Palavras são Palavras…

Foi publicada na comunidade de Natação do CEV (11 do corrente) notícia vinculada a um blogue sob o título “A revolta das águas no blog do Fernando Mascarenhas “http://blogdomasca.blogspot.com.br/2013/01/a-revolta-das-aguas.html. Por sua vez, o articulista teve como estímulo o blog do José Cruz para escrever o post, cujos destaques apresentamos a seguir para discutir.

(…) “Agora tem um sujeito em particular que parece gostar muito da natação, ou do que a natação vem lhe garantindo, Coaracy Nunes Filho, presidente da CBDA (…). Desde o mesmo ano de 1988, Coaracy está mumificado à frente do posto. É o cartola mais longevo do esporte nacional, superando Nuzman, Steinhilber e companhia ilimitada… e, pasmem, deve ser reeleito em março próximo, perpetuando-se no poder até 2017. Há 25 anos, eu me casei com a CBDA. Não poderia ter feito um bom trabalho se não tivesse ficado esse tempo. Estou com a consciência tranquila. Se (o mandato) é longevo, não interessa. O que importa é a qualidade da gestão, justifica.  (…) A natação brasileira tem uma grande número de adeptos e já produziu bons resultados em termos de alto rendimento. Consta, inclusive, como modalidade vital nas apostas do COB para os Jogos Rio 2016 (…). Mas penso que a popularidade e os resultados da natação se devam à própria tradição do esporte, cuja primeira medalha veio em Helsinque 1952, um bronze conquistado por Tesuo Okamoto. Atualmente, tem contado a favor da natação o incremento obtido a partir do patrocínio dos Correios. É sobre isso que Cruz escreveu, sobre os R$ 158 milhões de patrocínio dos Correios repassados a CBDA nos últimos 20 anos. Fazendo as contas, é uma média de R$ 7,5 (sic) milhões/ano (correção, R$ 7,9 milhões/ano) ou R$ 626 (sic) mil por mês (correção, R$ 658 mil/mês). (…) De todo modo, a partir da leitura do blog do Cruz fiquei sabendo de duas boas notícias. A primeira é que já dá para acionar a Lei da Transparência para termos acesso aquilo que sempre foi uma caixa-preta, as informações referentes aos contratos de patrocínio das estatais ao esporte nacional. Isto pode ajudar bastante nas pesquisas que envolvem a temática das políticas públicas de esporte e lazer. Neste caso, os contratos dos Correios com a CBDA foram solicitados e analisados pelo ex-nadador Julian Romero, e várias irregularidades foram apontadas quanto à sua execução. A segunda boa notícia é que Julian, irmão do também ex-nadador Rogério Romero, lidera um movimento de oposição à gestão de Coaracy, o Muda CBDA, movimento que conta com outros ex-nadadores e técnicos como Eduardo Fischer, Carolina Moncorvo, João Reynaldo Nikita e Rodrigo Rocha Castro.
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Apenas alguns reparos que nos conduzem à indagação: “O que é pior, um juiz corrupto ou um juiz incapaz”?

Nuzman foi eleito presidente da Federação Metropolitana de Voleibol (FMV) em 1973; em 1975 foi eleito presidente da Confederação Brasileira de Volley-Ball (CBV), tendo permanecido no cargo até 1995, quando assumiu o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), antigo reduto de militares de pijama que nada faziam. Quanto à renovação de mandatos de presidentes calcado em apenas uma reeleição é bastante discutível em certos momentos da conjuntura, pois sabemos o que ocorre na área política – continuidade ou renovação, o que seria conveniente? Assim como em política, são muitos os interesses envolvidos e a turma que está de fora, certamente, deseja entrar na festa. Vejam o caso do PT e o mensalão, envolvendo estatais – Banco do Brasil e ministérios. Além dos mais, dado o conflito de interesses e politicagens, torna-se bastante difícil a qualquer dirigente, competente ou não, honesto ou não, realizar em curto ou médio prazo, administrações realmente significativas. Lembrando que os mais longevos quando começaram seu trabalho pouco ou nada tinham. Tudo foi sendo construído a pouco e pouco. Não quero dizer com isto que foram ótimos e honestos (como colocado pelos opositores ao sistema). Acrescente-se a formação de uma equipe de trabalho e seu treinamento necessário. Imaginem o desperdício se, 4-8 anos depois todos fossem exonerados para a entrada de outra equipe sem o devido preparo. Quanto ao que se propala sobre corrupção, seria sensato que alguma instituição independente, como existe na Europa, desse sua cooperação fiscalizadora de possíveis envolvimentos de dirigentes com enriquecimentos ilícitos (quando for o caso, e que se comprove). Uma delas é a Play the Game, uma organização que luta pela transparência nos desportes. O seu diretor Jens Sejer Andersen foi ao Parlamento Europeu  em 18.12.2012 para denunciar casos de corrupção no voleibol e andebol, quando todos esperavam que se reportasse somente ao futebol (ver www.procrie.com.br/corrupcaonafivb/). No Brasil, se formos esperar pelos  Tribunais de Contas a história se encarrega de nos mostrar o que deixam de realizar. Ao que vimos no noticiário, está surgindo uma denúncia no judô. Parece que o antigo combativo judoca medalhista Aurélio estaria envolvido em falcatruas. Demos tempo ao tempo.

Quanto à tradição e popularidade da natação, imagino que o articulista esqueceu-se de citar a figura mais badalada e famosa de antigamente, a nadadora Maria Lenk. E cita que atualmente os resultados obtidos são creditados também ao patrocínio dos Correios e que a natação tem grande número de adeptos e que já produziu bons resultados no alto rendimento. Afinal, está preocupado com resultados ou com a aplicação do dinheiro? Cita vagamente que várias irregularidades foram apontadas por Julian Romero e não esclarece nada mais. Creio que para qualquer leitor isto não parece ser crível, constituindo-se em mero “balão de ensaio”. Devo dizer que não conheço o presidente da CBDA ou qualquer membro de sua equipe, mas não me parece justo induzir pessoas a um juízo ou erro sem as devidas provas documentais. São palavras ao vento!