Vôlei Português, Contributos

Rio Tejo e principais cidades com visitas ao Procrie.

Mesa de Discussão     

Mesmo à distância peço desculpas aos leitores portugueses sobre minhas apreciações a respeito do voleibol em Portugal. Meu interesse foi despertado a partir de dez./2005 quando teve início o Congresso Desportivo Nacional, cujo término só ocorreu em fevereiro de 2006 após um périplo que se desenvolveu em várias cidades com os principais expoentes e agentes dos mais altos escalões administrativos nacionais. E o que ocorreu a seguir? O que realizaram os gestores responsáveis pelos desportos? Cinco anos decorridos, vejam a seguir o que se comenta a respeito.  Anos depois, descobri o sovolei e, através dos comentários em “Fórum”, entrevistas ou reportagens, passei a acompanhar os seus passos quase que diariamente, tamanho o meu interesse. Poderão observar pelos meus incessantes comentários.

Aos meus leitores brasileiros e demais, peço paciência alertando que tentar colocar a nu uma realidade é tarefa benéfica quando se pensa em somar conceitos e experiências no sentido de contribuir para o desenvolvimento de uma comunidade. É bem possível que em nossas próprias cidades tenhamos os mesmos problemas ou, ainda pior, se não os identificamos sentimo-nos impotentes para caminharmos rumo a horizontes melhores na Educação de nossos filhos.

Migrações e Transferências 

Dizem os administradores desportivos que uma medida foi colocada em consenso com a Assembleia de representantes dos clubes para defenderem-se da migração dos melhores atletas para outras agremiações. Segundo alegam, sentir-se-iam lesados em seus investimentos. Isto ocorreu no Rio de Janeiro a partir da “profissionalização” do voleibol, em 1981. As empresas deram início à fase de patrocínios e formaram equipes da noite para o dia, “tomando os melhores atletas dos clubes”. Foi uma autêntica revoada e, pior, uma mudança violenta de mentalidade. O esporte, que anteriormente dizia-se que tinha forte apelo educacional, com a entrada de dinheiro, tornou-se vilão. E o pior é que até hoje a entidade máxima – Confederação Brasileira de Voleibol – tem programas de custo caríssimo para instituições, sob o manto hipócrita de “tirar das ruas as crianças (pobres)”, afastá-los das drogas etc.

Remonto à intervenção do Doutor José Curado constante dos Anais do Congresso com excelente pregação e conselhos a todos. Entre tantas sugestões, fala sobre a participação das diversas instituições governamentais de seu país e exalta a necessidade de se cobrar delas e suas subordinadas, ações de planejamento estratégico, além de méritos e deveres. Os problemas do desporto em Portugal se avolumam conforme vejo no noticiário e, como dizemos no Brasil, “não vemos luz no túnel”. À distância, parece que o Congresso Nacional foi só para inglês ver. Quero crer que, como no Brasil, o presidente se acercou de funcionários e colaboradores leais, mas se esquece (será?) de que são necessárias cabeças criativas, que trabalham no dia a dia da modalidade e que podem efetivamente contribuir com suas aspirações e inteligência no planejamento de estratégias adequadas aos novos tempos.  Como disse o Doutor José Curado, “são necessários mais do que cartolas e entendidos; são necessários formadores de homens”.

Como no caso brasileiro, creio que inicialmente devam realizar uma consultoria com empresa especializada para uma decisão profunda que certamente vai alterar muita coisa. Isto foi realizado no Rio de Janeiro antes da posse do atual presidente, no que se chamou Reunião Estratégica, quando se definiram os rumos a perseguir na nova administração. Foram criadas Metas a serem alcançadas. É um passo que deve ser estudado e debatido diante das alternâncias futuras. Analistas e dirigentes apontam várias circunstâncias como óbices ao desenvolvimento da modalidade em solo português. Entre elas, razões de ordem histórica, demográfica e econômica. Além dessas, a ausência de políticas desportivas que possam permitir e sustentar um projeto de médio e longo prazo. Em qualquer caso, falta a vontade de realizar e planejar projetos em profundidade.

Além disso, percebemos também um detalhe de importância vital. Trata-se de se definir uma Matriz ou escola portuguesa para o voleibol. O país tem suas circunstâncias e peculiaridades que devem ser respeitadas e tratadas conscientemente a partir de um planejamento de longo prazo. O imediatismo e, portanto, as improvisações, não conduzem a nada. O tempo passa e mais uma geração está perdida neste verdadeiro redemoinho de falta de imaginação e ideias.  Afora os problemas econômico/financeiros porque passam. Assim, permanecem historicamente repetindo o que não dá certo, dando voltas no mesmo lugar. Por que não incentivar a Associação Nacional de Treinadores a criar essa matriz? Esqueçam por algum tempo as receitas estrangeiras. Políticos e dirigentes de plantão permanecem no poder a legislar em causa própria e deixando de lado milhares de indivíduos e clubes à míngua. No caso do voleibol este comprometimento se agrava uma vez que as medidas vêem de fora (leia-se Fivb), ora com a implantação do Gira-Volei, Mass Voleyball, Volleyball at School e agora com o Cool Volley.

A seguir estaremos discutindo sobre o Desporto Escolar. Aguardem!