Contributo ao Desempenho Educacional

Ensinar a Pensar e a Aprender

Será que se o professor de Educação Física conseguir ensinar os seus alunos a pensar eles aprenderão inclusive o conteúdo de outras matérias? Será que estar a repetir – quando acontece – sempre os mesmos gestos pode ser enquadrado como ensinar? Ou estamos falando de adestramento? Para compreendermos este processo vimos batalhando para descortinar o legado que nos deixaram muitos mestres da Psicologia Pedagógica, entre eles Piaget e Vygotsky.  Para aqueles que querem enveredar por uma nova metodologia, peço que não desprezem a singela contribuição contida em http://prezi.com/9nhuhq5t7coh/procrie/ ou simplesmente, aqui no link ao lado PROCRIE no PREZI.

E por que estamos a repetir o convite e insistindo para as leituras que levam a este conhecimento? Porque temos certeza de que mais adiante, todos os seus alunos se recordarão do professor que lhes ensinou a pensar e a agir conforme seus pensamentos. Este foi o meu caso e jamais me esquecerei do professor Rubens (que não era diplomado), que nos proporcionava aulas magníficas de português e matemática. Foi incrível meu progresso aos 14 anos de idade, tanto nas matérias, como na vida. Em suma: ensinou-me a pensar e, daí para frente, tornei-me autodidata. Inclusive em matéria desportiva.

Tudo isto porque uma vez mais tomamos conhecimento do descalabro na gestão do ensino no Brasil. Ao que parece não há citação quanto à Educação Física, mas como sabemos (ou deveríamos saber), creio que podemos dar uma mãozinha aos professores de outras matérias. Gostariam de tentar? Uma tentativa ou primeiro passo já empreendemos no Prezi que, se bem observado, contém um Programa Pedagógico que ensina a pensar e não a tornar a criança ou jovem em um atleta olímpico, ou a buscar talentos, mas a formar indivíduos pensantes e socialmente realizados. Assim, por que não fazermos como o beija-flor que carrega água no seu bico para apagar o incêndio da floresta, enquanto todos os demais animais fogem? 

Vejam o artigo publicado recentemente na imprensa:

“O Brasil ficou na penúltima posição em um índice comparativo de desempenho educacional feito com dados de 40 países. O ranking, divulgado nesta terça-feira, 27, pela Pearson Internacional, faz parte do projeto The Learning Curve (Curva do Aprendizado, em inglês), realizado pela Economist Intelligence Unit (EIU). O estudo mede os resultados de três testes internacionais aplicados a alunos do 5.º e do 9.º ano do ensino fundamental. A Finlândia e a Coreia do Sul foram os países mais bem colocados. O Brasil ficou à frente apenas da Indonésa, e atrás de países como Bulgária (30.º), Romênia (32.º) e Colômbia (36.º). O índice global de habilidades cognitivas e de desempenho escolar foi criado a partir do cruzamento de indicadores internacionais da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (Pisa), Tendências Internacionais nos Estudos de Matemática e Ciência (Timms) e avaliações do Progresso no Estudo Internacional de Alfabetização e Leitura (Pirls), assim como dados educacionais de cada país sobre alfabetização e as taxas de conclusão de escolas e universidades. O desempenho de cada país mostra se ele está acima ou abaixo da média global calculada a partir dos dados de todos os participantes. Segundo os dados divulgados nesta terça, 27 dos 40 países ficaram acima da média, enquanto 13 estão abaixo do valor mediano. Os países ainda foram divididos em cinco grupos, de acordo com a sua distância da média. O Brasil, que teve pontuação de -1.65, foi incluído no grupo 5, onde estão as sete nações com a maior variação negativa em relação à média global. De acordo com Mekler Nunes, diretor superintendente de Educação Básica da Pearson no País, o 39.º lugar não é de todo ruim. Isso porque os 40 países que compõem o ranking são os únicos entre as 193 nações existentes a ter dados históricos e estatísticos comparáveis sobre a qualidade da educação. “Estar nessa relação de países já é, por si só, um destaque”, afirma. “É sinal de que já fizemos o dever de casa mais básico”.

 Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,ranking-de-qualidade-em-educacao-coloca-brasil-em-penultimo-lugar,965935,0.htm

Professor e Treinador Brilhante?

Estratégias de aprendizado

– Comunicando os objetivos a serem alcançados.

– Ensinando a pensar, aprender a pensar.

Diante de duas mudas de planta, quem pode prever qual dará a árvore mais alta? A única resposta possível é que ainda é cedo para dizer, porque as duas estão crescendo (Hans Jensen).

Sempre afirmei que me basta ver um ou dois jogos de voleibol para conhecer boa parte dos integrantes das equipes. Hans Jensen, um dinamarquês grandalhão, professor de violoncelo radicado em Chicago, era assim. Não conhecia dois de seus novos discípulos e produziu um exame diagnóstico e prescrição em segundos: a um faltava emoção, então transformou-o num torcedor histérico; ao outro, faltava estratégia de aprendizagem, então o professor virou um mestre zen. Não se limitou a dizer-lhes o que fazer, tornou-se aquilo que precisavam fazer, comunicando o objetivo a ser alcançado pelos gestos, pelo tom, pelo ritmo e pelo olhar. Os sinais foram direcionados a eles, concisos, evidentes e precisos. Indagado sobre o que achava dos dois alunos, qual tinha mais talento? E mais potencial? Respondeu: “É difícil dizer. Quando ensino, dou a todos tudo. Impossível saber o que vai acontecer depois disso”, concluiu.

Como ser um treinador brilhante? 

Em outro exemplo Coyle deixa no ar uma questão bem atual que ainda não foi respondida e imagino que todos nós estejamos a buscá-la incessantemente. Ele fala do maior treinador de basquete americano – John Wooden, da UCLA – que, embora fosse inegavelmente brilhante, Wooden não estava trabalhando em circunstâncias comuns. Os jogadores que treinou já chegavam à universidade exibindo um alto grau de habilidade e de motivação. Além disso, ele dispunha de vastos recursos e contava com total apoio.

E no caso dos treinadores que vivem uma realidade distante do ideal? Que tipo de trabalho funciona melhor em situações nas quais os circuitos neurais específicos ainda não existem? Ou, para formular a pergunta em termos que nos tocam mais de perto, o que produz um bom professor de voleibol?

(Com base no livro “O código do talento”, Daniel Coyle)

Pedagogia Experimental – o Saque

Sequência dos movimentos no saque. Foto: http://www.fivb.org.

Referências

Para auxiliar o leitor em suas leituras, compus acima uma relação de 15 títulos em que de alguma forma teço comentários sobre o saque, ou sua história, algum fato curioso, sua evolução ou mesmo a utilização tática. Terão, assim, um acervo importante para deliberarem e discutirem com seus alunos sobre o emprego do saque em diversas circunstâncias. Espero não me esquecer de, invariavelmente, acrescentar um título toda vez que se fizer necessário. Peço a contribuição de vocês e boas leituras.

1.   Saque e Histórias

2.   Saque Tático e Barreira

3.   XV Campeonato Mundial de Voleibol Feminino –  Gamova 

4.   XV Campeonato Mundial de Voleibol Feminino – Semifinal  

5.   Saque que Faz a Diferença  

6.   Como Sacar? 

7.   XV Campeonato Mundial de Voleibol Feminino – Surpresa Checa

8.   Saque: técnica, tática @ marketing

9.   Jabulani vs. Mikasa 

10.Mundiais de Voleibol no Brasil, 1960 (V I)

11.O Jogo na Década de 50

12.Evolução das Regras, 1960

13.Voleibol na Escola (VI)  

14.Evolução das Regras, 1980-99 ‎

15.Voleibol na Escola (II) 

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Como Ensinar?

A metodologia a empregar é fundamental para o desenvolvimento motor da criança ao longo da sua vida. Compreendido dessa forma chamo a atenção dos professores para se inteirarem das teorias mais modernas da Psicologia a respeito de fatores fundamentais no ensino. Não cabe neste espaço esmiuçar o assunto, até mesmo por ser extremamente teórico, mas para aqueles que venham a se interessar, não deixem de ler nas obras de Vigotski sobre a percepção e seu desenvolvimento na infância. Querem um exemplo? Revejam com atenção a sequência do saque exibida no início da página. Como ensinar à criança o movimento do saque, através de exercícios de partes isoladas ou, ao contrário, com a percepção do conjunto? Aqui vamos encontrar as bases da nova teoria estrutural da percepção e às mudanças no desenvolvimento da percepção na infância. Indagado que tipo de exercícios educativos recomendaria para que um atleta se desenvolvesse no salto com vara, famoso técnico americano respondeu: “Simplesmente faça-o saltar”. A ideia que serve de base à nova teoria da percepção é de que a vida psíquica não está constituída por sensações ou ideias isoladas, que se associam umas às outras, mas por formações integrais isoladas, que foram denominadas estruturas, ou imagens, ou gestalts.

Adestrar ou Ensinar?

Inicialmente se o professor quer que algo seja bem assimilado deve preocupar-se em torná-lo interessante. A memória funciona de modo mais intenso e melhor naqueles casos em que é envolvida e orientada por certo interesse. Entende-se interesse como um envolvimento interior que orienta todas as nossas forças no sentido do estudo de um objeto. O interesse produz um efeito preparatório sobre o nosso organismo durante a assimilação de uma nova reação. Toda pessoa sabe que efeito inusitadamente aumentativo exerce o interesse sobre o psiquismo (ver “Pedagogia Experimental”, 6.11.2010). O importante mesmo é despertar o interesse em querer aprender e este é obtido através do “colorido emocional.” As tarefas posteriores se sucederão normalmente como ensinar a pensar, a espontaneidade e a criatividade. Para que algo seja interessante é necessário que não seja exaustivamente repetido. O professor deverá cuidar para que seus alunos tenham sempre uma motivação a mais nas suas aulas, um motivo ou novidade que os mantenha atraídos e surpresos. Nisto consiste o valor que os jogos oferecem: a oportunidade de manifestação interior.

Ensino com Qualidade

Espero ainda que ao assistir alguma partida em qualquer nível, venham a se lembrar das leituras, esbocem um leve sorriso e imaginem como deveria o atleta sacar. Se você é o professor ou treinador, cabe a responsabilidade de despertar o ensino tático para todos os alunos. Perceberá, igualmente, que raciocínios e condutas similares se aplicam aos outros fundamentos, guardadas suas características. Dessa forma, não será necessário fazer como no alto nível, em que um treinador elevava uma placa numerada para mostrar às atletas o direcionamento do saque; ou calar-se e deixar que lancem a bola sobre a líbero adversária. E isto, em ambas as categorias, masculina e feminina.

Finalmente, baseio-me no Aprender a Pensar, tanto para docentes quanto para instruendos.