplo do comprimento. Mandou o modelo à Suíça, onde foi reprovado por fugir dos 5 centímetros da regra, e teve de ser encurtado na última hora. Dois dias antes de viajar para Macau, as principais interessadas foram enfim apresentadas ao novo uniforme. Seu veredicto: não serve.

Decisão adiada — A FIVB reagiu horrorizada à sugestão de que a reforma dos uniformes tem o objetivo de torná-los mais sensuais. “Só queremos formar uma boa imagem do vôlei para o público, participantes e mídia, e as roupas são parte disso”, disse a VEJA Carlos Sanchez, coordenador de comunicação da federação. Pode ser, mas que a nova padronização ressalta curvas e saliências, ressalta. Da altura da bainha do short à modelagem justa das camisetas, tudo aponta para uma roupa — para moças e rapazes — que mostra mais e molda mais. Ao autorizar as meninas do vôlei a usar o uniforme antigo, a FIVB empurrou para mais tarde a decisão sobre com que roupa as jogadoras de Bernardinho vão ao Mundial de novembro. “Com essa, já vimos que não dá para jogar”, frisa Paulo Márcio Costa, coordenador técnico das seleções brasileiras de vôlei.

As Regras dos Novos Uniformes

Justo e curto – ­1) A camiseta masculina e a feminina têm de ser justas no corpo.  ­2) É proibido usar manga comprida.  3) ­Os shorts femininos podem cobrir no máximo 5cm da coxa, e os masculinos, 10cm.  4) ­As jogadoras podem optar por modelos de uma peça só, desde que obedeçam aos padrões.

 Vôlei e Praia – Essa influência também predominou. Os atletas são obrigados a usar calções ou biquínis da mesma cor e estilo e as camisetas fornecidas pelos organizadores dos torneios. O uso de óculos escuros tornou-se praticamente universal devido ao reflexo do sol na areia.

 

Mundiais de Voleibol no Brasil, 1960 (I)

Em lance da partida, Marly ultrapassa o bloqueio duplo das adversárias, mas não consegue evitar a derrota por 3x0 na partida contra a Tchecoslováquia no Maracanãzinho, no dia 4 de novembro.

História dos Campeonatos Mundiais de 60          

O País sediou o IV Campeonato Mundial masculino e o III Campeonato Mundial feminino. As finais foram disputadas nas cidades do Rio de Janeiro e de Niterói no mês de novembro. No masculino, medalha de ouro para a URSS, seguida da Tchecoslováquia, Romênia, Polônia e o Brasil em 5° lugar. O jogo entre estas duas últimas equipes no ginásio do Caio Martins, Niterói, foi concluído em torno das 2h da madrugada, com vitória polonesa por 3×2. Na versão feminina as russas foram tricampeãs, seguidas pela surpreendente equipe do Japão, Tchecoslováquia, Polônia, Brasil e Estados Unidos.  

Nessa década, soviéticos e tchecos continuaram a dominar as competições mundiais. Mas começavam a surgir seleções fortes de outros países, como a japonesa, a búlgara e a romena. Reflexo dos Mundiais, houve incremento do número de praticantes do esporte: surgiram  as “peladas” em terrenos baldios, especialmente em Icaraí e Santa Rosa, bairros do entorno do Caio Martins, além da prática nas Redes da Praia de Icaraí. O voleibol virou mania entre os jovens em Niterói e a Prefeitura tornou a incentivar a prática através de novas versões dos Campeonatos Colegiais. A partir da prática nas escolas, começam a surgir novos adeptos e grandes valores, inclusive com passagem nas seleções nacionais ainda nesta década.      

Colocação Geral        

Masculino: 1) URSS, 2) Tchecoslováquia, 3) Romênia, 4) Polônia, 5) Brasil, 6) Hungria, 7) Estados Unidos, 8) Japão, 9) França, 10) Venezuela, 11) Argentina, 12) Paraguai, 13) Uruguai, 14) Peru, 15) Índia, 15) México, 15) Rep. Dominicana. (estes três últimos não compareceram, apesar de inscritos)    

Feminino: 1) URSS, 2) Japão, 3) Tchecoslováquia, 4) Polônia, 5) Brasil, 6) Estados Unidos,7)Peru,8)Argentina, 9) Uruguai, 10) Alemanha Ocidental, 11) Paraguai (não compareceu apesar de inscrito).     

Antecedentes. Ainda em Paris, no ano de 1956, na seção de abertura do Congresso Mundial de Voleibol, dezenas de delegações participantes apresentaram suas credenciais e, após as proposições protocolares, iniciaram os debates em torno de vários itens constantes da Ordem do Dia. Desses, o que maior importância suscitava era o que indicaria a colocação dos países nas várias séries de cada categoria. No dia seguinte, o Congresso trataria da próxima sede para os Campeonatos e já se previa um duelo acirrado entre a Polônia, já com prioridade antecipada, e o Brasil, solicitador há um mês. Os observadores acreditavam que a Polônia, além da simpatia óbvia de todo o bloco da Cortina de Ferro, contaria ainda com o apoio de muitos países europeus interessados em não sair do continente. Todavia, havia esperança de que a própria Polônia abrisse mão em favor do Brasil, possibilidade que veio a se concretizar. Gil Carneiro participou de dois outros congressos na Europa para consolidar o Brasil como sede do Mundial. O país concorrente – Polônia – aceitou as condições oferecidas pelo Brasil, contribuindo dessa forma para que pudéssemos patrocinar o certame. A quantia de Cr$1.250.000,00 oferecida para transporte da delegação polonesa foi aceita e, no caso do campeonato ter saldo favorável, o Brasil se comprometeu a aumentar a cota da Polônia. Gil teve também a ajuda do russo Savin, pai do excelente jogador que brilharia no cenário mundial na década de 80. Ficou também acertado que o país não poderia arcar com despesas de hotel para as delegações e que as mesmas seriam alojadas em dependências modestas, no próprio ginásio, caso contrário o Brasil não poderia realizar o evento. Gil conseguiu os votos da URSS, França, Tchecoslováquia e Iugoslávia, países que comandavam a FIVB.           

Confederação Brasileira de Volley-Ball. Para viabilizar os campeonatos, a primeira providência foi empossar na presidência da CBV alguém de prestígio e suficiente crédito para alavancar todas as providências e dar credibilidade à estrutura que teria que ser montada. Esta pessoa foi o Sr. Paulo Monteiro Mendes, na época presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, localizada em Volta Redonda (RJ). A sede da companhia ficava na cidade do Rio de Janeiro e, ela mesma, já desenvolvia apoio ao voleibol, com uma equipe competitiva formada em 1957-58, com excelentes atletas – Quaresma, Borboleta, Roque, Afonso, Newdon – integrantes da seleção de 60. Todos eram funcionários da CSN e participavam dos seus eventos esportivos. Era o início de uma profissionalização no esporte, como veremos.           

 Sedes. Foram, então, criadas três sedes para a fase classificatória na qual também o país-sede – o Brasil – participaria. Assim, as equipes foram distribuídas por Belo Horizonte (MG), São Paulo (capital), Santo André (SP) e Santos (SP). O Brasil (masculino) classificou-se jogando nesta última. A fase final desenvolveu-se em Niterói (RJ) no ginásio do Caio Martins e Maracanãzinho, no Rio de Janeiro (DF), sendo que todas as equipes estavam concentradas no ginásio do Caio Martins, em Niterói, exceção da URSS (masculina), que utilizou um hotel de Copacabana, no Rio.     

A seguir veremos como a “diplomacia brasileira” através de José Gil Carneiro de Mendonça conseguiu trazer para o Brasil esses Campeonatos Mundiais. Aguardem.

Arbitragem na Década de 50

Destaques & Curiosidades 

 1. Velocidade da cortada – uma bola bem cortada pode adquirir a velocidade de 160 km/h. O Professor McCloy, da Universidade Estadual de Iowa, EUA, registrou velocidades de mais de 160km/h.

2. Cortada balanceada – quando a bola está longe e você não pode colocar-se atrás dela, use um movimento balanceado giratório (de braço). Bata na bola com a base da mão, mantendo a palma e os dedos ligeira e rigidamente curvos (acompanhando a curvatura da bola), semelhante ao que ocorre no saque balanceado (cortada de gancho).

3. Linha de ataque – (…) alguns a denominam de bloqueio ou linha de limite. O propósito desta linha é evitar que os jogadores excessivamente altos que estejam na defesa venham à rede para bloquear todas as bolas, o que não é válido. Os jogadores de defesa podem bloquear a bola, mas em cima ou atrás da linha de bloqueio.

4. A bola – o jogo oficial é praticado com uma bola esférica composta de um invólucro de couro flexível, de cor uniforme, ‘sem cordão’, de 18 gomos ou um invólucro de borracha apenas, com não menos de 65cm e não mais de 67cm de circunferência, contendo no seu interior uma câmara de ar de borracha ou material similar. Bola de couro, com pressão entre 0,48kg/cm2 e 0,52kg/cm2 e bola de borracha (0,47 e 0,49). Peso: masculino (250g a 280g) e feminino (230g a 250g).

5. Cuidados com a bola – depois de corretamente cheias e após o uso, as bolas devem ser guardadas em compartimentos frescos e limpos. Não devem nunca ser “chutadas”, servir de assento, ou golpeadas contra superfícies ásperas e irregulares. Recomenda-se o uso de sebo de sela para mantê-las limpas e para reservar o couro. De acordo com as decisões da CBV, a bola deve ser branca, possuir 18 gomos e estar dentro das pressões limites.

6. Saque – (…) o saque pode ser dado saltando ou na corrida. O jogador, após haver sacado, pode cair sobre o campo de jogo ou sobre a linha de fundo.

7. Inovação do jogo – em todo jogo internacional são jogados três sets vencedores.

8. Jogo na rede – (…) o dois toques (proposital) no bloqueio deve ser punido.

 

Cronologia

1950 – O guia da USVBA (Associação de Voleibol dos EUA) incluiu pela primeira vez uma seção colegial.

1951 – Em seu terceiro Congresso, a FIVB decidiu que será permitido ao atacante “invadir” com as mãos durante o bloqueio, mas somente após a fase final da cortada. Esta recomendação passou a ser cumprida somente após as Olimpíadas de 1964.

1953 – Em seu quarto Congresso a FIVB (Federacão Internacional de Voleibol) definiu as ações e terminologias da arbitragem.

1955 – A USVBA organizou oficialmente a prática do jogo nos EUA com vistas aos Jogos Pan-Americanos.

1957 – Após a realização de torneio demonstrativo durante o 53° Congresso do COI (Comitê Olímpico Internacional), seus membros decidiram pela inclusão do voleibol nos Jogos Olímpicos de 1964, a serem disputados em Tóquio, Japão. Atribuições foram dadas ao segundo árbitro: a duração dos pedidos de tempo foi limitada para 1 minuto e 30 segundos. Modificadas as regras do vôlei feminino pela Divisão de Esportes das Moças e Mulheres da Associação Americana de Saúde, Educação Física e Recreação para que se igualassem às regras do masculino da USVBA. As Regras Oficiais foram resumidas por João Lotufo (“Voleibol”, 1957, p.8) a título de ilustração e mais rápida compreensão, inclusive do que era essencial. Mantive a terminologia empregada pelo autor:

1) Um sorteio determina quem dará o saque.  2) Cada jogador do quadro dará o saque por sua vez e fará uma tentativa para atirar a bola para o campo adversário sem que toque a rede.  3) O jogador que dá o saque não deve ter contato com o campo ou a linha que o limita.  4) Não há restrições quanto ao modo de dar o saque, a não ser que o sacador deve permanecer na área do saque, com um dos pés, pelo menos tocando o solo e que a bola seja claramente batida.  5) É declarado o rodízio quando a bola do saque tocar a rede.  6) Se o jogador tocar a bola ou for por esta tocado, considera-se como se tivesse jogado.  7) É permitido sair dos limites (da quadra) e apanhar a bola.  8) A bola não poderá ser agarrada. Deve ser claramente batida.  9) A bola que toca o corpo mais de uma vez, simultaneamente, é legal.  10) O quadro (time) perdedor tem o direito ao saque na partida seguinte.  11) É permitido jogar bola usando qualquer parte do corpo acima dos quadris.  12) A bola é conservada em jogo ao bater na rede e passar ao campo contrário. No saque, porém, a bola não pode tocar a rede; se a bola não passar nitidamente sobre a rede, ficará de posse do outro quadro.  13) A bola que é enviada à rede por um dos quadros pode ser recuperada uma vez que a rede não seja tocada por nenhum jogador.  14) Um jogador pode bater na bola 2 vezes numa jogada, mas não consecutiva.  15) A bola deve ser devolvida para o campo adversário após o terceiro contato.  16) Os jogadores não podem tocar a bola ou passar além da linha de centro. Isto ocasiona a perda da bola se o quadro que sacou comete a falta e conta um ponto para quem saca no caso dos oponentes cometerem a falta. Se ambos os quadros tocam a rede simultaneamente, a bola é declarada “morta” e é dado novo saque.  17) Os jogadores de linha final – da defesa – têm a liberdade de mover-se no seu campo, mas não podem correr para a rede e cortar ou matar a bola.  18) Quinze pontos representam vitória, uma vez que haja diferença de dois pontos. A contagem pode ser de 15-13, 16-14, 17-15 etc.

1959 – No Congresso da FIVB em Budapeste, ficou decidida a proibição da barreira quando da execução do saque e a limitação da invasão por baixo com o pé (bastava tocar a linha).

Na foto jogadoras do C. R. do Flamengo realizam a barreira numa partida. Observe-se que as três atacantes estão “em linha” e uma quarta atleta (defesa-centro) se inclui entre elas com um passo atrás, preservando assim as “zonas de ataque e defesa”.

Evolução das Regras, anos 1960

Década de 60          

1960. Destaques das principais modificações na Regra Oficial constante de Nota Oficial da CBV retransmitida pela FMV (NO nº 16, de 10.3.60).

Regra I – Art. 2º – Nova redação

LINHAS – O campo é limitado por linhas de 5 cm de largura traçadas na sua parte interna. Elas serão traçadas a um mínimo de 2 (dois) metros de qualquer obstáculo.

Regra V – Art. 3º – § “d” – Alterar

Qualquer jogador que inicie jogando um set pode ser substituído uma só vez por qualquer suplente e poderá voltar ao jogo, mas definitivamente, no lugar que ocupava precedentemente e somente ele, com exclusão de qualquer outro jogador.

Regra XII – Art. 6º – § “c” – Acrescentar no final

Os dois tempos para descanso podem ser solicitados consecutivamente por uma ou outra equipe sem que o jogo tenha sido recomeçado. No entanto, segundo a Regra V, art. 3º – letra “c”, uma equipe não tem direito de pedir dois tempos para substituição sem que entre os mesmos o jogo tenha recomeçado. Um tempo para descanso de uma equipe pode ser seguido imediatamente de um tempo para substituição por uma outra equipe e vice-versa.

Regra XIII – Acrescentar

Art. 7º – BARREIRAS¹ – No momento do saque é proibido aos jogadores da equipe que irá dar o saque efetuar movimentos com os braços, saltar ou grupar dois ou mais jogadores, com objetivo de formar uma “barreira”, com intenção de encobrir o sacador.

Regra XX – Art. 1º – Acrescentar

Letra “c” – o fato de tocar a linha central, sem ultrapassá-la, não constitui falta.

Regra XXIV – Art. 3º – Acrescentar no final:

“Salvo no caso de uma equipe ficar incompleta em virtude de contusão de jogadores” (conforme Regra V, Art. 3º – Letra “d”).

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Comentário ¹ – Criada em 1952, era permitido aos atletas inclusive levantarem os braços. Em seguida esta permissão  (levantar os braços) foi abolida, mantida ainda a barreira. Em 59, abolida definitivamente.

 

 

 

Campeonato Mundial, Rio de Janeiro e Niterói.

Tendência em favorecer a defesa na tentativa de equilibrar as ações de jogo. Muito embora os russos, campeões, jogassem com somente um levantador (5×1), foram os japoneses que consagraram esta formação, o que facilitava suas combinações de ataques rápidos. Os soviéticos realizavam ataques com bolas predominantemente altas.

Características

Possivelmente uma das últimas competições internacionais em que a recepção pode ser realizada com emprego do toque (por cima). Nas seguintes, tem início a manchete, como verão a seguir. As equipes jogavam praticamente no sistema 4×2, exceto a URSS, que já empregava o 5×1. Foi a primeira participação do Japão, que inovou com o saque flutuante. As moças apresentaram maior precisão e por pouco não venceram as russas na decisão. Os rapazes jogavam com bolas rápidas e fintas ainda incipientes.

Sem dúvida, a equipe tcheca era a mais técnica de todas, fazendo jus à sua posição de campeã mundial (1956). Economizavam energia, utilizavam muito o bloqueio adversário (exploradas para fora) e seus ataques tinham direção certa, sem muita força. Perderam na final para a URSS.  A URSS predominou, por muito tempo, como a equipe de maior vigor físico e estatura. Tinha potência de ataque invejável, deslumbrando os espectadores com seu incrível bate-bola (aquecimento) com cortadas cravadas muito próximas à rede. Única equipe a jogar com um levantador (camisa 12, Georgy Mondzolevsky) e possuir o “melhor sacador” do mundial – o camisa 6, Yury Pojarkov – de saque balanceado (chamado americano), inclusive executando a corrida para a batida na bola. Era extremamente violento e dificílima a sua recepção, pois, lembramos, ainda não era empregada a manchete. E, recepcionar de toque era tarefa inglória, mesmo para os melhores passadores. Não houve emprego das cortadas de gancho, muito utilizadas no mundial anterior. Nosso único executante era Lúcio, que pouco atuou. E, ainda, não era permitida a invasão no bloqueio, fator que representava o maior índice de reclamações contra as arbitragens.

1964. Novas regras para o bloqueio: a invasão por cima durante o bloqueio ainda era proibida, mas permitido aos bloqueadores um segundo toque. Os primeiro torneios Olímpicos de Voleibol jogados em Tóquio (13 a 23 de outubro) contemplaram 10 equipes masculinas e 6 femininas. Estreia oficial do emprego da manchete.

1968. Recomendação do Congresso do México para a utilização das antenas como limite do espaço aéreo da rede, para facilitar as decisões da arbitragem (bolas por fora).

Saques – Altos tinham raros praticantes, embora as quadras favorecessem, pois eram raros os ginásios. Em 1953, Paulo Castelo Branco (Sírio e Libanês), sacava muito além dos refletores (o atual “jornada”). Os refletores eram colocados sobre a quadra de voleibol, “acompanhando” as linhas laterais, a uma altura relativamente alta. No Brasil da década de 40, alguns juízes proibiam a utilização deste saque, punindo com perda da vantagem, pois prejudicava a visão do recepcionador.

Recepção  

1960 – Utilização de excelente toque por cima até o mundial do Rio.

1962 – Surge a manchete; uso do toque em condições especiais (mundial de Moscou).

1964 – Utilização predominante da manchete (Olimpíadas de Tóquio); obrigatoriedade no Brasil de recepcionar de manchete; surpresa no Torneio Início carioca.

Defesa

1960 – De toque até o Mundial; alguns gestos com um dos braços e mão fechada.

1962   – Introdução da manchete em defesa de cortadas.

1964 – Utilização plena da manchete na Olimpíada.

Bloqueio

1964 – Até a Olimpíada de Tóquio somente no próprio campo; a partir daí, permissão para invadir após o ataque adversário; retorna a permissão para o 2º toque.

Bolas de Voleibol

História das Bolas de Võlei 

Bola com 12 gomos

Nos primórdios do esporte a bola tinha uma câmara de borracha e era coberta por couro ou lona. A circunferência media de 63,7cm a 68,6cm e o peso variava de 252g a 336g. As mais antigas eram de 12 gomos similares, inclusive com cordão, logo depois suprimido. Foram substituídas pelas de couro, costuradas  à mão, com 18 gomos hexagonais (G-18), da marca Drible, a bola oficial do IX Campeonato Brasileiro de 1960 realizado no Rio e dos Mundiais do mesmo ano. Como o solo das quadras era coberto de cimento liso, recomendavam-se alguns cuidados na sua conservação, inclusive cobri-las com fina camada de sebo de sela antes de guardá-las. Recomendava-se, ainda, não deixá-las molhar, pois retinham a água e passavam a pesar demasiadamente tornando-se impróprias para o jogo. Antes das partidas havia um acordo entre os capitães das equipes para a escolha da bola a ser usada, ainda que a recomendação oficial fosse a de que o time “da casa” providenciasse a melhor bola. Aliás, esta norma permaneceu para sempre.

Bola com 18 gomos, conhecida como G18.

Curiosidade. Recordo-me de um lance pertinente em 1981, por ocasião da partida entre o América e a Bradesco pelo campeonato carioca juvenil masculino. Éramos eu e Paulo Roberto de Freitas (Bebeto) os respectivos técnicos. Alguns instantes antes do jogo demos início à fase de aquecimento e bate-bola, mesmo sem a chegada da equipe visitante que logo chegou esbaforida, em cima da hora. No corre-corre, esqueceram de trazer o saco de bolas. Bebeto solicitou, então, a cessão de algumas para a sua equipe aquecer-se. Incontinenti, coloquei várias bolas à disposição de seus atletas. Ocorre que um deles, o levantador titular, muito saliente, pegou por sua conta a bola que estava sobre a mesa da súmula, entregue à arbitragem pela equipe com mando de campo. Imediatamente, recolhi a bola de suas mãos com a assertiva: “Esta é a bola de jogo; se minha equipe não deve usá-la, muito menos a equipe adversária”.

Regras Oficiais de Voleibol (1997-2000)

3. BOLAS

3.1 CARACTERÍSTICAS. A bola deve ser esférica, sendo sua capa feita de couro flexível e a câmara interior feita de borracha ou material similar. Sua cor deve ser uniforme e clara. A circunferência deve ser de 65 cm a 67 cm e o peso de 260g a 280g. A pressão interna deve ser de 0,30kgf/cm2 a 0,325kgf/cm2 (294,3mbar a 318,82mbar ou hPa) ou 0,423lb a 0,456lb.

3.2 UNIFORMIDADE DAS BOLAS. Todas as bolas usadas em uma partida devem ter as mesmas características no que diz respeito à circunferência, peso, pressão, tipo etc. As competições mundiais da FIVB devem ser jogadas com bolas aprovadas pela FIVB.

3.3 SISTEMA DE TRÊS BOLAS. As competições mundiais da FIVB devem ser jogadas com três bolas. Neste caso, seis boleiros ficam assim dispostos: um em cada ângulo da zona livre e um atrás de cada árbitro.

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O desenvolvimento do voleibol japonês foi acompanhado da indústria de material esportivo, inclusive pelas empresas fabricantes de bolas, que passaram a utilizar material sintético no seu fabrico. Após alguns anos, a Mikasa destacou-se nesse mister e obteve a primazia (concessão) da FIVB para a utilização de suas bolas em todas as competições oficiais promovidas pela Federação (ver Regra 3). Além do excelente material desenvolvido, o fabricante esmerou-se também na concepção da válvula, um dos pontos fracos da maioria dos concorrentes. As válvulas atingiram uma perfeição incrível, com excelente vedação, resolvendo todos os problemas pertinentes ao escape de ar e consequente manipulação para enchimento da bola. As filiadas têm autonomia para decidir que bolas utilizarem nos respectivos campeonatos regionais.

No Brasil, a bola era produzida por algumas poucas empresas – Drible, Rainha, Penalty – que, dependendo de negociações com a CBV, acertavam sua participação de exclusividade nos jogos de campeonatos. Entretanto, as bolas nacionais são fabricadas manualmente, possuem costuras entre seus gomos e sua câmara não adere ao couro de revestimento, provocando deformação em pouco tempo, inclusive o aumento de sua circunferência. Para atenuar o problema de enchimento/esvaziamento da bola, a Penalty, por exemplo, desenvolveu um tipo de válvula descartável (removível) com relativo sucesso.

A FIVB já recomendava que os jogos internacionais de sua promoção fossem realizados somente com bolas de fabricação da Mikasa, uma vez que suas características técnicas no fabrico eram inigualáveis e aceitas internacionalmente. Este fato redundou na decisão da CBV que, em NO nº24, de 12/5/75, deu o seu parecer sobre o assunto dizendo: “o volley-ball brasileiro somente pode adotar a bola japonesa”.  As) Dr. Ary da Silva Graça Filho, Vice-Presidente Técnico. (atual presidente da CBV)

No documento eram ressaltadas características da bola japonesa quanto ao fabrico em máquinas de fiação, com carcaça de cordel de náilon e pelica de revestimento aplicada eletronicamente, sem costura, redundando em maior tempo de uso. Além disso, resultaram num avanço das técnicas individuais e esquemas táticos: o revestimento e a estrutura da bola permitem imprimir um efeito especial ao vencer a resistência do ar, provocando o aparecimento de tipos de saque. A pelica, que possui maior aderência no contato, permitiu o aperfeiçoamento da sensibilidade do atleta durante o toque ou impacto. No que diz respeito à durabilidade, calculava-se para a bola japonesa um uso de 4-5 meses, enquanto a nacional, de um mês e meio a dois meses, respeitados, é claro, o tipo de piso, manejo e conservação, além do tempo de uso em treinos ou jogos.

A FIVB permanece sempre atenta aos perigos e nuances que a bola oferece aos atletas em função da evolução do jogo. Assim, frequentemente determina alterações físicas para maior proteção dos jogadores, especialmente no que se refere à pressão interna da bola, como em 1997, quando recomendou a sua redução. Até 2000 as bolas eram totalmente brancas e, a partir daí, a Federação facultou à empresa fabricante a inclusão de duas cores – azul e amarela. Peço licença para apresentar alguns aspectos desenvolvidos em relação à bola de voleibol no início do século XXI colhidos na Internet em tradução livre.

Nova tecnologia patenteada (desde 2005). O objetivo da Mikasa – fabricante de material esportivo – era desenvolver uma nova e revolucionária tecnologia de costura para combinar as duas vantagens da costura à máquina clássica e da costura manual. A empresa hoje é capaz de produzir com sucesso bolas incrivelmente mais bem costuradas graças a uma nova tecnologia, chamada TwinStLock. Os pontos foram melhorados através de costuras de alça dupla mais apertadas. As desvantagens das duas tecnologias tradicionais – a rigidez e o contato irritante com a pele – foram eliminadas. O novo material em couro sintético natural usado na bola (MVP200) é um produto macio e convencional que visa a atender as exigências e aspirações do esporte de alto nível, além de cumprir todos os requisitos de compatibilidade ambiental.

  • Vantagens. Os pontos são mais macios, estreitos e quase invisíveis; não há mais irritação da pele, especialmente para as crianças; durabilidade da bola aumentada de 30% a 50%; A bola permanece esférica e limpa.
  • Características. As cores são brilhantes e parecem transparentes em comparação ao couro natural; colorida com pigmentos, não há esmaecimento da cor na superfície. Fácil de cuidar, de limpar, não demanda a manutenção complicada do couro natural; as boas condições são mantidas por longo tempo. O material é adequado para o ambiente; não há liberação de dioxina, mesmo em sua queima.
  • Especificações:

Superfície – Maciez da lã natural de ovelha; camada de náilon superfino torna o toque macio para as mãos.

Camada de borracha – Macia, melhora o toque graças à camada de borracha natural uniforme sobre os fios reforçados.

Camada reforçada – (de fios enrolados) Menor quantidade de fios de náilon enrolados proporciona maciez, sem perda da esfericidade da bola.

Bexiga (câmara de ar) – Bexiga de borracha de butilo, apresenta retenção de ar superior.

A nova bola, produzida pela Mikasa, é mais leve do que a última versão, MVP200. O material de cobertura e o modo como foi costurado está totalmente diferente. Somente as linhas são coladas, não mais as camadas por completo. Segundo os dirigentes, as mudanças deixarão o modelo mais estável no ar (25.11.2007).

Modernidade. A fabricante brasileira de bolas Penalty anunciou (16.8.2006) que o projeto para desenvolver uma bola de vôlei “inteligente” entrou na fase final de testes. A bola será equipada com microprocessador que auxilia árbitros em lances duvidosos. A empresa investiu cerca de 2 milhões de dólares no projeto que envolve a inserção de um chip transmissor de sinais de rádio que indicam se ela caiu dentro ou fora da quadra. Além do chip na bola, um conjunto de sensores precisa ser posicionado na quadra para permitir a identificação dos lances difíceis de serem julgados “manualmente” pelos árbitros. Não tenho notícias sobre a conclusão do projeto.

Mundial de Paris (VII)

O Volley Nacional e o Mundial de Paris

As seleções contavam ainda com o apoio de Gil Carneiro que, além de representante da CBV junto à FIVB, era também correspondente dos Diários Associados, jornal que patrocinou sua ida para a cobertura do Mundial. Átila, mesmo cortado, viajou por conta própria simplesmente para assistir aos jogos. Vejam a crônica de Gil Carneiro no O Jornal sob o título O Volley Nacional e o Mundial de Paris:

“Seguiram os selecionados brasileiros para o Campeonato Mundial de Paris. Tiveram as seleções dois meses de treinamento com concentrações rigorosas em Volta Redonda e Agulhas Negras. As exibições de despedida que realizaram tiveram o dom de provar que infelizmente não iremos com a força máxima de nosso voleibol. De relance, podemos anotar as ausências de Selma, Lilian, Maria Lilia, Parker, Gilberto e Átila, que a Confederação justifica como medida de ordem disciplinar. Ora, nós que militamos no voleibol sabemos perfeitamente que tais ausências se dão somente por fatos políticos, devido ao ambiente que imperava na entidade, antes da posse do Professor Otacílio Braga. Empossado este, muita coisa mudou, mas o tempo foi curto demais para sentir em toda a sua plenitude o ambiente e perceber as injustiças. Atletas estão afastados devido a fatos insignificantes ocorridos no México; outros estão incluídos na delegação após terem feito coisa muito pior no Sul-Americano de Montevidéu.

A equipe brasileira presente ao Sul-Americano de Montevidéu,1956

– O que se viu no Maracanãzinho¹ na noite de 23?

O público, todo ele ligado ao vôlei e, a par das injustiças, demonstrou seu desagrado ao torcer contra os selecionados e vibrar com a derrota da equipe masculina. Insistem os dirigentes e o técnico Sami em afirmar que a derrota foi devida ao ambiente e ao despeito dos jogadores que integraram a seleção carioca. Absolutamente, pois ambiente muito mais adverso encontraram em Montevidéu e encontrarão em Paris e não foi pelo despeito que os guanabarinos venceram e sim por possuir elementos mais categorizados que, mesmo sem treinamento, tiveram capacidade para formar um conjunto mais harmonioso e se o jogo foi equilibrado, deve-se unicamente ao toque de bola defeituoso na defesa do saque, que redundou em numerosos pontos para o selecionado brasileiro.Os grandes males do selecionado masculino estão na baixa estatura de seus integrantes, no sistema empregado e ainda na falta de classe de alguns elementos, haja vista que o técnico não teve coragem de utilizar nada menos do que quatro jogadores que, obrigatoriamente, deveriam ser melhores do que os integrantes da equipe carioca. Dizemos mal do sistema empregado, não por não acharmos ideal, mas por não possuirmos elementos capacitados para empregá-lo. Os convocados não sabem ‘levantar’ muito bem, principalmente bolas na ponta, que precisam ser rápidas e não muito altas. E sem levantadas não há cortadas, não existindo ataque eficiente. E a baixa estatura anula praticamente o bloqueio, arma de defesa número um do vôlei moderno, pois ninguém se iluda que iremos defender cortadas dos americanos, russos ou mesmo mexicanos no fundo da quadra!Já o feminino carece unicamente de levantadoras. Não existem boas levantadoras no selecionado! O público assistiu foi ao show dado por Selma na defesa das cores da FMV. E esta moça foi afastada porque precisava de alguns dias para conseguir uma substituta no seu emprego; como era carioca, nada lhe foi concedido, enquanto Urbano só se apresentou em Agulhas Negras praticamente no fim da concentração! Mas é mineiro e a entidade estava sendo muito exigida pela Federação mineira. Caso Zezé, Neucy e Gilda acertem, existe esperança para o selecionado feminino. Iremos fazer a cobertura do certame mundial. Não conhecemos as equipes dos países da Cortina de Ferro, mas sabemos da fama de seu poderio. Vamos torcer pelo nosso sucesso e esperar que as deficiências sejam suplantadas e que o Brasil faça uma boa figura nesta sua primeira apresentação nas quadras europeias. De qualquer maneira, a lição nos será utilíssima e o nosso vôlei muito progredirá com os ensinamentos que lá iremos colher. E, finalmente, poderemos saber realmente como se ‘apita’ em voleibol”.

Arbitragem – Como se depreende, as queixas para o desenvolvimento técnico recaíam no aspecto das arbitragens que, como as equipes, se ressentiam de um maior intercâmbio. As jogadas de ataque conhecidas hoje como bolas chutadas seriam impossíveis no Brasil de 56, uma vez que a precisão esperada do levantador dependeria do seu toque na bola de uma forma dita carregada, impossível aos olhos dos árbitros. Tempestivamente assinalariam bola conduzida.

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¹ Amistoso contra um combinado carioca formado principalmente com atletas do Fluminense F.C.

História do Mini Vôlei (II)

Mini Vôlei no Brasil e no Mundo (II)

Tema: Introdução Natural do Vôlei na Escola.

 

3. A experiência alemã, por Gerhard Dürrwachter.

Métodos de preparação, iniciação e aperfeiçoamento do mini vôlei.

É importante combinar o aprendizado tático – através de jogos – com os fundamentos básicos para os iniciantes: jogos de menor importância não motivam como faz um jogo internacional de voleibol e jogos de menor importância proporcionam uma maneira mais prática de ensinarem táticas. través dos jogos os alunos aprendem tática; aprendem a antecipar; aprendem a cooperar na defesa e no ataque; aprendem que o sucesso depende da cooperação e do mais fraco elo da cadeia; aprendem através de “tentativas e erros”, mas é necessário o ensino direto do professor; são motivados para a iniciação; entendem que é necessário aprender os fundamentos básicos através de exercícios; ganham experiências, motivação e intensificam seu interesse.

Estratégia de ensino. Sequência de pequenos jogos, como pegar e arremessar por cima da rede; passar por cima e segurar; voleibol com saques; mini voleibol e voleibol de acordo com as regras internacionais. Notem que é um exemplo real para as escolas; muitos jogos podem ser cansativos; escolher os pequenos jogos de acordo com a capacidade dos alunos. A principal idéia do voleibol real deve ser dada através de simplificações e não interromper o jogo por causa de pequenos erros, porque isto perturba o envolvimento emocional da criança com o jogo. Durante o jogo é melhor usar palavras em códigos ou sinais para esclarecer os erros e não permitir a continuação dos mesmos. Todos os fundamentos básicos devem ser explicados claramente.

Metodologia. Considerações e passos metódicos para os exercícios técnicos: é muito difícil ou impossível ensinar a técnica corretamente através de jogos; exercitar os fundamentos básicos separadamente; é impossível simular o jogo exatamente apenas exercitando os fundamentos.

Exercícios. 1) É possível determinar os objetivos e os métodos do exercício; 2) é possível modificar os objetivos e os métodos de acordo com o desenvolvimento dos alunos; 3) durante o exercício é possível aumentar ou diminuir a intensidade do mesmo; 4) durante o exercício a vontade de aprender é mais forte do que durante o jogo, especialmente se os alunos conhecem a finalidade do exercício; 5) os exercícios permitem um aprendizado mais apurado.

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4. A experiência alemã, por Manfred Utz.

O professor deverá planejar suas aulas de acordo com as habilidades dos alunos. Ele não deve considerar apenas os aspectos físicos, mas também os aspectos sociais e pedagógicos. A pesquisa tem mostrado que há quatro pontos a considerar: o objetivo do aprendizado; o conteúdo; métodos de ensino; controle do progresso do aprendizado.

Objetivo do aprendizado: o aspecto psicomotor inclui as habilidades básicas (força, velocidade de movimentos, resistência e suas combinações), fundamentos técnicos e táticos, a serem desenvolvidos até o grau máximo individual. Incluir o desenvolvimento da coordenação e reflexos, não somente para o jogo, mas para a vida em geral.

Efeitos (longo prazo): há um importante aspecto na cooperação que os elementos sociais do jogo transferem para a vida do indivíduo: aceitação das regras, aprender a comparar seu grau de habilidade em relação aos outros etc. Além disso, satisfazer a necessidade de jogo e encorajar a força de vontade para o sucesso das atividades de grande esforço e, assim, dar-lhes o senso de satisfação.

Aspecto cognitivo: a criança deve ter um conhecimento das regras, técnicas e táticas referentes ao voleibol.

Conteúdo: os movimentos básicos, como correr, parar, cair, rolar e saltar, devem ser desenvolvidos. Igualmente, a habilidade, flexibilidade, elasticidade, reflexo e velocidade de movimentos. Força e resistência não são tão importantes para as crianças.

No aspecto técnico há três elementos básicos a desenvolver: o passe por cima, a manchete e o saque por baixo. O elemento tático a ser desenvolvido é a percepção da quadra no momento de dar e receber o saque. As regras do mini vôlei devem ser ensinadas às crianças.

Método de ensino

Ensino formal e informal: o ensino formal é o melhor método de aprendizado de técnicas enquanto que o ensino informal é a melhor maneira de se aproximar das habilidades básicas como correr, saltar, etc. Escolhi o método formal, porque as crianças alcançam a meta mais rapidamente e o método informal torna isso muito demorado, fazendo com que as crianças percam o interesse pelo jogo.

Jogos com regras adaptadas ao jogo propriamente dito. Apesar de as crianças conhecerem os fundamentos básicos, isto não significa que elas podem jogar. Deverão praticá-los na situação de jogo, através de estágio a estágio.

Controle do progresso do aprendizado: é importante para o professor saber que ele alcançou sucesso através de seus métodos. Deve usar testes para os aspectos psicomotor, cognitivo e social. É importante também para a criança avaliar seu próprio desenvolvimento (aspecto pedagógico) em relação aos demais.

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5. A experiência polonesa, por Czeslaw Wielki.

Em seu método, o professor vê três possibilidades de realizar seus objetivos:atividades obrigatórias, atividades opcionais (atividades obrigatórias a escolher entre as diferentes formas de educação física) e atividades opcionais não-obrigatórias (a escolher entre a educação física e outras atividades culturais). Em todo o complexo da educação física e do esporte educacional distinguimos certos graus ou progressos: atividades motoras de base, atividades com regras simples, atividades específicas aos esportes escolhidos e prática dos esportes (competição).

Observações. Durante nossa experiência de diferentes atividades na escola primária os alunos mostraram interesse espontâneo pela prática do basquete e do handebol. A  despeito da habilidade motora natural entre 7-8 anos as crianças não se interessavam pelo voleibol porque o mesmo exige uma habilidade motora especial para executar o passe, o saque ou a cortada; no início, trabalhamos com crianças de 8 anos. Tínhamos atividades motoras que iam diretamente ao voleibol, prestando atenção na sua habilidade geral e objetivando uma habilidade mais específica; iniciando a prática, induzimo-las a pequenos jogos de maneira a dar-lhes uma habilidade psicomotora geral e específica apenas suficiente para iniciá-las nos elementos de base do voleibol. Posteriormente, passamos a uma formação de base onde desenvolvemos as bases específicas de todos os elementos técnicos do voleibol através de um trabalho mais sistemático, induzindo-as a vencer em “grupo” ou “equipe”, sem considerar, entretanto, a apreciação de uma técnica perfeita. Aos 15-16 anos, orientamo-las à especialização, induzindo-as a jogar baseado nas suas características somáticas; as experiências relacionadas com as atividades esportivo-motoras escolar induziu-nos a sincronizar o desenvolvimento psicossomático das crianças com os estágios de formação afim de jogar com sucesso como os melhores jogadores. Esses estágios são separados a fim de tornar a compreensão mais fácil. Na prática, estão integrados completamente:

Estágio 1 – Preparação preliminar (7-8 anos até 11-12 anos)… convite e iniciação.

Estágio 2 – Formação básica (11-12 anos até 14-15 anos)… aprendizado, aperfeiçoamento, orientação, especialização.

Estágio 3 – Treinamento (depois de 14 anos)… exercícios leves (escolar), exercícios pesados (total).

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Na última postagem sobre o tema “Introdução natural do vôlei na escola” trarei para vocês os comentários das experiências suecas com Jorgen Hylander e Erik Skarback, e do holandês Jaap Tel. Aguardem.