XV Campeonato Mundial de Voleibol Feminino – Surpresa Checa

A atleta Ivana Pichotova da Rep. Checa é uma das musas do campeonato. Foto: Fivb/Divulgação.

Saques e bloqueios: as armas da surpreendente República Checa. 

O Terra acompanhou as duas partidas da equipe checa e traçou um perfil das características principais da equipe. Colaborou Celso Paiva, de Hamamatsu.

Uma incógnita dentro do Grupo B antes do início do Mundial Feminino de Vôlei, a seleção da República Checa se transformou em um azarão bastante indesejável para os dois adversários considerados mais fortes da chave: Brasil e Itália. Primeiro, a seleção brasileira suou muito para conseguir vencê-la na segunda rodada, resultado naquele momento apontado como surpreendente. Nesta terça-feira (2), foi a vez de as italianas sofrerem, mas sem a mesma sorte do Brasil saíram de quadra com uma virada impressionante tomada no tie-break.

Muralha
As duas gigantes meios de rede Pastulova e Plchtova, com 1,97m e 1,92m respectivamente, são a arma para facilitar a recepção das checas e ainda anular as principais atacantes adversárias. A importância da participação das duas pode ser vista nos números da competição: Plchotova é apontada atualmente como a melhor bloqueadora, enquanto Pastulova ocupa a terceira posição.

Bloqueio triplo checo contra as brasileiras. Foto: Fivb/Divulgação.

No duelo contra a Itália, Plchtova fez a incrível marca de 10 bloqueios na partida. “Ficou muito difícil passar pelo bloqueio delas, com certeza foi o que nos complicou mais”, afirmou a italiana Ortolani, maior pontuadora italiana na partida.

 Exterminadora

Tanto contra Brasil como contra a Itália, ficou comprovado que é difícil parar Havlichkova. Com um braço potente e cortadas fulminantes, principalmente no fundo da quadra, ela é a bola de segurança para virar um ataque quando o jogo está complicado. Segunda maior pontuadora da competição até o momento, a atacante checa fez a incrível marca de 34 pontos no duelo contra as italianas. “É o meu trabalho, não é importante que eu tenha feito 34 pontos e sim que o time todo rendeu bem. Foi um sonho ganhar da Itália”, disse.

Foto: Fivb/Divulgação

Saques forçados
O último quesito que faz a equipe ter um bom desempenho é o saque forçado. Contra o Brasil, Jaqueline sofreu com a recepção. No duelo desta terça-feira, foi a vez de Piccinini ser a vítima principal no quesito. Neste fundamento, a República Checa deixa a cargo de Muhlsteinova e da levantadora Barborkova a função de desmontar a defesa adversária.

Notem bem: em outra oportunidade falaremos o que vem a ser “saque forçado”. Mas, até lá, não deixem de ler sobre “saque tático”, já comentado no Procrie.   

 

 

História. E por falar na altura das atletas checas Pastulova e Plchtova, lembrei-me de uma história que vai publicada no meu livro “História do Voleibol no Brasil”, vol. I, ainda no prelo.

Caça Talentos.  No início da década de 70, José Gil Carneiro de Mendonça empreendeu uma verdadeira revolução na equipe de voleibol feminina do Fluminense F. C., no Rio de Janeiro. Teve início uma operação de recrutamento de talentos. A preferência recaiu em moças com idade de 16 anos, altas e que se dispusessem a enfrentar a maratona de treinos e jogos que adviriam daí. No Rio, várias atletas se transferiram para o clube e em anos subsequentes, atraídas pelo sucesso do empreendimento e as perspectivas de grandes jogos, principalmente no exterior. Anna Lílian, um destaque surgido em Brusque, no Estado de Santa Catarina, foi também convidada e aceitou vir para o Rio (1967). Eunice Rondino e suas irmãs, Ivani e Cidinhas, todas no Botafogo, também se transferiram para o clube tricolor. Teve ainda a contribuição de Célia Garritano, que atuava pelo Tijuca T. C. e assídua atleta da seleção brasileira. Foi uma verdadeira garimpagem nos clubes, embora “nenhuma das atletas jamais recebeu dinheiro para jogar”, afirma Gil. Pela primeira vez no Brasil surgiria a figura do preparador físico especializado, o Professor e Comandante, Manoel Tubino.

Jogos e treinos. Eram diários (17h às 22h), inclusive aos sábados e domingos, estes com menos cargas. Para que não houvesse problemas com horários escolares, foi providencada bolsa de estudo para todas as atletas em colégio. Em todo período de atuação do projeto, foram visitados 36 países. A primeira excursão foi realizada pela América do Sul, tendo como destinos o Uruguai e a Argentina. Em outra oportunidade, Chile, Uruguai, Paraguai, Argentina e Peru. Mais tarde foram visitados Estados Unidos, Japão, Holanda, Alemanha (ambas), Bélgica, Suíça, França, Bulgária e Turquia. Na terceira vez, jogaram no Japão, Polônia, França, Espanha e Tcheco-Eslováquia. Na foto, do acervo da atleta Anna Lílian, ela comentou: “Como são altas as tchecas”!

Voleibol no Rio

International Volley Ball Review – 1949

José Gil Carneiro de Mendonça, o maior incentivador do voleibol do Brasil durante muito tempo, produziu relato das principais atividades no ano de 1949 para a revista International Volley Ball Review. Veja o resumo de suas apreciações:  

1.  No Distrito Federal (cidade do Rio de Janeiro), há 9 diferentes campeonatos com 9 divisões, sendo 6 masculinas e 3 femininas.  

2.  Campeonato Brasileiro (Extra) realizado em São Paulo (SP):

                         Masculino                                   Feminino

1º.                Distrito Federal                             São Paulo

2º.                São Paulo                                     Distrito Federal

3º.                Minas Gerais                                Estado do Rio

4º.                Estado do Rio                               Minas Gerais 

3.  Campeonato Universitário Brasileiro (somente masculino) disputado em Salvador (BA).

          1º.  Distrito Federal;   2º.  Minas Gerais;   3º.  Pernambuco.

4.  Torneio do E. C. Pinheiros, São Paulo, pelo 50º aniversário de sua fundação.

                       Masculino                                         Feminino

1º.          Fluminense F. C. (Rio)                       E. C. Pinheiros

2º.          E. C. Pinheiros (São Paulo)               Fluminense F. C.

3º.          C. A. Paulistano (São Paulo)             C. R. Icaraí (Estado do Rio)

4º.          T. C. Paulista (São Paulo)                 Minas T. C. (Minas Gerais) 

5.  Destaques:

  • O Campeonato Sul-Americano nunca foi realizado por falta de competidores. O Brasil foi sempre o único a propugnar a sua realização.
  • Durante um mês a seleção paraguaia realizou amistosos em S. Paulo e no Rio.
  • O Fluminense (e não o scracht brasileiro) realizou tour pela Argentina e Uruguai.
  • Aguarda-se o início do Campeonato de Praia – sextetos masculino e feminino – organizado pelo Jornal dos Sports com mais de uma dezena de equipes. 

6.  Campeonatos Regionais – 1949

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Cidade/Estado                                          Campeão                 Vice-campeão

Rio de Janeiro (Distrito Federal)

   Masculino       1ª Classe         C. R. Flamengo          Fluminense F. C.

                           2ª Classe        Tijuca T. C.                 Fluminense F. C.

                            3ª Classe        Fluminense F. C.       Tijuca T. C.

   Feminino        1ª Classe          Tijuca T. C.                Fluminense F. C.

                           2ª Classe         Fluminense F. C.      Tijuca T. C.

 Niterói (Estado do Rio de Janeiro)

Masculino                                  Clube Tatuís              Icaraí P. C.

Feminino                                   C. R. Icaraí                 Icaraí P. C. 

São Paulo (São Paulo)

Masculino      1ª Classe            C. A. Paulistano         E. C. Pinheiros

                        2ª Classe          E. C. Pinheiros           C. A. Paulistano

Feminino        1ª Classe           E. C. Pinheiros           C. A. Paulistano 

Belo Horizonte (Minas Gerais)

Masculino                                 Atlético                        Olímpico

Feminino                                  Minas T. C.                 América 

Porto Alegre (Rio Grande do Sul)

Masculino                                 Y. N. C. A.

Feminino                                  S. O. G. I. P. A.

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