Retrospectiva 2010-2013

MiniEuFavBairro INVERTIDAMais um ano e o Procrie permanece coerente em sua missão de levar a professoras e professores, acadêmicos de Educação Física, treinadores de diversas modalidades, uma mensagem caracterizada por um Aprender a Ensinar, que nada mais é do que descobrirmos juntos Métodos e Pedagogia condizentes aos nossos tempos. Especialmente quando muito se propaga sobre a deficiência do ensino nas universidades a respeito de estudos pedagógicos. Felizmente encontramos uma das muitas ferramentas da TI que nos conduziram a edificar este blogue. Falta-nos tão somente aprofundarmo-nos com a adição das Aulas Presenciais. Estaremos labutando neste sentido durante o ano que se inicia.

Recordamos nossa primeira postagem – Ensinar é uma Arte -, de 16/set./2009, que nos trouxe até nossos dias com a publicação do quingentésimo artigo ao final de 2013. Nessa caminhada só tivemos sucessos e a virtude de cooptarmos milhares de amigos de todas as idades espalhados por este Brasil afora. Vejam a sinopse do artigo, para nós de inestimável valor histórico e emocional:

1. Ensinar é uma Arte – Este blog está colocado à sua disposição para trocarmos ideias. Minha intenção é compartilhar conhecimento e experiências com todos aqueles que se interessam pelo ensino dos desportos, especialmente o voleibol. Se necessitar indagar algo, tirar alguma dúvida ou mostrar suas atividades manifeste-se, entre em contato. A divulgação da interpretação de fatos que vivenciei ao longo […]

Princesinha do Rio Solimões

Bandeira e Brasão de Tefé Wikipédia
Fonte: Wikipédia.

Pelos resultados que nos apresenta o Google Analytics desde que o implantamos somente em 14.5.2010, cremos que superamos todas as expectativas em matéria de aceitação dos dizeres e especialmente da forma como tratamos a informação e algum conhecimento. Neste sentido, estamos TODOS de parabéns e sou grato pela audiência e paciência com que me honram com suas leituras. Além disso, sem qualquer desmerecimento às demais, exibo meu justo orgulho pelo fato de ver uma pequena bolinha azul a brilhar na Amazônia –TEFÉ -, uma cidadezinha de 63 mil habitantes (IBGE, 2013), distante 523 km de Manaus, capital do estado, e 2.304 km de Brasília, a capital nacional. Foram incríveis 39 visitas até então, que no meu entender, representam um esforço maravilhoso de pessoas desejosas em Aprender a Ensinar. Muito obrigado tefeenses pelo seu carinho.

Mundi maio 2010 - dez 2013
Brasil 976 cidades maio 2010 - dez 2013

 

 

 

 

 

 

 

Total de visitas:   171.783      Países:  127       BRASIL:  153.470 (89,3%)   
Páginas visitadas:  276.222      Cidades: 2.288     Cidades: 976 (42,7%)    
Tempo médio/página: 00:02:24     

Principais países                                  Principais cidades
Portugal     10.211 ...  78 cidades                Rio de Janeiro   17.852    
Est. Unidos   2.401 ... 268 cidades                São Paulo        16.154  
Angola          484                                Belo Horizonte    8.575
Polônia         297                                Curitiba          7.688  
Cabo Verde      255                                Brasília          6.027
Espanha         221                                Salvador          4.342
França          211                                Recife            4.643
Moçambique      176                                Goiânia           4.281
Alemanha        171                                Fortaleza         3.861
Itália          166                                Niterói           3.182 
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Brasil Regiões Retrospectiva 2013
Principais estados
São Paulo (SP)        36.395 
Rio de Janeiro (RJ)   23.781 
Paraná (PR)           16.167 
Minas Gerais (MG)     13.766 
Rio Grande do Sul (RS) 7.347 
Santa Catarina (SC)    6.623 
Bahia (BA)             6.609 
Distrito Federal (DF)  6.026 
Pernambuco (PE)        5.263 
Goiás (GO)             5.136

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Fonte: Google Analytics. Período: 14/5/2010 - 2/1/2014.

O Bom Professor – Parte II

Para tornar as aulas mais atraentes e convidativas vale até o uso de pára-quedas.

Observações esparsas de leituras e práticas me levaram a pretender discutir com vocês algo que não consigo entender por que não colocam em prática? Uma dessas coisas refere-se à teatralidade durante as aulas ou treinamentos. A maioria dos treinadores ainda não descobriu esse efeito fantástico que mexe com o ânimo dos alunos e, por isto, uma das melhores ferramentas para produzir um bom ensino. Como dizem, “Ensinar é uma Arte”, imagino que tanto o professor quanto o treinador devam ser mestres na Arte Teatral. E isto tem a ver com o Método empregado na sua tarefa educacional. 

Mudar os professores ou mudar de professores? (do livro “O Código do Talento”, Daniel Coyle)

Alguns apresentam uma teatralidade sutil. Expressões passam de um olhar fulminante a um sorriso doce num segundo. O treinador poderá ser um fingido, representar o tempo todo: “Falo mais alto ou mais baixo, faço perguntas, avalio como reagem. Faço uma porção de coisas, às vezes sou duro e cruel, às vezes calmo e acessível. Dependo do que funciona melhor com cada garoto”. Seria fácil concluir que grandes treinadores só fazem blefar. No entanto, o teatro e as máscaras não passam de instrumentos utilizados por eles para transmitir ao aluno a verdade sobre o seu desempenho. “A integridade moral é imprescindível ao exercício da função”. Há uma empatia, um altruísmo, porque o professor não está tentando dizer ao aluno algo que sabe, mas tentando descobrir, no esforço feito pelo pupilo, um ponto mediante o qual possa estabelecer uma verdadeira relação.

Historinha rápida. Certa feita realizei aulas para professores (talvez 30) de Educação Física na Universidade Estácio de Sá, Rio. O tema era a iniciação ao voleibol e como dividia com outro professor (auxiliar de ensino), coube-me o ensino para crianças escolares. Como me apoio no “Aprender Brincando”, esmerei-me em torná-los crianças enquanto ali participavam das práticas. A um sinal, transportávamo-nos à realidade como adultos quando transmitia considerações pedagógicas pertinentes. E assim transcorria a aula, mas ainda não atingira o que desejava, isto é, fazer a turma de professores se sentirem como crianças, soltas e brincalhonas. Foi quando tive um estalo: vi uma pequena janela um pouco distante situada na parte mais alta do ginásio. Imaginei que deveria ter ali uma sala e que talvez houvesse ocupantes, uma vez que outros cursos se desenvolviam na universidade. Criei, então, um exercício simples de locomoção com bolas de um lado a outro da quadra, sendo que ao ultrapassar a rede os alunos deveriam arremessá-la para cima e recolhê-la a seguir até a entrega a um novo companheiro. E assim procederam numa competição entre dois grupos. Ocorre que as “crianças” pouco ruído faziam, comportando-se como “professores”. Foi aí que intervi: “Crianças, descobri que o professor de matemática de vocês está dando aula lá em cima, vêem a janela fechada? Pois bem, como ele anda reprovando alguns de vocês, vamos atrapalhar a aula dele em represália; então, quem tiver mais coragem e for mais esperto, que faça mais barulho e bagunça aqui. E vamos ver quem vence, ele ou nós”! Não é difícil adivinhar o que se sucedeu a seguir. Abriram a janela e de lá uma pessoa gritou: “Professor, por favor, estamos em aula também”! Juntei o grupo, agora de “crianças felizes” e disse-lhes: “Estamos vingados, conseguimos atrapalhar a aula dele”! E todos sorriram e entenderam a mensagem.    

Erros, como e quando intervir? A qualidade mais decisiva é quando professores estão desempenhando sua mais importante função: apontar erros. Eis o que disse uma professora de matemática: “Consigo estabelecer uma relação com eles porque conheço bem a situação que vivem. Só fui fazer um curso superior quando meus filhos estavam no ensino médio, portanto já vivi o outro lado, conheço o mundo deles. Não tem nada a ver com matemática. Não ensino matemática. Tem a ver com a VIDA. Cada dia deve ser encarado como um novo dia e, cada vez que acordamos, olhamos o céu que ganhamos de presente. Aí está o dia. O que faremos com ele?”

Apontar erros requer muito cuidado e percepção para não desestimular seu aluno. Tenham muita atenção nas palavras e gestos, pois suas indicações podem afetar negativamente o desempenho do instruendo. Corrigir é bem diferente de simplesmente indicar o erro. Vejam, por exemplo, um professor de matemática que, simplesmente, anula uma questão de um aluno por não ter a resposta correta naquele instante: e o raciocínio descrito ao longo das equações não conta? Assim, é bastante natural que haja tentativas e erros nas execuções dos ensaios. O importante é notar em que estágio está o aprendiz e o quanto ainda tem a percorrer. Além disso, cada indivíduo requer um acompanhamento que, se adequado a ele, poderá rapidamente transformá-lo.

Neste ponto, retomo a linha dos meus escritos para repetir o que já dissemos sobre a zona de desenvolvimento proximal, metáfora do andaime e ensino contingente, esboçados em “Pensar e Aprender – I” (fev./2010).

Métodos de Ensino (I)

Métodos criativos: adestrar ou ensinar?

Veja o que nos diz Le Boulch sobre a qualidade do método a empregar no plano educativo:

Na formação esportiva, onde o ajustamento motor é dominante (ou indispensável), é grande o risco em proceder por adestramento para parecer ganhar tempo ou simplesmente por dificuldade de utilizar outra modalidade de aprendizagem. A inconveniência desse modo de aquisição cria estereótipos estáveis, mas rígidos, que permitem ajustar-se a esta ou àquela situação particular. Daí a consequência extraída pelos paladinos deste sistema, de uma estrita especificidade das aprendizagens motoras. A pretensa especificidade das aprendizagens motoras é essencialmente função do método empregado e equivale a uma condenação deste método.

Por ora, devo esclarecer que tenho adotado na Metodologia algo como a interação, a negociação e a construção conjunta de vivências, que habilitem a criança a aprender a linguagem proposta. Para tal há sempre uma exigência de um elemento de interdependência e a capacidade de fazer descobertas acidentais. Contudo, estou receptivo para promover discussões a esse respeito, pois a única maneira de evitar a formação de concepções errôneas arraigadas é a discussão e a interação, lembrando que “no discurso matemático, uma dificuldade compartilhada pode tornar-se um problema resolvido”.

Hoje, tenho certeza que caminhei sempre por intuição nesse sentido especialmente quando me recordo das atividades motoras a que era chamado a participar nas brincadeiras de crianças, tais como subir em árvores, lançar pedras, nadar e pescar (de mergulho), andar de bicicleta, jogar xadrez, pular carniça e uma gama variada de desportos aprendidos na rua ou em terrenos baldios. Por isto, quando me iniciei propriamente dito no voleibol aos 18 anos, tive um aprendizado acelerado, derrubando mitos (“Quem não aprendeu antes, não aprende mais”). Todas aquelas vivências se somaram às novas atividades, com independência e descobertas acidentais, pois não foi tão necessário alguém dizer-me o que fazer ou como criar algo.

Matemática e voleibol

Enquanto isto, G. Pólya (matemático húngaro) nos auxilia comentando como proceder com o ensino da matemática para adolescentes, o que nos impele a segui-lo no aprendizado também do voleibol. Diz ele: “Os problemas apresentados não requerem muito conhecimento para além do nível do ensino secundário, mas requerem algum grau, e por vezes um alto grau, de concentração e juízo independente – e a solução para esses problemas requer trabalho criativo. Tenho tentado organizar o meu seminário para que os estudantes sejam capazes de utilizar muito do material proposto para as suas aulas sem grandes alterações, para que possam adquirir alguma mestria no ensino da matemática no secundário e também para que possam ter algumas oportunidades de praticar o ensino ensinando-se uns aos outros, em pequenos grupos”. Isto me faz recordar dois momentos de minha adolescência. Um, ainda aos 11 anos de idade, quando tive a oportunidade de ensinar a alguns colegas de turma os rudimentos do basquetebol para participarmos de uma competição interna. E outra, agora aos 14 anos, sendo destacado pelo professor de matemática para co-orientar (extra-classe) cinco colegas de turma na solução de problemas. Minha auto-estima nunca foi tão valorizada.

Creio que nunca houve uma discussão pública a esse respeito no País. Os cursos sobre métodos são de fato úteis de alguma maneira? Imagino que para chegar a uma aceitação generalizada deve haver discussão aberta tratando de responder às seguintes questões:

  • Será que ensinar é ensinável? Ensinar é uma arte e uma arte é ensinável?
  • Existe alguma coisa que se possa denominar de métodos de ensino?

O que o professor ensina nunca é melhor do que o professor é. Ensinar depende da personalidade do professor – existem tantos métodos bons como existem professores bons.

Professor ou ex-medalhista?

Infelizmente, acostumou-se desde cedo a valorizar o campeão e “ver quem chega em primeiro”! É algo que tem a ver com a cultura futebolística, esporte profissionalizado, em que o importante é vencer. Não é à toa que até nossos dias se observe nesse meio a já famosa dança de técnicos a partir de sucessivas derrotas. Esta transferência de mentalidade para outros desportos contaminou-nos a todos, pois leva a concluir que “o melhor técnico é o campeão”. Isto contagiou e transformou-se em epidemia no meio esportivo uma vez que atinge também as nossas crianças ainda em formação. Quer um sintoma? Assista a qualquer disputa nas categorias mirim ou infantil; veja como se comportam professores, treinadores e os papais. Pobres crianças! E pior, por desconhecimento e ignorância de postulados metodológicos e pedagógicos, aqueles indivíduos que se prontificam – voluntariamente – a exercer a nobre missão de ensinar aos novatos os mistérios do desporto, invariavelmente repetem ou copiam as formas, os métodos, os exercícios (com ligeira adaptação) do treinamento de adultos.

Universidade?

E aqui se dá uma inversão de valores: a universidade passou a validar essa metodologia consagrada nos clubes, principal fonte de formação de atletas. No mercado voleibolístico um ex-medalhista vale mais por sua medalha do que por sua formação profissional. Imagino que os currículos universitários tenham fossilizado os agentes educacionais, pois há muito Lavoisier está ausente das salas de aula, uma vez que nada se cria e tampouco se transforma, ao contrário, perde-se tempo num eterna repetição de coisa alguma. Recordo-me de um Congresso Desportivo em Florianópolis (2007), com vários convidados estrangeiros e toda pompa que o Ministério dos Esportes e o governo estadual se esmeraram. Numa das ocasiões em que os palestrantes eram dois ex-integrantes de seleções brasileiras – Giovani e Carlão– este último apresentado como o futuro Secretário de Esportes do município, testemunhei um fato bizarro: após a fala de ambos, foi aberta ao público a oportunidade de perguntas. Um professor questionou: “Por que um estranho à cidade, não-diplomado e sem qualquer passado administrativo é nomeado para nos guiar”? O quase secretário titubeou, deu voltas e, ainda não refeito do golpe, lançou esta pérola: “Mas, e o Giovani, ele também não é diplomado”! Nessa mesma oportunidade enviei mensagem ao Carlão: “Senhor Secretário, tenho projeto de Iniciação ao Voleibol para milhares de crianças no ambiente escolar. Se possível, peço marcar em sua agenda um encontro” (a seguir, telefone e endereço para contato). Ao receber o bilhete de um funcionário, leu e colocou-o no bolso. Nunca recebi qualquer resposta.

Em futuro próximo estarei comentando o trabalho realizado na Faculdade de Desporto, Universidade do Porto, Portugal sob o título “Modelos de ensino dos jogos desportivos: investigação e ilações para a prática”, de autoria de Isabel Maria Ribeiro Mesquita, Felismina Rosa Marques Pereira, Amândio Braga dos Santos Graça.