Estamos próximo de atingir nossa meta de 1 mil artigos para deleite dos internautas interessados em Metodologias de Ensino – Escolar e Desportiva. O que não desmerece qualquer ensino de habilidade humana.
Parece que NÃO estamos sós nessa cruzada. E você, trabalha ou dá aula?Foto: Wikipédia.
Vimos acentuando a importância de modificações no Ensino especialmente na área esportiva. Desde o início do Procrie embasamo-nos em princípios exarados pelo Senhor ao lado – George Pólya – um matemático húngaro que descobrimos em trabalho acadêmico de portugueses. Um deles, diz: “Quando não conseguir resolver um problema, crie outro mais fácil e resolva-o”. Tanto ele quanto outros – Piaget, Vygotsky, Le Boulch, David Wood – já apregoavam certos comportamentos didáticos pouco compreendidos pelos gestores educacionais e docentes. Além disso, ainda não se adaptaram, talvez não tenham tempo para isto, aos novos tempos e a velocidade da informação e do conhecimento, que nos permite caminhar de formas tão diversas àquelas dos séculos XIX e XX.
Lembramos também o que já se disse sobre Autonomia e Autodidatismo, reforçando a sequência de prioridades, um conceito que se deve lançar e difundir nesses tempos de educação a distância em grande crescimento”. (Blog do Arlindo) Para melhor apreciação e escolhas dos caminhos que se apresentam a professores(as), pretende-se com as mais recentes postagens levar-nos a compreender bem os problemas e buscar soluções adequadas caso a caso.
Apresentamos então, o teor dos escritos de Nicholas Kristof, jornalista ganhador de dois prêmios Pulitzer, que escreveu na sua coluna no New York Times, publicado em 15 de fevereiro: “Alguns dos pensadores mais inteligentes sobre questões domésticas ou ao redor do mundo são professores universitários, mas a maioria deles simplesmente não tem importância nos grandes debates de hoje”. O puxão de orelha veio de longe, mas a distância não reduz a pertinência, tampouco o efeito. O colunista explica que a opinião desses especialistas é frequentemente desconsiderada por ser “acadêmica”, o que em muitos ambientes equivale a uma acusação de irrelevância. O preconceito soma-se à conhecida pergunta, “o senhor trabalha ou só dá aulas?” e reflete o baixo prestígio das atividades de pesquisa e ensino na sociedade e o que Kristof denomina de anti-intelectualismo da vida americana. De fato, a ojeriza ou simples preguiça em relação à vida inteligente é um fenômeno também presente em muitas outras áreas do planeta. Nos tristes trópicos, grassa há tempos um verdadeiro culto do que é rasteiro, ligeiro, baixo e vulgar. O fenômeno afeta as falas, as letras, as telas e as paisagens. Está presente nas atitudes e comportamentos.
Deparei-me com noticiário português sobre a Educação Física e a prática esportiva (ou sua falta) em Portugal, explicadas por meu interesse em questões da área, pois se trata do 2º país em número de visitantes ao Procrie, e a par disto, sou colaborador no sítio Sovolei há algum tempo. Em suma, busco soluções para problemas brasileiros enquanto me aculturo com os patrícios. Assim, como testemunho dessa participação, relembro que acompanhei passo a passo o que foi divulgado pelas autoridades portuguesas sobre o 1º Congresso Nacional Desportivo Português, realizado no período dez./2009 a fev./2010 em diversas cidades do país. De concreto, não tive conhecimento de mudanças nas diversas áreas pesquisadas quanto á sua eficácia em favor dos contribuintes. Já mais recentemente, do noticiário português extraímos…
1. – I Seminário Olhares Sobre a Educação Física
A Sociedade Portuguesa de Educação Física realizou mais um evento: Salão Nobre, da Faculdade de Motricidade Humana – Lisboa, 4 Dezembro de 2013
Programa
Abertura do Seminário
Magnífico Reitor da Universidade de Lisboa – Professor Doutor António Cruz Serra Presidente da AEFMH – Filipa Gonçalves
Perspetivas dos alunos e Professores de Educação Física
Oradores: Alunos do ensino secundário e professores de Educação Física Moderador: Professor Doutor João Jacinto (Professor na FMH – UL), Debate
Perspetivas dos alunos e Professores de Educação Física (Continuação)
Orador: Professor Doutor Luís Bom
Perspetivas das Instituições de Formação de Professores
Oradores: Representantes das diferentes instituições de ensino a nível nacional Moderador: Professor Doutor José Alves Diniz (Coordenador do Departamento de Ciências da Educação, FMH – UL), Debate
Perspetivas das Associações – Sociedade Portuguesa de Educação Física e Conselho Nacional de Associações de Professores e Profissionais de Educação Física Oradores: Nuno Ferro (Vice presidente da SPEF) e João Lourenço (Presidente da CNAPEF) Moderador: Professor Doutor Carlos Neto (Presidente da FMH – UL), Debate
Discurso de Encerramento: Presidente da FMH – Professor Doutor Carlos Neto/
2. – Obesidade ameaça crianças portuguesas
Risco: Portugal apresenta os segundos piores indicadores da Europa.
Por Joana Monteiro/André Pereira, 2 de março 2014.
Estudos alertam para os efeitos nocivos da má alimentação, pouca atividade física e estilo de vida sedentário. Um ritmo de vida acelerado, mas sedentário e alimentação em excesso e de má qualidade são condições para que os quilos a mais possam acumular-se desde cedo. Cerca de 15% das crianças portuguesas entre os 6 e os 9 anos são obesas e mais de 35% têm excesso de peso, conclui o estudo ‘Portugal – Alimentação Saudável em Números’, realizado em 2013 pela Direção-Geral da Saúde. E segundo dados revelados já este ano pela Organização Mundial de Saúde, as crianças portuguesas são as segundas mais obesas da Europa, logo atrás das gregas.
3. – Só 36% da população portuguesa faz exercício físico
Por Helder Robalo, 24 de Março 2014.
Uma sondagem Eurobarómetro conclui que 59% dos cidadãos da União Europeia nunca, ou raramente, praticam exercício ou fazem desporto. Em Portugal esse número sobe mesmo para os 64%. A sondagem incidiu sobre desporto e atividade física. De acordo com o Eurobarómetro, a Europa do Norte é fisicamente mais ativa do que o Sul e o Leste. 70 % dos inquiridos na Suécia afirmaram que praticam exercício pelo menos uma vez por semana, o que é ligeiramente superior à percentagem da Dinamarca (68%) e da Finlândia (66%), seguindo-se os Países Baixos (58%) e o Luxemburgo (54%). No outro extremo da escala, 78% nunca praticam exercício ou fazem desporto na Bulgária, seguidos de Malta (75%), Portugal (64%), Roménia (60%) e Itália (60%).
CONCLUSÃO
Entre os acadêmicos teóricos e o(a) professor(a) na prática escolar, quanto ainda devemos percorrer para que produzamos um BOM ensino neste novo século? Permanecer com as mesmas práticas ou devemos repensar o futuro das novas gerações? A que conclusões chegaram os doutos professores portugueses? Relembro um dos meus comentários sobre minha participação em seminário internacional na cidade de Florianópolis em que douta professora portuguesa nos brindou com 20 minutos de vídeo sobre turismo em Portugal. Fiquei pasmo com tamanha cara-de-pau! (irreverência) E nós, brasileiros, seríamos diferentes em algo? Participei de um encontro acadêmico na universidade federal cujo tema era “História da Educação Física na cidade do Rio de Janeiro”. A abertura da professora/mestre ou doutora (UFF) iniciou sua fala com a seguinte frase lapidar: “Confesso que não sei por que razão estou aqui, pois nada entendo do assunto”. O outro, também professor em duas universidades, ou por deficiência ou generosidade para acudir a colega, deixou-se relaxar em piadas como se estivesse em uma arquibancada do Maracanã a só falar de futebol e, mesmo assim, de futilidades. E, no entanto, lá estava eu com o livro da História do Voleibol no Brasil, com ênfase em fatos voltados para a cidade desde 1939, inclusive com aspectos da Educação Física em escolas e a condição privilegiada dos esportes nas praias, especialmente o voleibol. Além disso, não se espantem, a prática é generalizada no meio acadêmico para qualquer tipo de atividade. Muitos dos participantes fazem turismo nos eventos, uma vez que as despesas estão pagas por algum órgão e ninguém é de ferro. (relaxamento) Para acadêmicos participantes é principalmente uma contribuição para seus currículos através do “atestado de presença”. Durante anos realizam-se seminários, encontros, congressos, todos voltados para cabeças coroadas exprimirem seus conhecimentos adquiridos ao longo de práticas acadêmicas, universitárias, todavia, NADA de resultados PRÁTICOS. Por que será?
Eis que a indagação lá de cima – Você trabalha ou dá aula? – bem define a situação. Acrescente-sese a pérola com que nos brindou o professor José Pacheco: “Temos escolas do séc. XIX professores do séc. XX e alunos no séc. XXI”. Alguém acredita que os indivíduos atualmente envolvidos com Educação em modelos ultrapassados vá provocar alguma mudança que prejudique a sua tão aguardada aposentadoria?
Ocorre que há esperança com algumas investidas ocorridas em alguns países e até mesmo no ensino fundamental e médio no Brasil em regiões longe dos grandes centros e até de pobreza. Enquanto isto estaremos neste Procrie buscando soluções em favor de um melhor ensino esportivo para nossos filhos e netos. Junte-se a tantos outros que assim procedem e compartilhe suas ideias.
COMPARTILHAMENTO
Convido-os a nos unir, PORTUGUESES e BRASILEIROS, Professoras e Professores, Pais e Gestores Educacionais. Deixemos de lado o academicismo e construamos uma nova realidade. De minha parte já tenho rascunhada uma PRÁTICA NOVA para centenas de alunos em suas próprias escolas. Só preciso de sua decisão para pesquisarmos juntos.
Afinal, VOCÊ QUER FAZER PARTE DESSE TIME?
Compartilhe isso: "Faço gosto em colher sua opinião e compartilhamento; quando puder, comente! Assim, aprenderemos todos".
Clínica de Mini Vôlei, Praia de Icaraí, Niterói (RJ): 400 crianças se divertiram 2 vezes/semana durante 4 anos. Ilustração: Beto Pimentel.
Liberdade para Ensinar e Criar
Em 13/jan./14, Arlindo Lopes Corrêa postou mais um dos seus excelentes artigos sobre a Educação no país. Tenho sua permissão para divulgar seus ensinamentos também no Procrie, uma vez que alguns assuntos são pertinentes quanto à sequência que estou imprimindo relativa à Aprender a Ensinar. Valho-me de nossa comunhão de propósitos para anunciar sua experiência e cultura no tema.
Fica a sugestão para que os leitores enveredem pelo Blog do Arlindo e ali se ilustrem com um dos maiores especialistas brasileiro. Dessa forma perceberão a importância da “liberdade de ensinar”, livrando-nos das amarras das receitas técnicas (de bolo) e, principalmente, contribuindo para um crescimento do alunato muito além do imaginável. Em suma: livres para criar!
Aprender a Ensinar, Autodidatismo, Autonomia, Criar um Blog, Educação de Qualidade, Ensino a Distância, Formação Continuada, Resolver Problemas.
Prioridades na Educação de Qualidade para o Brasil
“A necessidade de uma melhoria qualitativa da educação brasileira, abrangendo todos os seus níveis, é indiscutível e urgente. Todos os brasileiros preocupados com o futuro de nosso país estão conscientes disso e anseiam pelas realizações capazes de produzir essa mudança inadiável. As comparações internacionais disponíveis confirmam essa deficiência geral com clareza. Aí estão, por exemplo, os pobres resultados obtidos por nossos estudantes de 15 a 16 anos de idade nos testes do PISA (da OECD), os quais sistematicamente classificam o grupo de alunos representantes do Brasil nas últimas colocações dentre os países participantes. Da mesma forma, os rankings internacionais de qualidade dos estabelecimentos de ensino superior, em que a posição desfavorável de nossas universidades é uma triste constante”. […]
Autonomia para o Autodidatismo
“Reforçando o cabimento dessa sequência de prioridades, um conceito que se deve lançar e difundir, nestes tempos de educação a distância em grande crescimento, tanto do lado da oferta quanto da demanda, é o conceito de ‘autonomia para o autodidatismo’. Trata-se daquele estado em que a pessoa já sabe e pode, por si só, buscar conhecimento de modo apropriado, sem recorrer à educação escolarizada, presencial. A partir da conquista desse estado de ‘autonomia para o autodidatismo’ a pessoa ganha a capacidade de multiplicar as possibilidades, ao seu alcance, de acesso ao conhecimento em geral, tendo em vista o arsenal tecnológico disponível no mundo atual e que pode ser usado, com ou sem adaptações, para fins educacionais. O momento em que esse estado é alcançado varia de pessoa para pessoa, em função de inúmeras variáveis, sendo mais relevantes o nível de escolaridade concluído e a qualidade da educação recebida até então. Admitido esse conceito, o corolário é que sob o aspecto do indivíduo, a educação é mais prioritária antes que ele adquira essa autonomia. Ou seja, nos seus anos iniciais, especialmente na fase de alfabetização, a seguir no restante do ensino fundamental e só depois no ensino médio. Outro ponto a ressaltar, nestes tempos de supremacia avassaladora das TIC (tecnologias de informação e comunicação) é que um dos objetivos específicos da educação deve ser o de fomentar, logo em seus anos iniciais, a busca dessa autonomia libertadora, para que a pessoa possa centrar sua educação em seus reais interesses e motivações, personalizando-a. É a educação para a liberdade, em que os alunos vão livrar-se das ‘xaropadas’ de professores que não dominando os conteúdos pertinentes e não tendo como ensinar verdadeiramente, passam a doutrinar os estudantes com o politicamente correto e todo o repertório ideológico que serve de álibi para encobrir suas deficiências de formação. Problema comum dos corpos docentes de muitos países, especialmente da América Latina, Brasil inclusive. Adquirida essa autonomia, o estudante já não dependerá tanto, para sua formação, da educação escolarizada, presencial, muitas vezes massificadora, projetada para atender a um ‘aluno médio’ que só existe em teoria”. […]
E por falar em liberdade de ensinar, autonomia e autodidatismo, vejam a corajosa medida que está dando certo implementada por uma diretora em uma escola de São Paulo:
Escola em SP inova ao inverter turno de alunos
Uma das raras exceções em São Paulo é o da escola estadual Francisco Brasiliense Fusco, no Jardim Umarizal, na zona oeste da capital. Há cinco anos, a diretora Rosangela Macedo Moura resolveu desafiar a lógica predominante – em que alunos a partir do 6º ano (antiga 5ª série) estudam de manhã e os de anos anteriores, à tarde – e inverter de turno os estudantes. […]
“Todos os diretores têm autonomia sobre os horários, mas muito têm medo de mudar. Quando eu alterei os turnos aqui, muitos me criticaram, dizendo que eu estava inventando moda.”
Neste ano, todos os estudantes do 6º ao 9º ano do colégio ainda estão estudando à tarde. Mas Rosangela precisou passar para noite os do ensino médio. A diretora explicou que a mudança foi uma estratégia para que ela consiga, no ano que vem, implementar o período integral para todos os anos. “Eu preciso mostrar que tinha salas livre à tarde, para convencer as autoridades que tenho como encaixar todos os alunos no período integral.” Segundo a diretora, tomar essa decisão foi triste, mas necessária. “Foi por uma boa causa, porque já está mais que provado que as crianças aqui precisam ficar o dia todo na escola.”[…]
Leia mais no sítio do uol: www.uol.com.br/
Compartilhe isso: "Faço gosto em colher sua opinião e compartilhamento; quando puder, comente! Assim, aprenderemos todos".
A jogadora Piccinini defende com os joelhos no chão no jogo contra o Japão. Foto: Fivb/Divulgação.
Formação
Observando a foto ao lado o que teria a dizer o treinador italiano?
Faço este preâmbulo para situá-los no tempo e nas considerações técnicas que pretendo discorrer com colocações e teorias a respeito. Nesta nossa conversa tratarei de relatos com passagens e histórias com campeoníssimos também do Vôlei de Praia. Perceberão que diversas contingências influenciavam a forma de treinar, causando danos irreparáveis na formação de novos atletas e, pior, a precariedade e as improvisações realizadas nos períodos de treinamento das seleções a indicar falsos caminhos aos treinadores brasileiros. E, também, ao ensino universitário, cujo currículo imagino seja o mesmo ainda hoje para a formação de professores. Verão também as razões pelas quais muitos treinadores de alto nível em vários desportos dizem que o erro está na “base”, quando se referem a atletas com deficiência em alguns fundamentos. E, em seguida, se exprimem: “Não tenho tempo para treiná-los”! Esquecem-se que eles mesmos, ao formarem jogadores nos respectivos clubes procedem de forma semelhante e repetitiva.
Peço perdão aos leitores por imiscuir-me nesses momentos em que estarei historiando fatos que vivenciei. São as minhas impressões e, portanto, impregnadas de um subjetivismo a que nenhum narrador escapa. Minha ideia é exemplificar com olhar crítico e não enaltecer-me. Além disso, sirvo-me do depoimento de um dos melhores e mais experiente jogadores da época – João Carlos da Costa Quaresma. Iniciei-me no voleibol em clube a partir de 18 anos, em 1958. Participei e presenciei treinos nos mais diversos níveis, inclusive de seleções brasileiras e confesso que nunca vi e tão pouco soube como os técnicos treinam seus atletas para serem bons defensores. Aliás, como há tempos não assisto a qualquer treino, pergunto ao leitor: Conhece algum?
Representação do Líbero (do italiano, livre)
Fabi, líbero da seleção brasileira, faz defesa; substituição de jogadores da função agora é livre. Foto: FIVB/Divulgação Fonte: Terra, 11.10.2010.
A Fivb buscava dar um equilíbrio entre defesa e ataque principalmente nos jogos masculinos. A figura de um jogador especializado em defesa dá principalmente ao voleibol masculino uma condição melhor, já que o ataque é preponderante em função do vigor físico da categoria e prepondera sobre a defesa. Surge, então, o líbero para tentar dar um equilíbrio nessa relação entre ataque e defesa.
No Brasil do início da década de 80 era o jogador que não recepcionava o saque e se apresentava para o “ataque de fundo”. Posteriormente, passou-se a designar líbero o atleta especializado nos fundamentos que são realizados com mais frequência no fundo da quadra, isto é, recepção e defesa. Esta função foi introduzida em 1998, com o propósito de permitir disputas mais longas de pontos (ralis) e tornar o jogo mais atraente para o público. Um conjunto específico de regras se aplica exclusivamente a este jogador. O líbero deve utilizar uniforme diferente dos demais, não pode ser capitão do time, nem atacar, bloquear ou sacar. Quando a bola não está em jogo, ele pode trocar de lugar com qualquer outro jogador sem notificação prévia aos árbitros e suas substituições não contam para o limite que é concedido por set a cada técnico. Por fim, o líbero só pode realizar levantamentos de toque do fundo da quadra. Caso esteja pisando a linha de três metros ou esteja sobre a área por ela delimitada, deverá executar somente levantamentos de manchete, pois se o fizer de toque por cima (pontas dos dedos) o ataque deverá ser executado com a bola abaixo do bordo superior da rede. Uma série de experiências foram realizadas pela Fivb com este “sétimo” jogador, sendo a primeira delas em 1995. No ano seguinte foi introduzido, ainda experimentalmente. no Grand Prix feminino, logo após a Olimpíada de Atlanta. Em 1997 foi testado o jogo com o líbero; sua aprovação e inclusão nas Regras deu-se somente em 1999-2000, quando foi incluída na Regra do Líbero.
Neste mês ( 9.12.2010) a Federação Internacional anunciou uma mudança nas Regras. A partir de 1º de janeiro de 2011, os treinadores poderão substituir o líbero quantas vezes quiserem durante todo o confronto. Atualmente, a alteração pode ocorrer apenas uma vez, isto é, se o líbero titular for substituído pelo reserva, não pode voltar à quadra. A mudança na regra foi votada durante um congresso da entidade em setembro e aprovada com unanimidade. Segundo a entidade, a mudança aconteceu porque a Regra limitava o uso do segundo líbero, já que os times optavam por relacionar apenas um líbero e 11 jogadores de ataque para as partidas. Recentemente, as equipes poderão disponibilizar dois (2) jogadores como líberos.
Grandes e Pequenos
Pelo que percebo, se o jogador não for o baixinho – o líbero -, não vale a pena perder tempo com este fundamento; acredita-se que a melhor defesa está no bloqueio e sendo assim, por que fazer os grandes sofrerem? Até porque certamente nunca foram adestrados nesse sentido. O vôlei de praia é um exemplo formidável: um atleta maior será sempre o bloqueador e, o outro, mais baixo, defensor; não há como evitar. Assim, tanto nos sextetos quanto nas duplas, os respectivos treinadores tendem a desprezar este fundamento e se atêm aos esquemas e sistemas de defesa, às coberturas e atribuem a maior responsabilidade ao líbero, que está ali só para isto. E o líbero, como deve ser treinado? Creio que muitos treinadores não percebem que, em determinados níveis, épocas ou circunstâncias, ou melhor, quando há o embate entre equipes do mesmo nível, os detalhes fazem a diferença. E essas diferenças podem se acentuar em pouco tempo, distanciando tecnicamente uma equipe da outra. Então, para resolver (ou não) o problema adiam e ficam a aguardar que alguém o faça e os ensine.
Histórias “selecionadas”. Em 1960, na preparação do Mundial realizado em Niterói e Rio de Janeiro, participei como “ouvinte” – um intrometido – de vários treinos da equipe brasileira, pois os ensaios eram todos no ginásio do Caio Martins, em Niterói, onde resido até hoje.
Jogadores brasileiros no ginásio do Caio Martins, Niterói, em 1960.
As delegações de todos os países participantes das chaves finais estavam hospedadas na cidade, exceto o time masculino da Rússia, que preferiu um hotel de Copacabana, no Rio. Assim, os treinos das equipes masculinas e femininas se distribuíam pelos poucos ginásios existentes: SEDA (Marinha), Icaraí Praia Clube (IPC), Faculdade de Direito, 3ª RI (Exército) e o próprio Caio Martins. Assim, era fácil estar presente em muitos deles e contemplar um mundo novo para os meus olhos, ávidos pelas novidades técnicas e feitos dos melhores do mundo. Vi no IPC a equipe russa feminina com a sua belíssima atleta Ludmila e a super campeã Aleksandra Tchoudina, 5 medalhas olímpicas no atletismo até 1956, foi campeã mundial de voleibol em Paris e também no Brasil. Bati bola com os americanos comandados pelo extraordinário Gene Selznick e estive a admirar o levantador romeno de 1,92m, que me despertou para uma providência tática que tomaria logo depois, pois além de ser a minha altura, descortinei possibilidades múltiplas para a equipe que tivesse um levantador alto, também atacante e, melhor, que atacasse com o braço esquerdo; era o meu caso, embora não fosse canhoto. Por último, providenciei uma equipe do clube IPC, em que eu mesmo atuei, para jogarmos contra o selecionado brasileiro.
Autodidatismo
Terminado este Mundial, consegui uma bola de vôlei que fora usada pelos romenos num dos seus treinos no IPC. Como cortavam muito forte, uma delas foi achada por acaso em local de difícil acesso. Pois somente com esta bola realizei meu treinamento completo no ginásio do clube: foram 3 meses, com exercícios solitários de duas horas, três vezes na semana. Os ensaios, eu mesmo os criava e recriava, aumentando sempre o nível de exigência. O clímax ocorreu quando lesionei o ombro esquerdo e, não podendo atacar com ele, dispus-me a aprender a fazê-lo com o braço direito. E consegui. Ao final, já refeito da lesão, era o único no país a atacar com ambos os braços. Mas não só, recepcionava, atacava nas três posições da rede, bloqueava, efetuava levantamentos, defendia e sacava com maestria. Em resumo, era completo como jogador, tendo a altura de 1,92m, um dos mais altos na década de 60. Joguei por terra duas assertivas daqueles tempos: “Quem não aprende a jogar cedo, depois dos 18 anos não aprende mais”. E a outra: “Todo sujeito alto é mole”.
Em 1962, nos preparativos para o Mundial realizado em Moscou, participei da primeira fase dos treinamentos na Escola Naval, Rio de Janeiro. Consistia em exercícios físicos pela manhã, ensaios de fundamentos à tarde, compreendidos aqui principalmente exercícios de toque, saque e ataques. Lembrando que até então não se conhecia a manchete no Brasil e a recepção era privilégio de poucos, isto é, realizada de toque e em nível de exigência máximo por parte da arbitragem. À noite realizavam-se os treinos coletivos. Tudo isto, se não me falha a memória, talvez 30 dias antes do embarque, descontados aí os 8 dias referentes aos fins de semana. Em suma, diante do envolvimento profissional reinante em nossos dias, uma brincadeira, um faz de contas!
Em 1968, na cidade de Porto Alegre (RS), foram disputados os jogos referentes aos Campeões Estaduais. Estava presente com a equipe do Clube de Regatas Icaraí, de Niterói, em que era técnico e atleta simultaneamente. No dia seguinte ao nosso jogo contra a equipe do Minas T. C., de Belo Horizonte (MG), encontrei-me com o seu treinador, o saudoso Adolfo Guilherme, à beira da piscina da Sogipa, onde estávamos alojados. Disse-me ele: “Roberto, no jogo de ontem conseguimos vencê-los a duras penas. Não sei o que vocês fazem em Niterói quanto aos seus treinos, mas nunca vi uma equipe defender tanto, chega a irritar”! Esbocei um leve sorriso e creio que o surpreendi: “E esta não é a melhor equipe que pudemos trazer, pois alguns não puderam viajar”.
No início da década de 70, todos os treinos nos clubes eram ainda realizados somente duas vezes na semana, depois do horário de trabalho ou estudo dos atletas. Isto devido a problemas de espaço físico – um ginásio – e a manutenção de mais de uma atividade desportiva. Neste período, o curto tempo era dedicado à prática coletiva; em 1971, o voleibol no Fluminense F. C. deu a partida para acrescentar mais um treino (três) na semana, com ensaios variados de fundamentos e precária formação física, muitas vezes rebatida pelos atletas que só queriam a prática coletiva. Estive atuando pelo clube em 1972. Contudo, em 1970-71, atuando como técnico do Tijuca T. C., realizei um trabalho que interessou demasiadamente aos atletas (masculino e feminino) e que reverteu em bons resultados no que tange aos ganhos do fundamento defesa. Fui criativo ao cobrir a rede com um extenso pano opaco e, a partir dali, através de múltiplos ensaios produziram-se ganhos extraordinários individualmente e coletivamente. Em 1981, também atribuindo ênfase aos treinos de defesa, consegui com uma equipe (América F. C.) mediana em termos técnicos alavancar elogios de diversos treinadores dos principais times do Rio.
Saímos do “amadorismo” em 1982 e, ainda na fase de adaptações às novas condições, a seleção brasileira esteve treinando em 1987 durante 4 dias na AABB de Niterói, local que consegui disponibilizar a pedido da CBV. Estava comandada pelo coreano Sohn, técnico campeão brasileiro pelo Minas T. C. A auxiliá-lo o ainda inexperiente treinador carioca Leão. Para o meu sentir os treinos foram decepcionantes em todos os sentidos. Ainda no mesmo clube, estiveram treinando também as moças, pouco antes de uma série de amistosos no Brasil contra a sensacional equipe cubana. Não percebi qualquer providência com respeito ao apuro da recepção contra os saques poderosos das adversárias. No único jogo que assisti, foi um desastre para a equipe brasileira. E muito menos quanto ao treinamento de defesa.
Já agora na “era Bernardinho”, presenciei parte de um treino em Saquarema e um outro, na Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx), no Rio, quando lá estive para conversar sobre o treinamento do canhoto André Nascimento, considerado o melhor atacante no Mundial da Argentina. Em ambas as situações, não consegui deslumbrar nada que me chamasse a atenção, muito menos transmitir o que pensava. Mas fui muito bem recebido e convidado posteriormente a fazer palestra no Centro Rexona, em Curitiba (PR) sobre a Formação e o Mini Voleibol.
Formação em Portugal Acabo de ler no site da Federação Portuguesa de Voleibol (FPV) notícia que revela um Programa de Formação para jovens de ambos os sexos com idades entre 14-15 anos e altura mínima pré-estabelecida. Esta ação de formação estará representada por duas seções semanais de treinamento. Dará certo? Imagino que as peneiras de algumas associações esportivas no Brasil – em São Paulo – venham fazendo há muito tempo algo similar, isto é, em determinada época do ano abrem inscrições em nível nacional para receberem pretendentes a comporem suas equipes de base. Estes fazem um estágio probatório de alguns dias e, se aceito, são contratados pela associação. Como em Portugal, certamente fazem as exigências morfológicas aos candidatos. E na bateria de testes pelos quais têm que passar alguém acha que o nível de exigência para o fundamento defesa é excludente? Assim, a forma de trilhar novos caminhos de que falamos em “Aprender a Ensinar – Memória” poderá comprometer uma vez mais todas as boas intenções dos gestores esportivos. E sugiro ainda que tornem a ler o que se contém em “Teoria vs. Prática”, postado em 27.11.2009. Muitas coisas podem ser melhoradas com tão pouco, tanto aqui como acolá.
Compartilhe isso: "Faço gosto em colher sua opinião e compartilhamento; quando puder, comente! Assim, aprenderemos todos".