Como Ensinar?

          Jogando na ruaGinásiop&b

 

 

 


 

 

(Gravuras, Beto Pimentel)

 

Remexendo no Baú de Memórias

Certas  atitudes metodológicas e pedagógicas de muitos professores e treinadores refletem um caráter preguiçoso e, portanto inoperante até certo ponto, de Como Ensinar. E não falamos isso somente em relação ao ensino esportivo, mas em caráter geral, dada deficiências no ensino acadêmico de Metodologia e Pedagogia, tão desprezado por alunos e mestres. Isto também ocorre aqui neste Procrie, haja vista a pouca ocorrência de visitantes aos artigos catalogados naquela Categoria (Metodologia e Pedagogia). Porém, algo está ocorrendo de novo, pelo menos vindo de internautas de outros países. 

Recentemente, recebemos inúmeros comentários de internautas do exterior, valorizando nossos dizeres nos artigos Ensino Crítico e Como Ensinar. Não fazemos a menor ideia do por que dessa descoberta neste momento, até pela distância temporal em que foram postados. Para compreendermos as circunstâncias, vejamos sumariamente os destaques pedagógicos daqueles artigos.

Desenho61. Ensino Crítico (17/fev./2010) – A importância da contribuição de Celestin Freinet e, por extensão, de Jean Le Boulch. Os perigos e ciladas em se Copiar e não Criar suas próprias aulas. No Tatear Experimental, em que o indivíduo experimenta os primeiros ensaios, desenvolve-se a capacidade tanto por parte do mestre, como dos alunos, de uma Reflexão na Ação. O sujeito torna-se crítico do próprio fazerAo final, foi colocada uma situação prática sobre Nova Metodologia em um colégio desconhecido do autor. A Reflexão sobre a aula, que não foi feita junto ao evento, é tornada pública para que outros o façam: “O que teria agradado tanto aquelas crianças? Por que os adultos também se entregaram tanto na aula? Que transformações a realizar no próprio educandário”?

Desenho222. Como Ensinar (28/out./2011) – Aquisição de Habilidade é o tema central e os aspectos que o cercam na prática, i.e., a capacidade de Avaliar o Treinamento, sempre vista como inerente a aluno e mestre. Durante as práticas iniciais a prevalência de uma Percepção preliminar para que o aluno aprenda a meditar e, portanto, tornar-se crítico. Ao fazê-lo, aprofunda-se na aquisição das habilidades e, consequentemente, o seu Talento. O que poucos percebem é que aprofundar-se no treinamento não é somente repetir os ensaios, mas principalmente, corrigir detalhes passo a passo, sem perder de vista o movimento global. Por último: Como ver um treino e aprender com ele? Que tipo de comentários resulta das observações e indagações realizadas?

 

Em Resposta a Christian 

Entre inúmeros Comentários, destaco aquele que me chamou atenção pela percepção do missivista em querer se aprofundar e a retirar do Autor uma sequência lógica de informações e ensinamentos. Vejam a seguir, afirmando que não tenho estudo sobre a língua inglesa, mas graças/apesar do Google, vou tentando me comunicar e aprendendo com todos. Os comentários estão grafados em Ensino Crítico:

By Christian Louboutin Outlet, 20/jul./2013

Thank you, I have just been looking for info approximately this subject for a while and yours is the greatest I have discovered till now. But, what about the conclusion? Are you sure concerning the source?

Pelo Procrie, em resposta a Christian Louboutin Outlet. 20/jul./2013… (Google Translate)

Christian… Obrigado, eu estava procurando informações sobre este assunto por um tempo e o seu é o maior (melhor) que eu descobri até agora. Mas o que dizer da conclusão? Você tem certeza sobre a origem (fonte)?

Procrie… Uma das virtudes que emprego para ensinar é resultado de observação desde quando pescava peixes e siris: paciência. O artigo foi postado em 17/fev./2010, lá se vão pouco mais de 3 anos e só agora sou interpelado. Agradeço pelo interesse, mas há que navegar pelo blog em busca de outros artigos que o levarão a concluir sobre a melhor forma de ensinar. Isto tem significado: “dou o caniço para você pescar, não o peixe; você terá que pescá-lo.” Ou seja, mostro diversas possibilidades de métodos de ensino e cada indivíduo fará a sua escolha após discussão. Além disso, extremamente importante, aulas teóricas JAMAIS substituirão aulas práticas, onde o contato é muito mais próximo e um simples gesto ou olhar diz muito mais do que mil palavras. E mais, a relação mestre x aluno permite dissipar dúvidas in loco, no exato momento em que ocorrem. Grato por sua manifestação.

Valor da Aula Prática

Vários textos estão intitulados como Aprender a Ensinar/ acrescidos da extensão correspondente ao assunto tratado, p.ex., /Metodologia, /Memória, /Métodos, /Métodos (I), /Equipamento. A estes, somam-se outros mais relacionados na Categoria Metodologia e Pedagogia, além de Formação Continuada.

Hão de compreender que não sou um perito em análises desse tipo. Tento aprender a ensinar e para tanto, debruço-me sobre os livros que adquiri para melhor explicar as ações pedagógicas a empregar. Sendo assim, ocupo-me do Procrie da melhor forma que sei fazer. Aliás, dito por muitos que me acompanham e experimentaram os meus ofícios, destaco-me nas aulas práticas. Inclusive e principalmente com crianças, como declarei certa feita: Faço-me criança diante delas! Até hoje, já velhinho, tenho orgulho em me emocionar ao falar-lhes. Poderão ver em postagens sobre Ensino a Distância, que o foco de minhas preocupações já se concentrava nas Aulas Presenciais, imprescindíveis a qualquer tipo de ensino. Silenciosamente, dei início a um périplo para descortinar patrocínio.  

Assim entendo que o escrever não tem a mesma força de o falar, ou seja, os indivíduos têm necessidade de ver com os próprios olhos aquilo que lêem nos livros. Há necessidade de vivenciarem na prática o que extraíram dos textos. Se tiverem a presença de um experiente mestre, melhor não há. Finalizando, para fugir um pouco ao didatismo teórico, mais do que ninguém estou a buscar oportunidades para as Aulas Presenciais, CursosPalestras, que me coloquem face a face com professores, treinadores e alunos. Enquanto não ocorre, busquemos nos entender da melhor maneira possível. Estou exultante com a indagação acima e tomara que surjam mais de igual valor.

Até breve e boas leituras!

Como Ensinar

Desenho: Beto Pimentel.

Aquisição de Habilidades 

“Não se trata de reconhecer um talento, o que quer que isso venha a ser. Nunca saí à procura de alguém que fosse talentoso. Primeiro, é preciso trabalhar os fundamentos e logo se percebe para onde caminham as coisas”. (Robert Lansdorp)

Aquisição de Habilidades,  Avaliando o Treinamento, Percepção, Talento.

Há que se destacar na aquisição de habilidades e no desenvolvimento de talentos dois aspectos. A habilidade, como um processo celular, que se desenvolve mediante o treinamento profundo através de um processo similar à ignição de um carro; ela fornece a energia inconsciente para esse desenvolvimento. E os raros indivíduos com o impressionante dom de combinar essas forças para desenvolver o talento em outros. Em outras palavras, “como combinar estes dois elementos”?

Em 1970, dois especialistas em psicologia da educação, ganharam uma oportunidade de ouro: partindo do zero, elaborar e implantar um programa de leitura numa escola experimental de um bairro pobre de Honolulu. Financiado por uma fundação educacional havaiana, o projeto envolveu 120 alunos de pré-escola (4 a 6 anos de idade) à segunda série (8 anos). Dois anos após, quando a escola abriu as portas, puseram em prática as ideias pedagógicas mais avançadas da época, muitas delas referentes a estratégias do professor para aumentar o percentual de tempo que os alunos permanecem concentrados no que quer que tenham de fazer em sala de aula, aplicando-se ao máximo nas tarefas propostas. Os pesquisadores eram inovadores, dedicados e tenazes. Nem por isso tiveram êxito e, em 1974, começaram a questionar seriamente a própria metodologia. Os dois estavam na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), onde deram algumas aulas e tentaram compreender por que o projeto marcava passo. Uma tarde um deles teve uma ideia: fariam do melhor professor que pudessem encontrar o objeto de um estudo ultra detalhado e utilizariam os resultados dessa pesquisa para aperfeiçoar o seu projeto de ensino. O professor escolhido, que trabalhava na UCLA, foi John Wooden, treinador titular do time de basquete. O professor concordou que os dois cientistas bisbilhoteiros observassem seus treinamentos. Eles ocuparam assentos à beira da quadra para ver o mago realizar o primeiro treino da temporada. Como ex-atletas, conheciam as boas e velhas ferramentas para conduzir bem um treino: exposições ilustradas com esquemas desenhados no quadro-negro, discursos de incentivo, punições aos indolentes como correr mais voltas, elogios aos aplicados. Então o treino começou…  (do livro “O código do talento”).

Como ver um treino e aprender com ele? Que tipo de comentários resultam das observações e indagações realizadas?

Poderão ver respostas a essas perguntas talvez no tamanho de meia página de caderno. Isto é, ninguém que realiza cursos, especialmente no exterior, está alertado ou se preocupa com isto. Querem isto sim, o imediativismo tal como as crianças, nada de pensar, mas conhecer os exercícios que são executados para o desenvolvimento dos atletas. Então, o curso se resume à memorizar (filmar) o que se realiza em termos práticos, deixando de lado todo o escopo metodológico e pedagógico. Há algum tempo li comentários de um técnico estrangeiro que esteve em Saquarema (RJ), no centro de treinamento das seleções brasileiras de voleibol. A mim me pareceu um turista em viagem de recreio. Outro, um brasileiro, foi contemplado com uma viagem ao Japão para se inteirar e aperfeiçoar. Retornou ao Brasil, e pasmem, permaneceu fiel ao que fazia há anos, isto é, nada incorporou ao seu conhecimento. Um terceiro, este mais experiente, disse-me após retornar também do Japão: “Eles falam pouco, e começam a dizer algo só muito mais tarde, após testarem sua paciência e interesse em observar o que ocorre”.

Um segundo aspecto trata-se da divulgação do conhecimento adquirido. Como todos competem entre si através de seus respectivos clubes por que divulgar o que foi aprendido? Este pensamento prevalece mesmo quando é a entidade máxima do desporto que patrocina o curso. Inclusive, não é cobrado absolutamente nada ao viajante em seu retorno. Foi, viu e voltou! E tudo continua como estava.

(continua…)