A Sala de Aula Moderna – Parte I

CONTINUAÇÃO DO ARTIGO

 

Sala de Aula Criativa, Inovadora, Transparente

 

 

 

 

 

roberto_pimentel@terra.com.b r

Palavras-Chave (Tags):

Atenção – Autorregulação – Determinação – Emoção – Empatia – Rendimento Escolar – Resiliência


Transformando Pessoas e Suas Vidas

 

 

Sumário

 

 

Manual de Engenharia Pedagógica

Domínio de Conhecimentos Aplicáveis ​​em uma Situação

 


O Manual é apresentado com revelações recentes da Neurociência e contribuições do  Design thinking .

Objetiva-se as necessidades urgentes em vida, não é talento esportivo, como é popularmente popular, muito embora o mesmo seja inevitável.


 

PARTE I

Antecedentes e Diagnósticos
Estudo e Pesquisa

PARTE II

Desenvolvimento e Maturidade
Como Melhorar a Educação?
O Futuro da Educação
Proposta Curricular séc. XXI

PARTE III

Formação Profissional Continuada
Educação Física e Esporte
Prática de Ensino, Base para Boa Formação

PARTE IV

Prototipagem: Centro de Estudos
Design Thinking Potencializando Inovações
Trabalhos em GRUPO, Projetos, Avaliações Mútuas
Blog Procrie: EaD, Videoaulas, e-books

PARTE V

Didática, Praxia
Residência Pedagógica
Estágio Supervisionado

 

Conteúdos a Compartilhar

 

1ª a 3ª aula          Habilidades, Ações Físicas ou Cognitivas?

4ª a 6ª aula         Interação e Construção do Conhecimento

7ª a 9ª aula          Código do Talento e Teoria Mielínica

10ª a 12ª aula     De Onde Vem o Talento?

13ª a 15ª aula     Produção de Circuitos Isolados com Mielina 

 

Nota:
A sequência de aulas acima está esquematizada para proporcionar uma visão preliminar de uma prática escolar tendo em vista a construção de videoaulas. O professor saberá compor-se com as diretrizes de sua escola.

 

 

Proposta Curricular 

 

Sabemos todos o que fazer; o problema é “como” fazer!

 

 

ESTRATÉGIAS

Autorregulação                Aprender sozinho, professor é facilitador

Matriz mental                  Música, memória espacial, xadrez

Registro audiovisual   Vídeo-aula, whatsap, iphone, tablet, blog, e-book

 

ORGANIZAÇÃO

Atuação: Educação Física e Esporte

Contributo multidisciplinar ao projeto pedagógico da escola

Formação profissional continuada de professores

 Múltiplas Atividades (em ginásio)

Coeducação em todas as atividades

Oficinas (12) –  Atividades em circuitos – Até 64 alunos/aula

Coral, Matemática, Português, Oralidade

Aluno/ Monitor/ Professor

Mentoria e monitoria (G-4) – Monitor/aula

Caderno de notas dos alunos – Avaliações mútuas

Professor/ Estagiários

Professor é simples facilitador: observa e pouco fala

Estagiário explica as tarefas e atende monitores

Caderno de notas do professor/estagiário – Avaliações mútuas

Registros & Notas

Habilidade de leitura e oralidade é, em essência, a habilidade de agrupar e desagrupar pedaços (chunking)

Observações comportamentais e pontuais

 Fotos & Vídeos

Alunos realizam ensaios fotográficos com colegas

Registros por Grupos organizados

 

 


PRIMEIRAS AULAS
           

 

Leia Mais…  Muito Mais do Que Aprender um Simples Jogo

 

CONTEÚDOS A DESENVOLVER

 

 1ª a  3ª aula

Como transformar habilidades em ações físicas ou cognitivas?

 

 

 


 

Cérebro, Memória, Música

 

Nossa mente responde a comandos de todo nosso corpo, e não apenas neurológicos. Foto: Google

 

 

Objetivo

Criar a habilidade com sua graça e aparente ausência de esforço.

E pelo acúmulo de circuitos pequenos e individualizados.

 

 

 

Ações físicas são constituídas de pedaços. Exercitando-se em séries, o aluno monta-as interligando blocos, eles próprios feitos de outros blocos. Assim, agrupam-se vários movimentos musculares.

 

 

A fluência é alcançada quando o aluno repete os movimentos por tantas vezes que já sabe como processar esses blocos como um só grande bloco. O aluno dispara o circuito construído e aprimorado pelo treinamento profundo.

 

 

Quando o chunking (dividir, fragmentar, blocos) é bem realizado, cria uma falsa realidade: faz artistas, atletas e jogadores excepcionais parecerem superiores. O que separa esses dois níveis é um ato de construção e organização lentamente cumulativo: a montagem de andaimes, parafuso por parafuso, circuito por circuito.

 

 

Metodologia, Psicopedagogia

 

Adestrar ou Ensinar?

 Treinar ou Brincar ?

 

Busca-se o conhecimento necessário para aprender como se forma o processo de aprendizagem nos indivíduos.

 

Interesse e Colorido Emocional

 Efeito que exerce o interesse sobre o psiquismo

 

Variantes

Interesse é o envolvimento interior que orienta todas as nossas forças no sentido do estudo de um objeto.

Alunos ganham em motivação nas aulas com uma novidade que os mantenha atraídos e surpresos.

A memória funciona de modo mais intenso nos casos em que é envolvida e orientada por certo interesse (como o apetite na assimilação do alimento).

 

Para que algo seja bem assimilado deve-se torná-lo interessante; para isto é necessário que NÃO seja exaustivamente repetido.

Despertar o “querer aprender” vem através do colorido emocional. Outras tarefas se sucederão normalmente, como ensinar a pensar, espontaneidade, criatividade.

 

 


 Neurociência & Treinamento Profundo

 

4ª a 6ª aula:  

Como cada técnica é usada? 

 Qual a natureza do processo?

 


 

 

Como e em que circunstâncias a cooperação e a comunicação levam à construção conjunta de conhecimento e compreensão entre crianças?

Por entendermos que circunstâncias são elas mesmas indeterminadas ou indefinidas, e se associam ao tempo ou ao momento oportuno para estabelecer a maneira correta de agir, passamos a criá-las em nossas atuações exploratórias – no Morro do Cantagalo indivíduos não possuíam qualquer experiência com o voleibol.

 

                                  Torneios com até 40 alunos (ou mais)

 

Em se tratando de grupo numeroso de aprendizes trata-se o assunto na esfera da interação entre colegas e não propriamente com o professor.

O alcance parece ser bem mais significativo, desde que se identifiquem lideranças capazes. Não é difícil descobri-las ou mesmo encorajá-las.

 

IMITAÇÃO: agrupe em blocos maiores

Somos programados para imitar. Parece estranho, mas, quando nos imaginamos na mesma situação que um indivíduo fora de série e realizamos uma tarefa por ele realizada, isso tem um grande efeito sobre nossa habilidade. Além disso, a imitação não precisa ser consciente. Na verdade, na maioria das vezes não o é.

 

 

 

Xadrez, Basquete, Vôlei, Futebol

 

A diferença entre enxadristas extraordinários e jogadores comuns é uma diferença de organização, a diferença entre alguém que compreende uma linguagem e alguém que a desconhece.

Recorrendo a um exemplo concreto, podemos compará-la à diferença entre um fã de voleibol experiente – que acompanha uma partida com um olhar de reconhecimento – e esse mesmo fã em sua primeira partida de outro esporte: o críquete, partida durante a qual ele não para de apertar os olhos de tão confuso.

 

HABILIDADE consiste em identificar elementos importantes e agrupá-los num sistema significativo. É um tipo de organização em blocos maiores e carregados de sentido, ou como dizem psicólogos americanos, chunking.

 

 


Neurociência & Treinamento Profundo

 

7ª a 9ª aula:                                      

O Código do Talento 

 


 

 

Sem a Voz

 Nos anos 1960, quando um professor começou a dar aulas de tênis decidiu fazer um experimento: em vez de orientar seus alunos iniciantes com a voz, ele simplesmente lhes mostraria os movimentos.

A tentativa foi um sucesso, a ponto dele logo começar a ensinar amadores cinquentões a jogar o básico em apenas vinte minutos… E sem nenhuma instrução técnica!

 

 

Assimile Bem 

Passe um tempo olhando ou escutando a habilidade desejada se manifestar na prática como uma entidade individual coerente. Pode soar um tanto zen, mas a técnica consiste fundamentalmente em assimilar uma imagem da habilidade sendo demonstrada, até sermos capazes de nos imaginar fazendo aquilo.

 

Interação e Construção do Conhecimento

Como indivíduos que parecem ser iguais a nós, de repente se tornam talentosos?

Qual a natureza desse processo capaz de gerar realidades tão díspares?

 

 

Vá Mais Devagar 

Por que ir mais devagar dá certo?


Primeiro, proceder devagar nos permite atentar mais aos erros, aumentando o grau de precisão a cada disparo – e, em se tratando da produção de mielina, a precisão é tudo.

“Não importa com que rapidez você faz a coisa, o que vale é quão devagar você consegue fazê-la sem errar”.

Em segundo, proceder lentamente ajuda a desenvolver algo ainda mais importante: uma percepção prática da arquitetura interna de determinada habilidade – a forma e o ritmo dos circuitos interligados para realizá-la.

Treinando, adquire-se algo bem mais importante que uma simples habilidade: alcançam uma compreensão conceitual organizada que lhes permite controlar e adaptar seu desempenho, sanar problemas e adequar o circuito a novas situações.

Pensam por blocos e constroem com eles uma linguagem da habilidade toda pessoal. Descreve-se o treinamento profundo como alguém que tenha experimentado a sensação de aceleração referindo-se a ela como um “estalo”. E dessa forma, constroem-se novos tipos de atuação em qualquer atividade.

 

Repita


A prática não leva à perfeição

Uma prática perfeita é que leva à perfeição

 

 

Do ponto de vista biológico, nada substitui a repetição atenta. Nada do que façamos – falar, pensar, ler, imaginar – é mais eficaz na construção de uma habilidade do que executar a ação, disparando o impulso pela fibra nervosa, corrigindo erros, afiando o circuito.

Para ilustrar essa verdade (?) propomos a pergunta:

— Qual é a forma mais simples de diminuir as habilidades de um talento consagrado?

Resposta… — Não os deixe praticar por um mês.

— E Você, o que acha?

 

Observação… “Seus músculos não terão mudado, nem seus genes e seu caráter tão reverenciados, mas seu talento terá sido atingido no ponto mais fraco”.

Treino Convencional e Treino Profundo

 

Repetições e Horas de Treinamento

A mielina é um tecido vivo. Assim como tudo em nosso corpo está submetida a um constante ciclo de deterioração e reparação à medida que envelhecemos.

A repetição é valiosíssima e insubstituível. Há, contudo, algumas advertências a serem feitas. Para o treinamento convencional, “mais é sempre melhor”. No treinamento profundo, a matemática é outra. Passar mais tempo treinando só dá resultado se nos mantivermos o tempo todo no limite de atenção.

Além disso, parece haver um limite universal para o tempo durante o qual uma pessoa consegue treinar profundamente num dia. Segundo pesquisas, a maioria dos experts de nível internacional – aí incluídos pianistas, romancistas e atletas – treinam de três a cinco horas por dia, qualquer que seja a habilidade em questão.

 


Continua em breve… A Sala de Aula Moderna, Parte II

 Até lá, Boas Leituras!

Caça Talento ou Educação? (parte II)

Despertar o interesse conduz às descobertas. Fig.: Beto Pimentel.

Psicocinética na Escola

Lembram-se do texto Teoria vs. Prática (Vôlei vs. Vôlei), postado em 27.11.2009, em que converso com o Professor João Crisóstomo Marcondes Bojikian sobre a conveniência de a criança receber estímulos variados os mais naturais possíveis?

 

 

Agora retornamos para nos manifestarmos, igualmente acompanhado de vários mestres, como Jean Le Boulch e Célestin Freinet, ambos pedagogos franceses. Mas por que isto? Trata-se de um momento em que o governo brasileiro e instituições desportivas se desdobram em múltiplas facetas para verem aplicados os milhões de reais injetados para projetos a serem desenvolvidos para que o País se destaque em número de medalhas olímpicas e se torne, então, uma potência esportiva. Por serem imediatistas e pouca intimidade com a ciência do treinamento, esforçam-se por acreditar que quatro anos seriam suficientes para uma plena realização e que basta que os possíveis talentos já existentes tenham um reforço de caixa e treinem exaustivamente até lá. O resto é torcer para que se dêem bem e justifiquem os encaixes realizados. Mas esta não é nossa ideia e procuraremos mostrar a professores e agentes educadores como proceder de forma pedagógica adequada. É bem possível que, quando as crianças se tornarem adultas – e talvez atletas – não venham os seus treinadores se queixarem de que não aprenderam na Formação os gestos e atitudes atléticas mais adequadas. E muito menos, especializadas somente em alguns poucos fundamentos.

Projeto pedagógico vs. esporte na escola

Uma segunda discussão (é antiga) se refere à prática desportiva nas escolas. Professores de educação física reivindicam que a matéria a ser lecionada em classe deveria restringir-se tão somente à prática de jogos e exercícios não competitivos, com regras específicas, formulando projetos pedagógicos nesse sentido. Enquanto isto, outros, crêem que a educação esportiva está no cerne da sociedade moderna e seria impossível não atender a tais exigências. O assunto parece complicado à primeira vista, mas achamos que algumas reflexões podem nos conduzir a um porto seguro. Estaremos reproduzindo alguns ensinamentos que buscamos no livro de Jean Le Boulch, “A educação pelo movimento” em que trata sobre a psicocinética na idade escolar. Desenvolve breve discussão da pedagogia Freinet e de suas concepções sobre a utilização do movimento na formação a partir do enfoque de uma pedagogia do “ser global” que é a criança. Em outros instantes, igualmente, recorrendo a Vygotsky (Psicologia pedagógica) e, se necessário, a outros pedagogos.

Zonas de desenvolvimento proximal (Vygotsky)

Assim, em primeiro lugar precisamos entender como se comportam as crianças em determinadas idades, o que elas pensam, anseiam e como se exprimem diante da vida. E aqui o psicólogo russo nos esclarece sobre a dinâmica do desenvolvimento do aluno escolar ao afirmar: “A zona de desenvolvimento imediato da criança é a distância entre o nível de seu desenvolvimento atual, determinado com o auxílio de tarefas que a própria criança resolve com independência, e o nível de possível desenvolvimento, determinado com o auxílio de tarefas resolvidas sob a orientação de adultos e em colaboração com colegas mais inteligentes”. Em outras palavras, cada indivíduo tem o seu nível de desenvolvimento e cabe ao professor avaliar o quanto de ajuda ele precisa para passar a um estágio mais avançado. Essa ajuda pode vir do próprio professor ou de um colega mais experiente.

Em termos práticos, vivenciei essa experiência ao me aconselhar em estudos de matemática com um irmão mais adiantado e, logo em seguida eu mesmo ser o conselheiro de alguns colegas em classe. Foram momentos incríveis! E se podemos realizar na matemática, por que não em qualquer atividade humana? Cremos que aqui está a natureza de “como ensinar”. E, então, trata-se de o professor se esmerar em “aprender a ensinar”.

 (continua…)

O Sentido Pedagógico da Atitude (parte III)

Ilustração: Beto Pimentel.

 Como despertar a atenção e o interesse nas crianças

 (com base em A Educação pelo Movimento, J. Le Boulch)

“O sentido biológico da atitude se revela melhor quando se leva em conta as necessidades que lhe deram origem. Quanto mais complexo é o organismo tanto mais diversa e sutil é a forma das suas relações recíprocas com o meio, tanto mais elevadas são as formas que assumem o seu comportamento. E a principal complexidade que difere o comportamento dos animais superiores é a superposição da chamada experiência individual ou dos reflexos condicionados à experiência inata ou hereditária.

Na composição do comportamento do homem é difícil que 0,01% de todas as reações pertença ao número de reações inatas não afetadas por quaisquer influências individuais da experiência pessoal. O sentido biológico dessa superposição consiste na chamada adaptação prévia ou por sinais do organismo à ocorrência de acontecimentos que ainda não existem mais por determinados indícios devem forçosamente ocorrer. A forma por sinais ou prévia de adaptação a futuras mudanças do meio em suas modalidades superiores transforma-se em reações da atenção ou da atitude, ou seja, está relacionada por via reflexa a impulsos de reações que levam o organismo a um estado preparatório mais aperfeiçoado. Do ponto de vista psicológico a atitude pode ser definida como expectativa do futuro, como meio que permite ao organismo reagir com os movimentos adequados não no próprio momento da chegada do perigo, mas em sua aproximação distante, na luta do corpo pela sobrevivência.

Pode-se dizer que a atitude é a primeira condição graças à qual se cria a possibilidade para influenciar pedagogicamente a criança. Alguns pedagogos reduzem o processo da educação à elaboração de certas formas de atitude, por considerarem que toda educação é antes de tudo a educação da atenção e distinguirem as diferentes modalidades de educação apenas pela natureza daquelas atitudes que devem ser elaboradas. Assinalamos que no processo de educação não operamos com movimentos e atos, mas com a elaboração de habilidade e hábitos para uma futura ação sobre a realidade. Sendo assim, nossa tarefa não é provocar essas ou aquelas reações em si, mas apenas educar as devidas atitudes”.

Isto nada mais é do que propor à criança alguma tarefa e deixá-la livremente tatear na busca de soluções. Ao mestre, acompanhar este desenvolvimento e estar sempre próximo em sua assistência, sem jamais indicar-lhe as soluções.

Defesa: Vale a Pena Treinar?

Jogo Brasil e Alemanha, fase de aquecimento. Foto: Fivb/Divulgação.

Treinamento de Defesa – II

Brasil e Alemanha. Na recente partida entre as seleções dos dois países (6.10), observei um lance que reputo como um daqueles já comentado em textos sobre a Iniciação e Formação de jogadores. Creio que se desenrolava o 3º e último set da partida que seria ganha pelo Brasil (3×0). Um jogador alemão salta na saída da rede (II) para o ataque e, tendo percebido a chegada do bloqueio duplo, evita o ataque por cortada e, simplesmente, lança a bola com uma das mãos em direção ao fundo da quadra adversária (em V), encobrindo o defesa-esquerda brasileiro que se aproximara para a cobertura do bloqueio. Contava ele, com toda certeza, que o defesa-centro – creio que o Dante – estaria pronto para realizar a sua própria cobertura, isto é, não havendo o impacto violento, estaria disponível para o respectivo deslocamento lateral até V, o que não aconteceu. O atleta brasileiro ficou “pregado” ao chão, sem qualquer reação. Considerando que a bola foi lançada sem força a uma distância razoavelmente grande – da rede ao fundo de quadra, entre 8m e 9m, por que será que o jogador não esboçou qualquer reação para realizar a defesa? Notei, inclusive, que o líbero voltou seu olhar como se o interpelasse: “Por que não foi na bola, estava tão fácil”? Desatenção? Despreparo? Não conseguiria chegar lá? Cansaço?

Não entendo bem como são realizadas as estatísticas do treinador, mas certamente a filmagem espiã poderá revelar o lance para uma análise e, se houver tempo, treinar o atleta para jamais reproduzir o erro. Entretanto, o desconhecimento de alguns treinadores sobre noções psicopedagógicas pode contribuir para a sua permanência como pode ser observado, principalmente no alto nível. Além disso, ao ultrapassar a idade de 30 anos, olhar para o futuro e não enxergar muito tempo de vida útil no esporte, e ainda mais com a bagagem de títulos que ostenta certamente que nenhum atleta vai se arriscar a se atirar no chão para tocar uma bola. É preferível deixar para lá, uma vez que o jogo estava fácil. É coisa de brasileiro, não sei se de outros. Mas nunca vi em equipes japonesas, já que têm uma disciplina rígida quanto aos propósitos a conquistar, inclusive a preservação de sua imagem. Até o fato de o treinador principal alegar que “não tem tempo” para treinar é bastante significativo do ponto de vista do nível de exigência. E no caso brasileiro um grande paradoxo.

Primeiro movimento. Para entendermos como se processa aquele movimento de defesa, peço auxílio à Psicologia Pedagógica através de D. Wood.

Quando penso em apanhar uma bola o estágio conclusivo depende do primeiro passo: de preparar-me em expectativa. A execução do primeiro movimento determina se toda a ação será executada. Logo, na minha consciência deve haver a noção sobre o primeiro movimento como réplica efetiva para todo o processo. Essa concepção do primeiro movimento que antecede o próprio movimento é o que constitui o conteúdo daquilo que costumamos denominar sentimento do impulso.

Foto: Fivb/Divulgação.

Sentimento do impulso é uma modalidade de concepção antecedente sobre os resultados do primeiro movimento físico que deve ser executado. Noutros termos, toda a vivência consciente e o desejo, incluindo o sentimento de decisão e de impulso, são constituídos pela comparação das concepções sobre os objetivos que competem entre si. Uma dessas concepções chega a dominar, associa-se à concepção sobre o primeiro movimento que deve ser executado. E esse estado de espírito passa ao movimento. Temos a sensação de que esse movimento foi suscitado pela nossa própria vontade, porque o resultado final obtido corresponde à concepção anterior sobre o objetivo.

A atenção

  1. A atenção consiste em reações adaptativas de atitudes do nosso organismo, que se desenvolve graças a um exercício sistemático e minucioso.
  2. A chamada atenção arbitrária surge através de uma reação interior de pensamento. Logo, ela irá manifestar-se com tanto mais frequência quanto maior for o número de estímulos interiores a que esteja ligada. Noutros termos, para surgir ela necessita de uma grande reserva de estímulos interiores.
  3. Exercitar a atenção significa suscitá-la sempre por meio desse tipo de reação interior. Naturalmente, quanto mais fizermos isto, quanto mais casos semelhantes suscitarmos tanto mais intensamente reforçaremos a relação entre o estímulo interior e as reações de atenção.
  4. Por isso que não existe meio mais decidido de regular as ações externas que reprimir os movimentos absurdos e reforçar os racionais.
  5. O comportamento consciente pressupõe atenção, e atenção se estabelece graças ao exercício, ou seja, graças à repetição de certos movimentos que são reforçados com base no método dos reflexos condicionados como uma concepção desses movimentos.

Pode-se ler e reler este e outros textos sobre o assunto, entender o que está escrito, mas não conseguir traduzir em ensaios frutíferos. Gostaria  de tentar produzir algo a respeito com os seus alunos, não importa a idade que têm? Vamos começar desde cedo a produzir indivíduos mais técnicos? Que tal os nossos atletas aprenderem corretamente desde crianças? Estes são alguns detalhes a que venho me referindo e que podem ser sanados a partir da Iniciação. É o ensino com Qualidade e que treinadores competentes não têm tempo de corrigir, pois as competições se sucedem ano a ano. Enfim, é como aprender a andar de bicicleta; depois que aprende, não esquece jamais!

+ Detalhe: chamo a atenção dos treinadores e professores para o denominado “bate-bola” de aquecimento dos jogadores. Considero, independente se antes de uma partida ou treino, como treinamento. Assim, algumas atitudes errôneas certamente vão comprometer o rendimento técnico dos envolvidos. Releia, por favor, o item 4 acima.

Exercícios (III) – Atenção e Hábito

Atenção

A atenção consiste em reações adaptativas de atitudes do nosso organismo, que se desenvolvem graças a um exercício sistemático e minucioso. A chamada atenção arbitrária surge através de uma reação interior de pensamento. Logo, ela irá manifestar-se com tanto mais frequência quanto maior for o número de estímulos interiores a que esteja ligada. Noutros termos, para surgir ela necessita de uma grande reserva de estímulos interiores.

Exercitar a atenção significa suscitá-la sempre por meio desse tipo de reação interior. Naturalmente, quanto mais fizermos isto, quanto mais casos semelhantes suscitarmos tanto mais intensamente reforçaremos a relação entre o estímulo interior e as reações de atenção. Por isso que não existe meio mais decidido de regular as ações externas que reprimir os movimentos absurdos e reforçar os racionais. O comportamento consciente pressupõe atenção e atenção se estabelece graças ao exercício, ou seja, graças à repetição de certos movimentos que são reforçados com base no método dos reflexos condicionados como uma concepção desses movimentos.

Prática

Observem os movimentos das pernas de qualquer indivíduo quando lhe solicitam reter uma bola com as mãos quando é atirada em sua direção. Se alterarmos a direção do arremesso provocaremos um consequente deslocamento do receptor. Invariavelmente, este realizará um sobrepasso para só depois deslocar-se. Um outro exemplo trata-se da recuperação de bolas que são atiradas contra a rede. Pouquíssimos atletas se dão conta de que a bola deve ser tocada rente ao chão, com movimento singelo de uma das mãos, de baixo para cima.

Outro aspecto da questão consiste no problema do hábito.

Hábito

— O que o hábito introduz de novo no comportamento consciente?

Ele alonga a previsão em nosso comportamento, permite que as ideias se disponham em grupos cada vez maiores de movimentos relacionados entre si e que transcorrem sem qualquer esforço de nossa parte. Basta apenas comparar alguma ação usual com uma inusual para perceber que imensa economia de esforços se obtém graças à automatização. Como é fácil contar de um a cem e como esse processo de contagem se complexifica quando o fazemos em ordem inversa de cem a um. Como é fácil ler na ordem habitual da esquerda para a direita e o quanto o mesmo processo se complexifica quando começamos a ler do final das palavras para o início, embora façamos a mesma adição de letras. É essa economia, que obtemos quando lemos a mesma frase na ordem comum em comparação com o caso em que a lemos em ordem inversa, que deve ser atribuída inteiramente à economia do exercício.

Ação do hábito

Consiste no fato de que ela liga automaticamente entre si uma série de reações e assim libera a nossa consciência da necessidade de preocupar-se com elas. Quanto maior é o número de relações em que se esgarça o hábito, tanto mais distante a nossa consciência pode colocar e fixar o objetivo. Exemplo: a) ato de levantar da cama, se vestir, tomar café; b) se abrange a ida ao trabalho, a atitude básica pode estender-se por uma série mais longa de ações. A economia do hábito consiste em que não nos damos conta de como precisamente se realizam os nossos movimentos: a) não sei de que músculos preciso para retirar um livro da estante; b) de que modo um movimento leva a outro é coisa que não diz respeito à minha vontade consciente; minha vontade conta com a ação correta desse movimento. Não se tem consciência da maneira pela qual a concepção do objetivo leva a esse processo que a realiza de maneira fluente: 1. A formação dos hábitos põe à disposição da nossa vontade mecanismos cada vez mais potentes e lhe permite propor-se objetivos cada vez mais distantes. 2. Os hábitos descarregam a vontade e, assim, dão-lhe a possibilidade de recorrer a objetivos mais elevados. 3. Quanto mais amplo é o círculo de atividade que o hábito abrange, tanto menor é a energia volitiva que devemos revelar para atingir os objetivos traçados.

Caráter bilateral

O caráter bilateral dos hábitos se manifesta muito claramente se lembrarmos a relação discutível que existe entre os processos de exercício e memória. A memória funciona de um modo puramente reflexo, automático: “Nada é lembrado sem réplica”. A réplica, que põe em ação o reflexo da memória pode ser de dupla espécie: a) se pertence ao número de estímulos que são mais ou menos permanentes e agem de modo estereotipado, exigindo a mesma resposta padrão, a ação costumeira é uma reação correspondente às condições, uma resposta dupla e correta a uma réplica; b) se pertence a circunstâncias novas, inesperadas e inusuais, se ela ainda por cima encerra algum obstáculo para o desenrolar normal das reações estereotipadas, a ação costumeira é a pior resposta a ela e serve apenas como obstáculo ao pensamento.

O hábito sempre significa um modo mecânico de comportamento; pode ser útil apenas quando estamos diante de uma uniformidade de condições:

  1. Os hábitos tanto nos enriquecem e nos libertam quanto nos escravizam e se contrapõem aos nossos esforços.
  2. O comportamento habitual pode ser nocivo naqueles casos em que se exige uma adaptação prévia e nova.
  3. No processo de educação é preciso ter em vista ambos os aspectos de formação dos hábitos.