Empenho e Sucesso

Empenho e sucesso

Aproveite o primeiro caso favorável que aparecer para por em prática a decisão tomada e procure atender a toda aspiração emocional que surja em você no sentido daqueles hábitos que você quer adquirir. As decisões e empenhos deixam no cérebro certo vestígio não quando surgem, mas no momento em que produzem alguns efeitos motores. O empenho de agir lança raízes em nós com tanto mais intensidade quanto mais frequente e continuamente nós repetimos de fato as ações e quanto mais cresce a capacidade do cérebro para suscitá-las”. (D. Wood)

Empenho. Sempre considerei inadmissível a falta de empenho nos treinos. A partir do momento que me predispus a treinar atletas de Vôlei de Praia deixei bem claro para os mesmos – eram em número de seis – que não toleraria atrasos, faltas e empenho. Esta última particularidade considero também responsabilidade do próprio treinador, que dita e imprime a dinâmica das aulas. Utilizei sempre dois recursos pedagógicos. Primeiro, o incentivo de todos em prol de determinado colega na ação. Segundo, minha própria exigência, reavaliando constantemente os limites de cada indivíduo e buscando sempre sua superação. Assim, alguns ensaios colocados em tempos certos, contribuíam para mantê-los atentos para tais desafios. Por exemplo, iniciamos com o lançamento da bola próxima à rede à determinada distância do atleta. Sua tarefa, tocar a bola como pudesse de modo que ela retornasse à sua própria quadra. A posição inicial era junto à rede e da antena. Quando dos lançamentos, procurava ocultar-me, localizando-me atrás dele, a 2m-3m de distância; e ainda, para que não desse a partida para a corrida antes do arremesso, tinham instruções de realizar um salto de bloqueio. Antes de sua queda, ainda no alto, arremessava a bola. Inicialmente, a 5m-6m para todos, com altura aferida de modo que tivessem sucesso e se preocupassem tão somente com a memorização do exercício. A cada duas sessões era incrementada uma nova distância e, em 2-3 semanas conseguiram – TODOS –, tocar a bola no limite considerado ótimo de 9m, isto é, de antena à antena. Contudo, isto não bastava, uma vez que a segunda condição imposta determinava que a bola tocada retornasse à própria quadra. Para tanto, mantivemos os ensaios diários, acrescido de novos elementos e exigência: deveriam deslocar-se tanto à direita, como à esquerda, considerando ainda os toques com uma das mãos, esquerda ou direita, respectivamente. Concluindo, observamos que o comportamento técnico dos atletas experimentou melhoria considerável, a ponto de não mais ocorrer a denominada “bola perdida” (de impossível recuperação) do jargão voleibolístico.

Olhando com olhos de ver. Numa manhã ensolarada observava atento o treinamento de uma dupla na praia. O treinador, diante do treinando arremessava a bola alta atrás do mesmo e aguardava sua recuperação com devolução por manchete; e assim sucessivamente. Ocorre que o atleta, sabedor que a bola seria lançada sempre à mesma altura e no mesmo espaço, adquiria um postura inicial de lateralidade que o facilitava no deslocamento para trás. E assim, um parecia estar a enganar o outro. Parecia a mim um “faz de conta que estou ensinando e, o outro, aprendendo”. Ocorre que, logo a seguir a este exercício, os atletas iniciaram um coletivo. A certa altura, estando na posição de expectativa para defesa, aquele atleta foi surpreendido com um lançamento da bola alta, nas suas costas. Qual foi sua reação? Quem apostou que ficou parado acertou.

Ainda sobre princípios do ensino. Este e outros fatos aguçaram minha curiosidade em como deveria ensinar alguém a reagir eficazmente diante de lances inesperados (até certo ponto). Por isso também estou aqui a ocupá-lo com esta leitura. Juntar a teoria com a prática num projeto que minha experiência como jogador, professor e técnico pode vir a ter valia para jovens educadores.

O professor deve conhecer estas formas de aprendizagem. Deve evitar as formas ineficazes e aproveitar as formas eficazes. Deste modo, pode dar bom uso aos três princípios que analisamos nos últimos textos. Tais princípios da aprendizagem são também princípios do ensino. Existe, contudo, uma condição: para tirar proveito de um determinado princípio o professor não deve apenas conhecê-lo por ouvir dizer. Deve entendê-lo intimamente, com base na sua importante experiência pessoal. (Pólya)