Altas e Baixinhas, os Altos e Baixos da Seleção

Camila Brait. Fivb/Divulgação. Thaísa em ação. Fivb/Divulgação.

No século XX, dizia-se que voleibol era “para gente grande”. E “jogo para mulheres”! Parece que neste novo século a expressão perdeu sua validade. Você, o que acha?


 

Jogo é jogo; treino é treino

Renomados técnicos afirmam que os treinos devem refletir as situações de jogo, ou pelo menos se aproximar delas. E da sabedoria oriental, é nas derrotas que se aprende. Ao que parece, pode-se acrescentar que também nas vitórias devemos tirar lições preciosas, desde que aprendamos a olhar com olhos de ver.

Thaísa na frente, Camila Brait atrás

Estive lendo o comentário no UOL dessa data, de Bruno Voloch, em que destaco alguns trechos interessantes:

  • Thaísa mais uma vez brilhou. Thaísa novamente decidiu. Apareceu no terceiro set e resolveu. Não chega a ser nenhuma novidade, mas dessa vez a central brasileira se superou justamente por ter feito dois sets em tese quase sem pontuar. A jogadora foi decisiva a partir da metade do jogo no ataque e no bloqueio, marcou 23 pontos e foi a grande responsável pela virada da seleção diante dos Estados Unidos. Foi um ótimo teste para o Brasil que se viu em dificuldades em vários momentos do jogo.
  • A seleção mostrou poder de reação e contou com a ótima partida de Camila Brait no fundo. Segura no passe e perfeita na defesa.
  • Jaqueline sofreu com o bloqueio dos Estados Unidos. Garay idem.
  • Natália jogou boa parte do segundo set e foi mal.

Aprendendo com a vitória

Ainda que vencedoras as garotas brasileiras poderão se ilustrar para seu aprimoramento coletivo. Não assisti à partida, mas pelo breve relato do jornalista, dá para conjecturar a importância e cuidados nos treinamentos para que sejam evitados exemplos da natureza. Ou seja, uma equipe bicampeã olímpica depender em determinados momentos da atuação de uma ou duas atletas. Depreendo que, em não havendo boa recepção – coloca a central em ação –, o Brasil não pode contar com Thaísa, atualmente sua melhor atacante. Conforme descrito, somente a partir da “metade do jogo, e responsável pela virada…”. Em tais circunstâncias, entra em campo a “mão do técnico”. Há pouco observamos algo similar quando da participação brasileira masculina na Liga Mundial. Após derrotas para a excelente equipe do Irã, foi aventada a hipótese de não classificação para as finais com a expressão/título “Bernardinho perdeu a mão” (7/6/2014). Em outra ocasião, em jogo contra a Rússia (feminino), em que vencíamos o set por 14 x 11, conseguimos perder inclusive uma medalha. Pode-se concluir que presumidamente, o técnico americano instruiu suas atletas a utilizar saques táticos de forma a “anular” a possibilidade de ataque da principal adversária. Não havendo ataque pelo meio de rede, a ponteira (bola se segurança) passa a ser o alvo único das bloqueadoras: Jaqueline sofreu com o bloqueio dos Estados Unidos. Garay idem. Todavia, muito embora não seja da responsabilidade do blogueiro, não foi mencionado o fato que causou tamanha alteração na partida. Presume-se, então, que houve acerto brasileiro na recepção dos saques. E mais importante: “o que teria acontecido para essa melhora”?

Fatores emocionais

Como em qualquer equipe, masculina ou feminina, fatores emocionais são passíveis de modificar o conjunto de forma imponderável. Nessas circunstâncias, atletas que estão “em quadra” podem não corresponder ao que normalmente produzem e comprometerem o time. Assim, ter o “time na mão”, significa poder alterar o rumo de uma partida com alterações pontuais, tanto táticas como por substituição de uma ou mais peças do tabuleiro que, nem sempre, surgem o efeito desejado, como no caso de Natália. É bem possível que, ao entrar na quadra a equipe brasileira só precisava de uma vitória para assegurar sua classificação para as finais do Grand Prix. Este é um fator que contribuí para o estado de ânimo das jogadoras. Acrescentem-se as providências táticas promovidas pelo treinador adversário e está formado um quadro de “surpresa” para o que vai acontecer nos primeiros sets da partida. Recuperadas, tiveram tempo e competência para transformar uma derrota iminente em vitória suada e merecida.

Como treinar?

No alto nível algumas seleções disputam em igualdade de condições: os detalhes fazem a diferença!

Certamente que a experiência vivida há de produzir ensinamentos transformadores em cada um dos personagens envolvidos. De um lado e do outro. Tomara que a comissão técnica esteja sempre atenta a tais fatores e reproduza em seus ensaios futuras condições de aprimoramento transformadoras. Parabéns a elas e à comissão técnica, não tanto pela vitória, mas pelos ensinamentos incorporados à personalidade de cada indivíduo.

Leia mais… Aprendendo com as Derrotas: Métodos de Ensino; Lições do Mundial, Saque Tático

 

Post Script

Atleta RUSSA GAMOVA EXULTA PELO TÍTULO
Atleta russa Gamova exulta pelo título.

Aprendam a usar o saque!

Aguarda-se um possível encontro entre as seleções do Brasil e da Rússia, com a provável inclusão da carismática Ekaterina Gamova, que se aposentara e teve anunciado seu retorno. Trata-se de uma atleta que desequilibra qualquer partida dado o seu poderio de ataque. Nos jogos que assisti pela TV, não percebi qualquer providência tática em relação aos saques que pudessem oferecer qualquer problema à equipe russa em anulá-la, tal como fizeram as americanas com a Thaísa. Percebe-se uma uniformização no saque, i.e., todas com o mesmo tipo de saque, o que em pouco tempo será absorvido pelas adversárias. Somos adeptos por múltiplas variações individuais a serem empregadas principalmente em determinados momentos da partida. Pode ter sido  o erro da equipe americana: as brasileiras como que absorveram, ou seja, conseguiram um antídoto para superar a deficiência na recepção. Como continuaram a sacar da mesma forma, não mais produziu efeito indesejável. Se estivermos certos, tiramos as seguintes conclusões:

  • Saque não deve ser desperdiçado, equivale ao pênalti em futebol… equipe brasileira masculina aprendeu (espera-se) com os iranianos.
  • Atletas devem saber executar com perfeição vários tipos de saque, especialmente táticos… e não simples reposição em jogo.

Deixo as indagações…

– O que estariam as brasileiras preparando para esse enfrentamento?

– Será que conseguirão anular a extraordinária Gamova?

Leia mais…  XV Campeonato Mundial Feminino – Gamova

Aprendendo com as Derrotas: Métodos de Ensino

MiniEuFavBairro INVERTIDA

Parece que sabemos todos o que fazer.

O problema é colocar em prática.

Identificando e Buscando Soluções  (parte I)

Por que perdemos? Onde erramos? Que devemos fazer? Quanto tempo para nos recuperar?

 

Escolas, Universidades, Cursos – Salto no Escuro – Escola – Educação Física nas Universidades –  Ensino a Distância – Centro de Referência em Iniciação.

 

Cremos que é uma pena só pensarmos neste assunto quando nos sentimos derrotados. Mas até nossas leis desportivas contribuem para nos acabrunharmos e nos sentirmos impotentes para alavancar o que quer que seja. O grupo que está no poder tem a tendência de nele permanecer até a morte. A mosca azul está em toda a parte!

Conversaremos sobre as derrotas recentes da Liga Mundial de voleibol e a Copa do Mundo de futebol e suas consequências, ou melhor, os cuidados e providências que se sugerem aos respectivos gestores –  CBV e CBF – em médio e longo prazo para prevenir e alavancar um grande salto quanto aos Métodos de Ensino disseminados pelo país.  No voleibol, desde 1975, sob o “padrão Fivb”, e na CBF, também os cursos rápidos de técnicos em futebol, predominantemente com o aproveitamento de ex-atletas. Testemunharão também o que este Procrie vem propondo em matéria de Ensino Escolar/Clube, inclusive para qualquer desporto. A conhecida e propalada Formação de Base.

Postulamos há muito (1976 e 1984) que a CBV formatasse um Centro de Referência em Iniciação Esportiva no Rio de Janeiro, com a finalidade de pesquisar metodologias modernas na Formação de atletas e, a seguir, divulgar para outros Estados (Núcleos) ensaios e conquistas aplicáveis a cada realidade, especialmente nas escolas públicas brasileiras. Atualmente, torna-se mais fácil pelas ferramentas da Internet. (Ver diversos artigos sobre Mini Vôlei sob o título Aprender a Ensinar e a História do Mini Vôlei no Brasil). Infelizmente, um dos assessores diretos da presidência vetou o projeto, tendo convencido o Nuzman em recuar do acordo que havíamos firmado verbalmente. Compreendamos também que os problemas são similares, independentemente do desporto a que se refira. Talvez a maior diferença esteja no montante de recursos envolvidos, o que é preocupante para todos. Como gerir uma montanha de dinheiro em favor de tantos?

Este artigo enfrenta o problema no qual pretendemos debater para a construção de ideias que nos indicarão os caminhos a percorrer no futuro, lembrando aos leitores que na gênesis do Procrie está assinalada nossa opção de criação de Núcleos de Referência em Iniciação Esportiva com ensinamentos aplicáveis a quaisquer esportes. E dissemos, que elegemos o voleibol como modelo, uma vez que fomos praticantes e técnico da modalidade. E não menos importante, interessados e pesquisadores da Arte de Ensinar, a partir do momento – 1974 – em que descortinamos uma metodologia de ensino do Mini Voleibol no Brasil. Há quatro anos vimos produzindo artigos nunca perdendo de vista nossa Missão de coorientadores em sua difícil obra educacional.

Como Surgem os Talentos, Seria por Acaso? – Como se Adquire Habilidade? – Como Treinar? – Cuidados nos Exercícios – Design Thinking – O Circuito do Ensino.

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Lições…

Preliminarmente, devemos esclarecer que as Confederações devem entre outros fins, administrardirigir, controlar, difundir e incentivar em todo o país a prática do voleibol em todos os níveis, inclusive o voleibol praticado por portadores de deficiências. Assim, como o esporte competitivo está dissociado do esporte recreativo, a quem caberia incentivar este último, até então esquecido solenemente? Seriam as Federações? A par de tudo, nota-se há algum tempo as ingerências nocivas do COB no gerenciamento das políticas esportivas (sic) no país, especialmente em nível colegial.

Talvez a única tentativa em voleibol relativa a problemas crônicos na Formação foi a que fizemos através da introdução do Mini Vôlei no Brasil (1974), atualmente aproveitada como fonte de recursos pela entidade, na forma de franquias – Viva Vôlei – ou patrocinadores particulares. Quanto à seleção, a competente comissão técnica deve estar procedendo a tais indagações, inclusive à luz de estatísticas e vídeos, pois o Bernardo é bastante inteligente e competente. Creio não ser preciso alertar à CBV sobre a visão de seu próprio trabalho, com certeza embutido no planejamento sobre a produção das peças de reposição e, muito mais importante, os Métodos empregados no Brasil, cuja responsabilidade atual parece ainda ser do Conselho de Treinadores.

Note-se que ele é presidido e conduzido por um único homem guindado ao posto por Carlos Arthur Nuzman desde sua posse na entidade há 39 anos. Todos os Cursos de Treinadores da CBV estão sob sua responsabilidade. Diga-se de passagem, o presidente do Conselho não participa ou opina sobre as seleções; ao que nos disse não é remunerado e que se atém exclusivamente aos cursos e relacionamento com o congênere da Fivb. Também o Setor de Seleções abdica de ingerência técnica, apenas administrativa.

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Do noticiário extraímos recentemente algumas opiniões alarmistas que poderão nos guiar na forma de pensar o problema (design thinking) e encontrar soluções. Vejamos algumas e após sua leitura, esperamos que VOCÊ participe com seus comentários.

1. Bernardinho perdeu a mão (… será?)

Bruno Voloch, no UOL, 7/jun./2014. “Era o que faltava. Perder para o Irã por 3 a 0 e dentro de casa. Se existia alguma dúvida, não existe mais. A seleção masculina está em crise, perdeu a confiança, não é mais respeitada e dá sinais de estar sem comando. Bernardinho assume a responsabilidade pelo fracasso, se desculpa e fala em frustração. Bruno diz que falta atitude, postura e cobra reação. Discursos fortes, corajosos”.

Procrie… No voleibolês da década de 60 já se dizia: Há técnicos que sabem dirigir uma equipe, têm estrela, e outros que sabem treinar seus atletas; difícil é acumular. Em alguns momentos da partida, a insistência (do técnico) em mostrar a um dos atletas como fazer um bloqueio, defender ou recepcionar, somente atestava a inoperância ou dos treinamentos – que não produziram resultados – ou a falta de qualidade técnica da maioria do que ali estavam. Em suma, ao dize-me com quem andas e te direi quem és, ajusta-se também ao voleibol: dize-me como treinas e te direi como jogas.

Procrie… UFA!!! Recuperação e surpresas. No dia 17 de julho a seleção masculina de vôlei teve uma espetacular vitória ao derrotar a Rússia (3 x 2) pela fase semifinal da Liga Mundial em Florença, Itália. Parabéns aos atletas e à comissão técnica. No dia seguinte, os brasileiros foram derrotados pelos iranianos (4ª vez, 1 x 3). Surpresas: os russos foram desclassificados para a próxima fase, brasileiros em segundo e iranianos em primeiro lugar da chave. A seguir, brasileiros e italianos se confrontaram, com vitória insofismável brasileira, credenciando para a grande final. Com a derrota dos iranianos para a equipe americana, aguarda-se um sensacional jogo hoje, domingo (20/jul./2014). Aconteceu a partida e os Estados Unidos venceram por 3 x 1. Conclusão: a renovação pretendida pelo técnico parece estar no caminho certo, esperando-se que a comissão técnica também esteja aprendendo com os erros. E, agora, “Como Treinar?” para enfrentarmos a maratona de jogos no próximo Mundial?

Notas colhidas de alguns integrantes da equipe brasileira após a partida final:

  • Precisamos fazer algo diferente, seja melhorar individual ou taticamente.
  • É encaixar, alguém jogar um pouco acima da média.
  • Vamos estudar, avaliar e fazer algo (técnico).
  • Precisamos jogar em nível melhor porque vai ser mais difícil no Mundial.
  • Se tiver que melhorar a concentração, vamos lá; se for parte física, vamos lá. 

Velho Problema, Formação Básica

O “vamos lá, vamos lá”, ouvido a todo instante durante as partidas parece não levar a lugar algum. Soa como destempero e consequente ausência de apresentar solução a problemas ocasionais latentes que a equipe não consegue resolver sem ajuda de fora. Esta deve ser a interferência ocasional do seu condutor técnico.

De longa data técnicos de seleções brasileiras em qualquer modalidade queixam-se (nas derrotas) de que não têm tempo para treinar taticamente suas equipes e que muitos atletas não possuem uma formação técnica básica nos fundamentos. Assim, haja improvisações, criatividade e, mais do que tudo, “sorte”. Além, é claro, de jogar com o Regulamento. Como registramos no início, “Todos sabemos o que fazer; o problema é colocar em prática”!

Será que já é o momento de voltarmos nossos olhos para a preparação BÁSICA de nossos pequenos atletas? E, principalmente, para os seus PROFESSORES, os facilitadores do aprendizado? Que importância damos aos condutores das escolinhas? E ainda mais grave, que Formação Pedagógica possuem? Como são formados e avaliados esses profissionais do Ensino?

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2. Essas circunstâncias podem ser transportadas quando o assunto é futebol?

Continuemos nossa conversa tentando obter subsídios dos problemas que impedem a construção de um projeto de Formação de Base e em que consiste nossa proposta de atuação. Vejamos então o que nos fala um dos mais experientes técnicos de futebol no Brasil, o Professor Carlos Alberto Parreira, em entrevista a ESPN publicada pelo UOL em 15/jul./2014, logo após sua saída de coordenador técnico da seleção brasileira na Copa do Mundo.

Problema da seleção: clubes formadores – Acho que deveriam olhar o que foi feito, o planejamento. O que se poderia pensar para o futuro é ser mais abrangente com as federações internacionais. Sou a favor de fazer cursos fora do país. Precisamos que os clubes invistam nas divisões de base e temos que formar em casa os jogadores.

Formação de treinadores – Até já começou a melhorar essa formação, mas ainda é pequena. Os europeus fazem isso há mais de 20 anos. A Alemanha tem mais de 20 centros formadores espalhados pelo país e os treinadores trabalham no mais alto nível. Isso tem de ser feito a médio e longo prazo, de cinco a dez anos. O Fernandinho (jogador da seleção) disse: “os jogadores estão sendo formados no exterior; são brasileiros, mas a formação é europeia”.

Prevendo a entressafra – Fica muito claro que não é fácil ganhar a Copa e que qualquer equipe pode passar por uma entressafra. Temos que fazer como os alemães que se preparam há dez anos, e não interromper um trabalho a cada um ou dois anos. Isso faz parte constante do aprendizado. Temos que fazer o que sempre fizemos e incrementar o trabalho de divisões de base, revelar jogadores de alto nível. As qualidades com escolinhas, treinadores (e gestores).

A CBF não é formadora de jogadores – É o clube quem forma. Ela organiza as equipes para disputar competições sub 17, sub 20 e profissional. A CBF tem que incentivar os clubes.

A Alemanha – É um time formado há dez anos, com mais de 120 jogos, que vem sendo preparado. Joachim Low nunca tinha feito uma final e foi o primeiro título dele em dez anos. É questão de trabalho, intercâmbio. A sequência de trabalho e a continuidade são importantes.

Legado – Essa seleção deixou um legado intangível. Há muitos anos eu não vejo esse Brasil em torno de um objetivo, como o torcedor se uniu com essa seleção. Essa geração que apoiou, vai continuar a apoiar por mais três, quatro Copas. Os jogadores tiveram essa mensagem. O sonho não termina, ele foi interrompido. O trabalho começa daqui um mês e meio.

Técnico estrangeiro – Acho que não há necessidade de estrangeiro em qualquer seleção grande. Não sou contra a ideia, acho difícil implementar o trabalho com um estrangeiro. Pode ter palestras, intercâmbio. Grandes seleções têm que ser treinadas por técnicos locais.

Palestras e cursos – É importante os treinadores irem ao exterior para palestras e cursos. Promover esses fóruns, esse intercâmbio, é favorável a todos.

Qual seleção propôs algo novo taticamente? Para mim, a Alemanha não apresentou algo novo, mas um futebol com quatro, cinco craques em prol da equipe, experientes, entrosados, sabiam resolver os problemas. Não apresentaram nada de novo, mas eu gostei de ver.

3. Gestão desportiva… na CBF

Ainda a propósito do pós-Copa, encontramos uma opinião em Minas Gerais, Trata-se de Gestão (no caso, má gestão). O advogado Marcelo Luiz Pereira, pós graduando em Direito Desportivo e Negócios no Esporte, afirmou no sítio do CEV (16.7.2014):

(…) “Reitero, salvo melhor juízo, Gestão é a palavra chave, independentemente dos subsídios e vantagens concedidas aos clubes. Vou além, interessante que esta mudança se inicie na própria CBF, notório modelo fracassado de Gestão do Futebol e um verdadeiro sucesso no aspecto financeiro daquela instituição (lucros exorbitantes nos últimos anos). Por que será? Importante pensarmos e atuarmos juntos”.

4.  Blog do João Freire

O caso do futebol brasileiro (2ª parte), 17/jul./2014.

Eis a opinião de um dos mais respeitados professores de Educação Física do Brasil a respeito do ensino do futebol.

“De meu ponto de vista, essa história explica-se da seguinte maneira: a reinvenção do futebol à brasileira deu-se à revelia da educação física. Nossos jogadores foram forjados nos campos de várzea, nos pequenos espaços de areia, terra ou grama que grassavam pelo Brasil afora. Nossos jovens não aprenderam sozinhos, não foi uma mágica; aprenderam porque havia uma pedagogia, que eu chamo de pedagogia de rua, uma pedagogia popular, uma verdadeira escola em que crianças aprendiam com crianças e com os mais velhos, os jovens aprendiam a jogar jogando. Uma pedagogia tão sábia que ensinou que o melhor jogador era o que melhor sabia jogar, isto é, o que era mais lúdico – Garrincha como exemplo maior. Nosso professor de futebol não foi nenhum sistema sofisticado de educação física. Foi exatamente porque não foi a educação física, repito, branca e europeia, a nos ensinar o futebol que pudemos praticá-lo de um jeito só nosso”.

Procrie… Como ressalva ao texto acima, lembramos a pequena divergência entre o que postulavam Vygotsky e Piaget, suficiente para transformar uma metodologia a empregar no Ensino: construtivismo ou andaimização? (Leia mais… ) A par de tais discussões, acrescentem-se os conceitos metodológicos de treinamento profundo – teoria mielínica – alardeados pelo jornalista americano Daniel Coyle, conjugados a resultados de estudos na área da Neurociência. O que hoje a Neurociência defende sobre o processo de aprendizagem se assemelha ao que os teóricos mostravam por diferentes caminhos. Vimos buscando igualmente estender para outros desportos a concepção de um ensino com criatividade e imaginação, propondo Metodologia calcada no Aprender Brincando, Aprender Jogando, advinda dos ensinamentos de Gerhard Dürrwächter, professor alemão com quem convivemos em Ronneby, Suécia, em 1975, por ocasião do I Simpósio Mundial de Mini Voleibol (Fivb).

Leia mais… Procrie na Alemanha VOLLEY-BALL, SPIELEND LERNEN – SPIELEND ÜBEN, (Voleibol aprender brincando, aprender jogando).

 

Formação de Base

O objetivo do Procrie é fomentar ideias sobre o assunto e levar a quem quer que seja (web) sugestões aplicáveis a professores e treinadores em suas atividades nas escolas ou clubes. Postamos  no Prezi – sítio exclusivamente educacional – nosso Contributo ao Desenvolvimento do Voleibol, um encadeamento de ideias e soluções perfeitamente ajustáveis a todos os desportos. TODOS são chamados a participar

Temos certeza de que o modelo vigente nada acrescentou e não entendemos o desleixo e má gestão da entidade nesse sentido. A ideia de quem forma o atleta é responsabilidade do clube está completamente defasada e, certamente, nosso principal problema na Formação. É o que vigora até então no Brasil em TODOS os esportes. Como disse muito oportunamente o Prof. Parreira (ver acima): “A CBF tem que incentivar os clubes”. Mas como implantar tais incentivos? Os clubes não estão falidos? Não estão eles mal organizados?

Vamos neste instante apontar um problema que não é menos importante do que tantos ventilados. Trata-se do ensino universitário, formador de professores e técnicos. Já postamos um artigo em que resumimos a entrevista nada mais nada menos do que o reitor da USP.

Aprender a Ensinar 

Neste momento devemos nos remeter à Universidade, instituição formadora de professores, mestres, doutores, pesquisadores, que deveriam cumprir seu papel. Como ela se fecha nela mesma, fica dificílimo qualquer tentativa de romper o lobi construído. Cansamos de tentar e perdemos a paciência. A alternativa foi construirmos o Procrie e caminharmos por iniciativa própria. Se considerarem as estatísticas produzidas pelo Google Analytics, verão que estamos no caminho certo. Falta-nos ainda concretizarmos os Cursos Presenciais.

Em relação a um bom ensino, certamente vamos cair na premissa máxima de nossa cruzada, o Aprender a Ensinar. Sabemos que Ensinar é uma Arte, mas… Arte é ensinável? Sugerimos pequena leitura a respeito do que vem a ser design thinking e seu emprego na busca de soluções a problemas.

Conhecimento amplo e conhecimento restrito – Quando Piaget ministrava seu curso sobre inteligência, ele começava perguntando:

– O que é inteligência?

Ele então respondia:

– Inteligência é o que nos possibilita adaptarmo-nos a novas situações.

E continuava salientando que existem dois aspectos em qualquer ato de adaptação – nossa compreensão da situação e a invenção de uma solução baseada nesse entendimento.

Como surgem as ideias – A inteligência não pode desenvolver-se sem conteúdo. Fazer novas ligações depende de saber o suficiente sobre algo em primeiro lugar para ser capaz de pensar em outras coisas para fazer, em outras perguntas a formular, que exigem as ligações mais complexas a fim de compreender tudo isso. Uma vez que o conhecimento é organizado em uma estrutura coerente, nenhum conceito pode existir isoladamente. Assim, cada ideia é apoiada e colorida por uma rede de outras ideias. Em suma, “não há ideia burra”!

Processos de autorregulação – Como aplicar o design thinking no ensino de voleibol na escola? – Como ter ideias e resolver problemas? 

Leia mais… Aprender a Pensar

 

Escolas, Universidades, Cursos

Percebam o significado e a dimensão do alerta que nos coloca o Professor José Pacheco ao dizer:

Temos Escolas do séc. XIX, professores no séc. XX, e alunos no séc. XXI.

Independentemente da comunidade, cidade ou país em que vivemos e o que esperam de nós os nossos filhos e alunos em matéria de transmissão de conhecimentos? Estaríamos preparados para o embate pedagógico que se nos afigura neste século?

Esporte na Escola – Ensino Esportivo – Motivação e Interesse – Arte de Ensinar – Conciliando Educação Física e Esporte – Aulas e Cursos Presenciais.

Salto no Escuro

Do reitor da Universidade de São Paulo, Marco Antônio Zago, colhemos algumas impressões sobre o ambiente acadêmico em que vivemos no principal estabelecimento de ensino no país em sua entrevista à revista Veja ((ed. 2379, 25/6/2014):

“Os pesquisadores precisam se arriscar mais, sair da zona de desconforto que os leva a projetos de sucesso garantido de antemão. Isso permite que a vida deles transcorra sem surpresas positivas ou negativas, o tempo passa, eles criam vínculos estáveis e passam a dispor de uma estrutura de pesquisa. Para quê? Para continuarem repetindo experimentos consagrados. Tudo bem (…), mas não é essa abordagem que produz grandes e decisivas descobertas. Sem salto no escuro não surgem avanços revolucionários. Os que se arriscam mais são sempre os mais jovens. Depois eles se casam, têm filhos, ficam mais prudentes, e o sistema aceita. Atualmente, no Brasil, tanto as universidades quanto as agências de pesquisas premiam a prudência e inibem a inovação”.

Conclusão: “Temos de dar melhores condições de trabalho aos pesquisadores e reduzir as tarefas administrativas e burocráticas. As condições para fazer pesquisa competitiva estão no estabelecimento de um ambiente favorável, com parcerias como as que temos hoje. Não dá para criar pesquisa de qualidade isoladamente”.

Escola

Entenda-se que representa a principal forma utilizada pelas sociedades modernas de transmissão do conhecimento. A História nos diz que a Escola é uma invenção moderna, não faz muito tempo que foi criada, contudo os conhecimentos sobre Tecnologia da Informação e Comunicação, que nos atropelam de forma avassaladora há menos de 50 anos, realmente nos impedem de acompanhá-la passo a passo como fazem os alunos em centros mais avançados de ensino.

Universidade

Não pergunte o que a universidade pode fazer por você, mas o que você pode fazer pela universidade. (Kennedy)

Universidade do futuro, Stephen Kosslyn (Veja, 2/abr./2014)

Algumas opiniões de renomados professores:

– O conhecimento do cérebro (ciência cognitiva) é o caminho para aprimorar o aprendizado, inserir a escola no século XXI e deixar bem claro que cada pessoa vai até onde sua mente pode ir.

– A universidade on-line revela a importância da tecnologia, ao mesmo tempo em que estimula o aluno a construir um pensamento crítico e a enxergar os dois lados de uma questão.

– A universidade atual necessita retirar a poeira dos séculos, entender e valorizar o novo que, inexoravelmente chega. (Benjamin Batista, BA)

– A origem dos conflitos e questionamentos sobre a finalidade do conteúdo ensinado na sala de aula reside na forma como esse conteúdo é ditado aos alunos – sem nenhuma aplicabilidade prática. Simplesmente não conseguem estabelecer uma conexão entre o seu dia a dia e a escola. (Alex Fabiano A. Oliveira, PB)

Educação Física nas Universidades

Um clube ou academia? Não pergunte o que a universidade pode fazer por você, mas o que você pode fazer pela universidade.

Poderão aquilatar os problemas que afligem o ensino universitário e a consequente educação escolar. Em que consiste a tendência mundial do trabalho desenvolvido pela AIESEPX, inclusive com atuação no Brasil, e o que se espera da universidade no séc. XXI? Percebam o alinhamento do Procrie com a entidade em http://www.aiesep.ulg.ac.be/. O site é hospedado pela Universidade de Liège.

Palavras-chave: Educação Física Escolar, Metodologia e Pedagogia para Professores, Procrie e AIESEPX, Sistema Universitário, Universidade do Futuro.

Leia mais… Ensino da Educação Física nas Universidades

 

Ensino a Distância

Quando lançamos a ideia de ensinar voleibol à distância, fomos desafiados por um dos maiores professores atuante há muito no cenário nacional e internacional. Dizia ele: “É impossível você ensinar a alguém dar um toque de bola residindo a quilômetros de distância”. Felizmente aceitei o desafio. Não sei se ele se tocou e tenha acompanhado o nosso trabalho no Procrie. É uma pena, pois trata-se de um técnico em voleibol, professor universitário, e principal influenciador na Metodologia de ensino no Brasil.

Recentemente, a Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) aprovou nesta terça-feira (8/jul./2014) projeto que define regras gerais sobre a realização de cursos de mestrado e doutorado a distância. A proposta acolhida foi o substitutivo da Câmara dos Deputados a projeto (PLS 264/1999) apresentado ao Senado pela ex-senadora Emília Fernandes. A matéria ainda será votada pelo Plenário do Senado. De acordo com o projeto, os programas de mestrado e doutorado a distância observarão, no que couber, as mesmas normas vigentes para o ensino presencial, permitindo-se as adequações necessárias às peculiaridades dessa modalidade do processo educacional. Em qualquer caso, no entanto, será exigida a realização presencial de exames e de defesa de trabalhos ou outras formas de avaliação de desempenho que venham a ser desenvolvidas com as inovações da tecnologia educacional.

Encontros Presenciais

“As metodologias e ferramentas da EaD quando bem planejadas, organizadas, executadas e avaliadas favorecem demasiadamente a aprendizagem. É oportuno mencionar que seria muito apropriado em não abdicar das formas híbridas, aquelas que combinam encontros presenciais com atividades em ambientes virtuais de aprendizagem, principalmente no campo de estudo e atuação profissional em Educação Física”. (Patrick R. Coquerel)

Leia mais… Vai a Plenário Projeto Que Trata de Cursos de Mestrado e Doutorado a Distância

 

Continua…

 

Você Pode Aprender a Ensinar com as Derrotas

Bernardo Agasalho e Livro  2 junho2011

Aprendendo a Ensinar…

Reproduzimos o comentário do jornalista Bruno Voloch em seu blogue no UOL do dia 7 p.p., por se tratar de uma observação de alguém que realmente vive o voleibol. Refere-se à segunda partida entre as equipes do Brasil e do Irã pelo Liga Mundial.

A seguir, conversaremos sobre o fato e suas possíveis  consequências, ou melhor dizendo, os cuidados e providências que se sugerem à CBV a médio e longo prazo para prevenir e alavancar um grande salto quanto aos Métodos de Ensino disseminados pelo país desde 1975, o “padrão Fivb. ” Verão também o que o Procrie vem postulando em matéria de Ensino Escolar/Clube, inclusive com propostas para qualquer desporto.

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Curso Prático: Métodos & Pedagogia no Vôlei – Defesa em Voleibol – Como Surgem os Talentos? Seria por Acaso? – Como se Adquire Habilidade? – Como Treinar? – Cuidados nos Exercícios – O Circuito do Ensino.

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Bernardinho perdeu a mão

Era o que faltava. Perder para o Irã por 3 a 0 e dentro de casa. Se existia alguma dúvida, não existe mais. A seleção masculina está em crise, perdeu a confiança, não é mais respeitada e dá sinais de estar sem comando. Bernardinho assume a responsabilidade pelo fracasso, se desculpa e fala em frustração. Bruno diz que falta atitude, postura e cobra reação. Discursos fortes, corajosos.

Fato é que o Irã simplesmente não tomou conhecimento do Brasil, ignorou a tradição e o histórico da seleção na liga e venceu com sobras e méritos por 3 a 0. Os iranianos mostraram incrível consistência no saque, defesa e fizeram 11 pontos de bloqueio contra apenas 5 do Brasil.

Não dá para livrar a cara de ninguém na seleção. Ninguém. Time apático, entregue, sem vibração e visivelmente abalado emocionalmente. Equipe sem padrão de jogo, com falhas inacreditáveis no sistema de recepção e volume de jogo zero. As 4 derrotas em 6 jogos em casa, pior desempenho desde que Bernardinho assumiu a seleção, aparecem coincidentemente após a crise na CBV e o suposto envolvimento do técnico na política. Bernardinho parece ter perdido a mão.

Parece. Não dá jamais para duvidar da capacidade dele. Dentro de quadra, porém, a sensação é que o grupo não responde mais ao comando do técnico. Sensação. (Bruno Voloch)

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irã capturada cidadesProcrie no Irã

Estamos muito felizes com os iranianos, como revela o recente interesse que o Procrie tem despertado entre seus habitués da web. São oito cidades, especialmente a capital Teerã (Tehran, ing.) com cinco visitas, e bem próxima, Karaj (2). Tomara que mais e mais adeptos se acomodem junto aos seus laptops e, apesar da língua, tenham algum mecanismo eficiente de tradução.  E que se esmerem mais ainda do que realizaram no Ibirapuera. Verdadeiro show!

Se na próxima etapa da Liga, mais uma vez os atletas iranianos promoverem a festa na quadra, não nos culpem de traição ou espionagem.

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NOTA INTRODUTÓRIA

Conhecimento amplo e conhecimento restrito

Quando Piaget ministrava seu curso sobre inteligência, ele começava perguntando: “O que é inteligência”? Ele então respondia: “Inteligência é o que nos possibilita adaptarmo-nos a novas situações”. E continuava salientando que existem dois aspectos em qualquer ato de adaptação – nossa compreensão da situação e a invenção de uma solução baseada nesse entendimento.

Como surgem as ideias

A inteligência não pode desenvolver-se sem conteúdo. Fazer novas ligações depende de saber o suficiente sobre algo em primeiro lugar para ser capaz de pensar em outras coisas para fazer, em outras perguntas a formular, que exigem as ligações mais complexas a fim de compreender tudo isso. Uma vez que o conhecimento é organizado em uma estrutura coerente, nenhum conceito pode existir isoladamente. Assim, cada ideia é apoiada e colorida por uma rede de outras ideias.

Visão do Procrie… aprender a ensinar

AutorBernardoBenéTabach1995No voleibolês da década de 60 já se dizia:

Há técnicos que sabem dirigir uma equipe, têm estrela, e outros que sabem treinar seus atletas; difícil é acumular.

Na foto, à esquerda, Roberto Pimentel, Bené, Bernardo e R. Tabach no Centro de Referência do autor em Copacabana (1995). Bené, já falecido, foi o primeiro treinador de Bernardinho no Fluminense. A seu cargo ficavam os atletas mirins e infantis, e no seu trabalho era considerado o melhor. Saiba mais sobre Bené e sua contribuição para o vôlei nacional no livro História do Voleibol no Brasil

O que se viu na partida em que a seleção brasileira perdeu para a do Irã, confirmou-se o dito popular. O técnico brasileiro não tinha o que dizer, e falava a todo o momento palavras de ordem para equilibrar sua equipe. O “Vamos lá! Vamos lá! Vamos lá! ” não nos parece a instrução requerida para o momento que atravessavam no jogo. Em outros, a insistência em mostrar a um dos atletas como fazer um bloqueio, defender ou recepcionar, somente atestava a inoperância ou dos treinamentos – que não produziram resultados – ou a falta de qualidade técnica da maioria do que ali estavam. Em suma, ao “dize-me com quem andas e te direi quem és”, ajusta-se também ao voleibol: “dize-me como treinas e te direi como jogas”. Particularmente, tenho minhas concepções sobre como treinar que podem não refletir tanta competência, mas certamente atenuariam as falhas que esses moços insistem em repetir. Já até ousamos tocar no assunto com os técnicos maiores.  

Produzimos artigo neste Procrie em que afirmamos, calcados na teoria moderna de treinamento profundo (qualidade), que não basta “treinar, treinar, treinar”, mas simplesmente TREINAR com QUALIDADE. Repetir o erro por dias, horas de treinamento só reforça o que está errado, impedindo o indivíduo de ser corrigido e, por conseguinte, evoluir tecnicamente. Muitos técnicos de seleções, inclusive de outras modalidades, afirmavam que é bastante dificultoso armar uma equipe em pouco tempo quando os seus integrantes não têm a necessária competência técnica nos fundamentos: É impossível ensinar e muito decepcionante, ter que ensinar a atleta de ponta como passar, defender, sacar, bloquear.

Se consultarmos treinadores, técnicos, professores e professoras atuantes em voleibol – clubes, agremiações, escolas – perceberemos que existem dificuldades fabricadas para escoimar um ensino de QUALIDADE, um ensino PROFUNDO, do qual pessoa alguma se esquece. Basta acompanhar os exercícios em qualquer um dos times participantes da Liga: copiam e repetem idênticos ensaios sem a menor preocupação de correção. É um trabalho inócuo e, pior, com agravantes, pois os instruendos sistematicamente REPETEM os mesmos erros. Dessa forma, levam anos para se aperfeiçoar, ou talvez nunca cheguem lá. Estão dando murros em ponta de faca!  

 

Iraniano Ghaemi vibra com ponto marcado contra a seleção brasileira de vôlei, no ginásio do Ibirapuera. Fonte: Fivb/Divulgação.Do outro lado, a equipe iraniana proporcionou a todos um belo espetáculo de superação e competência. Basicamente, não teve falhas e soube explorar inteligentemente a inoperância do adversário sem se intimidar com o seu currículo. A técnica de seus atletas fez com que o seu comandante alternasse saques violentos com os táticos com resposta positiva no desempenho da partida. Enfim, souberam comandar a partida como um “bloco”, deixando transparente sua disciplina tática, técnica aprimorada, e equilíbrio, o que muitos por aqui chamam paciência. Foto: Iraniano Ghaemi, canhoto e um dos destaques, vibra com ponto marcado contra a seleção brasileira no ginásio do Ibirapuera. Fonte: Fivb/Divulgação.

Lições

Por que perdemos? Onde erramos? Que devemos fazer? Temos tempo?

A competente comissão técnica deve estar procedendo a tais indagações, inclusive à luz de estatísticas e vídeos, pois o Bernardo é bastante inteligente e competente. Contudo, creio não ser preciso alertar à CBV sobre a Visão de seu trabalho, com certeza embutido no planejamento sobre a produção das peças de reposição e, muito mais importante, os Métodos empregados no Brasil, cuja responsabilidade atual parece ainda ser do Conselho de Treinadores. Note-se que ele é presidido e conduzido por um único homem – Célio Cordeiro Filho – guindado ao posto por Carlos Nuzman desde sua posse na entidade, há 39 anos. Todos os Cursos de Treinadores da CBV estão sob sua responsabilidade. Diga-se de passagem, o presidente do Conselho não participa ou opina sobre as seleções; ao que nos disse não é remunerado e que se atém exclusivamente aos cursos e relacionamento com o congênere da Fivb. Também o Setor de Seleções abdica de ingerência técnica, apenas administrativa.

Ouvir Quem Faz!

Convidamos os leitores a participarem dessa discussão, que pretendemos seja impessoal, ou seja, não se trata de medir competência de quem quer que seja, mas analisar situações, compartilhar pensamentos e propor soluções. Especialmente aos treinadores profissionais, cuja contribuição ao tema é incalculável, uma vez que eles são responsáveis pela Formação dos atletas, principalmente aos que chegam à seleção nacional.  Da mesma forma, professores(as) que atuam em escolas, pois as propostas chegam até VOCÊS e queremos seu comprometimento.

Na condução desse trabalho sugerem-se técnicas empregadas em Design thinking. É certo que carecemos de informações privilegiadas só conhecidas pelos envolvidos diretamente, mas no intuito de contribuir com espontaneidade, não devemos nos furtar ou amedrontar em nosso livre pensar, pois afinal, como verão em técnicas de design thinking, “não existem ideias burras”!

Como ter ideias e resolver problemas?

Design thinking é uma disciplina ensinada para gestores, médicos, filósofos… e até designers. A inteligência não pode se desenvolver sem conteúdo. Fazer novas ligações depende de saber o suficiente sobre algo em primeiro lugar para ser capaz de pensar em outras coisas para fazer, em outras perguntas a formular que exigem as ligações mais complexas a fim de compreender tudo isso.

Estas e outras indagações deverão ser respondidas não só pela equipe técnica, mas também por alguns conselheiros, pois ao contrário, o treinador responsável (e centralizador) corre o risco de estar dando voltas em torno do mesmo ponto. Como estão fechados dentro de si mesmo (a comissão técnica) a entidade corre o risco de ficar a mercê de um único indivíduo tomar decisões.

O cargo de técnico de seleção, cujo prazo de vigência era por período olímpico (4 anos), sempre foi atribuído em confiança – critério da presidência – e, dessa forma a Confederação fica refém de alguns poucos indivíduos e suas conveniências. Felizmente tem dado certo até o momento como comprovam os resultados. Mas, já deu errado e um período foi perdido. E amanhã? Há muito perigo quando as coisas (os resultados) não vão bem ou as atividades paralelas – negócios, exibição na mídia, política – que desgastam tanto os atletas, como treinadores. Os mais atentos devem recordar-se do pós-Barcelona, em 1992, em que alguns atletas, deslumbrados com o feito e as tentações de faturamento nas mídias e entrevistas, prejudicaram suas relações e compromissos com CBV. Ou se posa para fotos, ou se veste para treinar! Pouco antes, com o advento da Liga Mundial, acentuaram-se as disputas fora de quadra para estabelecerem os prêmios em dinheiro distribuídos pela Fivb. O que devia ser transparente até hoje o público nada sabe sobre os bastidores. E como sabemos, é um grande perigo no Brasil e em qualquer lugar do mundo.

Leia mais…  Aprender a Pensar, Memória Associativa, Professor e Treinador, Resolvendo Problemas, Como aplicar o design thinking no ensino de voleibol na escola ou no clube.

Peças de Reposição e Formação de Base

O que atualmente muitos chamam de peças de reposição, está representado pelas equipes secundárias – infanto juvenis e juvenis. A elas foi estendida a participação em diversos campeonatos internacionais, exatamente com o fito de formatar uma base de suprimento às seleções adultas. Todavia, a QUANTIDADE de jovens utilizáveis no país para tal circunstância é deveras insignificante e, além disso, formados com QUALIDADE duvidosa, com poucas exceções ocasionais. Sabemos que as chamadas “peneiras” nos grandes centros do país – São Paulo, Minas Gerais – são ao mesmo tempo incentivadoras, seletivas e castradoras. Ressalte-se que o Rio de Janeiro, antes celeiro de grandes craques, hoje praticamente sobrevive de alguns poucos atletas de vôlei de praia.

A Federação sofre do mesmo defeito de suas congêneres, a perpetuação dos respectivos presidentes. Aliás, dizem, estão ali porque pessoa alguma aceita o cargo. Com certeza, a partir do PROFISSIONALISMO da modalidade na década de 80, que muitos desejavam e aplaudiram, paradoxalmente tenha sido o marco divisório para a derrocada do sistema de renovação de atletas. Na prática, simplesmente foram extintas as equipes dos clubes. (leia mais… História do Voleibol no Brasil; vol. 2º; anexo II, Seminário Empresa/Esporte)

Ideias maravilhosas, competência, livre pensar

Iniciemos nossas ofertas de artigos com o que consideramos fundamental. No momento em que se procura intensamente democratizar as instituições esportivas do país, não há tempo a perder e dar início ao tempo perdido através da alternância de poder, além de estimular projetos que tratem de uma RELEITURA dos MÉTODOS que a comunidade do vôlei vem copiando há praticamente quatro décadas. Como também o sistema universitário nada produz de efetivo – somente diplomas – a esperança de mudanças metodológicas para o país recai única e exclusivamente em algum pesquisador interessado no assunto. Talvez um ou mais obsessivos malucos!

Nas derrotas encontramo-nos e podemos aprender mais do que imaginamos. O momento é de reflexão e muito provavelmente seria interessante que mais indivíduos coçassem a cabeça e lhes fosse permitido manifestar-se de algum modo  sobre o que fazer à frente. Caso contrário, a equipe técnica estará a dar voltas em torno do mesmo lugar, confundindo o ponto de partida com o ponto de chegada. Lembro que a Confederação possui um Conselho de Treinadores. Cremos que sua ingerência é limitada aos Cursos de Formação de Treinadores, que se repete há 39 anos com o mesmo titular. Então, concluímos que os atuais treinadores principais – José Roberto e Bernardo – sejam também os ”inspiradores” das demais divisões.

“Exercícios de casa”

Vejo diariamente minha neta de oito anos de idade “fazer os exercícios de casa” de sua escola. E também o modo como sua mãe (ou avó) emprega na tarefa de assistência à criança. Certamente, há diferenças sutis entre o que realiza a professora em classe, inclusive por vários motivos, mas o fundamental neste momento é acentuar a diferença entre a atuação da criança (instruendo) na aula – divide atenção com muitos colegas – e em casa, quando tem a primazia e conforto dos responsáveis. Nessa caracterização, chamamos atenção do leitor para a importância do MÉTODO empregado em casa (nos treinos) aliado ao grau de exigência na correção dos exercícios (como fazem as mães). Neste momento, mais do que nunca, há necessidade de conhecimentos da PEDAGOGIA a ser empregada.  Já vimos este assunto quando falamos da Zona de Desenvolvimento Proximal e andaimização postuladas há muito por Vygotsky.

Como treinar?

A maior lição que este pobre escriba recomenda está voltada para a “forma de treinar” – os MÉTODOS – os atletas no país, não só as equipes em Formação, mas principalmente as seleções nacionais, verdadeiro espelho para os demais treinadores. Para tanto, vimos trabalhando incessantemente em nosso blogue www.procrie.com.br/ buscando dialogar com os principais intervenientes com inúmeras sugestões, e inclusive, até dialogar com o próprio Bernardo (2002, na EsEFEx). Ainda neste ano, ao ter início os treinamentos para a Liga Mundial, solicitamos à CBV intermediação para conversarmos com ambos os treinadores das seleções principais, mas infelizmente “clamamos no deserto”. Vamos muito além, temos certeza de que as aulas de vôlei tão negligenciadas nas escolas, ainda que não contem com professores ou professoras especializadas, podem ser um elo na Formação graças à metodologia pioneira do autor, pioneiro do mini voleibol no Brasil. O Leonardo, auxiliar do Bernardo na seleção, que o diga!

Períodos de sucessivos bons desempenhos e consequentes vitórias entorpecem e desequilibram comportamentos, exceto para aqueles que as alternam com as derrotas. A história está aí para quem tiver discernimento para realizar suas análises e aprender a corrigir o percurso adiante. Retornar a fazer o que estava realizando em nada modificará o futuro, é confundir o ponto de partida com o ponto de chegada. Quanto aos atletas selecionados no momento, como se trata do melhor que existe no Brasil, seria lícito considerar o alerta para um trabalho muito árduo pela frente que deverá ser compartilhado por muitos, especialmente àqueles que participam da “comunidade voleibol”.

Não só seus treinadores principais, pois os métodos de treino não podem ser impostos, mas estudados e aplicados caso a caso. Aliás, quem os ensinou? As universidades ou os cursos de treinadores? Teriam aprendido somente pela prática? Então, seria plausível que se fizesse uma RELEITURA de quem somos, o que sabemos, e como darmos a nossa contribuição para novas gerações. Temos propostas encaminhadas à renovada CBV, e outra esboçada na web em um sítio exclusivamente educacional: Contributo ao Desenvolvimento do Voleibol. VOCÊ poderá tomar conhecimento no linque www.procrie.com.br/procrienoprezi/

Leia, critique, comente, e se gostar, tire partido.

Contributo a Desenvolvimento do Voleibol

A maior lição que este pobre escriba recomenda está voltada para a “forma de treinar” – os Métodos – os atletas no país, não só as equipes em Formação, mas principalmente as seleções nacionais, verdadeiro espelho para os demais treinadores. Para tanto, vimos trabalhando incessantemente em nosso blogue www.procrie.com.br/ buscando dialogar com os principais intervenientes com inúmeras sugestões, e inclusive, até dialogar com o próprio Bernardo (2002, na EsEFEx). Ainda neste ano, ao ter início os treinamentos para a Liga Mundial, solicitamos à CBV intermediação para conversarmos com ambos os treinadores das seleções principais, mas infelizmente “clamamos no deserto”, i.e., sem resposta.

Penso que períodos de sucessivos bons desempenhos e consequentes vitórias, entorpecem e desequilibram comportamentos, exceto para aqueles que as alternam com as derrotas, o caso presente. A história está aí para quem tiver o equilíbrio e discernimento para realizar suas análises e aprender a corrigir seu percurso para adiante. Quanto aos atletas selecionados no momento, como se trata do melhor que existe no Brasil, seria lícito considerar o alerta para um trabalho muito árduo pela frente que deverá ser compartilhado por muitos, especialmente àqueles que participam da “família, do voleibol”. Não só seus treinadores principais, pois os métodos de treino não podem ser impostos, mas estudados e aplicados caso a caso. Afinal, eles treinam em suas agremiações diariamente…

Temos propostas encaminhadas à renovada CBV, e outra esboçada na web em um sítio exclusivamente educacional: Contributo ao Desenvolvimento do Voleibol. VOCÊ poderá tomar conhecimento no linque www.procrie.com.br/procrienoprezi/. Leia, critique e se gostar, tire partido.

Releitura dos Métodos a Empregar

Neste momento recordamos o que vimos apregoando há tempos para a melhoria do ensino não só do voleibol, mas dos demais desportos. Nossa Visão está voltada para aspectos de pesquisas “em campo” na Metodologia e Pedagogia a empregar nas ESCOLAS e CLUBES. Para que não sejamos interpretados como apologistas do caos, sinalizo para alguns artigos já postados a respeito do que vimos postulando sobre o Treinamento Profundo ou de Qualidade.

Voltamo-nos para VOCÊ, suas leituras e análise crítica…

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489. Curso Prático: Métodos & Pedagogia no Vôlei

Palavras-chave (Tags): Curso Prático de Voleibol, Metodologia do Treinamento, Novos Métodos, Treinamento Profundo.

Valor da Aula Prática. Vimos promovendo propostas de ensino à distância para professores lotados em escolas, especialmente públicas, aquelas que sabemos reúnem as maiores dificuldades para um ensino adequado. Todavia, já dissemos diversas vezes, o distanciamento nos impede de estar presente, bem próximo ao professorado e mostrar-lhes na PRÁTICA como produzimos as aulas e damos sequência a um […]

465. Defesa em Voleibol – Lição II

Palavras-chave (Tags): Aprender a Ensinar, Defesa em Voleibol, Lições de Defesa, Metodologia e Pedagogia, Pedagogia de Ensino, Primeiro Movimento e Vontade.

Revendo Métodos e Conceitos Pedagógicos. Após  observações sobre a maneira comportamental em DEFESA de atletas de alto nível – p. ex. final da Superliga feminina – animei-me ainda mais a levar aos respectivos treinadores minhas pesquisas e, se de acordo, compartilharmos novas experiências pedagógicas no que se refere ao respectivo treinamento. Seria de bom alvitre não deixar de considerar […]

401. Como Surgem os Talentos? Seria por Acaso? 

Palavras-chave (Tags): Busca de Talentos, Como Surgem Talentos, Treinamento Profundo.

Por que ilustres desconhecidos de repente tornam-se famosos em suas especialidades? Vejam resumidamente atletas que surgiram do nada e se tornaram sensações: Allison Stoke fez muito mais sucesso por sua beleza do que por sua capacidade no salto com vara; seu vídeo foi visto por mais de […]

364. Como se Adquire Habilidade? (Parte II) 

Palavra-chave (Tag): Formação de Bons Hábitos.

“A prática não leva à perfeição; uma prática perfeita é que leva à perfeição.” Como nada é definitivo especialmente em matéria de Educação, cito algumas considerações de autores consagrados em torno do significado pedagógico dos exercícios e sua aplicação. O leitor atento poderá discernir e optar pelas buscas em seu processo educativo […]

304. O Circuito do Ensino 

Palavra-chave (Tag): Mapa para Professores e Treinadores.

Um professor afeta a eternidade, ele nunca sabe em que ponto cessa sua influência (Henry B. Adams). Estarei comentando daqui para frente uma nova teoria neural sobre o desenvolvimento de habilidades. Trata-se do treinamento profundo adotado e difundido por Daniel Coyle, um jornalista esportivo e um dos editores da revista Outside. […]

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Mais recentemente salientamos aspectos relativos à atuação de PROFESSORAS (es) atuantes em escolas a se engajarem nessa cruzada.

524.Teoria vs. Prática, Você Resolveu o Dilema? 

Palavra-chave (Tags): Aulas Práticas.

Quem Ensina? Parece que sabemos todos o que fazer. O problema é colocar em prática! Puxãozinho de orelha… As universidades estão preparadas para a revolução no ensino? Os cursos de treinadores “modelo Fivb” são eficientes? O que VOCÊ diz é o que faz? Afinal, VOCÊ dá aula ou ensina? VOCÊ tem proposta para […]

521. Professor e Aluno

Palavras-Chave (Tags): Aprendizado Produtivo, Autorregulação, Dosagem de Exercícios, Ensinar Matemática, Métodos de Ensino, Professor e Aluno.

Metodologia a Empregar. Diante de uma criança, faço-me criança! Cúmplices. A perspectiva a adotar solicita a interação, a negociação e a construção conjunta de vivências que habilitem a criança e o adolescente aprenderem a linguagem proposta. Isso exige necessariamente, e sempre, um elemento de interdependência e da capacidade fazer descobertas […]

519. Clínica Investigativa, Tatear Pedagógico

Palavra-Chave (Tag): Tatear Pedagógico.

Subsídios para Teses e Mudanças. Em continuidade aos meus apelos a PROFESSORAS e PROFESSORES, a respeito das pesquisas e experiências sobre Metodologia e Pedagogia aplicáveis às suas aulas, relembro o apelo do eminente Senhor  José Curado, em 2006, aos professores e treinadores portugueses: “Não há progresso significativo sem investigação. É preciso acabar com o […]”

517. Convite às Professoras

Palavras-Chave (Tags): Metodologia e Pedagogia para Professoras, Metodologia e Prática, Pedagogia Experimental Escolar.

Um Carinho Especial Em especial àquelas lotadas em escolas e com pouca experiência (ou nenhuma) em Voleibol. VOCÊ será capaz de realizar EXCELENTES aulas com seus alunos. E mais ainda, não só de Voleibol, mas de qualquer outro esporte. Lembrem-se, aprender a jogar e participar dele faz parte da Educação. Não é necessário descobrir talentos ou formar […]

489. Curso Prático: Métodos & Pedagogia no Vôlei

Palavras-chave (Tags): Curso Prático de Voleibol, Metodologia do Treinamento, Novos Métodos, Treinamento Profundo.

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Palavras-chave (Tags): Aprender a Ensinar, Defesa em Voleibol, Lições de Defesa, Metodologia e Pedagogia, Pedagogia de Ensino, Primeiro Movimento e Vontade.

Revendo Métodos e Conceitos Pedagógicos. Após  observações sobre a maneira comportamental em DEFESA de atletas de alto nível – p. ex. final da Superliga feminina – animei-me ainda mais a levar aos respectivos treinadores minhas pesquisas e, se de acordo, compartilharmos novas experiências pedagógicas no que se refere ao respectivo treinamento. Seria de bom alvitre não deixar de considerar […]

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Palavra-chave (Tag): Mapa para Professores e Treinadores.

Um professor afeta a eternidade, ele nunca sabe em que ponto cessa sua influência (Henry B. Adams). Estarei comentando daqui para frente uma nova teoria neural sobre o desenvolvimento de habilidades. Trata-se do treinamento profundo adotado e difundido por Daniel Coyle, um jornalista esportivo e um dos editores da revista Outside. […]

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Palavra-chave (Tags): Aulas Práticas.

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Metodologia a Empregar. Diante de uma criança, faço-me criança! Cúmplices. A perspectiva a adotar solicita a interação, a negociação e a construção conjunta de vivências que habilitem a criança e o adolescente aprenderem a linguagem proposta. Isso exige necessariamente, e sempre, um elemento de interdependência e da capacidade fazer descobertas […]

519. Clínica Investigativa, Tatear Pedagógico

Tatear Pedagógico. Subsídios para Teses e Mudanças. Em continuidade aos meus apelos a PROFESSORAS e PROFESSORES, a respeito das pesquisas e experiências sobre Metodologia e Pedagogia aplicáveis às suas aulas, relembro o apelo do eminente Senhor  José Curado, em 2006, aos professores e treinadores portugueses: Não há progresso significativo sem investigação. É preciso acabar com o […]

517. Convite às Professoras

Palavras-Chave (Tags): Metodologia e Pedagogia para Professoras, Metodologia e Prática, Pedagogia Experimental Escolar.

Um Carinho Especial. Em especial àquelas lotadas em escolas e com pouca experiência (ou nenhuma) em Voleibol. VOCÊ será capaz de realizar EXCELENTES aulas com seus alunos. E mais ainda, não só de Voleibol, mas de qualquer outro esporte. Lembrem-se, aprender a jogar e participar dele faz parte da Educação. Não é necessário descobrir talentos ou formar […]

Boas leituras… Mais informações: Resumo de Nossas Atividades e Contribuições/

                                Ou fale conosco! 

Melhores Professores, Mais Talentos – Parte 2

O Método de John Wooden

Conforme prometêramos, estamos de volta acrescentando mais experiências ao nosso estudo na prática de teorias metodológicas iniciado com Daniel Coyle (O código do talento).

 

 

M+ M- M+

À medida que as semanas e os meses foram passando, o método de Wooden foi ficando mais claro para eles. Os observadores registraram e codificaram 2.326 atos de ensino distintos. Desses, meros 7% eram elogios. Apenas 6,6% eram expressões de insatisfação. E 75% eram pura informação: o que fazer, como fazer, quando intensificar uma atividade. Uma das formas de ensinar mais utilizadas por ele era uma instrução dividida em três partes: primeiro ele mostrava a maneira certa de fazer alguma coisa; em seguida, a maneira errada; por fim, voltava a mostrar a maneira certa, sequência didática essa que foi resumida nas anotações como M+, M-, M+.

Comentário do Procrie. Normalmente, um treinador menos experiente e com pouco conhecimento pedagógico, cai na armadilha de querer demonstrar e dissertar em alguns instantes sobre determinado erro de seus pupilos. E, aí, perde-se no emaranhado das elucubrações e confunde mais os espectadores do que ensina, e ao mesmo tempo quebra o ritmo das ações. Observei muitas dessas ações nas aulas de natação de minha neta (6 anos): o professor enuncia o gesto com demonstração (M+); por fim acentua o que não deve ser feito (M-). Assim, a derradeira demonstração é exatamente aquela que fica no imaginário da criança. Falta-lhe o M+. Em outros momentos, percebia em treinos tanto na escola quanto em clubes, nas aulas de basquete ou de voleibol. Ao final do ano letivo, eram poucos os alunos que suportavam tamanha chatice. Entre adultos, um treinador que não parava um instante de falar e a desenhar na sua prancheta esquemas e chaves a serem empregadas em segundos por seus pupilos em plena partida. É natural que os indivíduos se cansem e desloquem o foco de sua atenção para outro lado ou se dispersem, dada a quantidade de palavras ao vento. Em suma, trata-se de um treinador absorvente, isto é, ele sabe tudo e somente ele tem as soluções, do tipo “venham a mim e eu lhes direi o que fazer!” Há tempos ouvi uma preciosidade de um treinador de infantis feminino: “Elas sabem onde está a luz”! Vejam alguns dos conselhos de Wooden nas linhas seguintes.

Suas demonstrações dificilmente duravam mais que três segundos, mas são tão claras que deixam na memória uma imagem muito semelhante a um desenho de manual. A informação não retardava o treino; ao contrário, Wooden a combinava com o que ele chamava de condicionamento mental e emocional, isto é, fazer todos correrem mais do que corriam nos jogos, o tempo todo. Os treinos eram ininterruptos, elétricos, cheios de emoção, intensos, exigentes. Embora não parecessem seguir um planejamento, eram tudo, menos improvisados. O técnico escrevia a programação em pequenas fichas. Costumava arquivar essas fichas a fim de poder comparar e ajustar os treinos. Nenhum detalhe era insignificante demais para não ser levado em conta. Uma série de exercícios aparentemente criada na hora, era na verdade tão bem estruturada quando um libreto de ópera. “Quando parecia falar espontaneamente, Wooden na realidade tocava em temas de conversa planejados”.

— Comentário do Procrie

Não perca demasiado tempo em demonstrações, os indivíduos têm um breve tempo para assimilar o que seja dito ou exibido. Se você ultrapassar esse tempo, suas palavras ou gestos cairão no vazio. Nunca é demais lembrar que é sempre de bom alvitre colocar uma pitada de graça, alegria e surpresa nos treinos. Isto torna o ambiente propício à concentração e ao desempenho, deixando de ser repetitivo e enfadonho, do tipo que inspira pensamentos nos atletas como “aposto que já sei o que vem mais adiante!” Neste particular coleciono alguns depoimentos de ex-atletas – quadra e praia – dos quais muito me orgulho por ter-lhes oferecido o melhor que pude. Nos treinos em ginásio (3 vezes/semana), conseguia programá-los algumas horas antes, o que me facultava não pensar na sequência. Esta era muito bem assimilada pelo grupo a ponto de realizarem treinamento sem a (minha) presença do treinador. Inclusive, imprimiu-se um ritmo bastante forte a ponto de às vezes lhes ser pedido comedimento e cuidados nas intervenções. Quanto ao aspecto psicológico e emocional, creio que chegamos ao máximo: perfeita união, unidade de propósitos e incentivo e apoio ao próximo, tanto no erro como nas boas ações. Na praia não foi diferente, guardadas as características da competição. Eram seis os atletas em treinos diários de 3h durante nove meses. Dois deles alcançaram o estrelato mais à frente: Márcio Araújo, cearense, canhoto, medalhista olímpico; e Frederico (Fred), niteroiense, Rei da Praia em 2000. E pelo que os próprios propalam, foi uma felicidade terem começado sua carreira com um treinador que (eles e outros dizem) muito competente. E por isto acarinhado com o chamamento de Mestre.

Um derradeiro detalhe que justifica minha admiração por Coyle: só vim a conhecer sua obra “O código do talento” em novembro/2011, por ocasião de meu aniversário. Até então tudo o que realizava era pura intuição e criatividade, e acima de tudo, nenhum medo de errar. Por que não tentar? Antes de eleger o próximo artigo, que tal sugerirem algo? Não demorem.

—————————— Pensando em voz alta… Que acham da ideia abaixo?

Sabem em que estou pensando há dias? Alugar um ginásio, ou mesmo na praia, e começar a treinar moças e rapazes “baixinhos”. Isto mesmo, creio que vou ficar rico! Com a ideia bastante difundida de que só vence no voleibol indivíduos altos, uma multidão está alijada de realizar bons treinamentos para a prática de puro lazer. E, quem sabe, especializar os treinamentos para apurar futuros(as) atletas na função de LÍBERO. Para quem ainda não sabe, durante 4-5 anos realizei projetos em praias – Icaraí, Copacabana – com frequência invejável às aulas (duas, semanais) para 300 e até 400 crianças (8-13 anos). Além disso, posso transformar este meu projeto em uma ação comunitária e criar uma LIGA para administrar jogos em fins de semana para as crianças e, muito além, para seus irmãos, jovens e responsáveis, especialmente as mamães.

Concernente ao meu histórico na cidade em que nasci e vivo – Niterói -, creio que teria um grande problema: o espaço para conter a quantidade de alunos desejosos de um ensino de qualidade e descompromissado de competições oficiais, que lhes tolhem o acesso ao jogo, isto é, somente alguns poucos são os escolhidos. E os outros? Pensando nisso, por que não me dedicar então a esses “outros” dispensados? Um segundo problema a conciliar com um treinamento profundo e duradouro, seria “Como manter tantos alunos em atividade ao mesmo tempo? Qual seria o limite de indivíduos em cada turma? De que mais eu precisaria? É certo que vamos fazê-lo e depois levar para a sua cidade; nesse caso como você planejaria o projeto?

Melhores Professores, Mais Talentos – Parte I

AutorBernardoBenéTabach1995

 

O ponto de partida

Daniel Coyle em “O código do talento” relata no início de sua obra a importância de os primeiros treinadores possuírem uma capacidade muito próxima do que seja AMOR. E reúne uma série de depoimentos, vindo o primeiro deles de Robert Lansdorp, técnico de vários tenistas campeões, como Pete Sampras, que declarou: “Não se trata de conhecer um talento, o que quer que isso venha a ser. Nunca saí à procura de alguém que fosse talentoso. Primeiro, é preciso trabalhar os fundamentos e logo se percebe para onde caminham as coisas”. A seguir, seguem-se outros comentários e ensinamentos de Coyle, pinçados do mesmo livro.

É isso o que quero ser!

— O que seria ignição?

São raros os indivíduos com o impressionante dom para desenvolver o talento em outros. Enquanto o treinamento profundo é um ato calmo e consciente, a ignição é uma espécie de acesso, algo que irrompe de forma agitada e misteriosa, um despertar. Enquanto o treinamento profundo gera um envoltório que cresce gradualmente, a ignição acontece mediante flashes ultrarrápidos de imagem e emoção, mediante programas neurais resultantes da evolução e capazes de utilizar nossas vastas reservas mentais de energia e atenção. Enquanto o treinamento profundo é um processo que avança a passos de bebê, a ignição é um processo que envolve o conjunto de sinais e as forças subconscientes que criam nossa identidade. São os momentos que nos levam a dizer “é isso o que quero ser”.

Comentário do Procrie

Entenda-se aqui a ideia de um BOM PROFESSOR nos primeiros passos do aprendiz, isto é, na sua Formação primeira. Esse despertar, fazer o outro crer no que lhe está sendo transmitido com paciência e sabedoria, cria uma cumplicidade que jamais será desfeita: aluno e professor tornam-se uno. E o aprendizado infinitamente mais rápido. Sempre se falou que há treinadores que sabem revelar bons atletas, mas que não sabem dirigir uma equipe em jogo; outros há que não se amoldam à Formação, mas conduzem suas equipes com maestria. E, ainda uma terceira categoria: os que têm estrela. Desse emaranhado de conjunções pedagógicas (e astronômicas) sobressai um fato condicionante na atitude global: os treinadores da Base são no Brasil os de menos experiência, iniciantes na profissão, com menores salários; os outros, com anos de estrada, vasto currículo de premiações, são os treinadores principais das agremiações a que prestam serviços e, invariavelmente, coordenadores de toda a área de voleibol. Assim, repassam para os inexperientes subordinados aquilo que aprenderam (e não discutiram) com os que os antecederam e, dessa forma, perpetua-se esse estado de coisas.

– Construa-se a si mesmo

– Como?

– Repetindo, repetindo, mas CERTO!

Segundo o psicólogo sueco Anders Ericsson, “se as pessoas são capazes de transformar o mecanismo que intervém no desempenho por meio de treinamento, então se trata de um espaço inteiramente novo. É um sistema biológico, não um computador; pode construir a si mesmo”. Ele estudou o processo do talento de um ângulo vital: mediu a prática. Ou melhor, media o tempo e as características dessa prática.

Comentário do Procrie

Ericsson assimilou e desenvolveu com experiências todo o mecanismo da memória de curto prazo, que acrescida à teoria mielínica divulgada por Coyle, nos inspira a ter cuidado quando ouvimos “o negócio é treinar, treinar e treinar”, pois se não for feito corretamente, o prejuízo estará instalado rapidamente nos treinandos. E isto se aplica a qualquer atividade humana de ensino.

Assim, definitivamente, há que se treinar, repetir muitas vezes, contudo de maneira correta, buscando a qualidade. Cansamos de ouvir “Pau que nasce torto não tem jeito”, ou “Aprendeu errado agora não tem mais jeito”!

Ensinar é uma arte

O americano John Wooden, intitulado o maior técnico esportivo (basquete) de todos os tempos, concordou que dois cientistas observassem seus treinamentos. Ficaram à beira da quadra para ver o mago conduzir o primeiro treino da temporada. Como ex-atletas, os observadores conheciam as boas e velhas ferramentas para conduzir bem um treino: exposições ilustradas com esquemas desenhados em quadro-negro, discursos de incentivo, punições aos indolentes como correr mais voltas, elogios aos aplicados. Então começou o treino. Não houve discurso, nem exposição em quadro-negro; não distribuiu punições nem elogios. Em síntese, não agia como nenhum técnico que já tivessem observado. “Julgávamos saber o que era treinar, preparar outras pessoas. Nossas expectativas não podiam estar mais equivocadas, tudo o que sempre associei ao trabalho de um treinador Wooden não fazia nada daquilo, disse um deles”.

Como treinava

Wooden passava um intenso circuito de exercícios de cinco a 15 minutos de duração e comandava os jogadores ao longo desse circuito com rajadas de palavras. O conteúdo dessas palavras era interessante, suas frases ou comentários instrutivos eram curtos, enfáticos e numerosos. Não era dado a sermões, nem discursos intermináveis e raramente falava mais que vinte segundos. Eis alguns exemplos:

1) Agarre a bola suavemente, você está recebendo um passe, não interceptando um;

2) Quique a bola algumas vezes entre arremessos;

3) Passes curtos, com velocidade; bom fulano é isso que eu quero;

4) Com força, conduzindo passadas rápidas.

Aos olhos dos observadores parecia um telegrafista muito ocupado. Aquilo era atuar como um grande técnico?

Comentário do Procrie

 

Nesse instante recordo-me do saudoso Benedito Silva, o Bené, em seus treinos no Fluminense F. C., no Rio, a exclamar vez por outra para um treinando: “Meu filho trate a bola com carinho, chame-a de meu bem!” Fazia-o nos momentos em que o treinando repelia a bola em qualquer direção, como se estivesse se desfazendo dela (no linguajar da época, dois toques e aresta).

Esse era um comportamento típico daqueles que ainda não possuíam uma boa técnica, especialmente no que refere ao toque ou à manchete. Com toda a sua intuição, Bené também exigia que os meninos tivessem uma técnica básica também nos ataques e, para tanto, insistia em repetições  com bolas altas, detalhe desprezado pela maioria dos treinadores após o sucesso dos japoneses no final dos anos 1960.

Na atualidade percebe-se ainda a ausência dessa técnica, especialmente entre as mulheres, e estamos falando do alto nível. Exceção às russas, também por seu porte físico, que mantêm a tradição.

Graças aos muitos detalhes e comentários já postados no Procrie, segmentamos esse artigo para poupar os leitores. Voltaremos mais adiante com o mesmo título (Parte 2) examinando o método de John Wooden. Espero que apreciem!

Nota…

CentroRexonaApós sua visita com a seleção brasileira feminina ao Centro de Formação na praia, Bernardo adquiriu com o Autor equipamento equivalente e introduziu a metodologia de Formação no Centro Rexona, em Curitiba (PR), junto ao governo do estado. Subsídios pedagógicos foram retransmitidos aos seus auxiliares, Hélio Griner e Ricardo Tabach, que já havia participado de cursos com o Autor. Algum tempo depois, Bernardo convidou-me para realizar palestra para professores e estagiários do Centro Rexona.

Já agora, prolifera no mundo a preocupação na Formação dos jovens, ponto de partida para indivíduos sadios e cônscios, mais do que a simples formação de talentos para a competição. Tomara que os pais e responsáveis,  professores e agentes desportivos assim o entendam e, principalmente, as Escolas de Educação Física de todos os lugares. Chamo a atenção dos leitores para o conceito de TALENTO; não confundir com EXCELÊNCIA. (já tratado em outro artigo).

Na foto, o estádio de futebol do clube Boavista F. C. no Dia do Mini Voleibol, cidade do Porto, Portugal: 2010 ou 2011?

 

 

Como Ensinar

Desenho: Beto Pimentel.

Aquisição de Habilidades 

“Não se trata de reconhecer um talento, o que quer que isso venha a ser. Nunca saí à procura de alguém que fosse talentoso. Primeiro, é preciso trabalhar os fundamentos e logo se percebe para onde caminham as coisas”. (Robert Lansdorp)

Aquisição de Habilidades,  Avaliando o Treinamento, Percepção, Talento.

Há que se destacar na aquisição de habilidades e no desenvolvimento de talentos dois aspectos. A habilidade, como um processo celular, que se desenvolve mediante o treinamento profundo através de um processo similar à ignição de um carro; ela fornece a energia inconsciente para esse desenvolvimento. E os raros indivíduos com o impressionante dom de combinar essas forças para desenvolver o talento em outros. Em outras palavras, “como combinar estes dois elementos”?

Em 1970, dois especialistas em psicologia da educação, ganharam uma oportunidade de ouro: partindo do zero, elaborar e implantar um programa de leitura numa escola experimental de um bairro pobre de Honolulu. Financiado por uma fundação educacional havaiana, o projeto envolveu 120 alunos de pré-escola (4 a 6 anos de idade) à segunda série (8 anos). Dois anos após, quando a escola abriu as portas, puseram em prática as ideias pedagógicas mais avançadas da época, muitas delas referentes a estratégias do professor para aumentar o percentual de tempo que os alunos permanecem concentrados no que quer que tenham de fazer em sala de aula, aplicando-se ao máximo nas tarefas propostas. Os pesquisadores eram inovadores, dedicados e tenazes. Nem por isso tiveram êxito e, em 1974, começaram a questionar seriamente a própria metodologia. Os dois estavam na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), onde deram algumas aulas e tentaram compreender por que o projeto marcava passo. Uma tarde um deles teve uma ideia: fariam do melhor professor que pudessem encontrar o objeto de um estudo ultra detalhado e utilizariam os resultados dessa pesquisa para aperfeiçoar o seu projeto de ensino. O professor escolhido, que trabalhava na UCLA, foi John Wooden, treinador titular do time de basquete. O professor concordou que os dois cientistas bisbilhoteiros observassem seus treinamentos. Eles ocuparam assentos à beira da quadra para ver o mago realizar o primeiro treino da temporada. Como ex-atletas, conheciam as boas e velhas ferramentas para conduzir bem um treino: exposições ilustradas com esquemas desenhados no quadro-negro, discursos de incentivo, punições aos indolentes como correr mais voltas, elogios aos aplicados. Então o treino começou…  (do livro “O código do talento”).

Como ver um treino e aprender com ele? Que tipo de comentários resultam das observações e indagações realizadas?

Poderão ver respostas a essas perguntas talvez no tamanho de meia página de caderno. Isto é, ninguém que realiza cursos, especialmente no exterior, está alertado ou se preocupa com isto. Querem isto sim, o imediativismo tal como as crianças, nada de pensar, mas conhecer os exercícios que são executados para o desenvolvimento dos atletas. Então, o curso se resume à memorizar (filmar) o que se realiza em termos práticos, deixando de lado todo o escopo metodológico e pedagógico. Há algum tempo li comentários de um técnico estrangeiro que esteve em Saquarema (RJ), no centro de treinamento das seleções brasileiras de voleibol. A mim me pareceu um turista em viagem de recreio. Outro, um brasileiro, foi contemplado com uma viagem ao Japão para se inteirar e aperfeiçoar. Retornou ao Brasil, e pasmem, permaneceu fiel ao que fazia há anos, isto é, nada incorporou ao seu conhecimento. Um terceiro, este mais experiente, disse-me após retornar também do Japão: “Eles falam pouco, e começam a dizer algo só muito mais tarde, após testarem sua paciência e interesse em observar o que ocorre”.

Um segundo aspecto trata-se da divulgação do conhecimento adquirido. Como todos competem entre si através de seus respectivos clubes por que divulgar o que foi aprendido? Este pensamento prevalece mesmo quando é a entidade máxima do desporto que patrocina o curso. Inclusive, não é cobrado absolutamente nada ao viajante em seu retorno. Foi, viu e voltou! E tudo continua como estava.

(continua…)

A História se Repete

Lições do Grand Prix

Estão de parabéns as moças americanas e a sua equipe técnica. Às brasileiras, o consolo de um bonito trabalho e algumas lições a serem feitas em casa. Afinal, por que perdemos? (perdôem-me o trocadilho) Poucas pessoas viram o jogo no Brasil devido ao fuso horário, então ficamos à mercê da interpretação da equipe técnica (leia-se J. Roberto) e de uma ou outra atleta mais esclarecida. Em ambos os casos, e como sempre, os principais interessados – treinadores brasileiros – nunca vão saber os detalhes. Uma das causas é o hermetismo do treinador e sua atual distância das quadras brasileiras e, consequentemente, o diálogo com os técnicos daquelas atletas. Lembrem-se que qualquer deficiência em uma competição inexoravelmente é atribuída à FORMAÇÃO que teve o(a) atleta, ou ainda, a este ou aquele fator circunstancial.

Assim, caberia à entidade nacional que emprega o profissional, tornar público aos principais interessados um relatório (mesa redonda) sobre o desempenho da equipe. Espero que algum dia os dirigentes de outros países aprendam a lição e contribuam para a melhora do voleibol nas suas fronteiras. Alguém acredita nisto?

Thaísa foi um dos grandes destaques do Brasil no Grand Prix, sendo eleita a melhor sacadora da competição. Foto Fivb/Divulgação.

As estrelas do Grand Prix. Uma nova maneira de “ver o jogo”, ou melhor, analisando as famigeradas estatísticas do Sr. H. Baacke. Como o espaço é pequeno sintetizo algumas considerações para os treinadores da FORMAÇÃO pensarem: 1) Por que a russa foi a melhor líbero? 2) Como anular a melhor atacante? 3) Qual o segredo da melhor sacadora (serviço)? 4) Por que uma atleta se destaca na recepção?

 

 

 

Algumas explicações.  (deu no Terra)

No desembarque da delegação brasileira em São Paulo as atletas lamentaram o rendimento abaixo do esperado na decisão, mas exaltaram a campanha no torneio e o aprendizado obtido com o revés. “Logo depois da partida, sabíamos que não jogamos em bom nível e elas atuaram muitíssimo bem. Não jogamos tudo que somos capazes, foi um dia atípico da competição inteira, que a gente jogou muito bem”, avaliou a central Thaísa, dona do melhor saque do Grand Prix. “Fizemos um excelente campeonato, não perdemos para ninguém. Ganhamos inclusive dos Estados Unidos. Foi um jogo infeliz, em que todo mundo jogou mal”, acrescentou.

Quem também lamentou a fraca atuação na final foi a ponteira Fernanda Garay: “É difícil, principalmente pela campanha que fizemos. Falhamos na final, que é quando isso não poderia ter acontecido”, disse. O discurso das atletas é parecido com o do técnico José Roberto Guimarães, que parabenizou suas comandadas pelo desempenho na competição e ressaltou a alta qualidade da seleção americana. No Grand Prix, o Brasil disputou 14 partidas e saiu de quadra com a vitória em 13 oportunidades. “Precisamos reconhecer a superioridade americana no momento e aprender, pois temos mais coisa pela frente e vamos encontrar mais vezes os Estados Unidos. Jogamos contra um time que a base está junta há muitos anos e tem uma grande experiência internacional”, afirmou.

Tanto as jogadoras como o técnico da seleção apontaram que a experiência da disputa do Grand Prix será importante para as futuras pretensões do Brasil. Nessa temporada, a equipe ainda disputa a Copa do Mundo, classificatória para os Jogos Olímpicos de Londres de 2012, em que o Brasil tentará defender o ouro conquistado em na última edição dos Jogos Olímpicos, em Pequim, 2008. “Tem muita coisa pela frente, principalmente a Copa do Mundo no fim do ano, que classifica para os Jogos Olímpicos. Temos que tirar proveito desse campeonato, do que aconteceu nesse jogo”, completou Thaísa.

Recordo-me que em 1984, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles (EUA), a equipe masculina de voleibol do Brasil levou de vencida a equipe americana ainda nas meias-finais. Nas finais defrontaram-se de novo e desta feita a vitória coube ao time da casa. Surpresa, destino, maldição? Nada disso, o Dr. Victor Matsudo (*), presente ao Congresso Técnico conta-nos uma história (revista Placar, 7.9.1984) que parece ter-se repetido uma vez mais:

– No vôlei, os EUA entregaram o primeiro jogo contra o Brasil por decisão de um psicólogo. Mas este é apenas um dos segredos que a Olimpíada esconde. O senhor esteve hospedado na casa do psicólogo-chefe da equipe americana. Descobriu algum segredo de Estado?

– O Professor Briant Cratty é o maior autor americano na área de psicologia do esporte e teve sob sua orientação a maioria dos profissionais que trabalhavam diretamente com as equipes americanas. Então vou contar algo que soube ali sobre o jogo de vôlei contra os brasileiros. A assessoria psicológica americana sabe que o atleta latino reage de forma diferente diante de um confronto altamente difícil e de outro apenas pouco difícil. Um dos maiores problemas que nós, brasileiros, enfrentamos são as decepções que sofremos nas quadras ou nos campos de futebol, quando enfrentamos equipes reconhecidamente inferiores, ou quando poderíamos opor maior resistência numa partida e misteriosamente jogamos mal e somos derrotados. Então, em função de terem perdido os dois primeiros sets por 15×10 e 15×11, numa noite em que o Brasil apresentou uma de suas melhores atuações, os psicólogos sugeriram que os Estados Unidos entregassem o terceiro set para que, numa possível final, os brasileiros estimassem que as dificuldades para ganhar a medalha de ouro fossem menores que as reais. Nesta final, o Brasil acabou enfrentando um Estados Unidos bem mais forte que o esperado e que apresentou muitas jogadas que antes procuraram esconder dos brasileiros. Eles, ao contrário, conheciam todas as nossas bolas e o nosso potencial. Depois dizem que nós somos os reis da malandragem”.

Conclusão. Certamente, após uma derrota em final de torneio, mais o desgaste da viagem, não é para se dar grandes explicações técnicas. Contudo, esta não é a primeira vez e, quase todos procedem da mesma maneira, ano após ano, independente de pessoa. Mas se tiram alguma conclusão, estas morrem com eles.  E o pior é quando os fatos se repetem o discurso já está preparado. Na sabedoria oriental as derrotas nos embates são vistas como algo produtivo, pois indicam caminhos a serem trilhados para aperfeiçoamento. Com certeza a equipe americana soube tirar proveito quando derrotada pelas brasileiras.

1) “O técnico brasileiro reconhece a superioridade americana no momento…” Em que momento? Quando perdeu? E quando ganhou dos EUA, quem era superior? Como será que ele avalia as equipes? Pelos resultados ou pelo conjunto da obra? Neste caso imagino que o Brasil seria superior. 

2) Será que o time americano tem mais experiência do que o brasileiro?

3) “Falhamos na final, quando não poderia ter acontecido…” Quem consegue dizer em que falhamos? Por que falhamos? Será que as estatísticas dizem algo? Eu, particularmente, gostaria muito de saber, pois contribuiria com subsídios para treinamentos futuros não só dessas, como de outras atletas em Formação.

4) Espera-se que atletas de ponta tenham tido uma boa Formação, que poderá ser usada em todos os momentos, embora saibamos todos que estamos muito longe disso. E, se concordam o quê fazer a seguir? Repetir, repetir… e tornar a repetir? Ou, então, a pergunta que desagrada a muita gente: “Como treinar”?

5) Todos já perceberam o cacoete que o José Roberto possui: em dificuldade, coça a cabeça. Isto e peculiar a muita gente, inclusive atletas de outros desportos: ao falharem num dado instante, instintivamente coçam a cabeça. Creio que existam muitos outros que denotam o comportamento do indivíduo em certas circunstâncias e um bom jogador de pôquer saberá analisar e tirar partido da situação. É por essas e outras que convém a um treinador conhecer a personalidade não só de suas atletas, mas também das adversárias e, principalmente, do seu técnico.

6) Seria o caso de consultarmos um psicólogo americano sobrevivente de 1984? 

Para tanto, sobra-me recomendar aos meus leitores acompanharem com muita atenção as postagens relativas ao tema Como Treinar e, melhor ainda, intervirem sempre com suas opiniões e comentários, pois é a razão de ser de um blogue. Se permanecerem calados perderão uma ótima oportunidade de desenvolvimento social e cultural, talvez mais marcante do que o simplesmente técnico. A formação integral de um atleta pressupõe a sua formação concomitante como indivíduo consciente.

Boas leituras…

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 (*) Dr. Victor Matsudo, diretor-geral do vanguardista Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul, em São Paulo, e assessor internacional do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (3.000 membros), foi um dos 2.400 cientistas, médicos, psicólogos e pesquisadores de 140 países a participar do Congresso Olímpico de Los Angeles.

Como Treinar?

Despertar o interesse nos jovens pela prática saudável do desporto. Você gostaria de estar dentro de quadra? Foto: Fivb/Divulgação.

Com base no livro de Daniel Coyle, “O código do talento “.

Peço a ajuda de Daniel Coyle para fazer-me entender em alguns outros textos que já postei e estarei ainda incluindo na série sobre Como Treinar. E a você, internauta, perdôe-me pelo meu narcisismo, uma vez que não poderia apresentar a teoria do treinamento profundo de maneira prática sem citar-me, pois realmente fui treinado por mim mesmo e já em idade dita avançada para o voleibol – 18 anos – praticamente um auto-didata. ou como veremos logo a seguir, um aprendizado de autorregulação. A seguir, resumo matéria que selecionei da obra citada. Mais adiante, darei o meu testemunho sobre minha prática e, enquanto isto, espero levar o leitor a meditar sobre o treinamento na Formação para qualquer desporto.

Por que ir mais devagar dá tão certo?

O modelo teórico da mielina fornece duas explicações. A primeira, é que proceder devagar nos permite atentar mais aos erros, aumentando o grau de precisão a cada disparo – e, em se tratando da produção de mielina, a precisão é tudo. Como dizia o técnico de futebol americano Tom Martinez, “não importa com que rapidez você faz a coisa, o que vale é quão devagar você consegue fazê-la sem errar”. A segunda explicação é que proceder lentamente ajuda o indivíduo a desenvolver algo ainda mais importante: uma percepção prática da arquitetura interna de determinada habilidade – a forma e o ritmo dos circuitos interligados para realizá-la.  

Por quase todo o séc. XX especialistas acreditavam que a aprendizagem fosse governada por fatores fixos como o Q. I. e os estágios de desenvolvimento. Barry Zimmerman, professor de psicologia na City University de Nova York, desenvolveu estudos pelo tipo de aprendizagem que acontece quando as pessoas observam, julgam e planejam a própria atuação, ou seja, quando ensinam e supervisionam a si mesmas. Chamou-a de AUTORREGULAÇÃO.

Em 2001, realizou uma experiência que mais parecia um truque de mágicos de rua do que uma iniciativa de caráter científico. Ele e uma auxiliar também professora universitária, fizeram a seguinte pergunta: “É possível julgar a habilidade apenas pelo modo como as pessoas descrevem sua forma de treinar”? A habilidade escolhida para a experiência foi o saque no voleibol. Reuniram um grupo que incluía jogadores excepcionais, jogadores de times e novatos, aos quais perguntaram como faziam para sacar: seu objetivo, seu planejamento, suas escolhas estratégicas, sua autoavaliação, sua adaptação etc. – num total de 12 critérios de apreciação. Com base nas respostas concluíram quais seriam os respectivos níveis de habilidade. Em seguida, pediram aos jogadores que sacassem para testar a validade de suas conclusões. Só pelas respostas dos jogadores foi possível deduzir 90% da variação no grau de habilidade. A experiência mostrou que os jogadores excepcionais treinam de maneira diferente e bem mais estratégica: quando falham, não atribuem esse fracasso à falta de sorte, nem culpam a si mesmo; têm uma estratégia que podem corrigir. 

Tenho certeza que algumas dessas palavras devem ter mexido com a cabeça de muitos professores e treinadores. Destaquem-nas e vamos juntos  firmar um procedimento a respeito, venham discutir como melhorar suas aulas e treinamentos com os jovens. Voltarei ao assunto…

Evolução do Voleibol – Parte I

Jogo Itália vs. Rússia. Foto: Fivb/Divulgação.

Da série “Olhar Pedagógico

Um cronista esportivo disse certa feita com alguma ironia que o jogo de basquete  deveria ser disputado somente em um minuto, com o placar inicial em 100 a 100. E justificou: “somente no minuto final é que são decididos os grandes jogos e aí se concentram as grandes emoções”.

Mas, aconteceu no jogo da Copa Yeltsin entre as equipes femininas da Polônia e da Holanda algo que podemos considerar similar. O locutor brasileiro querendo sempre emprestar ares de dramaticidade e muita emoção em cada lance não media esforços. Então, quando uma das equipes atingiu o vigésimo ponto, estando a uma diferença de 2-3 pontos da adversária, comentou: “a partir de agora cada ponto é importante…” Aliás, tomem muito cuidado com os comentaristas também, nem sempre com boas condições técnicas de análise. Um ex-medalhista não significa um expert no jogo. Uma coisa é falar sobre o que acontece e, se necessário, descortinar soluções para a superação do adversário. Outra é deixar acontecer o lance e, então, afirmar que deveria ter feito de outra forma. Deve ser a influência nefasta dos locutores e comentaristas de futebol. 

Tanto num dos exemplos dado como no outro, especialmente com a adoção do sistema de “pontos por rali” no voleibol, cada ponto (ou cesta) é importante desde o início da partida e até que termine o jogo, pois, aritmeticamente, têm o mesmo peso e influem no resultado de qualquer partida, seja obtido no início, na metade, ou mesmo no final. No caso do voleibol, muitos técnicos e jogadores em atividade ainda atuaram com a regra da “vantagem”, o que induzia muitos atletas a não se concentrarem tanto num dado instante, pois sabiam que seu erro não contabilizaria imediatamente em ponto para o adversário: “podemos recuperar na ação seguinte e tudo estará bem”! Então os mais displicentes ou pouco envolvidos com o andar do placar na partida negligenciavam nos primeiros movimentos ou arriscavam demais certas jogadas, como bater fortemente contra o bloqueio adversário uma bola nitidamente mal levantada e, em seguida (se errassem), abrir os braços e reclamar do seu levantador. Outros reclamavam porque não recebiam bolas para a cortada final e, quando recebiam, eram demasiadamente mal levantadas.  

No basquete casos similares referiam-se aos arremessos tidos como livres para qualquer atleta. Assim, havia uma competição interna para ver quem fazia mais pontos, pois a regra do jogo faculta ao indivíduo caminhar com a bola e arremessá-la diretamente à cesta sem qualquer participação dos companheiros. Mas, diante de severas reclamações, os treinadores elegiam quem deveria arremessar e este atleta tinha, então, status diferenciado na equipe, que atuava quase que exclusivamente para fornecer-lhe boas oportunidades de arremessos. Era o caso do jogador brasileiro Oscar.

Flagrante do campeonato feminino de voleibol disputado no estádio do Dínamo, em Moscou, provavelmente no final da década de 40 (80 mil espectadores). Acervo: João Carlos da Costa Quaresma.

E você – treinador ou atleta – como enxerga tais situações?

Imagino que deva ser muito difícil entrar no mérito sem conhecer um pouco da história do jogo e as suas circunstâncias. Alguns ex-medalhistas, quando instados a falar sobre a evolução do jogo propriamente dito, invocam um passado recente, muito próximo a eles mesmos, esquecendo-se (ou não sabem) que o “antigamente” é um pouco mais longo do que os seus fios de cabelos. O tempo nos ensina muita coisa e olhar para trás não é ser retrógrado, mas sábio. Ao apreciar diante da tv os jogos femininos de Polônia, Holanda, Rússia e China, não consigo destacar grande evolução em muitos aspectos, mas percebo a forma de treinar e suas consequências durante uma partida. Sinto que não se produzem atletas técnicos, mas fazedores de arremessos potentes ou outdoor de tatuagens por todo o corpo. Parecem atuar para a mídia.

É uma pena que não se produzam jogadores como antigamente! Saudosismo? Se conversar com qualquer dos treinadores atuais a esse respeito tenho certeza de que me responderão: “Reconheço, mas não tenho tempo para treinar esse ou aquele detalhe”. E tudo fica como está. O vencedor fica com os louros (e o dinheiro), enquanto os vencidos tentam copiá-lo. E a roda da vida continua a girar. E, todos reconhecem, no alto nível o detalhe faz a diferença. 

No próximo texto estaremos comentando… Não, vou aguardar que algum dos leitores faça uma indagação e, inclusive, discordem de algo! Creio que será melhor para cooptarmos mais informações e deixá-los à vontade. Até lá, apressem-se!