Volto-me principalmente aos docentes de educação física que atuam em escolas e àqueles que prestam serviços em agremiações na área da Iniciação e Formação. Ressalto que as sugestões metodológicas e pedagógicas inicialmente colocadas para o ensino do voleibol devem contemplar igualmente qualquer outro desporto, é claro, guardadas suas peculiaridades. Se necessário, sugiro que se determinado assunto despertar maior curiosidade ou entendimento, que o leitor se aprofunde no próprio texto referenciado. Em caso de persistir a dúvida, a consulta imediata ao autor. Sendo assim, passemos à recapitulação do que já foi exaustivamente colocado neste Procrie.
Inicialmente, recordo que em junho/2009 – Professor de Vôlei (II) – tratei dos Problemas na Iniciação Esportiva travando um diálogo gratificante com colegas professores que explicitaram suas dúvidas e dificuldades. Possivelmente, a maior delas em qualquer escola seja a evasão de alunos com a continuidade das aulas ao longo do ano. Vi muito de perto este assunto quando meus filhos (10-12 anos) praticavam o basquete na escola. Só não percebi qualquer motivação do professor em resolver o problema, talvez porque recebia o salário pelas aulas independente do número de alunos e não era avaliado pelos seus gestores.
Pelo que sempre presenciei e também colhi no 1º Simpósio Mundial de Mini Voleibol (vejam Anais do Simpósio), no mundo inteiro as dificuldades e problemas são inevitáveis enquanto não houver um maior engajamento do professorado. Cumprir um currículo é uma coisa, dar uma boa aula é outra. Daí o movimento mundial na direção da meritocracia, que alguns países já fazem com sucesso. Imaginem se aquele professor de basquete ali de cima fosse remunerado não por hora/aula, mas pelo número de praticantes, como deveria proceder? Esta situação nos leva a indagar: “E no clube competitivo, quando há um limite no número de atletas?”
Farei uma pausa para contar-lhes três historinhas, duas delas de quase sucesso.
1ª. No colégio dos meus filhos vez por outra me insinuava junto ao professor de voleibol nas aulas extra classe para auxiliá-lo. Eram no máximo 14 alunas, de 13-14 anos. Foi sugerido à direção da escola o desenvolvimento de um programa para alunos de 9-10 com aulas pela manhã (estudavam somente à tarde). Aceita a sugestão, produzi para ele um convite que foi distribuído aos pais. Em resposta, 310 crianças aceitaram de pronto participar. Claro que não foi possível levar avante as aulas, pois se criou um lindo problema: o educandário, embora com excelentes instalações, não tinha como comportar tantos em poucas horas disponíveis. Passamos, então, à solução: as aulas de mini voleibol seriam incorporadas à grade curricular da educação física da escola. Com isso, TODOS os alunos seriam beneficiados! Ocorre que o professor Coordenador não se inclinou pela medida e sugeriu que os alunos fossem divididos em grupos, de modo a que frequentassem as aulas de 15 em 15 dias. Acreditam?
2ª. Na Praia de Icaraí, Niterói, bem em frente ao Cristo Redentor e ao Pão de Açúcar, os mais belos cartões postais da cidade do Rio de Janeiro, desenvolvi por 4-5 anos atividades regulares, duas vezes na semana, para centenas de crianças de 8-13 anos de idade. A última delas para exatamente 400, incluídos 20 alunos da APAE. Foi um projeto que marcou época e se estendeu para 300 crianças e adolescentes na Praia de Copacabana, Rio. Ressalte-se que jamais me preocupei com a formação de equipes ou mesmo técnica, mas assegurar o interesse da meninada. E consegui, pois não havia evasão e, ao contrário, sempre uma intensa procura por novas matrículas. Marcou época!
3ª. Logo que dei início ao Procrie, levei a um clube do Rio de Janeiro o projeto que consistia em criar ali um Núcleo de ensino do voleibol para 240 crianças, com aulas regulares duas vezes na semana. As instalações eram favoráveis inclusive para o incremento de outros desportos – mini basquete, badminton – uma vez que possuem cinco ginásios. A partir dessas aulas, estaria divulgando a metodologia e, através de vídeos, a pedagogia pertinente, tendo sempre em mente pesquisar novas formas criativas e incentivando universitários a participarem. Infelizmente não consegui alavancar qualquer patrocínio para manter o projeto sem ônus para os alunos. Mas se cobrasse dos seus pais a mensalidade vigente no mercado (R$ 60,00) naquela época, percebam o quanto estaria auferindo mensalmente. O grande detalhe está em saber produzir aulas consistentes, atraentes e, acima de tudo, manter o interesse dos alunos permanentemente. Não só voltam como atraem mais colegas para o seu (nosso) convívio.

Quando ainda na Praia de Copacabana com o Curso, recebi a visita da seleção brasileira feminina de voleibol, à época (1995) comandada pelo Bernardo Rezende, o Bernardinho. Tomado de entusiasmo pela criatividade, encomendou-me material e equipamento para desenvolver um pólo no Centro Rexona, em Curitiba (PR). Posteriormente, o projeto foi estendido para diversas escolas públicas do estado.
Fórmula Mágica
Concluindo, percebam que os projetos eram INCLUSIVOS, isto é, TODAS as crianças seriam ou foram contempladas com as atividades, uma vez que não se prospectava talentos para a formação de equipes competitivas, mas sim, oferecer-lhes atividades múltiplas, convívio social e diversão. Foram atendidos assim os três preceitos fundamentais da primeira fase: a) convite, em que dou a conhecer o assunto, isto é, a prática do mini voleibol; b) encantamento, traduzido em diversão e alegria; c) interesse, mantido pela diversidade das ações e multiplicidade do equipamento. O que assegurava concomitantemente mais e mais adeptos.
Em outro momento voltarei a falar-lhes ou, se preferirem, façam contato. Até breve!

