IX Campeonato Brasileiro, 1960

IX Campeonato Brasileiro, 1960

Realizados na cidade do Rio de Janeiro, no período de 20 a 28 de julho nas versões masculina (IX) – contando com 11 equipes – e feminina (VIII), com somente cinco representações. Foram criadas três Comissões visando à organização dos jogos:

Comissão de Honra

Dr. José Sette Câmara, Governador do Estado da Guanabara

Dr. Geraldo Starling Soares, Pres. do Conselho Nacional de Desportos

Dr. Antonio Jaber, Pres. da Conf. Sul-Americana de Volley-Ball

Mal Edgar do Amaral, Comitê Olímpico Brasileiro

Gal Pedro Geraldo de Almeida,  Cte do Colégio Militar do Rio de Janeiro

Vereador Antônio Dias Lopes, 2º Vice-Presidente da Câmara Legislativa

Cel Amfrísio da Rocha Lima, Cte da Polícia Militar

Jornalista Mário Filho, Diretor do Jornal dos Sports

Dr. Caio Josué Pimentel, Presidente do Tribunal de Justiça da FMV

Dr. João Willibaldi Holzer Filho, Presidente da ADEG, Assoc. Estádios da GB

Sr. Mário Nunes de Alencar, Presidente do Conselho Supremo da FMV

Além de um membro representativo de todas as delegações visitantes.

Comissão Executiva

Roberto Moreira Calçada

Walter Muniz Azar

José Gil Carneiro de Mendonça

Comissão de Arbitragem

Abenante de Mello e Souza, Presidente

Geraldo Magalhães Vaz

Renato Pinto

Em 12 de julho, a FMV convocou os Oficiais:

Árbitros: Luciano Segismondi, Newton Leibnitz de Albuquerque Mello, Walter Alves e Wilson de Lima.

Apontadores: Adolpho Mekler, José Guió de Souza Filho e Sérgio Freire.

Notas da FMV.  1) Os árbitros foram informados de que “foi abolida a taxa de arbitragem para os Campeonatos Brasileiros de Volley-Ball”. Designou, ainda, que os jogos seriam disputados, exclusivamente, com bolas Drible, de dezoito (18) gomos.  2) Informou ainda sobre a convocação pela CBV do atleta do C. R. do Flamengo, Carlos Eduardo Albano Feitosa, com vistas aos Jogos Luso-Brasileiros.

Delegação da FMV

Dirigentes. Chefe, Mário Nunes de Alencar; Delegado, Manoel Miranda Mello; Sup. Técnico, Pero Alves Guimarães; Médico, Fernando Samico; Técnico feminino, Zoulo Rabello; Técnico masculino, Sami Mehlinsky; Árbitro, Glênio Guimarães.

Locais de disputa. Utilizados os ginásios do Maracanãzinho, do Tijuca Tênis Clube e do Clube Municipal.

Preços dos ingressos. Cadeira, Cr$ 100,00 (cem cruzeiros) e arquibancada, Cr$ 50,00 (cinquenta cruzeiros).

Alojamento. A delegação paulista, uma das favoritas ao título, viajou em ônibus da Viação Cometa. As moças ficaram alojadas no Colégio Batista e os rapazes no Colégio Militar (ambos no bairro da Tijuca).

Equipes guanabarinas. Em 23 de junho, a FMV procedeu à convocação dos técnicos e atletas. Foram chamados os técnicos Sami Mehlinsky (do Flamengo) e Zoulo Rabello (do Fluminense), respectivamente para os quadros masculino e feminino. Estes realizaram uma pré-seleção convidando os atletas abaixo relacionados:

Masculino. Alexandre Eduardo Paranhos Studart, Carlos Eduardo Albano Feitosa, John Castro O’Shea, José Carlos Gonçalves Viana, Lúcio da Cunha Figueiredo, Sérgio Bóris Barcellos Borges (todos do Flamengo); Jorge de Mello Bettencourt (não participou), Murilo Castilho Gomes, João Carlos da Costa Quaresma, Antônio José Vaghi (todos do Botafogo); e do Fluminense, Átila Gonçalves Martins, Giuseppe Mezzasalma, Parker Gilbert Cavalcanti de Carvalho.

Feminino. Gilda Boettcher Salles (*), Leila Fernandes Peixoto (*), Lúcia Marin Borges, Marina Conceição Celistre, Norma Rosa Vaz (*), Rosa Maria Teixeira O’Shea (*) (todas do Flamengo); Ingeborg Ingrid Crause (*) (Botafogo); Ephygênia Carmen de Oliveira (*), Hilda Lassen (*), Lúcia Mendes de Moraes (*), Maria Alice Ricciardi (*), Izaura Marly Gama Alvarez (*) (todas do Fluminense); Helena Fernando Martins (*) (Tijuca) e Celma Freire de Araújo (3) (AABB).

Notas: 1) Todos os atletas (no masculino) convocados compuseram a delegação, exceto Jorge de Mello, transferido pelo Exército para o Rio Grande do Sul.  2) As atletas assinaladas (*) foram selecionadas para compor a delegação carioca.  3) A atleta Celma Freire de Araújo solicitou sua transferência do Tijuca para a AABB, somente tendo condição de jogo em 7.7.1961 (1 ano de estágio).  4) Os treinos foram programados para os ginásios do Flamengo e do Fluminense, às 3as, 5as e sábados.

Classificação final

Masculino: 1º) Guanabara; 2º) São Paulo; 3º) Minas Gerais.

Feminino: 1º) Guanabara; 2º) São Paulo; 3º) Minas Gerais.

Melhores atletas. Na eleição procedida por oito jornalistas para indicarem os seis melhores atletas dos campeonatos, os destaques foram:

Feminino – Marta (MG), Marly (GB), Lúcia (GB), Eunice Rondino (SP), Iriana (SP) e, empatadas, Vera (SP), Margot (RS) e Norma Vaz (GB).

Masculino – Feitosa (GB), Urbano (MG), Lúcio (GB), Eugênio (SP), Quaresma (GB) e Joel (SP).

Voleibol na Década de 60

Treinamento da seleção no Caio Martins. Em pé, à esquerda, Newdon, Décio, Álvaro, Heckel (aux. técnico), Roque, Financial, Chapinha (árbitro), Geraldo Faggiano (técnico), Rômulo Arantes (prep. físico). Em baixo, Urbano, Afonso, Murilo, Pedro, Quaresma, Feitosa.

Jogos Mundiais, Jogos Olímpicos, Jogos Universitários, Campeonatos Brasileiros, Jogos Luso-Brasileiros. 

Logo no início da década, em 1960, as cidades do Rio de Janeiro e de Niterói experimentaram um despertar para o voleibol como jamais se vira no Brasil. Neste ano, em maio, a capital fluminense foi palco dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) no ginásio do Caio Martins, onde meses depois, treinaria a seleção brasileira (foto). A seguir, em julho, foram realizados os jogos do IX Campeonato Brasileiro de seleções estaduais no Rio de Janeiro. Houve tímido intercâmbio esportivo com Portugal – os Jogos Luso-Brasileiros – que não mereceram maior incentivo e após sua terceira realização malograram. Sua primeira realização deu-se em agosto/60, no Rio de Janeiro. E, finalmente, em 3 de novembro, a abertura da fase final dos Campeonatos Mundiais.  Posteriormente, em 62 e 66, outros dois Mundiais e, destacados deles, os dois Jogos Olímpicos, em 1964 e 1968.     

Ciclo japonês. Os japoneses dariam importante contribuição para a evolução do jogo a partir de 1960, caracterizada por dois aspectos: 1) Técnico – criação do saque balanceado, do emprego maciço da manchete, diversificação de ataques, com variações de “tempo” e de “espaço”; inovações nas técnicas de defesa. 2) Tático – novos tipos de ataque permitiriam criar uma infinidade de combinações, verdadeira revolução no sistema ofensivo.         

Campeonatos Mundiais .  O Brasil foi o palco do quarto campeonato mundial masculino e terceiro feminino em 1960. Pela primeira vez foi sediado fora da Europa. Em ambos os torneios a seleção brasileira ficou em 5º lugar. Mas a grande novidade no início da década de 60 foi a decisão de incluir o esporte na próxima Olimpíada de Tóquio, o que entusiasmou seus praticantes. 

Jogos Universitários Brasileiros. Promovidos pela  Confederação Brasileira de Desportos Universitários – CBDU  e a FUFE – Federação Universitária Fluminense de Esportes, foram realizados em maio os Jogos Universitários Brasileiros. O palco foi o ginásio do Caio Martins. A disputa nesta modalidade empolgou os assistentes pelo alto nível dos participantes, especialmente com as três primeiras equipes classificadas: São Paulo, Minas Gerais e Estado do Rio (Niterói). Entre os atletas, destaques dos selecionáveis Nelson Bartells, Urbano e Fábio (mineiros), Joel e Álvaro (paulistas), Quaresma e Murilo (fluminenses). O autor deste trabalho, com 20 anos de idade, fazia sua estreia em grandes torneios.       

IX Campeonato Brasileiro, 1960. A cidade do Rio de Janeiro sediou os jogos das seleções estaduais.  Os cariocas fizeram “dobradinha”, com vitórias no masculino e feminino. Dedico uma postagem especial sobre o evento desde sua organização e componentes da delegação. 

Evolução das Regras – Cronologia       

1960 – Destaques das principais modificações na Regra Oficial constante de Nota Oficial da CBV retransmitida pela FMV (NO nº 16, de 10.3.60).       

1) Regra I – Art. 2º – Nova redação: LINHAS – O campo é limitado por linhas de 5 cm de largura traçadas na sua parte interna. Elas serão traçadas a um mínimo de 2 (dois) metros de qualquer obstáculo.  2) Regra V – Art. 3º – § “d” – Alterar: Qualquer jogador que inicie jogando um set pode ser substituído uma só vez por qualquer suplente e poderá voltar ao jogo, mas definitivamente, no lugar que ocupava precedentemente e somente ele, com exclusão de qualquer outro jogador.  3) Regra XII – Art. 6º – § “c” – Acrescentar no final: Os dois tempos para descanso podem ser solicitados consecutivamente por uma ou outra equipe sem que o jogo tenha sido recomeçado. No entanto, segundo a Regra V, art. 3º – letra “c”, uma equipe não tem direito de pedir dois tempos para substituição sem que entre os mesmos o jogo tenha recomeçado. Um tempo para descanso de uma equipe pode ser seguido imediatamente de um tempo para substituição por uma outra equipe e vice-versa.  4) Regra XIII – Acrescentar: Art. 7º – BARREIRAS – No momento do saque é proibido aos jogadores da equipe que irá dar o saque efetuar movimentos com os braços, saltar ou grupar dois ou mais jogadores, com objetivo de formar uma “barreira”, com intenção de encobrir o sacador.  5) Regra XX – Art. 1º – Acrescentar: Letra “c” – o fato de tocar a linha central, sem ultrapassá-la, não constitui falta.  6) Regra XXIV – Art. 3º – Acrescentar no final: “Salvo no caso de uma equipe ficar incompleta em virtude de contusão de jogadores” (conforme Regra V, Art. 3º – Letra “d”).       

Campeonato Mundial. Tendência em favorecer a defesa, na tentativa de equilibrar as ações de jogo. Muito embora os russos, campeões, jogassem com somente um levantador (5×1), foram os japoneses que consagraram esta formação, o que facilitava suas combinações de ataques rápidos. Os soviéticos realizavam ataques com bolas predominantemente altas.       

1964 – Novas regras para o bloqueio: a invasão por cima durante o bloqueio ainda era proibida, mas permitido aos bloqueadores um segundo toque. Os primeiro torneios Olímpicos de Voleibol jogados em Tóquio (13 a 23 de outubro) contemplaram 10 equipes masculinas e 6 femininas.       

1968 – Recomendação do Congresso do México para a utilização das antenas como limite do espaço aéreo da rede, para facilitar as decisões da arbitragem (bolas por fora).       

Saques 

Altos tinham raros praticantes, embora as quadras favorecessem, pois eram raros os ginásios. Em 1953, Paulo Castelo Branco (Sírio e Libanês), sacava muito além dos refletores (o atual “jornada”). Os refletores eram colocados sobre a quadra de voleibol, “acompanhando” as linhas laterais, a uma altura relativamente alta. No Brasil da década de 40, alguns juízes proibiam a utilização deste saque, punindo com perda da vantagem, pois prejudicava a visão do recepcionador.       

Recepção 

1958 – Tchecos realizam as primeiras experiências utilizando a manchete (bagger).  

1960 – Utilização de excelente toque por cima até o mundial do Rio.    

1962 – Surge a manchete; uso do toque em condições especiais (mundial de Moscou).  

1964 – Utilização predominante da manchete (Olimpíadas de Tóquio); obrigatoriedade no Brasil de recepcionar de manchete; surpresa no Torneio Início carioca.   

Defesa 

 1960 – De toque até o Mundial; alguns gestos com um dos braços e mão fechada. 

1962  – Introdução da manchete em defesa de cortadas.  

1964 – Utilização plena da manchete na Olimpíada.   

Bloqueio   

1964 – Até a Olimpíada de Tóquio, somente no próprio campo; a partir daí, permissão para invadir após o ataque adversário; volta a permissão para o 2º toque na bola.