Teoria vs. Prática, Você Resolveu o Dilema?

MiniEuFavBairro INVERTIDA

Aulas Práticas, Quem Ensina?

 

Parece que sabemos todos o que fazer.

O problema é colocar em prática!

 

 

Puxãozinho de orelha…

  • As universidades estão preparadas para a revolução no ensino?
  • Os cursos de treinadores “modelo Fivb” são eficientes?
  • O que VOCÊ diz é o que faz? Afinal, VOCÊ dá aula ou ensina?
  • VOCÊ tem proposta para transpor o abismo entre teoria e prática?

Metodologia adequada

Não seria melhor que parássemos por instantes para reexaminar  a Metodologia a empregar caso a caso? Creio que, mesmo internacionalmente, estejamos vivendo o que se dizia a respeito da Educação no século passado: “O professor ensina; o aluno aprende.”  E ponto final! … E VOCÊ, ensina ou simplesmente dá aula?

As observações e opiniões ao final desse texto são de indivíduos que já  militaram na prática e que conseguiram superar obstáculos que a vida profissional lhes impôs. Afinal, são ”lições de vida”. Tenho me batido para que PROFESSORAS e PROFESSORES se debrucem sobre textos de caráter pedagógico e metodológico a todo instante no intuito de se expressarem com maior segurança e provocarem melhores cursos para seus alunos. Mas só isto não basta!

Lembrei-me que um bom número de indivíduos foi negligenciado e peço-lhes desculpas. São os MESTRANDOS e DOUTORANDOS, entre eles, não só os que tratam de temas relativos à Educação Física e Desportos, mas também SOCIOLOGIA, JORNALISMO, PEDAGOGIA. Não se esqueçam de que o Procrie está repleto de História do Voleibol no Brasil desde 1939, calcado em livro do mesmo nome, enciclopédico e memorialista, constituindo-se em obra de referência e excelente oportunidade para pesquisas em várias áreas acadêmicas.

Vários textos foram compostos a partir de pesquisas em sítios de busca a respeito de assuntos relativos à Metodologia e Pedagogia. Inclusive, há algum tempo ofereci-me para compartilhar informações com a Universidade do Porto – leia-se Isabel Mesquita – e seus discípulos. Infelizmente, a ideia não prosperou, mas permanece a intenção. Outra, a Universidade de Coimbra. No primeiro desses artigos relatamos princípios que o matemático húngaro G. Pólya compôs em sua vida e descritos por mestrandos portugueses. Outro, Vôlei vs. Vôlei, de João Crisóstomo, com o qual trocamos comentários proveitosos pela web e que poderão acompanhar em Teoria vs Prática.

Pascual visita Saqua nov.2012Na foto, Roberto Pimentel e o atual membro do Comitê Olímpico espanhol, Rafael Pascual (El Toro), em visita ao Aryzão, em Saquarema.  É bem possível que a nossa história possa contribuir para o ensino e formação de crianças em Espanha. Ainda a respeito de nossa preocupação com o ambiente acadêmico, reportem-se ao que foi consignado em Educar para a Vida, em que discorremos sobre algumas práticas em universidades brasileiras.

Alunos do séc. XXI

Certamente este é um modelo atrativo para acadêmicos, professores iniciantes que se disponham a enveredar por pesquisas metodológicas. Criamos um espaço de discussão em contraponto ao academicismo. Não verão escrito como fazer, mas sim o quê fazer. Por isso se adapta ao tamanho de qualquer atividade, não importa se nas escolas, clubes, praias ou região. VOCÊ decide!

Uma aula de inovação

Sob esse título a revista VEJA do dia 7 p.p. publicou reportagem de Helena Borges versada em tecnologia e com um DNA empreendedor em alto grau, uma turma jovem que começa a criar soluções para romper com o marasmo e elevar o nível da rede pública. (…) Essa garotada não tem a ambição de inventar a roda nem a empáfia de deixar de ouvir quem é da área. O que eles fazem é dispor da tecnologia para dar novos ares à escola, numa tentativa de torná-la menos maçante e mais eficaz no seu papel de levar conhecimento a uma geração que, como eles próprios, é pouco conectada à lousa e ao giz. Esse, aliás, é um trunfo da força criativa da turma; ela conhece bem seu público-alvo. Aliás, bem dizia o Professor português José Pacheco:

Temos escolas do séc. XIX professores do séc. XX e alunos no séc. XXI. 

Em reforço ao que vimos pregando, há necessidade urgente de esclarecermos à nova geração do valor dos estudos sobre Psicologia Pedagógica, inclusos os Métodos a empregar na Educação. Infelizmente, como alardeiam experientes estudiosos e profissionais da área, há muito o currículo universitário deixa a desejar, já tendo comprometido algumas gerações. Tomara que nossa contribuição, ainda que modesta, colabore para o enriquecimento dos milhares de visitantes do mundo inteiro que nos honram com suas visitas e leituras.

Leia Mais… Primeiro Grande Passo, o cotidiano dos professores nas escolas.

Ensino crítico      

Ninguém inventa nada se for servil ao conhecimento passado.

“Ensinar a reverenciar a rebeldia intelectual nada mais é do que educadores chamam de ensino crítico; contestar sempre as verdades estabelecidas, princípio básico da pedagogia moderna. É um treinamento decisivo para quem deseja mais do que reproduzir, mas inventar. O bom educador deve ensinar a seus alunos a olhar sempre com uma ponta de desconfiança aquilo em que todos acreditam e dar uma ponta de crédito a ideias ou projetos que todos desmerecem”. (desconhecido)

Importância de um bom ensino

Este fator está atrelado à liberdade de poder criar e ao ato de ter ideias maravilhosas. A inteligência não pode se desenvolver sem conteúdo. Fazer novas ligações depende de saber o suficiente sobre algo em primeiro lugar para ser capaz de pensar em outras coisas para fazer, em outras perguntas a formular que exigem ligações mais complexas a fim de compreender tudo isso. Quanto mais ideias uma pessoa já tem à sua disposição, mais novas ideias ocorrem, e mais ela pode coordenar para construir esquemas mais complicados. (Eleanor Duckworth, The Having of Wonderful Ideas, 1972)

O Circuito do Ensino

Um professor afeta a eternidade, ele nunca sabe em que ponto cessa sua influência.

– Henry Brooks Adams

Excelentes professores se concentram no que o aluno está dizendo ou fazendo e, graças a essa concentração e ao seu grande conhecimento do assunto, são capazes de enxergar e reconhecer o esforço hesitante e desajeitado que o aluno mal consegue articular na tentativa de um dia atingir a mestria. Uma vez identificado esse esforço, estabelecem um contato mais estreito com ele por intermédio de uma mensagem direcionada. As palavras-chave na descrição acima são conhecimento, reconhecer e contato mais estreito.

Os grandes professores e treinadores são uma espécie de “serviço de entrega” de sinais que alimentam e direcionam o crescimento de um determinado circuito neural, dizendo a esse circuito com grande clareza que dispare aqui e não ali. O trabalho do treinador é uma longa e íntima conversa, uma série de sinais e reações voltados para um objetivo comum. Seu verdadeiro talento consiste não num tipo de sabedoria universalmente aplicável que ele pode transmitir a todos, mas sim na capacidade elástica de identificar o ponto ideal no limite da habilidade individual de cada um e de enviar os sinais adequados, que ajudarão os circuitos a disparar na direção do objetivo certo, infinitas vezes.

Um excelente professor tem a capacidade de sempre ir mais fundo, de perceber o que o aluno consegue aprender e ir até esse ponto. E a coisa vai se aprofundando cada vez mais porque ele pode pensar no tema de muitas formas diferentes e fazer incontáveis associações. Noutras palavras, são necessários anos de trabalho para construir os circuitos (mielinizar) neurais de um grande treinador, circuitos esses que constituem um misterioso amálgama de conhecimento técnico, estratégica, experiência e sensibilidade aguçada na prática e sempre pronta a identificar e compreender o ponto em que os alunos estão e aonde precisam chegar.

Desenho28 InvertidoPor que grandes professores e treinadores tendem a serem pessoas mais velhas?

Como lembra Anders Ericsson, talvez por mero acaso ou, quem sabe, simples reflexo de forças sociais (afinal é mais provável que crianças cresçam acalentando a ideia de se tornar craques como Ronaldinho no futebol, ou como Tiger Woods no golfe, que a de virar treinadoras quando adultas). Ou talvez a idade mais avançada dos treinadores seja decorrência dessa dupla exigência característica da profissão – além de adquirir extrema competência no campo de sua escolha, precisam aprender a ensinar de modo eficiente a habilidade necessária ao exercício profissional ou à atividade amadora naquela área. (Anders Ericsson, pág. 207, “O código do talento”)

E então?

O importante é que cada indivíduo saiba brincar com o tempo que brinca, de modo criativo, sem se esquivar aos seus dons. Parece que sabemos todos o que fazer. O problema é colocar em prática.

Os próximos passos são os SEUS!

Como Ensinar?

          Jogando na ruaGinásiop&b

 

 

 


 

 

(Gravuras, Beto Pimentel)

 

Remexendo no Baú de Memórias

Certas  atitudes metodológicas e pedagógicas de muitos professores e treinadores refletem um caráter preguiçoso e, portanto inoperante até certo ponto, de Como Ensinar. E não falamos isso somente em relação ao ensino esportivo, mas em caráter geral, dada deficiências no ensino acadêmico de Metodologia e Pedagogia, tão desprezado por alunos e mestres. Isto também ocorre aqui neste Procrie, haja vista a pouca ocorrência de visitantes aos artigos catalogados naquela Categoria (Metodologia e Pedagogia). Porém, algo está ocorrendo de novo, pelo menos vindo de internautas de outros países. 

Recentemente, recebemos inúmeros comentários de internautas do exterior, valorizando nossos dizeres nos artigos Ensino Crítico e Como Ensinar. Não fazemos a menor ideia do por que dessa descoberta neste momento, até pela distância temporal em que foram postados. Para compreendermos as circunstâncias, vejamos sumariamente os destaques pedagógicos daqueles artigos.

Desenho61. Ensino Crítico (17/fev./2010) – A importância da contribuição de Celestin Freinet e, por extensão, de Jean Le Boulch. Os perigos e ciladas em se Copiar e não Criar suas próprias aulas. No Tatear Experimental, em que o indivíduo experimenta os primeiros ensaios, desenvolve-se a capacidade tanto por parte do mestre, como dos alunos, de uma Reflexão na Ação. O sujeito torna-se crítico do próprio fazerAo final, foi colocada uma situação prática sobre Nova Metodologia em um colégio desconhecido do autor. A Reflexão sobre a aula, que não foi feita junto ao evento, é tornada pública para que outros o façam: “O que teria agradado tanto aquelas crianças? Por que os adultos também se entregaram tanto na aula? Que transformações a realizar no próprio educandário”?

Desenho222. Como Ensinar (28/out./2011) – Aquisição de Habilidade é o tema central e os aspectos que o cercam na prática, i.e., a capacidade de Avaliar o Treinamento, sempre vista como inerente a aluno e mestre. Durante as práticas iniciais a prevalência de uma Percepção preliminar para que o aluno aprenda a meditar e, portanto, tornar-se crítico. Ao fazê-lo, aprofunda-se na aquisição das habilidades e, consequentemente, o seu Talento. O que poucos percebem é que aprofundar-se no treinamento não é somente repetir os ensaios, mas principalmente, corrigir detalhes passo a passo, sem perder de vista o movimento global. Por último: Como ver um treino e aprender com ele? Que tipo de comentários resulta das observações e indagações realizadas?

 

Em Resposta a Christian 

Entre inúmeros Comentários, destaco aquele que me chamou atenção pela percepção do missivista em querer se aprofundar e a retirar do Autor uma sequência lógica de informações e ensinamentos. Vejam a seguir, afirmando que não tenho estudo sobre a língua inglesa, mas graças/apesar do Google, vou tentando me comunicar e aprendendo com todos. Os comentários estão grafados em Ensino Crítico:

By Christian Louboutin Outlet, 20/jul./2013

Thank you, I have just been looking for info approximately this subject for a while and yours is the greatest I have discovered till now. But, what about the conclusion? Are you sure concerning the source?

Pelo Procrie, em resposta a Christian Louboutin Outlet. 20/jul./2013… (Google Translate)

Christian… Obrigado, eu estava procurando informações sobre este assunto por um tempo e o seu é o maior (melhor) que eu descobri até agora. Mas o que dizer da conclusão? Você tem certeza sobre a origem (fonte)?

Procrie… Uma das virtudes que emprego para ensinar é resultado de observação desde quando pescava peixes e siris: paciência. O artigo foi postado em 17/fev./2010, lá se vão pouco mais de 3 anos e só agora sou interpelado. Agradeço pelo interesse, mas há que navegar pelo blog em busca de outros artigos que o levarão a concluir sobre a melhor forma de ensinar. Isto tem significado: “dou o caniço para você pescar, não o peixe; você terá que pescá-lo.” Ou seja, mostro diversas possibilidades de métodos de ensino e cada indivíduo fará a sua escolha após discussão. Além disso, extremamente importante, aulas teóricas JAMAIS substituirão aulas práticas, onde o contato é muito mais próximo e um simples gesto ou olhar diz muito mais do que mil palavras. E mais, a relação mestre x aluno permite dissipar dúvidas in loco, no exato momento em que ocorrem. Grato por sua manifestação.

Valor da Aula Prática

Vários textos estão intitulados como Aprender a Ensinar/ acrescidos da extensão correspondente ao assunto tratado, p.ex., /Metodologia, /Memória, /Métodos, /Métodos (I), /Equipamento. A estes, somam-se outros mais relacionados na Categoria Metodologia e Pedagogia, além de Formação Continuada.

Hão de compreender que não sou um perito em análises desse tipo. Tento aprender a ensinar e para tanto, debruço-me sobre os livros que adquiri para melhor explicar as ações pedagógicas a empregar. Sendo assim, ocupo-me do Procrie da melhor forma que sei fazer. Aliás, dito por muitos que me acompanham e experimentaram os meus ofícios, destaco-me nas aulas práticas. Inclusive e principalmente com crianças, como declarei certa feita: Faço-me criança diante delas! Até hoje, já velhinho, tenho orgulho em me emocionar ao falar-lhes. Poderão ver em postagens sobre Ensino a Distância, que o foco de minhas preocupações já se concentrava nas Aulas Presenciais, imprescindíveis a qualquer tipo de ensino. Silenciosamente, dei início a um périplo para descortinar patrocínio.  

Assim entendo que o escrever não tem a mesma força de o falar, ou seja, os indivíduos têm necessidade de ver com os próprios olhos aquilo que lêem nos livros. Há necessidade de vivenciarem na prática o que extraíram dos textos. Se tiverem a presença de um experiente mestre, melhor não há. Finalizando, para fugir um pouco ao didatismo teórico, mais do que ninguém estou a buscar oportunidades para as Aulas Presenciais, CursosPalestras, que me coloquem face a face com professores, treinadores e alunos. Enquanto não ocorre, busquemos nos entender da melhor maneira possível. Estou exultante com a indagação acima e tomara que surjam mais de igual valor.

Até breve e boas leituras!

Importância de um Bom Ensino (I)

A liberdade de não aprender e o ato de ter ideias maravilhosas

Penso que a inteligência não pode desenvolver-se sem conteúdo. Fazer novas ligações depende de saber o suficiente sobre algo em primeiro lugar para ser capaz de pensar em outras coisas para fazer, em outras perguntas a formular que exigem as ligações mais complexas a fim de compreender tudo isso. Quanto mais ideias uma pessoa já tem à sua disposição, mais novas ideias ocorrem, e mais ela pode coordenar para construir esquemas ainda mais complicados”. (Eleanor Duckworth, The Having of Wonderful Ideas, 1972)

Esse texto ocorreu-me a partir da leitura da entrevista do treinador e Professor de Educação Física português, Arlindo Miranda, sob o título “A Nossa Missão” vinculada em www.sovolei.com/Zona7 em abril de 2010. A ele peço perdão por minha intromissão.

Motivação e interesse

O que o professor ensina nunca é melhor do que o professor é. Ensinar depende da personalidade do professor – existem tantos métodos bons como existem professores bons. É sabido por todos os maus professores como não interessar o aluno por qualquer atividade física. E o que faz, então, um bom professor para atrair e manter as crianças em qualquer atividade? Será que ensinar é ensinável? Ensinar é uma arte e uma arte é ensinável? Existe alguma coisa que se possa denominar de métodos de ensino?

Como despertar o interesse?

Esta me parece uma excelente indagação para incrementarmos um processo de aprendizagem. O desenvolvimento de uma teoria eficaz do “ponto onde o aprendiz está” e a construção de uma “psicologia do assunto” que seja operável representam desafios formidáveis: “Qual o próximo passo a dar” aparenta ser uma exigência impossível. Para uma aprendizagem eficiente, o aluno deverá estar interessado nos conteúdos a aprender e sentir prazer nesta atividade. Você saberia como fazer para despertar e manter esse interesse?

A arte de ensinar

Na formação esportiva, onde o ajustamento motor é dominante (ou indispensável), é grande o risco em proceder por adestramento para parecer ganhar tempo ou simplesmente por dificuldade de utilizar outra modalidade de aprendizagem. Tenho adotado algo como a interação, a negociação e a construção conjunta de vivências, que habilitem a criança (e adultos) a aprender a linguagem proposta. Para tal há sempre uma exigência de um elemento de interdependência e a capacidade de fazer descobertas acidentais. Hoje, tenho certeza que caminhei sempre por intuição nesse sentido especialmente quando me recordo das atividades motoras a que era chamado a participar nas brincadeiras de rua, tais como subir em árvores, lançar pedras, nadar e pescar (de mergulho), andar de bicicleta, jogar xadrez, pular carniça e uma gama variada de desportos aprendidos em terrenos baldios. Por isto, quando me iniciei propriamente dito no voleibol aos 18 anos, tive um aprendizado acelerado, derrubando mitos: “Quem não aprendeu antes, não aprende mais”. Todas aquelas vivências se somaram às novas atividades, com independência e descobertas acidentais, pois não foi tão necessário alguém dizer-me o que fazer ou como criar algo. Por exemplo, que melhor exercício existe para aprender a antecipar-se do que o jogo de xadrez, que aprendi a jogar aos 8-9 anos?

Profissionalismo vs. amadorismo

Inicialmente, as motivações dos personagens – atleta e treinador – que compõem o mundo do voleibol são distintas. Além disso, mais à frente, no alto nível, surge o inevitável “dirigente” com suas aspirações de poder e vaidades, e o “patrocinador”, com seus interesses mercantilistas.

Motivações do treinador  – Na prática, e podemos também deduzir das declarações de alguns treinadores, elas nos remetem sempre ao relacionamento com os atletas (ou futuros atletas). Isto pode ser observado quando se prospecta e acentua o potencial atual e o possível rendimento atlético do indivíduo. Neste momento, estão desprezados quase sempre os aspectos sócio-emocionais. Ou então, quando nos damos conta que num dado instante qualquer peça (indivíduo) pode ser trocada por outra em melhor estado, isto é, que apresente melhor rendimento. O que está em jogo sempre é a competência do treinador em constituir um grupo (equipe) vencedor. Sua motivação é a conquista, ser um campeão, tornar-se celebridade, ter o reconhecimento dos outros, e, certamente, afirmar-se profissionalmente com um ótimo salário. Quiçá, ser o treinador nacional, o ápice da carreira e de sua realização. Por isto o treinador ”da vez”, o que está em evidência mundialmente, torna-se referência. Atualmente, reproduzem-se citações encontradas em livro do Bernardo Rezende: “Perfeito: golpe forte, bola dentro, quase na linha (15-13). Éramos Campeões do Mundo”. E outras tantas formas ufanistas, em claro desabafo de endomarketing.

O jovem e suas motivações

Antes de ingressar nos treinamentos o indivíduo deve aconselhar-se primeiramente com seus pais/responsáveis, ou mesmo com um bom professor, de modo a que possa se balizar nas escolhas que terá pela frente em sua vida. Neste momento, ensinar a pensar é uma tarefa primacial. Por outro lado, se na sua fase infantil teve influência dos adultos pela forma com que se relacionavam com elas – autônoma ou heterônoma – essas formas se pronunciarão mais cedo ou mais tarde na vida adulta influenciando sua tomada de decisão e comportamento. Daí a responsabilidade dos adultos que lidam com crianças e adolescentes compreenderem e imaginarem o que a criança está pensando, pois se trata do aspecto mais desafiador de qualquer tipo de ensino. Nem sempre é possível saber, naturalmente, mas a observação cuidadosa e criteriosa pode levar o professor a educar seu poder de avaliação. Destaque neste processo para a teoria vigotskiana das “zonas de desenvolvimento proximal”.

Na prática, os clubes quase sempre têm suas divisões inferiores, obrigatórias em muitos lugares, favorecendo uma possível renovação e prospecção de talentos. Entretanto, daí decorre uma competição desenfreada entre os próprios atletas na escala de acesso às categorias superiores e uma consequente evasão de indivíduos não aproveitados nos escalões superiores. Aos mais renitentes resta a tentativa de “duelar” em outras agremiações numa tentativa desesperada de manter-se no ramo competitivo. De uma forma ou de outra, haverá sempre uma permanente substituição de peças nos escalões inferiores. Entre os adultos esta alternância é um pouco mais demorada exatamente pelo reduzido número de atletas em condições técnicas para substituí-los. Ao jovem não aproveitado resta retornar aos estudos e à vida tornando-se um praticante eventual do desporto. A motivação para se iniciar numa nova tarefa se manifesta por diversos fatores. Particularmente imagino que desde o imponderável, à pressão familiar. É evidente que o professor de Educação Física na escola funciona muitas vezes como fiel da balança: tanto pode ser o facilitador como o detonador de aspirações. Aliás, como qualquer outro das demais matérias. O jovem pode aspirar ser um grande jogador de voleibol ou de qualquer outra modalidade. Entretanto, nesse percurso há uma série de obstáculos a serem vencidos que, às vezes, independem de sua vontade, constituindo-se o maior deles a habilidade natural mínima para determinados movimentos. Ocorre que até certa idade pode valer-se de outros recursos que compensem, mas, na fase adulta, a competição torna-se mais restrita e, provavelmente, sucumbirá diante de um outro mais bem dotado nesta arte.

Componente psicológica

Invariavelmente, não se pode fugir à assertiva sobre as componentes que compõem o universo dos desportos: a técnica, a tática e fatores sócio-emocionais (ou psicológicos). Muito embora todas sejam expressivas no cômputo geral, há certa relevância na última delas, uma vez que a técnica e a tática são expressões basicamente relativas à forma de se exercitar, de adestramento, e, portanto, passíveis de serem copiadas e imitadas por todos, havendo ligeiras diferenças quanto à habilidade individual inata. É o que leva alguns entendidos a dizerem que uma equipe de ponta depende em muito da “safra”, isto é, do tempo em que se aglutinam indivíduos da alta qualidade técnica.  Nas competições de “ponta”, ou mesmo nos embates entre equipes do mesmo nível, o que pode fazer grande diferença é a componente emocional, especialmente dos seus treinadores. Já se dizia que para conhecer uma equipe basta conhecer-lhe o técnico. Ao contrário do que muitos afirmam, não é necessário estarmos numa final olímpica, ou mesmo de um mundial, para encontrarmos uma situação de tensão psíquica extrema. A equipe brasileira feminina passou por essa experiência no jogo contra a Rússia quando disputavam a medalha de bronze numa Olimpíada. Em fato anterior, em Barcelona (1992), os rapazes brasileiros levaram de vencida a equipe holandesa na final, sagrando-se campeões: não tínhamos qualquer responsabilidade de ganhar aquele jogo, enquanto que a Holanda, até mesmo por ter derrotado a temível Itália, tornou-se favorita ao troféu maior. Costumo dizer, sem menosprezo à conquista, que “ganhamos sem querer”, pois tenho consciência de como a equipe foi preparada e o que se esperava dela. Inclusive, os tempos pós-medalha viriam confirmar essa assertiva. Existe ainda uma consideração psicológica referente à participação brasileira em Olimpíadas que nos remete ao ano de 1984, em Los Angeles (EUA), quando nos sagramos vice-campeões. Sobre este episódio recorro à opinião de um especialista, o Dr. Victor Matsudo, à época diretor-geral do vanguardista Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul, em São Paulo, e assessor internacional do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte. Ele foi um dos 2.400 cientistas, médicos, psicólogos e pesquisadores de 140 países a participar do Congresso Olímpico de Los Angeles. Voltarei a falar deste assunto logo a seguir. Aguardem.

Final de jogo x final olímpica

(…) “Perfeito: golpe forte, bola dentro, quase na linha (15-13). Éramos Campeões do Mundo”; (…) “Os últimos 3 pontos foram dele”. Não me parece ter coerência com (…)”Giovane, entra e não perde o saque, pelo amor de Deus”. Todavia, deixemos de lado a coerência dos fatos e o apelo divino para examinarmos outro aspecto mais importante.

Recordo-me de fatos que envolvem a “entrada em jogo” de um atleta pelo saque, isto é, do banco de reservas para a realização imediata do serviço. Como técnico e como atleta já passei por esta experiência, felizmente também com sucesso. Claro que a tensão de uma final mundial (ou olímpica) traz uma carga emocional muito mais forte para ambos, treinador e atleta. Todavia, tentem considerar racionalmente ambos os fatos, não considerados os “aspectos exteriores”, isto é, simplesmente um jogo entre duas equipes. Concluiremos que é um fato corriqueiro no voleibol, tratando-se de mais uma estratégia de jogo. Os novatos na profissão logo se apercebem disto e, na medida do possível, usam com proficiência. O que difere preponderantemente são as circunstâncias, o quadro emocional que envolve a todos, inclusive os assistentes presentes e distantes (TV). E, claro, principalmente aos protagonistas. Do folclore criado pelos envolvidos – cada um percebe a realidade do seu jeito – pode-se tirar proveito e adquirirmos ensinamentos das lições concedidas. Creio ser muito difícil aos vitoriosos aprenderem algo; é tarefa para os derrotados, e aqui está a primeira lição de vida, muito evidenciada pelos japoneses: A importância dos erros não deve ser negligenciada, visto que um erro corrigido é frequentemente mais instrutivo que um sucesso imediato. Tive paciência em ouvir em duas oportunidades o relato do Giovane, ambas em Florianópolis (SC). As palestras foram complementadas por um vídeo muito bem produzido sobre o atleta.

Estratégia do saque

(…) “Vai lá e saca na linha; esclareço que não sou um estrategista tão poderoso”.

O Bernardo é um dos melhores estrategistas em ação, confirmado pelos resultados que vem obtendo em sua carreira de treinador, tanto em equipes femininas, quanto masculinas. Inclusive tem a fama de só “falar naquilo” (o vôlei). Quanto à estratégia de saque, quando criança – categorias mirim ou infantil – teve seu aprendizado no Fluminense F. C. (Rio de Janeiro) com o saudoso Benedito Silva, o querido Bené. Este atuara como levantador nas décadas de 40 e 50 e era o maior especialista em saques por baixo. Tornou-se técnico e passou para seus pupilos a arte de aproveitar a técnica do saque para proveito da equipe. Enquanto a maioria dos atletas punha a bola em jogo, alguns dos seus conseguiam levar o caos aos adversários. Eu, por exemplo, fui um deles, ainda que só tenha me iniciado aos 18 anos de idade. Recordo-me de treinos da seleção brasileira na Escola Naval, Rio, com vistas ao Mundial da Rússia em 1962. Num dos treinos coletivo, ao encaminhar-me para o saque imaginei o que poderia realizar sacando por baixo, pois conhecia a todos e suas deficiências na recepção. E, ainda, o desafio seria maior, pois estaria sacando contra a equipe titular. “Foram quatro pontos seguidos e um desastre para todos, inclusive provocou a intervenção abrupta do treinador (Sami) para as considerações raivosas do tipo: Como não conseguem passar a bola de um saque por baixo”? Esclareço aos mais novos que na época nenhum adulto, muito menos naquele nível, sacava daquele modo: todos usavam o tipo tênis, pois não queriam passar por retrógrados (e também porque não sabiam fazê-lo). Quando ainda dirigia a seleção feminina, víamos pela TV as imagens do Bernardo sentado no banco a orientar a sacadora quanto ao local da quadra adversária a ser atingido: exibia para ela uma plaqueta com o número correspondente à zona desejada por ele. As moças sacavam o tipo tênis nessa época. Ao passar a treinar a seleção masculina não usou tal recurso. Penso que deveria, pois à exceção de 2-3 atletas, os demais colocavam a bola em jogo e, acreditem, quase sempre sobre o líbero adversário, em princípio o melhor passador. Poder-se-ia alegar que não havia tempo durante os treinos para mudar a característica do jogador ou coisas do gênero. Dessa maneira, imagino que tanto em jogos no alto nível como em qualquer outra divisão ou competição, a atitude do treinador é capital: ele sabe (ou deveria saber) do que é capaz cada um de seus atletas e a responsabilidade que passa a eles. O dilema do treinador passa a ser: “Deixo o jogador decidir”? Ou, ao contrário, “Decido por ele”? Ou, então, “Não erre; ponha a bola em jogo”.

Vejam o texto a seguir, um ensaio sobre a obra piagetiana que trata da formação e o comportamento psicológico dos indivíduos desde a sua infância e a sua influência na fase adulta.

Comportamento psicológico

Como poderíamos caracterizar o comportamento psicológico nas equipes de alto nível do voleibol? Os indivíduos se comportariam como os novatos na aprendizagem guardadas as devidas proporções? Não seria possível atribuir-lhes a real importância desde os primeiros ensaios desportivos?

Para falarmos desse assunto faço um breve preâmbulo para entendermos a diferença entre autonomia e heteronomia. Heteronomia é definida como sendo governado por outros, enquanto autonomia significa ser governado por si mesmo. A moralidade da heteronomia é caracterizada por obediência e conformismo às regras externas e/ou aos desejos de outros, enquanto que a moralidade da autonomia é caracterizada pela convicção pessoal sobre valores e regras que são construídos por nós mesmos. Exemplificando: o aluno heterônomo obedece ao professor sem medo de punição ou desejo de ser recompensado de alguma forma. Quando o aluno mais autônomo obedece, não é por mera obediência, mas por uma disposição de cooperar com uma solicitação que ele considere razoável e sensível. Quando não vê qualquer razão para obedecer, o aluno mais autônomo resiste e pergunta: “Por que eu tenho que fazer isso?” Este é também um pensamento crítico, bastante cultuado pelos judeus.

Ensino crítico

“Os judeus são ensinados a reverenciar a rebeldia intelectual – rebeldia sintetizada em Abraão, ao destruir os deuses e inaugurar o monoteísmo. Nada mais é do que os educadores chamam de ensino crítico; contestar sempre as verdades estabelecidas, princípio básico da pedagogia moderna. É um treinamento decisivo para quem deseja mais do que reproduzir, mas inventar. O bom educador deve ensinar a seus alunos a olhar sempre com uma ponta de desconfiança aquilo em que todos acreditam e dar uma ponta de crédito a ideias ou projetos que todos desmerecem. Ninguém inventa nada se for servil ao conhecimento passado”. Na medida em que o adulto encoraja a criança a pensar por si mesma, suas possibilidades de tornar-se autônoma (“crescer”) são intensificadas na mesma proporção. Para mim, autonomia é o objetivo primeiro porque não pode haver autonomia moral sem autonomia intelectual, e vice-versa. Se a criança pequena aprende constantemente regras morais preestabelecidas e não lhe é permitido questionar o adulto, suas experiências não lhe proporcionarão oportunidades suficientes para desenvolver uma atitude de avaliação crítica do que o adulto lhe diz. A repressão sobre o comportamento moral, portanto, é uma repressão sobre o desenvolvimento intelectual. Concluindo, a moralidade também é construída por cada indivíduo de “dentro para fora”.

Uma decisão histórica – No dia 2.5.2010, na decisão do campeonato paulista de futebol, jogavam as equipes do Santos e do Santo André. Disputa muito acalorada que resultou na expulsão de três atletas do Santos e um do Santo André. Contudo, a categoria e habilidade de um atleta santista de 21 anos de idade foi o destaque nos últimos momentos, o que redundou na conquista do campeonato. E ele foi além. Faltando ainda alguns minutos para o término do jogo, o técnico do Santos resolveu realizar uma substituição e indicou-o para sair. Qual não foi a surpresa de todos: o jogador gritou que não sairia, indicou sua resolução por gestos, e não coube outra atitude ao treinador senão a de designar um outro atleta. O que acham da decisão do jogador?  

Objetivos sócio-emocionais e cognitivos – Cognição e emoção, na realidade, uma não existe sem a outra. Quer um exemplo? Observe-se o bloqueio emocional que a maioria dos adultos tem hoje com relação à Matemática. É o resultado de se forçar um conhecimento indigesto, preestabelecido, pela garganta abaixo do estudante; quando este tem um bloqueio emocional sobre alguma coisa, o resto da aprendizagem cessa. Essa visão indissociável entre emoção e cognição pode ser confirmada pela observação de cada professor. O interesse das crianças na aprendizagem é adversamente afetado por sentimentos como insegurança, frustração, raiva e medo. As dificuldades sócio-emocionais perseguem todas as crianças de tempos em tempos, e o professor nessas ocasiões deve preocupar-se primeiro com esses problemas. Conclui-se que se as crianças propõem ideias, problemas e questões sobre conteúdo específico, e se elas colocam em relação objetos e acontecimentos as operações estão destinadas a se desenvolver.

Conclusão

No voleibol competitivo há um afunilamento natural nos praticantes, pois nem todos que se iniciam nas categorias de base chegarão à idade adulta para prover as equipes principais. O limite de atletas por equipe (12 a 15) é o principal fator limitante. Como consequência, somente os mais aptos tecnicamente ascenderão para as divisões imediatamente superiores. Os não aproveitados, então, são dispensados peremptoriamente e o único caminho para continuarem atuando seria buscar seu lugar em outra agremiação, agora competindo com outros indivíduos que, a critério do treinador, terão o seu destino selado. Ou, ainda, praticar o esporte por lazer.

Ensino Crítico

Aula com amor?

“É interessante conhecer a criança em outro contexto. Assim, aprendo com elas como interagir”. (D. Wood) 

Copiar e Criar, Reflexão na Ação, Tatear Experimental 

Quando digo que me faço criança durante a aula, forçosamente há uma entrega total, apenas limitada por aspectos pedagógicos que tenho a cumprir para melhor servi-las. Aqui reside a intimidade com o fazer e a experiência intrínseca que me leva a novos experimentos segundo minha intuição ou repentes, insights ou como isto se possa chamar. Relembro o que foi consignado a respeito de minhas aulas: aula com amor e entrega total.

Ensino crítico

“Através do tatear experimental e da possibilidade de relatar as próprias vivências, as crianças desenvolvem sua autonomia, seu juízo crítico e sua responsabilidade. Para Freinet[1], a escola tradicional é inimiga do ‘tatear experimental’, fechada, contrária à descoberta, ao interesse e ao prazer da criança”.

Copiar ou criar?

Um alerta para quem deseja mais do que reproduzir, mas inventar. “O ensino crítico nada mais é do que os educadores chamam de rebeldia intelectual: contestar sempre as verdades estabelecidas, princípio básico da pedagogia moderna. O bom educador deve ensinar a seus alunos a olhar sempre com uma ponta de desconfiança aquilo em que todos acreditam e dar uma ponta de crédito a idéias ou projetos que todos desmerecem. Ninguém inventa nada se for servil ao conhecimento passado”. (Desconhecido)

Na considerada melhor e mais bem equipada escola para crianças de Florianópolis (SC), fui convidado a realizar uma aula de demonstração da metodologia que emprego. O convite surgiu devido à necessidade que alguns professores tinham de mostrar algo diferenciado aos demais colegas para evoluírem no ensino em contraponto ao que vinham realizando. Deveriam ser muitos os alunos, mas por dificuldade interna foram disponibilizados apenas 16 alunos. Assistindo a aula, uma das diretoras pedagógicas, um motorista da escola, uma aluna de Educação Física que se encantara na véspera com a demonstração que eu fizera na Universidade Estadual (UDESC), a titular da cadeira de Voleibol desta Universidade, e três professores da própria escola.

A aula transcorreu como sempre faço e devido à expectativa dos organizadores, foi registrada em vídeo e fotografada. Além disso, como considerei precário o número de alunos, inseri todas as pessoas presentes nos pequenos jogos. Em suma, TODOS sem exceção participaram ativamente da aula com as crianças. Ao final, a maior das recompensas. Algumas alunas indagaram-me: “Você não quer ser nosso professor de educação física”? Como a apresentação se destinava a mostrar o meu trabalho com crianças, decepcionei-me por não procedermos à chamada reflexão-na-ação com os professores presentes. O debate seria bem edificante, mas percebe-se sua ausência no processo de formação daqueles docentes. Gostaria de formular algumas indagações que não foram devidamente avaliadas, como:

  • O que teria agradado tanto aquelas crianças?
  • Por que os adultos também se entregaram tanto na aula?
  • Que transformações a realizar no próprio educandário?

Mais tarde, ao conduzir-me à casa, o Coordenador da escola deixou escapar uma indagação curiosa e sutil: “Notei que se produziu em você um grande desgaste físico, tal foi sua entrega durante a aula. Se fosse o professor da escola e tivesse que realizar outras aulas em seguida, como procederia? Teria o mesmo empenho e resistência? Respondi-lhe: “Se fosse o professor daquelas crianças, eu as conheceria e elas a mim; assim, muito rapidamente, conseguiria produzir aulas com a ajuda delas e mínima interferência minha. E mais: foi uma pena o ginásio não estar repleto delas. Mas isto é tema para um curso.

Copiar pode ser perigoso

Creio que o ano era de 1978; convidei a seleção brasileira juvenil masculina em preparativos para mais um Sul-Americano para realizar um treino em educandário de Niterói. A CBV tinha dificuldades em conseguir ginásio e seria uma forma de incentivar o esporte escolar. Era técnico o meu amigo Jorge de Mello Bettencourt (Jorginho) e entre outros, a equipe contava com Renan e Xandó, ainda desconhecidos do público. Tudo transcorreu normalmente e os alunos aplaudiram o treino, colheram autógrafos e tiraram muitas fotos. Para os atletas, uma boa novidade, “treinar com público” jovem sempre dá novo ânimo e quebra a rotina estafante da repetição de exercícios. Entretanto, passados alguns dias do evento, as alunas da equipe escolar foram surpreendidas com uma mudança radical no comportamento do professor responsável pela equipe de vólei: os exercícios vistos naquelas apresentações foram incorporados e aplicados sem cerimônia nas pequenas atletas. Felizmente, não por muito tempo! Copiar não significa estar atualizado.


[1] Celestin Freinet (1896 – 1966) pedagogo francês importante reformador da pedagogia de sua época, cujas propostas continuam uma grande referência para a educação nos dias atuais.