Juiz de Cima e Juiz de Baixo

Juiz de Cima e Juiz de Baixo

Houve tempo em que se denominava “juiz” o condutor da partida.  A equipe de arbitragem passou a ser constituída de um juiz de cima – conduzia a partida do alto de sua cadeira –, de um juiz de baixo, que permanecia de pé, no lado oposto, próximo ao poste, e de um mesário, sentado à mesa no lado oposto ao juiz principal. Bandeirinhas ou fiscais de linha eram raros e recrutados segundo a importância do jogo e entre representantes das equipes envolvidas – um de cada.

As cadeiras dos juízes eram confeccionadas de madeira e poucos clubes davam-se ao luxo de possuí-las.  Quase sempre o improviso vigorava e, como na foto ao lado de 1940, utilizavam-se as escadas. As poucas e raras cadeiras representavam perigo para seus usuários, pois careciam de cuidados especiais. Às vezes chegavam a ser sacudidas por atletas raivosos contra a arbitragem de algum lance de jogo. Quando o clube não apresentava uma cadeira em condições favoráveis, os juízes utilizavam uma cadeira normal para estarem um pouco mais acima do nível dos atletas, mas ainda sem uma visão conveniente da quadra como um todo, pois não alcançavam o nível superior da rede. Na foto seguinte observa-se o improviso – o banquinho junto ao poste – nos Jogos de Cambuquira na década de 50.    

Equipamento. A engenhoca (3ª foto, mais abaixo) foi utilizada durante muito tempo no Brasil e em outros países da América do Sul. Somente com o apogeu japonês é que começamos a importar e a copiar novos designers para diversos equipamentos, proporcionando conforto e segurança  para os árbitros.

A última foto dá-nos uma ideia como era “montada” a rede no Sul-Americano de Caracas, em 1969 . A cena representa a grande final feminina entre Brasil e Peru, vencida pela equipe brasileira. Alguns detalhes chamam a atenção: a cadeira do árbitro, a forma de sustentação da rede – cordas enroladas no poste – e a proximidade do público junto à quadra. Nota-se que não havia ainda a obrigatoriedade das antenas, apesar da recomendação do Congresso Técnico realizado na cidade do México por ocasião das Olimpíadas de 68: utilização das antenas como limite do espaço aéreo da rede para facilitar as decisões da arbitragem (bolas por fora).

Muitas confusões eram originárias da falta de experiência, de indecisões em lances dúbios e, principalmente, da insegurança e pressão exercida por alguns atletas sobre o juiz. A esse respeito, Quaresma volta a nos relatar fato ocorrido em 1964 durante a partida no ginásio do Mourisco entre as equipes do Botafogo F. R. e da Sociedade Hebraica, dirigida pelo árbitro da FMV, Newton Leibnitz,  carinhosamente apelidado de Chapinha: “Como não havia fiscais de linha designados pela Federação, os capitães das equipes indicaram duas pessoas para a função. Evidentemente, um sócio ou torcedor de seus respectivos clubes. Durante a contenda, houve dois lances em que o árbitro considerou o ataque efetuado pela Hebraica como ‘fora’ e, concomitantemente, o fiscal de linha (da Hebraica) assinalou bola ‘dentro’. Prevalecendo-se da sua autoridade e calcado na Regra, Chapinha fez valer sua marcação em primeira instância e, a seguir, foi surpreendido pela reação do fiscal que, injuriado, deixou o bastão no solo e abandonou a quadra. Chapinha ainda tentou demovê-lo, dizendo que ele teria que ficar até o final da partida, no que o ex-fiscal retrucou: – ‘Não sou seu empregado!’ Talvez atrapalhado pelo ineditismo da reação, o árbitro marcou falta técnica contra equipe da Hebraica, consignando um ponto para o Botafogo. A Hebraica protestou na súmula do jogo alegando Erro de Direito. O Tribunal de Justiça da FMV anulou a partida e foi marcado novo jogo entre as equipes”.

Diga-se de passagem, a equipe de arbitragem designada pela Federação para os jogos não contemplava a figura dos bandeirinhas. Em comum acordo os capitães poderiam indicar dois espectadores para atuarem como tais. Já começava a necessidade daqueles servidores uma vez que as jogadas de ataque ganhavam velocidade.

Arbitragem em 1984

Newton |Leibnitz ("Chapinha"), um dos melhores árbitros internacionais, clicado em 1960.

Normas da Federação relativas ao pagamento de arbitragens.

1 – As taxas de jogos quando da categoria adulto, sofrerão aumento de 50%.

2 – Em jogos que definam campeão de turno, returno e o campeão, em qualquer categoria, as taxas sofrerão aumento de 100%.

3 – Em jogos quando a renda bruta for superior a Cr$ 150.000,00, haverá um acréscimo de 50%; se superior a Cr$ 290.000,00, um acréscimo de 75%; e, se superior a Cr$ 500.000,00, um acréscimo de 100%.

4 – Em jogos amistosos será cobrada a taxa acrescida de 50%, além dos valores estabelecidos no item 3.

5 – Em jogos televisados, com recebimento de numerário por parte dos clubes, os árbitros perceberão uma quantia a combinar com a presidência da FVR.

6 – Em jogos no interior, será cobrada a taxa normal, acrescida de 100%, mais os valores estabelecidos nos  itens 3, 4 e 5, além da passagem, alimentação e hospedagem quando necessário.

7 – O filiado que necessitar de árbitro para acompanhar sua delegação pagará ao árbitro o equivalente a US 60.00 (sessenta dólares) diários.

8 – Em jogos amistosos, no interior, o pagamento será feito no ato.

9 – Os jogos extra Federação não terão valores fixados.

Multas. A Comissão de Arbitragem comunica os novos valores referentes às multas aplicadas ao Quadro de Árbitros:

Falta a jogo = 20% da taxa.     Atraso em quadra = 40% da taxa.     Atraso da súmula = 30% da taxa.

Taxas de arbitragem válidas para o segundo semestre do ano (NO nº 62 da FVR) – 1984

Árbitros                  Em Cr$          Apontadores       Em Cr$
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Internacional            23.800,00        Categoria “A”    16.600,00
Nacional                 21.800,00        Categoria “B”    13.100,00
Aspirante a Nacional     19.200,00        Categoria “C”     8.700,00
Regional “A”             14.300,00        Estagiário        7.000,00
Regional “B”              9.100,00
Regional “C!”             7.300,00
Regional “D”              6.100,00
Estagiário                4.300,00
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Árbitros: Adão Silva, André Lins, Antônio Queiroz Carlyle de Jesus, Arizoli Nascimento, Armando Alves de Oliveira, Carlos Assis, Carlos Eduardo F. de Assis, Celso Soledade, Edson da Silva Costa, Edson Felicíssimo, Eduardo Guimarães Alcântara, Eduardo Roballo Montoto, Ediivaldo Lacerda, Elizabeth Py Klen, Faissal Rafik Merched Raydan, Felismino Menezes,  Glênio Guimarães, Humberto Ibrahim Gonçalves, Jair Carramanhos, Jefferson Serra, João Franklin, Jones Bulhões, Jorge Ruffoni, José Kleber de Oliveira Silva, José de Sant’Anna Menescal, José Schmidt, Josebel G. Palmeirim, Lúcia Imbrósio, Luiz Camões, Luiz Carlos do Amaral, Miguel da Cruz, Murilo Lima de Aguiar, Murilo Penchel, Nereu Martins Marques, Newton Leibnitz, Paulo de Araújo Batalha, Paulo Roberto Lima, Paulo Piccolo, Paulo Saraiva, Raul da Silva, Ricardo Amorim, Ricardo Gomes, Roberto Barbosa, Roberto R. dos Santos, Roberto Vasconcellos, Robson Luiz, Ronaldo Glech, Ruben Silva, Ruy dos Santos Lima, Sérgio Fanzeres da Silva, Sérgio Freire, Silene Faria, Tereza Moreira, Wellington Feitosa, Wilson Costa, Wilson de Lima.

Apontadores: Aída Lícia, Ana Cristina Pinto, Andrea Bastos, Cibeli dos S.A. Carramanhos, Denise Tavares Torres, Elaine Moreira, Eunice Brum, Hélvia Maria Carneiro, Isair de Vasconcelos, Ítalo José, Jane Guimarães, Lúcia Helena, Luiz de Oliveira Costa, Renata Berenice Maia, Roberta Toste, Rosangela Oliveira, Sandra Bellas, Sônia Menezes, Sylvia Beja, Tânia Silva, Tereza Moreira, Vanja Medeiros, Vera Maria Alcântara, Vera Maria Cascardi, Vera Prieto, Zildamar Corrêa Peçanha, Wilson Bezerra de França.

Curso de Árbitros – Aprovados (NO nº 92, 24.10.84): Alfredo S. da Anunciação, Carlos Eduardo Mansur, Cláudia Fernandes M. Gomes, Elizabeth A. Machado, Gislene de O. G. Zapata, Jaqueline D. Penafort, Jorge Buzaglo Cahet, Lúcia de C. Machado, Márcio Grispan, Marcos José Marinho, Marcos Jucá da Silva, Marion Lúcia Alves, Maurício Tenório Barros, Nadja M. Ferreira, Nei Marques Coutinho, Roberto Alzir Dias Chaves, Rosa Maria…(?), Sérgio Luiz Cantini, Sílvio J. C. da Costa, Tarquínio P. de S. Gonçalves, Thereza Cristina B. Ferreira.