Projeto Pedagógico Nacional

Voleibol nas Escolas

Agradecimento

O Projeto inicialmente foi concebido em 1992 por Arlindo Lopes Corrêa, ex-presidente do MOBRAL, tendo agora ligeiras inserções graças à Internet.

 

Secretaria Municipal de Educação

do Rio de Janeiro

 

Avaliação

Faço constar a avaliação que o projeto recebeu da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro ainda na década de 90:

“Projeto interessante, rico pedagogicamente, que se coaduna com o Núcleo Curricular Básico Multieducação. A atividade básica do projeto é a prática do voleibol de uma forma mais lúdica. Neste sentido, há o favorecimento da participação de todas as crianças, não havendo uma submissão rígida à forma técnica do desporto, possibilitando-se assim a participação, independente da habilidade individual de cada indivíduo. Em suma, trata-se de uma atividade agregadora cuja metodologia pode ser estendida a outros esportes. A relação custo/benefício pode ser favorável. A Secretaria atenderia inicial e experimentalmente um determinado número de escolas com pouco dispêndio mensal – dentro dos recursos disponíveis – o que pode se tornar uma ação bastante multiplicadora a seguir”.

 
 

 PROJETO MINIVÔLEI

I – Justificativa

Educação, única saída para evitar a pobreza. Atividades bem sucedidas melhoram a performance dos alunos nos campos cognitivo, afetivo e do relacionamento com os demais alunos e seus professores; criam elos importantes com suas escolas e podem ser utilizadas, com vantagem, na integração da escola com a comunidade. Dar oportunidade e capacitar professores de se desenvolverem é o objetivo primacial deste Projeto.

II – Objetivos

Unidade pedagógica. Toda instrução básica estará a cargo do autor do projeto, um especialista na matéria, com uma larga experiência de 36 anos. A fim de preservar esta unidade e, ainda, estimulando novas “conquistas” na área pedagógica, será adotado e perseguido um MESMO modelo de ensino para o País, respeitadas características regionais. Consultas, avaliações, diagnósticos, experiências, debates, TUDO contribuindo para um maior enriquecimento.

Oxigenar parcerias e descobrir talentos. Em princípio, esta é uma ação de Cooperativismo e Solidariedade, que visa dar oportunidades para TODOS de praticarem e se divertirem jogando o voleibol. É um processo democratizante que, sem dúvida, despertará talentos naturais nas mais diversas manifestações da sua atuação. Que brotem e nos encantem. E a participação das comunidades, aí incluídos todos os seus segmentos – especialmente a família –, torna-se fundamental no seu desenvolvimento.

Propor modelos de aprendizagem. O imobilismo em qualquer sociedade atrofia e impede o seu desenvolvimento. Há anos que filósofos educadores e tantos outros debatem teorias sobre como devemos repassar às crianças nossa cultura: “como as crianças pensam e aprendem?” Pretende-se discutir ao longo do projeto as ideias sobre a natureza da aprendizagem e como estas determinam as maneiras de pensar o ensino e a educação. Nossas imagens se refletirão inevitavelmente na definição do “que significa ensinar“.

III – Meios

Fixação do aluno na escola. O maior ponto de estrangulamento da educação brasileira se encontra no ensino de 1° grau, especialmente em suas primeiras séries. Os sintomas da deterioração estão expressos nas taxas de evasão, reprovação e repetência. Dentre os 30 milhões de alunos que anualmente freqüentam esse nível de ensino, cerca de 40% não conseguem chegar ao fim do período letivo, representando uma perda anual de US$ 1,2 bilhão em custos correntes. Outra taxa alarmante é a da repetência: 20% do total (6 milhões) estão fazendo de novo a última série cursada. A criação de vagas para acolher repetentes atinge a cifra de US$ 4,8 bilhões. Esta magnitude de recursos perdidos aconselha uma ação imediata e decidida em favor da melhoria da qualidade de ensino. Esse esforço há de se realizar em várias frentes: aqui como em qualquer outra situação igualmente complexa, deve prevalecer o conceito criado pelos japoneses – a busca da QUALIDADE TOTAL.

Uma alternativa… CRIATIVIDADE. Na verdade, o que falta – e isso é verdadeiro para outros países – é criatividade para idealizar, a nível de escola, de acordo com suas peculiaridades, soluções alternativas: o uso do professor único das primeiras séries, a utilização de material de baixo custo para substituir o tradicional, a prática em espaços comunitários fora da escola e assim por diante. O MINIVÔLEI é um exemplo profícuo desse tipo de atividade, cuja transposição para o ambiente escolar será de inestimável valia. Em Niterói (RJ) já alcançou diversas escolas e está para generalizar-se como uma das soluções para a efetiva, eficiente e eficaz prática da Educação Física.

IV – Clientela

 Minivôlei na escola. O minivôlei não coloca qualquer limitação à sua universalização nas escolas de 1o grau. Pode ser praticado dos 8 aos 14 anos, por meninos e meninas, em conjunto ou isoladamente. Competições entre escolas também são possíveis em grandes Festivais e Torneios, inclusive em praias e outros logradouros.

 

O professor e a escola. Não haverá maiores dificuldades para que professores generalistas sejam rapidamente treinados para dirigir sua prática, uma vez que o regulamento do minivôlei é idêntico ao do vôlei – regras simples, adaptadas e de amplo conhecimento – e com técnicas igualmente simples.

Recursos humanos. Não constituem limitação a considerar. Essa verdadeira cruzada em favor da educação visará melhorar a gestão das escolas, aperfeiçoar professores, incentivar a carreira docente, abrandar as limitações dos alunos provindos das camadas mais pobres da população, criar métodos pedagógicos motivadores, introduzir inovações que facilitem o processo de ensino-aprendizagem, criar um ambiente propício à adaptação dos alunos ao sistema escolar suscitar-lhes a criatividade, o espírito de iniciativa, a autonomia e a auto-estima, entre outros. A escola tem que ser um exemplo de excelência em todas as facetas de sua atuação. É a QUALIDADE TOTAL.

Instituições, ONGs e Associações. Despertar o interesse de instituições autônomas que funcionem de forma independente. Começar com pequenos projetos e, em seguida, generalizá-los através de Festivais entre os partícipes. Este esquema é mais social, podendo tornar-se um projeto nacional, até com certa rapidez, dependendo de sensibilizar uma autoridade governamental.

V – Custo

 Recursos materiais e financeiros. Não existirão maiores obstáculos, pois comparado a outros esportes, o minivôlei é muito pouco exigente. Uma quadra de vôlei dividida em 3-4 miniquadras, consumindo 20 bolas por ano, custarão US$ 220 e atenderão, em apenas dois horários, a 80 alunos/dia. Assim mesmo, nesta ocupação mínima, o minivôlei custará US$ 2.75 por aluno/ano. Se a quadra for ocupada 5 dias por semana, em dois turnos, por 400 praticantes – o que não é nada excepcional nas apinhadas escolas das zonas urbanas – o custo por aluno/ano cairá para US$ 0.55. Como o custo médio do aluno/ano nas escolas públicas de 1o grau brasileiras atinge US$ 100, o minivôlei consumiria apenas 0,55% dos custos correntes anuais. Viabiliza-se grande oportunidade de financiamento de empresas para o projeto, uma vez ressaltadas suas virtudes como elemento de aperfeiçoamento da qualidade da educação e, por essa via, como fator de redução do absenteísmo, da evasão, da reprovação e da repetência. Uma análise do custo/benefício enfatizará a conveniência econômico-financeira do mesmo.

Coordenação e manutenção. O autor do projeto coordenará todas as ações, assegurando plena autonomia de ação para as escolas e entidades engajadas. Comunicando-se pela Internet terá facilitada sua tarefa de “estar presente” em todas as escolas participantes. A elaboração de material didático para professores-aplicadores do minivôlei estará disseminada através de projetos-pilotos (e depois mais amplos), com a elaboração de um manual e vídeo para treinamento de professores. Estarão asseguradas, igualmente, instruções para a realização de grandes Festivais entre escolas ou equipes de bairros, envolvendo centenas de crianças.

Projeto de financiamento. O projeto minivôlei para o âmbito escolar consistiria basicamente dos seguintes componentes:

  • Treinamento de professores.
  • Elaboração, impressão e distribuição de manual de treinamento para professores.
  • Distribuição, para as escolas, de material para prática do minivôlei (módulo: 3 mini-redes, 20 bolas/ano).
  • Operação, acompanhamento e avaliação.

 Treinamento em cascata. O idealizador do projeto treinaria os professores de Educação Física designados pelas escolas. Esses professores seriam os multiplicadores do treinamento, preparando, conforme o caso, outros professores de Educação Física e os professores-generalistas das 4 primeiras séries do 1º grau. Cada treinando, ao fim do curso (duração de …horas), receberia um Manual contendo os regulamentos do minivôlei e instruções para o manejo de classe e conservação do material esportivo. A aquisição do material esportivo seguiria as regras de aquisição vigentes na esfera administrativa na qual o projeto seria implementado. A operação de supervisão ficaria a cargo dos professores treinados, que também procederiam a um acompanhamento capaz de fornecer ao Coordenador os dados que lhes permitirão avaliar o sucesso do projeto e o seu impacto sobre os alunos.

O Minivôlei é um projeto que merece a atenção, o incentivo e o apoio da comunidade educacional, do empresariado e das autoridades responsáveis.

Aula exibição e participação de TODOS os alunos do ensino                         fundamental. Colégio Baptista, Rio.

 

Voleibol, Brasil e Portugal (IV, final)

 

Aprender Brincando e Jogando

 

 

      

          

 

 
  

 

Verdadeiro choque de alegria! A aula é uma festa. Os próprios alunos organizam os jogos (2×2, 3×3, 4×4). A torcida participa e se reveza. E o professor, um observador privilegiado. 

 

Pluralidade de atividades favorecida pela diversidade de conteúdos pode ser aplicada com sucesso às demais disciplinas curriculares. Além disso consegue-se retornar à tecla da multiplicidade de movimentos na infância e sua importância.

Múltiplas estações, múltiplas tarefas. A organização das aulas em múltiplos campos ou estações permite a participação de TODOS. Os campos de jogo podem estar organizados com tarefa única ou com diferenciadas tarefas (simultaneamente). Uma opção criativa interessante e bastante agradável seria o deslocamento de todos os alunos (em grupos, equipes) num sentido predeterminado, tanto nos exercícios, quanto nos jogos.

Solução de problemas. As ações propostas devem ter o objetivo de minimizar diferenças individuais, o tempo de aula, a falta de motivação dos alunos e a exclusão.

Avaliação. As atividades devem ser colocadas especialmente para o desenvolvimento da coordenação das relações espaço-temporal e as crianças se divertirem, testando-se à medida que o professor introduz as variações citadas nos objetivos da aula. Faz-se mister que o docente promova uma avaliação não só do desempenho dos alunos, mas de si mesmo, uma reflexão sobre a  própria ação. Neste momento poderá se servir de alguns princípios do ensino: 1) Como planejar uma atividade? 2) Como introduzi-la? 3) Como interagir com as crianças durante a atividade? 4) Que tipo de acompanhamento é importante? Além disso, os alunos podem responder às indagações: a) Estou aprendendo?  b) Como aprendo?

Jogo paralelo. Em “Formação Continuada/Curso de Mini Vôlei (III)”, teço considerações sobre as atividades do jogo paralelo. Em tais atividades as crianças querem fazer coisas com os objetos (fornecer vários deles, além de bolas variadas) e então, podem ser incluídos também os elementos da Ginástica Geral. Quando não puder fornecer materiais suficientes para diversas crianças de cada vez provavelmente será melhor dirigi-las para outras atividades e prometer uma mudança mais tarde do que fazê-las esperar e olhar os outros se divertirem.

Interação e cooperação. A criatividade do professor em confeccionar o próprio material deve estar “em alta”. Nesta tarefa ele poderá tirar partido da situação promovendo determinada atividade em que as crianças comecem fazendo suas próprias coisas e, a seguir, terem a oportunidade de exibir seus feitos, manipular seus objetos, imitar, comparar suas descobertas e dar conselhos umas às outras. Uma outra forma é: “Introduza a atividade de tal forma que a cooperação seja possível, mas não necessária”.

Um lembrete. As sugestões pedagógicas se aplicam ao ensino do desporto qualquer que seja ele, devendo o professor escolher as ferramentas adequadas a cada caso.

Grupos Criativos. Criatividade e imaginação devem estar presentes na escolha das brincadeiras e jogos; dando asas à imaginação, os próprios alunos podem participar da criação e confecção de materiais alternativos (e baratos) a serem utilizados. “O tempo – afirmou Heráclito – é um jovem a brincar. Às vezes, nos seus jogos, gosta de se divertir, sobretudo com a esfera emotiva, criando poesia, música e arte. (…) O importante é que cada homem saiba brincar com o tempo que brinca, de modo criativo, sem se esquivar aos seus dons”. “O tempo passou na janela – só Carolina não viu”, diz o lamento de Chico Buarque, na sua doce canção. Parece que sabemos todos o que fazer. O problema é colocar em prática. Dê, então, o primeiro passo e busque SUAS PRÓPRIAS ideias.

Spartakiada (conclusão)

Choque de alegria! A aula é uma festa. Alunos organizam os jogos. Torcida se reveza. Professor, um observador privilegiado.

Ideias Maravilhosas

Cada ideia é apoiada e colorida por uma rede de outras ideias. (Piaget) 

Dando seguimento à série de postagens a respeito da Spartakiada, trago à lembrança o esplêndido texto de Eleanor Duckworth, no livro The Having of Wonderful Ideas, 1972, O Ato de ter Ideias Maravilhosas: “Quanto mais ideias uma pessoa já tem à sua disposição, novas ideias ocorrem e mais ela pode coordenar para construir esquemas ainda mais complicados”. Pretendo produzir uma cadeia de pensamentos, ou ideias, em que se sugiro a adoção sistemática da Ginástica Geral e outras manifestações da Educação Física Geral no âmbito escolar infantil, sem perda de conteúdo para a tendência moderna de ensino desportivo precoce. Isto é, ambos podem evoluir harmonicamente, de forma bastante lúdica, favorecendo um desenvolvimento global da criança pelos motivos que veremos mais adiante.

Melhor ensino para o voleibol. Retroagindo um pouco no tempo, publiquei em 27.11.2009 neste blogue, sob o título “Teoria vs. Prática” meu diálogo com o Professor João Crisóstomo (Vôlei vs. Vôlei) tratando sobre as possíveis relações entre a especialização unilateral precoce e a qualidade final da performance. Ele acentuava as possíveis relações entre vivências motoras variadas na infância e o comportamento técnico do atleta na idade adulta. Concluía com a hipótese de que o voleibol praticado na infância de forma sistematizada visando à formação de futuros atletas para a modalidade atua como fator limitante para o desempenho de voleibolistas adultos, pois lhes falta a necessária memória motora produzida na infância. Nesse diálogo relatei a minha história, o que viria a atestar a sua hipótese. Evidentemente, é quase nada para se concluir como uma teoria. Resolvi, então, incrementar meus estudos para encontrar apoio técnico-científico às minhas ideias. Eis o destaque que encontrei nas descrições de Kamii e Devries no livro que trata das implicações da teoria de Piaget, “O conhecimento físico na educação pré-escolar”, 1985.

Como surgem as ideias. A inteligência não pode desenvolver-se sem conteúdo. Fazer novas ligações depende de saber o suficiente sobre algo em primeiro lugar para ser capaz de pensar em outras coisas para fazer, em outras perguntas a formular, que exigem as ligações mais complexas a fim de compreender tudo isso. Uma vez que o conhecimento é organizado em uma estrutura coerente, nenhum conceito pode existir isoladamente. Assim, cada ideia é apoiada e colorida por uma rede de outras ideias.

Conhecimento amplo e conhecimento restrito. Quando Piaget ministrava seu curso sobre inteligência, ele começava perguntando: “O que é inteligência”? Ele então respondia: “Inteligência é o que nos possibilita adaptar-nos a novas situações”. E continuava salientando que existem dois aspectos em qualquer ato de adaptação – nossa compreensão da situação e a invenção de uma solução baseada nesse entendimento. As situações nunca são inteiramente novas e nós as entendemos assimilando o que observamos à totalidade de conhecimento que trazemos para cada situação. A solução que inventamos pode nunca ser, portanto, mais inteligente que nossa compreensão da situação. Uma vez que nossa compreensão da situação depende do conhecimento que trazemos para ela, inteligência e conhecimento para Piaget referem-se amplamente à mesma coisa. Essa afirmação torna-se mais clara à luz da distinção feita por Piaget entre conhecimento em um sentido amplo e conhecimento em um sentido restrito. O construtivismo piagetiano sugere que é melhor colocar a ênfase na aprendizagem no sentido amplo. Porções específicas de conhecimento são entendidas por assimilação dentro da totalidade de conhecimento no sentido amplo. A construção de conhecimento no sentido amplo depende da construção de sistemas operacionais e de uma vasta rede de relações. Conhecimentos gerais sobre matérias variadas – Geografia, História – não podem ser construídos sem uma estrutura lógica e espaço-temporal. O conhecimento no sentido amplo não é, portanto, uma coleção de fatos específicos, mas antes uma rede de ideias organizadas. Em outras palavras, a aprendizagem não pode ser destituída de input (contribuição) específico se crianças pequenas devem aprender qualquer coisa, contudo a questão permanece: Que tipos de input específicos contribuem para a aprendizagem no sentido amplo do termo? Acreditamos que as atividades de conhecimento físico são ideais porque dão oportunidade para a aprendizagem de porções específicas de informação de uma forma que contribui para a aprendizagem no sentido amplo do termo. Concluindo, se tentarmos encher a cabeça das crianças com uma grande quantidade de fatos como os educadores empiristas tentam fazer, teremos a ilusão, a curto prazo, de termos ensinado muita coisa quando na verdade contribuímos para a repressão da construção com o decorrer do tempo. Enfim, todo ensino específico torna-se fútil quando ignora a importância da aprendizagem no sentido amplo.

Falar muito não resolve. Para se entender melhor, quando os proponentes de um novo programa de educação “científica” alegam que ele é “orientado ao processo” se segue um “método de descoberta”, suas suposições empiristas básicas estão ainda em contradição com a importante distinção feita por Piaget entre “descoberta” e “invenção”. Colombo descobriu a América – ela já existia; mas o homem inventou o automóvel. Essa mesma diferença aplica-se ao conhecimento físico versus conhecimento lógico-matemático, o primeiro referindo-se à descoberta do que está no mundo exterior e o último, envolvendo a criação de relações, teorias e novos objetos. Para a construção do conhecimento científico, a observação de fatos empíricos e a conceitualização de teorias são ambas necessárias. O professor pode, portanto, saber o que a criança pode aprender por observação e o que ela não pode a fim de evitar o perigo de reduzir à “descoberta” toda a aquisição de novo conhecimento. Concluindo, as atividades de conhecimento físico são usadas não para a instrução ou “descoberta” de conhecimento científico, mas para a construção de conhecimento pela criança num sentido amplo. Se aceita tal teoria, “Como, então, aplicar tais conhecimentos no ensino desportivo de crianças”? É o que veremos a seguir.

Pluralidade de atividades: favorecida pela diversidade de conteúdos pode ser aplicada com sucesso às demais disciplinas curriculares. Múltiplas estações, múltiplas tarefas: A organização das aulas em múltiplos campos ou estações permite a participação de TODOS. Os campos de jogo podem estar organizados com tarefa única ou com diferenciadas tarefas (simultaneamente). Uma opção criativa, interessante e bastante agradável seria o deslocamento de todos os alunos (em grupos, equipes) num sentido predeterminado, tanto nos exercícios, quanto nos jogos. Solução de Problemas: As ações propostas devem ter o objetivo de minimizar diferenças individuais, o tempo de aula, a falta de motivação dos alunos e a exclusão. Avaliação: As atividades devem ser colocadas especialmente para o desenvolvimento da coordenação das relações espaço-temporal e as crianças se divertirem, testando-se à medida que o professor introduz as variações citadas nos objetivos da aula. Faz-se mister que o docente promova uma avaliação não só do desempenho dos alunos, mas de si mesmo, uma reflexão sobre a  própria ação. Neste momento poderá se servir de alguns princípios do ensino: 1) Como planejar uma atividade? 2) Como introduzi-la? 3) Como interagir com as crianças durante a atividade? 4) Que tipo de acompanhamento é importante? Além disso, os alunos podem responder às indagações: a) Estou aprendendo?  b) Como aprendo?

Em “Formação Continuada/Curso de Mini Vôlei (III)”, teci considerações sobre a atividade do jogo paralelo. Em tais atividades as crianças querem fazer coisas com os objetos (fornecer vários deles, além de bolas variadas), e aqui podem ser incluídos também os elementos da Ginástica Geral. Quando não puder fornecer materiais suficientes para diversas crianças de cada vez, provavelmente será melhor dirigir as crianças para outras atividades e prometer uma mudança mais tarde do que fazê-las esperar e olhar os outros se divertirem. A criatividade do professor em confeccionar o próprio material deve estar “em alta”. Nesta tarefa ele poderá tirar partido da situação promovendo determinada atividade em que as crianças comecem fazendo suas próprias coisas e, a seguir, terem a oportunidade de exibir seus feitos, manipular seus objetos, imitar, comparar suas descobertas e dar conselhos umas às outras. Uma outra forma é: “Introduza a atividade de tal forma que a cooperação seja possível, mas não necessária”.

Curso de Mini Vôlei (IV)

III – Prática e Avaliação 

Organização dos exercícios

Dinâmica da aula

Avaliação

Organização dos exercícios

Como criar e organizar exercícios de técnica. O professor deverá cuidar para que os exercícios tenham: 1) um objetivo claro; 2) muitas repetições e um retorno correto; 3) condições próximas do jogo (exigências adaptadas); 4) uma ação principal (desenvolver ações encadeadas); 5) cada exercício tenha o seu ritmo próprio; 6) deve ser interessante, exigente, competitivo.

Observações: 1) cada exercício deve ter uma “palavra-chave” ou apelido; 2) objetivos quantificados; 3) normas de comportamento dos alunos; 4) funções dos jogadores e técnicas de organização; 5) como recolher bolas; 6) referência e colaboração.

Dinâmica da Aula 

Olhar no aluno: exercícios, por si só, não resultam num treinamento eficaz; sendo assim, o comportamento da criança é a variável decisiva.

Olhar do professor: estar consciente de sua influência;  compreender como os alunos o percebem;  controlar eficazmente o ritmo de cada exercício e a totalidade da aula; sensível à personalidade dos alunos; ligeira distinção entre os extremos, entre ser duro e inflexível e ser gentil e generoso; melhorar sua percepção do que é apropriado para cada indivíduo, não importa em que situação; ser criativo e flexível, copiar os outros revela falta de inspiração.

Interação professor-aluno: contar coisas, dar opinião ou ideias, estimular a fala, perguntas dos alunos, produzir debates. O acréscimo do tempo de espera a uma pergunta resulta em respostas mais pertinentes, refletidas e de mais alto nível.

Meios: possibilitar o manuseio da bola (criar intimidade, cuidar da limpeza); criar exercícios diferenciados e simples (cuidados e organização); bolas diferenciadas: tamanho, peso, textura, cor etc.; bilateralidade, recordes pessoais e de grupos; trajetórias eferente e aferente, ponto-chave, transferência.

Sequência: natureza do exercício e seus objetivos; um mesmo exercício pode ser decomposto ou ampliado.

Quantificação: medir o n° de exercícios na aula – aborrece ou confunde? Repetições não devem ser extensas e demoradas; criar variações; avançar ou retroceder quando necessário; alunos decoram automaticamente os exercícios; dar nome ou apelido aos exercícios; rememorar os exercícios ao final de cada aula; estimular grupos a comporem os exercícios; observar maiores dificuldades e indicar guia a cada aula.

Ritmo: tão intenso quanto os alunos suportem respeitados seus limites; garantir razoável aplicação técnica: todos participam, não importa o nível.

Cuidados na execução: maneira de distribuir as bolas com precisão e proteção dos alunos; formas de passar as bolas ao professor (manutenção do ritmo); fixar tempo de início/repetição para garantir o interesse (não aborrecer).

Destaques: responsabilidades na execução das tarefas; concentração e intensidade na execução.

Avaliação

Observar o desempenho tendo como referência o processo que a criança está vivenciando. Enfatizar a auto-avaliação estimulando o aluno a referenciar seu desempenho atual em relação aos anteriores. Analisar a totalidade, fornecer informações qualitativas quanto ao domínio dos objetivos, como efetuar possíveis correções, tendo como critério a participação, o interesse e o desenvolvimento global a partir da história da criança.

Levar os alunos a compreender: um desenvolvimento de consciência crítica do processo; aprender a avaliar e a expor; aprender a cooperar e a estimular seus companheiros.

Zona de desenvolvimento proximal: Um espaço entre a competência assistida e a não-assistida; auxílio em tarefas que as crianças não conseguem fazer sozinhas.

Arguindo o professor: Aquilo que está sendo ensinado está sendo também aprendido? A instrução está sendo sensível ao desenvolvimento da criança? As exigências ultrapassam o nível potencial de compreensão? A instrução está subestimando a capacidade dela? Que significa ser “bem ensinada”?

 Meios: quem consegue sozinho? Incentivar a liderança e a criatividade. Levar os alunos a se treinar e a organizar um torneio sozinhos. Uma aula sem o professor.

Curso de Mini Vôlei (II)

Aprender Brincando e Jogando 

 

 “A aula é uma Festa”: os próprios alunos organizam os jogos 2 x 2, 3 x 3, 4 x 4. E a torcida participa!  

 

Promovendo a inclusão. Pluralidade de atividades favorecida pela diversidade de conteúdos pode ser aplicada com sucesso às demais disciplinas curriculares.

Solução de Problemas. As ações propostas devem ter o objetivo de minimizar diferenças individuais, o tempo de aula, a falta de motivação dos alunos e a exclusão. Além disso, e muito mais, promover uma caracterização crítica do próprio ensino e a Educação e Socialização através dos jogos.

Múltiplas estações, múltiplas tarefas. A organização das aulas em múltiplos campos ou estações permite a participação de TODOS. Os campos de jogo podem estar organizados com tarefa única ou com diferenciadas tarefas (simultaneamente). Uma opção criativa, interessante e bastante agradável seria o deslocamento de todos os alunos (grupos, equipes) num sentido predeterminado, tanto nos exercícios, quanto nos jogos.

Avaliação. As atividades devem ser colocadas especialmente para o desenvolvimento da coordenação das relações espaço-temporal e as crianças se divertirem bastante, testando-se à medida que o professor introduz as variações citadas nos objetivos da aula. Entretanto, faz-se mister que o docente promova uma avaliação não só do desempenho dos alunos, mas de si mesmo, uma reflexão sobre a  própria ação. Neste momento poderá se servir de alguns princípios do ensino:

  • Como planejar uma atividade?
  • Como introduzi-la?
  • Como interagir com as crianças durante a atividade?
  • Que tipo de acompanhamento é importante?

Além disso, os alunos podem responder às indagações:

  • Estou aprendendo?
  • Como aprendo?

 

Desenho de Curso

Particularidades do Voleibol Escolar. O vôlei responde a regras fixadas pelo homem e as crianças têm as suas próprias motivações. Não é suficiente adaptar o material à estatura das crianças.

Mini vôlei. Do mini vôlei ao vôlei. Desenvolvendo uma metodologia condizente com o local ou região. Cuidados na estruturação das atividades.

Prática e Avaliação. A organização dos exercícios e sua execução compõem a dinâmica ou ritmo da aula, para o que é necessário um encadeamento natural. Convém que o docente proceda à avaliação das respostas – motora e linguagem – dos alunos e de sua própria condução no trato com os mesmos: “Como e quando devo intervir”?

 (continua) 

Projetos no Rio de Janeiro

 

 

 

 

 

 

 

 

Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro

No início da década de 90 apresentei um Projeto à Secretaria de Educação do Rio de Janeiro. Tratava-se de incluir na grade escolar o Minivoleibol com aproveitamento de suas instalações e pessoal praticamente com custos irrisórios. O universo escolar regulava em torno de 600 mil alunos. A introdução se realizaria a pouco e pouco, de acordo com as necessidades da Secretaria. Cursos seriam ministrados aos professores que optassem pelo emprego da modalidade nas respectivas unidades. Quanto ao material a empregar – mini redes – necessárias para um bom aproveitamento dos espaços, seriam cedidas pelo Autor. O Projeto assinalava, inclusive, que o esporte contemplado num primeiro instante tratava-se do voleibol, mas que a pedagogia empregada poderia ser estendida a outros desportos.

Notem que não procurei a Secretaria de Esportes por vários motivos, entre eles, o número de alunos, as instalações e, mais importante, os professores já pertencentes às escolas. Além do mais, as crianças já estariam nos locais das aulas, não implicando duplo deslocamento, o que inviabilizaria o processo.

O Departamento de Educação Física da Secretaria acolheu o Projeto, examinou e exarou a seguinte avaliação:

“Projeto interessante, rico pedagogicamente, que se coaduna com o Núcleo Curricular Básico Multieducação. A atividade básica do projeto é a prática do voleibol de uma forma mais lúdica. Neste sentido, há o favorecimento da participação de todas as crianças, não havendo uma submissão rígida à forma técnica do desporto, possibilitando-se a participação, independente da habilidade individual de cada indivíduo. Em suma, trata-se de uma atividade agregadora cuja metodologia pode ser estendida a outros esportes. A relação custo/benefício pode ser favorável. A Secretaria atenderia inicial e experimentalmente um determinado número de escolas com pouco dispêndio mensal – dentro dos recursos disponíveis – o que pode se tornar uma ação bastante multiplicadora a seguir”. 

Infelizmente nunca foi aproveitado.

Teimosamente, em 1995 procurei a Fundação de Esportes, braço da Secretaria de Esportes do Rio. Contratamos a realização do Projeto para 300 crianças durante 3 meses na Praia de Copacabana. Todo o material e professores foram por minha conta e risco. Devida à grande aceitação – aulas às segundas e quartas-feiras – resolvi estender o Projeto por minha conta por aproximadamente 6 meses. As dificuldades burocráticas para renovação com a Prefeitura foram intransponíveis.

Contudo, tivemos a auspiciosa visita de representantes da seleção brasileira feminina, à frente Bernardinho e seu auxiliar, Ricardo Tabach, além do saudoso Bené, técnico e descobridor de tantos talentosos jogadores, inclusive do próprio Bernardo. Na foto, o autor com os três amigos na praia, enquanto as estrelas se misturavam às crianças.