Evolução das Regras do Voleibol – Praga, 1949 (4)

Modificações Introduzidas no Volleyball

Os assuntos a serem vinculados hoje sobre as modificações introduzidas nas regras de volleyball por ocasião do Congresso Internacional de Praga, transcritos dos artigos do Prof. Paulo Azeredo em número de dois são os seguintes: Bloqueio (com o gráfico demonstrando a troca e o deslocamento) e Instrução Durante os Pedidos de Tempo.

Bloqueio – Instruções Durante os Pedidos e Tempo

Bloqueio – Apesar de não ter havido modificações na regra, havia dúvida e má interpretação quanto à execução do mesmo. Em primeiro lugar havia dúvida quanto à permissão para a troca o que causou grandes divergências por ocasião do Congresso do Campeonato Brasileiro de Volleyball. Os mineiros como só possuíam levantadores baixos, exigiam a troca, a ponto de a mesma ser permitida no campeonato brasileiro realizado em Minas, em 1946. Já em 1948, quando o campeonato brasileiro foi realizado em São Paulo, a pretensão dos mesmos encontrou obstáculos, pois cariocas e paulistas eram contra a troca. Depois de muito discutir achou-se uma fórmula intermediária, a qual chamamos “deslocamento”, sem propriamente ter havido troca de jogadores. Deslocamento esse que só era iniciado quando o levantador do quadro pegava a bola. O que aqui narramos está lavrado na ata do Congresso Brasileiro de Volleyball, no qual tomamos parte como representante do Distrito Federal. A troca era feita de acordo com a origem do ataque adversário. No deslocamento o cortador (ataque direito) recuava tomando o lugar do defesa centro e o defesa centro fechava o claro deixado pelo ataque direito.

Outra dúvida existente era quanto ao bloqueio duplo. Alguns juízes achavam que como iam dois na bola dever-se-ia considerar dois toques a ponto de muitos jogos realizados no campeonato carioca sofrem esta interpretação. Atualmente é ponto pacífico a questão do bloqueio, assim a troca é permitida e, no bloqueio duplo ou triplo, é considerado um só toque (porém  nenhum dos jogadores que o efetuaram pode tocar na bola em seguida, sob pena de ser considerado dois toques). Quando a bola não é tocada por nenhum dos jogadores que efetuaram o bloqueio, como por exemplo, no caso da clássica largada, qualquer um dos mesmos pode pegá-la sem que isto constitua falta.

Atualmente é permitido aos técnicos dar instruções durante qualquer interrupção (tempo para descanso, para substituição ou entre os ‘sets’), mas estes não podem entrar em campo. É vedado ao jogador sair de campo ou conversar com terceiros.

Comentário do Procrie – Observem as marcações no solo da quadra – linhas de ataque e de centro -, facilitando a observância da Regra pertinente à colocação inicial (de rodízio) dos atletas.  

Bloqueio duplo – Além disso, foi destaque na imprensa carioca a “descoberta” da nova CHAVE – uma atitude tática – de bloqueio no campeonato da cidade de 1946, quando Paulo Azeredo era o técnico do Fluminense. Vejam o noticiário. 

Foto: acervo José Gil Carneiro de Mendonça

Chave inédita – “Como noticiado pela imprensa, fazendo jus à foto, os atletas do Fluminense empregaram uma nova “chave” de bloqueio: o bloqueio duplo. A chave parece ter dado certo ao longo de todos esses anos. Lembrando que já a partir de 1938 os tchecos introduziram os bloqueios nas regras baseados no conceito de “bloquear por um ou dois jogadores adjacentes”. Por quase 20 anos o bloqueio foi uma parte do jogo NÃO incluído nas Regras. Foram imediatamente seguidos pelos russos, uma vez que o novo invento facilitava sobremaneira a tarefa dos defensores.”

Assim, conclui-se que Paulo Azeredo já vinha empregando a nova chave desde 1946. Sua divulgação no Brasil, ao que parece, demorou algum tempo e serviu a alguns interesses como vimos em relação aos mineiros em campeonatos brasileiros, onde as Regras eram discutidas.

 

Poderão ilustrar-se ainda mais sobre o tema visitando “Evolução Tática no Voleibol (II)”: 

 

Glossário (III)

Dando continuidade aos textos sobre o Glossário, apresento desta feita a terminologia empregada em Bloqueio e Bola

BLOQUEIO: Movimento defensivo permitido somente aos três jogadores de ataque que, com braços e mãos erguidos sobre a rede, tentam evitar o ataque adversário. 

  1. Atrás do – Área geralmente desprotegida e propícia à largada.
  2. Cobertura – Proteção à área desprotegida atrás do(s) bloqueador(es).
  3. De saque – Proibido em 1984; inclusive o seu ataque na área dos 3m.
  4. Duplo – Movimento de 2 jogadores numa mesma ação junto à rede para impedir o ataque adversário; invenção tcheca (1938).
  5. Explorar – Ação do atacante direcionando a cortada contra as mãos do oponente com a intenção de, a seguir, não possibilitar sua recuperação.
  6. Invasão – Criada em 1951, consolidada após as Olimpíadas de 1964.
  7. Linha de – Ou linha de ataque, ou linha limite (1950); impedia que jogadores altos (na defesa) viessem a bloquear junto à rede.
  8. Ofensivo – Levar as mãos até próximo da bola (invadido) para interceptar o ataque na quadra adversária (toco).
  9. Simples – Movimento de um jogador numa mesma ação junto à rede para impedir o ataque adversário.
  10. Toco – Realizado próximo à bola, que resulta direcionada diretamente para baixo, próxima aos pés (dos oponentes) e à rede.
  11. Toque no – Não mais computado entre os 3 permitidos para uma equipe (1976).
  12. Triplo – Movimento de três jogadores numa mesma ação junto à rede para impedir o ataque adversário.

BOLA:  Esférica, com capa feita de couro flexível e a câmara interior feita de borracha ou material similar. 

  1. Bico – Equipamento que compõe a bomba; a ser introduzido na válvula.
  2. Bomba – Aparelho com que se enche a câmara de ar.
  3. Câmara de ar – Invólucro interior de borracha, enchido com ar e pressão determinada pela Regra; bexiga, câmara de borracha.
  4. Cordão (com) – Produz o fechamento manual dos gomos sobre o apêndice da câmara (tripa) (anterior a 1950).
  5. De graça – Devolução ao adversário sem intenção de ataque (pôr em jogo).
  6. Em jogo – Após o apito do árbitro para reinício do jogo e até que ele apite interrompendo a jogada.
  7. Fora – Bola que toca o solo fora dos limites da quadra.
  8. Gomos (com costura) – Identificam a forma de confecção da bola; as costuras passam por suas extremidades; de couro ou material sintético.
  9. Gomos (sem costura) – Gomos são colados à fina teia entre a câmara de ar e o tecido sintético superficial.
  10. Morta – Identificada pela interrupção de um lance pelo silvo do apito  do árbitro.
  11. No ar – Considerada em jogo.
  12. Por em jogo – Ver De graça.
  13. Por fora (da quadra) – Momentaneamente fora dos limites da quadra, mas ainda em jogo.
  14. Sem cordão – Totalmente costuradas a mão e com válvula; a partir de 1950.
  15. Válvula – Parte da câmara de ar que permite a introdução do ar e a respectiva calibragem; local em que se introduz o bico da bomba.

   (continua)

 

Evolução das Regras, anos 1960

Década de 60          

1960. Destaques das principais modificações na Regra Oficial constante de Nota Oficial da CBV retransmitida pela FMV (NO nº 16, de 10.3.60).

Regra I – Art. 2º – Nova redação

LINHAS – O campo é limitado por linhas de 5 cm de largura traçadas na sua parte interna. Elas serão traçadas a um mínimo de 2 (dois) metros de qualquer obstáculo.

Regra V – Art. 3º – § “d” – Alterar

Qualquer jogador que inicie jogando um set pode ser substituído uma só vez por qualquer suplente e poderá voltar ao jogo, mas definitivamente, no lugar que ocupava precedentemente e somente ele, com exclusão de qualquer outro jogador.

Regra XII – Art. 6º – § “c” – Acrescentar no final

Os dois tempos para descanso podem ser solicitados consecutivamente por uma ou outra equipe sem que o jogo tenha sido recomeçado. No entanto, segundo a Regra V, art. 3º – letra “c”, uma equipe não tem direito de pedir dois tempos para substituição sem que entre os mesmos o jogo tenha recomeçado. Um tempo para descanso de uma equipe pode ser seguido imediatamente de um tempo para substituição por uma outra equipe e vice-versa.

Regra XIII – Acrescentar

Art. 7º – BARREIRAS¹ – No momento do saque é proibido aos jogadores da equipe que irá dar o saque efetuar movimentos com os braços, saltar ou grupar dois ou mais jogadores, com objetivo de formar uma “barreira”, com intenção de encobrir o sacador.

Regra XX – Art. 1º – Acrescentar

Letra “c” – o fato de tocar a linha central, sem ultrapassá-la, não constitui falta.

Regra XXIV – Art. 3º – Acrescentar no final:

“Salvo no caso de uma equipe ficar incompleta em virtude de contusão de jogadores” (conforme Regra V, Art. 3º – Letra “d”).

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Comentário ¹ – Criada em 1952, era permitido aos atletas inclusive levantarem os braços. Em seguida esta permissão  (levantar os braços) foi abolida, mantida ainda a barreira. Em 59, abolida definitivamente.

 

 

 

Campeonato Mundial, Rio de Janeiro e Niterói.

Tendência em favorecer a defesa na tentativa de equilibrar as ações de jogo. Muito embora os russos, campeões, jogassem com somente um levantador (5×1), foram os japoneses que consagraram esta formação, o que facilitava suas combinações de ataques rápidos. Os soviéticos realizavam ataques com bolas predominantemente altas.

Características

Possivelmente uma das últimas competições internacionais em que a recepção pode ser realizada com emprego do toque (por cima). Nas seguintes, tem início a manchete, como verão a seguir. As equipes jogavam praticamente no sistema 4×2, exceto a URSS, que já empregava o 5×1. Foi a primeira participação do Japão, que inovou com o saque flutuante. As moças apresentaram maior precisão e por pouco não venceram as russas na decisão. Os rapazes jogavam com bolas rápidas e fintas ainda incipientes.

Sem dúvida, a equipe tcheca era a mais técnica de todas, fazendo jus à sua posição de campeã mundial (1956). Economizavam energia, utilizavam muito o bloqueio adversário (exploradas para fora) e seus ataques tinham direção certa, sem muita força. Perderam na final para a URSS.  A URSS predominou, por muito tempo, como a equipe de maior vigor físico e estatura. Tinha potência de ataque invejável, deslumbrando os espectadores com seu incrível bate-bola (aquecimento) com cortadas cravadas muito próximas à rede. Única equipe a jogar com um levantador (camisa 12, Georgy Mondzolevsky) e possuir o “melhor sacador” do mundial – o camisa 6, Yury Pojarkov – de saque balanceado (chamado americano), inclusive executando a corrida para a batida na bola. Era extremamente violento e dificílima a sua recepção, pois, lembramos, ainda não era empregada a manchete. E, recepcionar de toque era tarefa inglória, mesmo para os melhores passadores. Não houve emprego das cortadas de gancho, muito utilizadas no mundial anterior. Nosso único executante era Lúcio, que pouco atuou. E, ainda, não era permitida a invasão no bloqueio, fator que representava o maior índice de reclamações contra as arbitragens.

1964. Novas regras para o bloqueio: a invasão por cima durante o bloqueio ainda era proibida, mas permitido aos bloqueadores um segundo toque. Os primeiro torneios Olímpicos de Voleibol jogados em Tóquio (13 a 23 de outubro) contemplaram 10 equipes masculinas e 6 femininas. Estreia oficial do emprego da manchete.

1968. Recomendação do Congresso do México para a utilização das antenas como limite do espaço aéreo da rede, para facilitar as decisões da arbitragem (bolas por fora).

Saques – Altos tinham raros praticantes, embora as quadras favorecessem, pois eram raros os ginásios. Em 1953, Paulo Castelo Branco (Sírio e Libanês), sacava muito além dos refletores (o atual “jornada”). Os refletores eram colocados sobre a quadra de voleibol, “acompanhando” as linhas laterais, a uma altura relativamente alta. No Brasil da década de 40, alguns juízes proibiam a utilização deste saque, punindo com perda da vantagem, pois prejudicava a visão do recepcionador.

Recepção  

1960 – Utilização de excelente toque por cima até o mundial do Rio.

1962 – Surge a manchete; uso do toque em condições especiais (mundial de Moscou).

1964 – Utilização predominante da manchete (Olimpíadas de Tóquio); obrigatoriedade no Brasil de recepcionar de manchete; surpresa no Torneio Início carioca.

Defesa

1960 – De toque até o Mundial; alguns gestos com um dos braços e mão fechada.

1962   – Introdução da manchete em defesa de cortadas.

1964 – Utilização plena da manchete na Olimpíada.

Bloqueio

1964 – Até a Olimpíada de Tóquio somente no próprio campo; a partir daí, permissão para invadir após o ataque adversário; retorna a permissão para o 2º toque.