Evolução das Regras do Voleibol – Praga, 1949 (4)

Modificações Introduzidas no Volleyball

Os assuntos a serem vinculados hoje sobre as modificações introduzidas nas regras de volleyball por ocasião do Congresso Internacional de Praga, transcritos dos artigos do Prof. Paulo Azeredo em número de dois são os seguintes: Bloqueio (com o gráfico demonstrando a troca e o deslocamento) e Instrução Durante os Pedidos de Tempo.

Bloqueio – Instruções Durante os Pedidos e Tempo

Bloqueio – Apesar de não ter havido modificações na regra, havia dúvida e má interpretação quanto à execução do mesmo. Em primeiro lugar havia dúvida quanto à permissão para a troca o que causou grandes divergências por ocasião do Congresso do Campeonato Brasileiro de Volleyball. Os mineiros como só possuíam levantadores baixos, exigiam a troca, a ponto de a mesma ser permitida no campeonato brasileiro realizado em Minas, em 1946. Já em 1948, quando o campeonato brasileiro foi realizado em São Paulo, a pretensão dos mesmos encontrou obstáculos, pois cariocas e paulistas eram contra a troca. Depois de muito discutir achou-se uma fórmula intermediária, a qual chamamos “deslocamento”, sem propriamente ter havido troca de jogadores. Deslocamento esse que só era iniciado quando o levantador do quadro pegava a bola. O que aqui narramos está lavrado na ata do Congresso Brasileiro de Volleyball, no qual tomamos parte como representante do Distrito Federal. A troca era feita de acordo com a origem do ataque adversário. No deslocamento o cortador (ataque direito) recuava tomando o lugar do defesa centro e o defesa centro fechava o claro deixado pelo ataque direito.

Outra dúvida existente era quanto ao bloqueio duplo. Alguns juízes achavam que como iam dois na bola dever-se-ia considerar dois toques a ponto de muitos jogos realizados no campeonato carioca sofrem esta interpretação. Atualmente é ponto pacífico a questão do bloqueio, assim a troca é permitida e, no bloqueio duplo ou triplo, é considerado um só toque (porém  nenhum dos jogadores que o efetuaram pode tocar na bola em seguida, sob pena de ser considerado dois toques). Quando a bola não é tocada por nenhum dos jogadores que efetuaram o bloqueio, como por exemplo, no caso da clássica largada, qualquer um dos mesmos pode pegá-la sem que isto constitua falta.

Atualmente é permitido aos técnicos dar instruções durante qualquer interrupção (tempo para descanso, para substituição ou entre os ‘sets’), mas estes não podem entrar em campo. É vedado ao jogador sair de campo ou conversar com terceiros.

Comentário do Procrie – Observem as marcações no solo da quadra – linhas de ataque e de centro -, facilitando a observância da Regra pertinente à colocação inicial (de rodízio) dos atletas.  

Bloqueio duplo – Além disso, foi destaque na imprensa carioca a “descoberta” da nova CHAVE – uma atitude tática – de bloqueio no campeonato da cidade de 1946, quando Paulo Azeredo era o técnico do Fluminense. Vejam o noticiário. 

Foto: acervo José Gil Carneiro de Mendonça

Chave inédita – “Como noticiado pela imprensa, fazendo jus à foto, os atletas do Fluminense empregaram uma nova “chave” de bloqueio: o bloqueio duplo. A chave parece ter dado certo ao longo de todos esses anos. Lembrando que já a partir de 1938 os tchecos introduziram os bloqueios nas regras baseados no conceito de “bloquear por um ou dois jogadores adjacentes”. Por quase 20 anos o bloqueio foi uma parte do jogo NÃO incluído nas Regras. Foram imediatamente seguidos pelos russos, uma vez que o novo invento facilitava sobremaneira a tarefa dos defensores.”

Assim, conclui-se que Paulo Azeredo já vinha empregando a nova chave desde 1946. Sua divulgação no Brasil, ao que parece, demorou algum tempo e serviu a alguns interesses como vimos em relação aos mineiros em campeonatos brasileiros, onde as Regras eram discutidas.

 

Poderão ilustrar-se ainda mais sobre o tema visitando “Evolução Tática no Voleibol (II)”: 

 

Evolução das Regras do Voleibol – Praga, 1949 (1)

 Da mesma forma como feito em 1951, estaremos reproduzindo a série de artigos publicados em um jornal carioca (não encontramos qualquer referência, inclusive do autor) referentes aos comentários do professor e técnico de voleibol Paulo Azeredo. Tal achado faz parte do acervo da família para o qual temos a primazia e autorização para a sua publicação. Mantivemos na íntegra o texto original, inclusive ilustrações. Como é extenso, também nós publicaremos a matéria obedecendo aos mesmos critérios do jornal.

Boas leituras!

 

Fonte: Acervo Paulo Azeredo, ANO 1951  – Pág. 50, Publicado no Jornal… (?)

Palavras-Chave (Tags): Mudanças nas Regras: Campo e Ordem de Saque – Interpretação e Arbitragem – Mundial de Praga, 1949 (Tcheco-Eslováquia, atual Rep. Tcheca)

Modificações Introduzidas no Volleyball

“No intuito de melhor informar nossos leitores e no de esclarecer certas dúvidas relativas à aplicação das regras de volleyball, passaremos a transcrever, na medida do possível, uma série de artigos sobe as modificações introduzidas nas regras de volleyball, por ocasião do Congresso Internacional de Praga, realizado entre 13 e 15 de setembro de 1949. Estes artigos são de autoria do prof. da E. N. E. F. D. , Paulo Azeredo, sem dúvida alguma, um profundo conhecedor desse esporte e que exerce, no momento, as funções de preparador técnico das representações do Fluminense F. C., que estão intervindo nos certames da F. M. V. Iniciando essa série publicaremos, hoje, os seguintes tópicos: Campo (marcação antiga e moderna), e Ordem de Saque. (ENEFED = Escola Nacional de Educação Física e Desportos; FMV = Federação Metropolitana de Volley-Ball)

Campo

A primeira modificação foi feita em relação à marcação do campo em zonas. Como é sabido no momento do saque os jogadores devem encontrar-se dentro das mesmas. Enquanto na marcação antiga o campo era dividido em seis zonas, o atual o é só em três, retangulares: nestas devem encontrar-se os jogadores no momento do saque, sendo que o atacante deverá estar sempre à frente do jogador de defesa de sua respectiva zona. Isto veio permitir maior deslocamento dos jogadores dentro das mesmas. Poderão movimentar-se dois a dois no sentido de profundidade sem que os outros das outras zonas sejam prejudicados. Inicialmente, isto se prestou a uma confusão por parte dos juízes, pois alguns achavam que esta movimentação era limitada de acordo com a colocação dos jogadores das outras zonas, quando na verdade uma independe da outra. Diziam estes (os juízes) que os jogadores da primeira zona ou esquerda, quando recuavam, o atacante esquerdo não podia ficar atrás do defesa centro e assim por diante. Ora, lendo-se e interpretando-se a regra, vê-se que o espírito da mesma não é este, levando-nos a acreditar que tenha havido má interpretação e confusão por parte dos mesmos (juízes). Ainda com referência à marcação do campo vemos uma linha paralela à linha central, traçada a três metros desta, chamada linha de ataque, o que nada tem a ver com as zonas retangulares no momento do saque, e sim, somente com a relação ao ataque, o que trataremos em ocasião oportuna.

Precisamos não esquecer que o deslocamento dos jogadores só é permitido em profundidade e nunca para os lados, de modo a invadir as outras zonas. É interessante  lembrar que uma vez batida a bola por ocasião do saque, qualquer movimento dos jogadores dentro da quadra é permitido. Não é preciso que a bola ultrapasse a rede para que o sacador entre na quadra como muitos ainda julgam. Também, em se tratando de campos cobertos (ginásios) a altura mínima foi modificada: enquanto a antiga era de cinco metros, a atual é de sete.

Ordem de Saque

É muito comum, principalmente quando é conhecido o jogo (a maneira de atacar, bloquear etc.) dos adversários, nenhum dos dois quadros se colocar em campo primeiro para dar ordem de saque. Antes, a regra nada dizia a respeito, de modo que o jogo não se iniciava até que se entrasse em um acordo, ou que um cedesse, fazendo com que algumas vezes o jogo fosse retardado de cinco, dez minutos e às vezes mais. Com a nova regra vemos sanado o atraso na entrada dos quadros em campo, pois a mesma diz que: “antes de cada ‘set’ os capitães são obrigados a fornecer a ordem de saque ao apontador”.

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Em próxima postagem, as modificações que tratam  do Saque, Troca de Campo, Colocação dos Reservas e Técnicos e Gráficos da Marcação do Campo. Aguardem.

Comentários do Autor: História do Voleibol no Brasil, 2 vol.; Pimentel, Roberto Affonso; no prelo.

Como se Jogava Voleibol no Brasil na Década de 40

Saque – Área de saque: 1,80m de profundidade e 3m de largura. Os dois pés tinham que estar atrás da linha de fundo até que a bola fosse golpeada, inclusive não poderia estar no ar. Não era válida a cortina ou barreira, entre o sacador e a outra equipe. Proibido o saque conduzido (preso) ou carregado. Em 1949, atletas tchecos surgem com novo tipo de saque de trajetória alta (no Brasil, paraquedas e, depois, jornada nas estrelas), além do que alguns pesquisadores relatam a existência também nessa década de um tipo de saque executado pelos americanos denominado spin service com idêntica característica. O tchecos repetiriam esse mesmo saque no México, em 1968, em partida contra a seleção japonesa.

Toque – Tinha que ser limpo e, na defesa, foi proibido conduzir ou carregar a bola. Contatos múltiplos só eram permitidos para os jogadores próximos à rede (parte anterior da quadra). Esses contatos poderiam ser com qualquer parte do corpo, acima dos joelhos e também nos bloqueios.

Contato com a rede – Considerava-se falta se o jogador fosse tocado pela rede como resultado de uma forte cortada, exceto no caso da terceira jogada.

Bloqueio – Só podia ser feito por um ou dois jogadores de ataque. Estava proibido o bloqueio triplo. Ainda assim, no bloqueio duplo, era falta se efetuado por jogadores que não estivessem em posições adjacentes. Assim, jogadores das extremidades da rede não podiam bloquear juntos. Por quase 20 anos o bloqueio foi uma parte do jogo NÃO incluído nas regras.

Jogo – As partidas eram disputadas em dois jogos – “primeiro e segundo jogo”. Se houvesse necessidade de um “terceiro jogo”, de desempate, a equipe com a pontuação mais baixa poderia solicitar “troca de quadra” quando a equipe contrária tivesse feito o oitavo ponto. O jogador que estava no saque continuava sacando após a troca. Ainda não era registrada a nomenclatura set.

Troca de Posição As regras do jogo – americana e europeia – foram harmonizadas em 1947. Somente jogadores da linha de frente (ataque) podem trocar de posição para atacar e bloquear. A quadra com as medidas de 9m x 18m; e a altura da rede estabelecida em 2,43m para homens e 2,24m para mulheres. Somente na Ásia as regras eram diferenciadas: ”a quadra medindo 21,35m x 10, 67m, e a rede medindo 2,28m para homens e 2,13m para mulheres; não havia rotação dos jogadores na quadra, onde atuavam 9 atletas em três linhas”.

Infiltração  O primeiro Campeonato Mundial masculino foi realizado em Praga (1949) e vencido pela Rússia. Foi a primeira vez em que um jogador (russo) de defesa infiltrou para realizar um levantamento para três atacantes (origem do 5×1).

Novas Regras – Após a guerra, em 1949, as regras foram reescritas e simplificadas para facilitar a interpretação. Em particular, uma melhor definição da ideia de bloqueio, e a zona de saque limitada. Também estabeleceram que cada um dos jogadores se colocasse em suas respectivas posições durante o serviço; os pontos consignados incorretamente por um sacador deveriam ser anulados; os contatos simultâneos de dois jogadores deveriam ser considerados como um só toque; tempos para descanso seriam de um minuto, exceto em caso de lesão (até 5 min); e o tempo entre um set e outro foi fixado em 3 minutos.

Vôlei de Praia  Realizado o 1º torneio de vôlei de praia 2×2 em 1948.

Olimpíadas – Em 1949, o Comitê Olímpico Internacional negou a inclusão do voleibol nas Olimpíadas.

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Evolução e História do Voleibol

(Clique no desenho)
Fonte: Fivb, Josebel G. Palmeirim, Roberto A. Pimentel – Arte: Michel Maron.

 

Menção honrosa. Com base principalmente nos dados fornecidos pela Fivb faço um retrato da evolução do voleibol no mundo desde sua criação em 1895 até o final do séc. XX. O meu agradecimento ao professor e excelente árbitro Josebel G. Palmeirim, que dedicou sua vida à nobre função com maestria, tornando-se um dos melhores árbitros do Brasil e da Federação Internacional. Atualmente é o presidente da COBRAV, Comissão Brasileira de Arbitragem de Voleibol, e também diretor de cursos da Fivb. Veja a seguir noticiário argentino: “Comenzó este martes (11.8.2010), en el CeNARD, el 1º Curso para Candidatos a Árbitro Internacional, organizado por el Centro de Desarrollo Regional del Voleibol FIVB de la Argentina, que se llevará a cabo hasta el 16 de agosto. En la ceremonia inaugural estuvieron presentes el Subsecretario de Deportes de la Nación Marcelo Chames, el Presidente de la Confederación Argentina de Deportes Carlos Speroni, el Director del CDRV de la Argentina Gabriel Salvia, el Presidente de la Federación Metropolitana de Voleibol, Vicente Finelli, el Director del curso, el brasileño Josebel Palmeirim, y el instructor FIVB de Argentina, Juan Ángel Pereyra. Son en total 19 asistentes de 11 países (Argentina, Aruba, Canadá, Irán, México, Paraguay, Perú, Serbia, Uruguay, Estados Unidos y Venezuela) los que participan de esta primera intervención del CDRV FIVB de Argentina en el arbitraje”.    

Josebel Palmeirim, o 3º da esquerda para a direita. Foto: Galeria FeVA, Cursos del CDRV.

 

 Volley-Ball Centenário. Devemos reconhecer os esforços da Associação Cristã de Moços – ACM para que o voleibol se difundisse por todo o mundo. Entretanto uma parcela desse mérito se deve às Forças Armadas americanas também responsáveis pela explosiva promoção do jogo, tanto fora como dentro do país. Acompanhem os relatos passo a passo.         

Cronologia           

1895 – A ACM contribuiu para o mundo esportivo com a criação de dois jogos – basquete e voleibol – que depois de cinco décadas tornaram-se populares em todo o mundo. Em 1895, na cidade de Holyoke, Massachusetts, William G. Morgan, diretor de Educação “Física da YMCA – Young Men’s Christian Association –, desenvolveu a idéia de um jogo num pátio. Chamou-o de Mintonette. Para isto, estendeu uma rede de tênis no meio de um ginásio, numa altura aproximadamente de 1,90m acima do solo e dividiu ao meio o espaço (quadra) de 15,20m. Pensou em incorporar ao seu novo jogo elementos do tênis, beisebol e handebol. O jogo começava, então, com uma saída (saque) por sobre a rede e, para tanto, foram concedidas três ”saídas“ a cada sacador, antes de se permitir ao time adversário que sacasse. Quando a bola batia no chão, ou quando o jogador falhava ao passar a bola por sobre a rede, resultava isto numa “saída” ou saque para o adversário. Como a bola permanecia em contínuo vaivém, basicamente um voleio, o novo jogo foi batizado de VOLEIBOL (A.T. Halstead, professor do Springfield College).           

1896 – Após uma demonstração na ACM, vizinha de Springfield, o nome “Mintonette” foi substituído por “Volleyball”.           

1900 – Expandido para Dayton, Ohio. Várias experiências foram realizadas e, nesse ano, a Associação dos Diretores de Educação Física da ACM adotou um novo conjunto de regras: a rede subiu para 2,13m; foram eliminados os turnos e padronizaram a bola; o “jogo” (set) seria jogado em 21 pontos. As regras foram modificadas por W. E. Day que, depois de aceitas, foram publicadas. O Canadá foi o primeiro país estrangeiro a adotar o voleibol.           

1906 – Cuba descobre o voleibol nesse ano graças a Augusto York, um oficial das Forças Armadas dos EUA. 

1907 – O voleibol passa a ser considerado um dos jogos mais populares ao ar livre. 

1908 O voleibol chega ao Japão por Hyozo Omori, um graduado do Colégio Springfield, que realizou a primeira demonstração das regras do novo jogo na ACM de Tóquio.  

1910 Tem início também na China com Max Exner e Howard Crokner; jogavam até 21 pontos com 16 jogadores de cada lado. No mesmo ano, Elwood Brown (diretor nacional de Educação Física da ACM) foi convidado pela Divisão de Trabalho Estrangeiro para ir às Filipinas a fim de promover o voleibol além mar; em apenas dois anos organizou os primeiros Jogos do Extremo Oriente, em Manila, com times representativos da China, Japão e Filipinas. Nos EUA, deu-se um ímpeto decisivo no jogo por Prevost Idell, também um diretor da ACM de Germantown. Em muito pouco tempo existiam 5 mil campos de jogo públicos e particulares. Na América do Sul, a modalidade foi inaugurada oficialmente nesse ano, no Peru.         

(continua…)

Glossário (V)

 

REDE: Divide a quadra em duas áreas ocupadas pelas equipes contendoras.   

  1. Altura – Medida do solo à extremidade superior; atual: 2,43m (masc) e 2,24m (fem).
  2. Banana – Bola que toca a rede no bordo superior e ultrapassa para a quadra adversária.
  3. Entrada (de) – Posição IV (do atleta); extremidade esquerda de ataque.
  4. Espaço aéreo – Espaço livre.
  5. Espaço livre – Espaço acima da área de jogo livre de osbtáculo (mínimo de 7m).                                                                                                                    
  6. Extremidade (ou ponta) – Lateral extrema da rede; próxima à antena. 
  7. Faixa (lateral) – Delimita extremidade da rede (1976).
  8. Medir (a) – Aferir altura regulamentar.
  9. Meio – Posição intermediária.
  10. Montar (a) – Preparar para o jogo; armar ou esticar entre os postes.
  11. Saída – Posição II (do atleta); extremidade direita de ataque.
  12. Tocado (pela) – Resultado de forte cortada.
  13. Tocar (na) – Contato com a rede é falta; exceto acidentalmente (1994).

 SAQUE: Ação de colocar a bola em jogo pelo jogador defesa-direito posicionado atrás de linha de fundo (zona de saque). Primeira manifestação de ataque. 

  1. Americano (tipo) – Balanceado, executado de lado para a rede (equipe americana, 1955).
  2. Americano (com corrida) – Balanceado, com deslocamento em direção à quadra.
  3. Área (ou zona) – Atrás da linha de fundo; variou de 3m para os atuais 9m.
  4. Ataque ao saque – Proibido com a bola na zona de ataque e acima do bordo superior da rede (1984).
  5. Balanceado (japonês) – Bola tocada com movimento circular do braço; bola “sem peso” ou flutuante. (ver Flutuante)
  6. Bloqueio (de saque) – Proibido a partir de 1984. (ver Ataque ao saque)
  7. Caçar (jogador) – Tático; dirigido ao jogador deficiente na recepção.
  8. Carregado – Preso ou conduzido.
  9. Colocado – Ver Tático.
  10. Com corrida – Com deslocamento atrás da linha de fundo.
  11. Com defeito – Imperícia do executante.
  12. Com efeito – (inglês, spin serve) A bola ganha velocidade graças ao efeito produzido, dobrando-se o pulso no momento do contato (giro sobre o próprio eixo).
  13. Com força – Forte, violento.
  14. Com salto – Execução mediante salto anterior do atleta. (ver Viagem)
  15. Conduzido (preso) – Sem soltar a bola.
  16. De costas – Atleta coloca-se de costas para a quadra adversária antes da execução.
  17. Direito (de saque) – Ganho pela equipe que marcou um ponto.
  18. Tentativas – Facultadas 2 tentativas na execução, a exemplo do tênis.
  19. Flutuante – Ver Balanceado.
  20. Japonês – Ver Balanceado.
  21. Jornada (nas estrelas) – Trajetória muito alta e, com efeito; bola atinge altura de 25m. (ver paraquedas e spin service)
  22. Lateral – Por baixo, com o executor de lado para a quadra.
  23. Paraquedas – Empregado em 1949-50 (tchecos); altura da trajetória da bola de 8m. (ver Spin service e Jornada)
  24. Por baixo – Executado no nível da cintura.
  25. Por cima – Executado acima do nível dos ombros.
  26. Preso – Execução sem soltar a bola. (ver Conduzido)
  27. Queimar – Bola que toca a rede.
  28. Recepção (do) – 1º toque da equipe após execução do saque adversário.
  29. Sacador – Atleta que momentaneamente ocupa a posição I (defesa-direito)
  30. Saque alto – Trajetória da bola é alta.
  31. Sem peso (balanceado) – Pode ser realizado mesmo com o tipo tênis, ou por baixo.
  32. Serviço – Do inglês service; saque.
  33. Spin service – (inglês) Executado pelos americanos na década de 40, precursor do jornada. (ver Pára-quedas e Jornada)
  34. Tático – Colocado; dirigido a uma determinada área ou atleta.
  35. Tênis – Tocar a bola com uma das mãos acima da linha dos ombros.
  36. Tocando a rede – Permissão a partir de 1995.
  37. Viagem (ao fundo do mar) – Jogador lança a bola para o alto e para frente e, com salto, bate nela em direção à quadra adversária.
  38. Zona de – Inicialmente, delimitada em 3m (1948); posteriormente, em 9m (1994).

  (continua)

Evolução do Jogo e Linguagem (I)

Praxiologia

A Praxiologia é “uma ciência ou teoria epistemológica que estuda as ações humanas, o comportamento e suas leis, induzindo conclusões operacionais”. Neste instante ela nos propõe a realização de uma verdadeira radiografia do jogo de voleibol quando buscamos desvendar seus segredos e sua riqueza gestual. Como participante e observador privilegiado, mostro aos leitores as ações motrizes, os relacionamentos e o íntimo dessa atividade.

Expressão corporal. Para tanto, sirvo-me da contribuição de Jean Le Boulch que nos ensina que o ato de se expressar consiste em exteriorizar uma ideia e um sentimento por uma reação corporal inconsciente, mas controlada, possuindo um caráter de evidência para o interlocutor. Apesar das possibilidades de inibição e de controle que se podem exercer sobre a mímica e a gestualidade, apesar das possibilidades de simulação e de dissimulação, a expressão do corpo revela mais sobre a pessoa do que a expressão oral. A atitude positiva ou negativa para com outrem se manifesta necessariamente por reações tônicas que se inscrevem nos músculos do rosto: “Olha a cara que ele fez!”. Concluindo ele nos fala:  

 “(…) A expressão somática e, particularmente, as variações tônicas traduzem fielmente as reações afetivas e são, portanto, significativas do modo como é vivida a relação consigo mesmo e com outrem. O homem é inseparável da expressão pela qual ele se revela a outrem”.

Realizando certos gestos, os indivíduos fornecem indícios a outros indivíduos que lhes respondem. É desse modo que o comportamento não verbal aparece como um elemento importante da comunicação e da percepção de outrem. Nessa troca de pessoa a pessoa, a linguagem oral e a linguagem gestual estão intricadas; a linguagem por gesto reforça na maioria das vezes a linguagem falada e acentua-lhe o lado expressivo. Esta associação da palavra e da mímica decuplica as possibilidades de projetar-se e de expressar-se. Mas, inversamente, a existência destas duas linguagens complementares pode acarretar discordâncias voluntárias ou inconscientes: às vezes a mímica trai sentimentos desmentidos pelas palavras.

Evolução do Jogo. Faço um alerta aos leitores mais jovens para que estejam atentos à terminologia que encontrarão nos textos a seguir. Muitos termos traduzem a concepção, a forma e até a técnica empregada no voleibol desde longa data. É evidente e praticamente impossível realizar um glossário completo, mas como base para um trabalho mais exaustivo de mestrandos – voleibol ou linguística – creio que já é um bom começo. Peço desculpas aos meus leitores de outras regiões deste nosso imenso Brasil por só ter contemplado termos utilizados no Rio de Janeiro, mas como sabem, é aqui a “minha praia”. Assim sendo, acompanhem-me nesse périplo e ajudem-me na recordação dos fatos. 

Comunicação em Voleibol. No glossário procuro traduzir diversos aspectos de comunicação nesse relacionamento entre os personagens, pois para entendermos a fala de alguém não é suficiente que entendamos suas palavras, mas temos que compreender o seu pensamento e, mais ainda, precisamos conhecer a sua motivação: “entre a palavra e a intenção existe um grande abismo”.  Há uma estreita relação entre o pensamento e a palavra num processo vivo, uma vez que o pensamento nasce através das palavras. Porém, esta relação não é algo já formado e permanente; surge ao longo do desenvolvimento do indivíduo e também se modifica.

Entendimento. O entendimento mútuo pode ser obtido por meio de uma fala completamente abreviada quando duas mentes se ocupam do mesmo sujeito. Ao contrário, mesmo com a fala integral, pode ocorrer a falta total de entendimento, uma vez que os pensamentos das pessoas seguem trajetórias diferentes. Quaisquer pessoas que atribuem significado diferente à mesma palavra ou que sustentam pontos de vista diferentes não conseguem se entender. Como Tolstoi notou, “aqueles que estão acostumados ao pensamento solitário e independente não aprendem com facilidade os pensamentos alheios e são muito parciais quanto aos seus próprios; mas as pessoas que mantêm um contato mais estreito aprendem os complexos significados que transmitem uma à outra, por meio de uma comunicação lacônica e clara, que faz uso de um mínimo de palavras”. (Vigotski)

Sentido da palavra. As palavras têm um significado definido e constante, mas num determinado contexto podem adquirir um sentido intelectual e afetivo muito mais amplo; esse enriquecimento que o sentido lhes confere a partir do contexto é a lei fundamental da dinâmica do significado das palavras. Dependendo do contexto, uma palavra pode significar mais ou menos do que significaria se considerada isoladamente: a) mais, porque adquire um novo conteúdo; b) menos, porque o contexto limita e restringe o seu significado. Além disso, a inflexão revela o contexto psicológico dentro do qual uma palavra deve ser compreendida. Quando o contexto é claro fica possível transmitir todos os pensamentos, sentimentos e até mesmo toda uma sequência de raciocínios em uma só palavra. (Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem, Vygotsky, Luria, Leontiev, 1988)

(continua)

 

Evolução do Jogo e das Arbitragens (I)

Influência das arbitragens nos jogos   

Nesses textos confundem-se Arbitragem e Evolução do Jogo, uma vez que apitar um jogo sem critérios definidos torna-se dificílima a tarefa dos maiores protagonistas dos espetáculos – os jogadores. Embora a Regra do jogo fosse única para todos os países, as precárias condições de comunicação e intercâmbio – não havia a TV e muito menos a Internet – facultavam ao árbitro que participasse de um evento maior do calendário da FIVB (p.ex., um Mundial) que, ao retornar, ele (o árbitro), fosse o “dono da verdade” e soberano nas suas colocações. Era de se supor que interpretasse corretamente (sic) as decisões tomadas nos Congressos Técnicos. De regresso ao país somente o próprio sabia o que deveria ser feito e, no máximo, passava alguns detalhes aos seus pares, e a Confederação pouco divulgando ao público interessado as alterações e suas interpretações. Acrescentem-se as más traduções realizadas para o português por tradutores talvez profissionais, mas que desconheciam o jargão do voleibol. A este respeito tive a felicidade de dar minha contribuição, embora mínima, à elaboração das Regras editadas em 1998 no Brasil referentes ao período 1997-2000. Recebi inclusive um breve elogio dos responsáveis pela COBRAV, Jorge de Mello Bettencourt, o Jorginho, e o árbitro Josebel Palmeirim: 

Da COBRAV

“Para o amigo Roberto Pimentel, certos do muito que você contribuiu com a elaboração deste livro. Um forte abraço do Jorge Bettencourt e Josebel Palmeirim, em 21.9.1998”. 

Levou algum tempo para que a CBV estipulasse um critério para as arbitragens no Brasil. O principal mentor dessa iniciativa foi o próprio presidente da entidade – Carlos Arthur Nuzman – que, mesmo durante os jogos, observava e tratava de advertir os árbitros quanto à sua conduta e atitudes. A FIVB em boa hora cuidou também para que o tema fosse universal. Aliás, emitiu cartilhas para todas as atividades pertinentes: cursos, regras, organização de campeonatos, transferências etc.        

Artigos e Críticas. Percebam alguns fatos e decisões de especialistas a respeito dessa difícil tarefa de julgar e fazer cumprir as regras do esporte. Vejam que a forma e os critérios das arbitragens não eram tratadas com os treinadores e muito menos com os jogadores. Muitos deles tiveram suas carreiras de atletas encerradas precocemente por tais circunstâncias. Aplicou-se a Lei de Darwin: “sobrevivem os que melhor se adaptam e não os mais fortes”. Como veremos mais à frente, o caos maior no Brasil foi em 1964, logo após as Olimpíadas de Tóquio, quando os árbitros cariocas impugnaram tempestivamente qualquer recepção por toque – “tinha que ser de manchete” – certamente por decisão superior que até hoje ninguém sabe de onde partiu. E, pior, sem qualquer aviso prévio aos interessados, os atletas.   

1. Não Sabemos Apitar Volleyball no Brasil (Ney Bianchi, cobertura do Mundial de Paris, Jornal dos Sports, 1956)      

Fala o presidente da Comissão de Arbitragem: “Não se assustem com a derrota de nossas moças frente às coreanas do norte. A rigor, elas jogam muito bem (o voleibol é o esporte nacional da Coréia), são calmas (e as nossas nunca o foram), têm um índice de ataque e saque excepcionais e estão acostumadas com as arbitragens daqui, que são como as nossas antigas, antes de aparecerem por aí os sabichões, os entendedores, os homens que sobem numa cadeira e liquidam a partida só com apitos”. Foi característica a palestra que mantivemos com Begilomini, no ginásio Barão de Pierre de Coubertin. O presidente da Comissão de Arbitragem do Campeonato esclareceu à reportagem: “Em razão da importância da competição e o valor das equipes presentes, nós decidimos adotar uma arbitragem com tendência para a severidade, pelo menos nas Poules (Chaves) Finais. Nas Chaves de Classificação, recomendamos aos juízes que fossem condescendentes, que facilitassem o jogo. E eles estão fazendo exatamente isso”. Agora vamos esclarecer. A arbitragem aqui não chega aos pés do que é aí no Brasil, onde um juiz sozinho ganha o jogo. A severidade aqui permite que o jogador coloque a bola que apanha por baixo com as duas mãos espalmadas, que efetue o passe com uma só mão. As defesas de cortadas e saques podem ser feitas sem nenhum perigo de marcação e desde que a bola permaneça no ar é válida. Para o europeu o voleibol se resume na lei universal que criou o jogo: enviar a bola sobre a rede com um máximo de três toques, esforçando-se para fazê-la cair no campo rival. O mais importante aqui é que o jogador consiga jogar a bola no chão adversário. Aí, sim, é ponto ou vantagem. Agora essa questão de tocar mal ou tocar bem, desde que não agrida frontalmente a regra (na concepção européia, é lógico) é supersecundária. Aqui, realmente, se joga voleibol com a finalidade para a qual ele foi criado! De uma coisa podemos estar certos. Pode ser que os resultados técnicos de nossas equipes não sejam muito bons. Todavia, a lição que nos ficará das arbitragens é relevante e deve ser estudada profundamente pelos nossos dirigentes. A CBV tem obrigação de IMPOR no Brasil inteiro o critério adotado pela FIVB, que é de facilidades (para eles severidade). É preciso evitar que de uma vez por todas os nossos juízes acabem com um jogo conforme entendem. Tudo o que foram dizer no Brasil sobre o Mundial de Moscou, o Europeu (último) e o sistema de arbitragens aqui é mentiroso ou então foi veiculado por leigos no assunto. Para nós, a satisfação de constatar o critério europeu pessoalmente foi uma satisfação, de vez que vimos confirmadas todas as crônicas que publicamos em séries aí e as quais foram em muitas ocasiões taxadas de presunçosas pelos “Donos da Bola”. Cumpre, portanto, que os dirigentes providenciem imediatamente para que possamos jogar o Voleibol Internacional.

Relembro os árbitros em 1956: Adib Simão, Edson Fonseca, Eduardo Menezes, Erasmo Delorme Batista, Jair Osmindo, Luciano Luiz José de Queiroz, Luciano Segismondi, Mário Miranda, Melchior Fernandes, Newton Leibnitz, Oduvaldo Lins, Pedro Moraes Sobrinho, Sérgio Freire, Valdemar Miranda, Valdir Ferreira Melo, Valter Alves, Wilson de Lima.

 2. Juízes Persistem nos Mesmos Erros (Arlindo Lopes Corrêa, Correio da Manhã, 1964)       

O flagelo das más arbitragens continua sendo desencadeado contra o voleibol carioca. O problema gira em torno da adoção do novo critério para punição de faltas cometidas no toque de bola, pois a regulamentação realizou-se intempestivamente e sem o devido trabalho prévio de elucidação aos interessados. Após as Olimpíadas, temos a certeza, tudo voltará ao normal e o esporte da rede poderá sobreviver e continuar agradando ao público, hoje abandonando gradualmente as quadras em face da mediocridade dos confrontos, decididos pelo saque e sem o colorido especial de outrora, suas manifestações de beleza, seu ambiente empolgante. Mudará porque, obviamente, o rigorismo dos juízes será abrandado e o mito do toque de bola será desfeito: os observadores brasileiros dos Mundiais de Moscou (Valter Alves e o técnico do Flamengo) pecaram fundamentalmente ao deixar-se impressionar pela atuação de um ou dois árbitros fracos, que destoavam dos demais juízes do certame internacional e puniam com excessiva severidade as jogadas de passe, recepção e levantada. Tanto é verdade que houve exagero, que os periódicos guanabarinos publicaram declarações de dirigentes de países europeus, da Cortina de Ferro, que lamentavam as exigências e diriam ser necessário – caso tal critério persistisse – que o número de toques fosse elevado de três para quatro. Assim, pela falta de bom senso e, em muitos casos, pela ignorância dos assuntos tratados no Congresso de Moscou, todo o voleibol brasileiro está sendo ludibriado por alguns espertos que querem fantasiar-se de pioneiros ou vencer campeonatos impondo, às suas vésperas, um novo sistema de arbitragem para o qual prepararam suas equipes durante alguns meses. A reação, entretanto, cresce e o Sr. Valter Alves, “o bandeirante do voleibol moderno” está sofrendo críticas severas e acabará afastado do quadro de árbitros da entidade, pela sua atuação falha, atendendo às queixas dos dirigentes da AABB e Fluminense.       

Após as Olimpíadas de 64, o que se viu no campeonato carioca foi uma aberração! Os jogadores foram “obrigados” pelos árbitros a recepcionar os saques de manchete, levantar de manchete e, caso não conseguissem o ataque por cortada, deveriam devolver a bola à quadra adversária também de manchete. 

Lembro os juízes e oficiais de mesa em 1964: Alberto Jorge Teixeira, Antônio Aurélio F. Carvalho, Armando Coelho, Elias Xavier de França, Floriano Manhães Barreto, Glênio Guimarães, José Alves de Souza, José Fernandes Tude Sobrinho, José Tavares, Luciano Segismondi, Mário Gomes de Almeida, Mário Miranda Barbosa, Milton de Almeida, Nelmo Pragana, Newton leibnitz, Oduvaldo da Silva Lins, Ronaldo Baranda, Sérgio Freire, Therezinha A. Moraes, Waldyr Ferreira de Mello, Walter Alves, Wilson B. França, Wilson Costa e Wilson de Lima.

(continua)

O Jogo na Década de 50

Como se Jogava no Brasil

 

As equipes campeãs do Fluminense F. C. em 1952. Também venceram o Torneio Internacional promovido pelo próprio clube. No centro da foto com o time feminino, o presidente Fábio Carneiro de Mendonça e o diretor Nei Cardoso, além dos técnicos Aluízio de Moura (feminino) e Paulo Azeredo (masculino).

Acompanhem um apanhado dos principais detalhes de uma época em que o intercâmbio com as principais equipes mundiais era praticamente nulo. Poderão acompanhar de perto esta evolução em História do Voleibol e as Seleções Brasileiras, que começam a ser formadas em 1951, por conta do primeiro campeonato Sul-Americano , dos Jogos Pan-Americanos, além do Mundial de 1956, em Paris.

Jogo. Melhor de três sets vencedores a partir de 1957.

Ataque.  1) Puxadas e batidas (cortadas de mão fechada); a seguir, foram proibidas.  2) Mexicana… Equipe do México realiza cortadas de “tempo”, no meio da rede (Pan-Americano de 55).  3) Cortadas com corrida: alguns poucos jogadores realizavam este tipo de ataque; as passadas eram similares à entrada em bandeja do basquete. A versão atual é denominada china, preponderantemente empregada no voleibol feminino, e especialmente pela cortadora de meio de rede.

Tática. Sistemas de jogo: inicialmente, 3×3, até o 4×2. Na época, as equipes tinham suas “duplas” de jogadores: a cada atacante correspondia um e somente um levantador. Dizia-se que o jogador tinha que carregar seu material de jogo na maleta e o seu próprio levantador, geralmente baixinho. Introdução do sistema 4×2 com Paulo Azeredo, técnico do Fluminense, no Sul-Americano de 1951.

Toque. A exigência da perfeição na recepção caracterizou algumas providências táticas, pois quem tinha dificuldades no toque era caçado durante todo o jogo. Assim, ele era escondido da recepção, como é ainda hoje.

Recepção (do saque). Realizada com o emprego de rolamentos para trás (saques mais fortes); sacrificava o jogador que estava na rede (atacante), uma vez que deveria imediatamente se apresentar para a cortada. Era uma medida tática do sacador, pois, invariavelmente tinha chances de eliminar o recepcionador de um possível ataque. Quando realizada com defeito, poderia originar um xeque, isto é, a bola ultrapassava a rede e propiciava um ataque imediato do adversário.

Lavadeira. Proibida a lavadeira, que consistia num toque de bola, carregado, de baixo para cima, com ambas as mãos em pronação (em 1952); tem este nome por causa do mesmo movimento feito no basquete, em arremessos à cesta, por baixo, estando a bola próxima aos joelhos do atleta. Muito usado à época para cobrança de arremessos livres (faltas) no garrafão. Em 1958, os tchecos inventariam a manchete (em inglês, bagger).

Saque. Já existia o saque balanceado, também chamado americano (equipe americana, Pan-Americano de 1955); também o saque tênis (saque por cima). Jorginho usava inclusive o saque americano “com corrida”, que consagrou o russo Yuri Pojarkov no Mundial de 60, no Rio de Janeiro.

Barreira. Em 1958 ainda vigorava a barreira para o saque; foi abolida a seguir. Os três atacantes postavam-se, juntos, entre o sacador de sua equipe e a rede, dificultando a visão dos adversários. Era, inclusive, permitido levantar os braços e movimentar-se. O 4° jogador (defesa-centro) também se juntava ao grupo, respeitando a posição de rodízio, isto é, atrás do seu correspondente e à esquerda do sacador. O sexto jogador (defesa-esquerdo) não participava da operação, dando a cobertura necessária contra uma possível devolução imediata da bola.

Xeque. Ou “bola de graça”, ou bola que vem de xeque; ataque realizado por um jogador de rede quando sua equipe recebe a bola graças a um erro do adversário (ver Recepção).

Largada. Ataque com leve toque na bola, principalmente com a ponta dos dedos, estando a mão ligeiramente aberta; o atacante procura direcioná-la para a zona da quadra adversária menos coberta pelos defensores. Quase sempre era realizada “atrás do bloqueio”, o que levou muitos técnicos a alterar o sistema defensivo, colocando um defensor na cobertura do bloqueio. Largamente empregado pelas equipes femininas da Rússia.

Explorar (o bloqueio). O atacante arremessa propositalmente a bola contra as mãos do(s) bloqueador(es), visando uma trajetória para fora de jogo. Às vezes, até para o alto, tudo dependendo do momento: altura e proximidade da bola em relação à rede. Jogadores mais técnicos usavam o recurso de aproveitar o bloqueio (errôneo) de bolas impossíveis de serem cortadas para recuperar a bola com um leve toque na mão do bloqueador e, assim, ter direito aos três toques seguintes.

Ataque. Com força: normalmente dirigido à diagonal ou paralela. Indicativos da trajetória da bola em relação às linhas laterais da quadra. Cravada: cortada violenta, de cima para baixo, antes da linha dos 3m. Sem força: ataque dito técnico, em que o atleta tem visão perfeita da colocação dos adversários e os ilude com sua habilidade e inteligência. Também denominada meia batida. Como a Regra considera “ataque” qualquer bola lançada na direção da quadra adversária (exceto o saque), alguns atletas habilidosos e inteligentes – quando não tinham possibilidades de ataque – direcionavam o terceiro toque para um ponto vazio da quadra adversária, ou contra o pior passador, ou ainda, nas proximidades do levantador, sempre procurando dificultar ou criar um problema. Contudo, a maioria dos jogadores já fazia o que ainda se faz hoje, simplesmente arremessam a bola para o outro lado, isto é, devolvem-na “de graça”.

 

Competições Internacionais, Década de 50

Lance da partida entre Brasil e Bélgica (3×0) já na fase final de Classificação. Ao fundo, Jorginho (agachado), Sérgio Barcellos e Urbano (14) observam o ataque de Quaresma (10). Acervo João Carlos da Costa Quaresma.

Evolução

Até 1949, quando os técnicos presumiam ter atingido o voleibol nacional o máximo de desenvolvimento possível, resultado da falta de intercâmbio internacional, constatou-se que os países europeus, especialmente Tchecoslováquia e URSS, estavam num patamar muito acima de nossas pretensões. Na Europa Oriental o voleibol já se afigurava entre os esportes de maior popularidade, rivalizando com o futebol, em alguns países, entre eles a Tchecoslováquia, União Soviética, Romênia, Bulgária, Polônia, Hungria e Iugoslávia. Além disso, o desporto mantinha permanente intercâmbio através de competições amistosas e os campeonatos europeus, cuja primeira edição se deu em 1948.

Desde a realização do primeiro mundial em 1949, os países do grupo socialista conservaram intacta a hegemonia do vôlei masculino, como atestam as vitórias da União Soviética e da Tchecoslováquia (1956). Somente em 1952 as mulheres tiveram a sua versão junto com a segundo mundial masculino. Foi em Moscou, vencido pelas donas da casa.

Em 1957, durante o 53° Congresso do COI – Comitê Olímpico Internacional – realizado em Sófia, Bulgária, foi organizado um torneio demonstrativo no intuito de apreciarem se o voleibol seria incluído nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964. Depois da demonstração, os membros do COI decidiram pela sua inclusão.

Em outro momento apresentarei uma série detalhada sobre a participação brasileira no seu primeiro encontro mundial, em Paris, no ano de 1956. Aguardem.